Você: O Leigh havia mudado de cidade?

Victor: Sim! Ele foi morar com o irmão dele.

Você: Qual o nome do irmão dele?

Victor: Lysandre.

Você: Lysandre?! Ai meu Deus! Nem acredito.

Victor: O que aconteceu Lynn?

Você: Leigh ta morando aqui!!

Victor: Ai meu deus...

Você: Nem pra me avisar, hein?!

Victor: Desculpa... Eu não sabia que ele havia se mudado justo pra sua cidade.

Você: Tudo bem... Vou sair, tchau!

Victor: Tchau!

Agora não há duvidas. Era realmente Leigh. Parece que esse meu passado me assombra. Eu não queria vê-lo novamente... Será que eu ainda gosto dele? Talvez não. Mas eu não queria me arriscar...

Ouço a campanhinha tocar. Era um homem de preto, queria falar com minha tia. Chamei ela e subi pro meu quarto. Me arrumei e dei uma saída. Andar sem rumo por aí... Eu tinha algum dinheiro, talvez eu vá pra sorveteria.

Fui até o centro da cidade, não era muito longe, era perto da escola. Resolvi passar na papelaria, comprei algumas canetas. Resolvi entrar em lojas. Comprei algumas coisas. Depois fui até a sorveteria, peguei uma casquinha. Então fui até o parque, era um pouco mais distante dali.

Fiquei andando pelo parque. Tirei umas fotos. Comprei algumas coisas pra comer lá. Foi divertido e solitário. Indo embora, eu vi uma família se divertindo. Os pais sorriam, pareciam se amar bastante. Os dois filhos também sorriam e brincavam muito. Me deu uma tristeza no coração... Ah, como eu queria ter minha mãe aqui... Como eu queria ter conhecido meu pai... Como eu queria ter um irmão ou irmã comigo... Eu tinha minha tia, ela era super legal, cuidava bem de mim. Mas ela nunca esteve muito presente, ela viaja bastante.

Perto do caminho de casa, lá estava ele... Leigh. Ele estava de costas com Rosalya. Me deu um aperto no coração. Fiquei lá olhando por alguns instantes. Comecei á chorar e saí correndo daquele lugar.

Eu me sentia muito solitária ás vezes. Eu era a excluida de tudo na minha antiga escola. Sempre anti social. Mas nunca foi por opção. Eu gosto de estar com as pessoas. Elas não gostam de estar comigo, nunca entendi o por que. Eu fazia de tudo para ser legal com as pessoas... Mas enfim, passado é passado. Não adianta chorar pelo leite derramado. Pode ser que eu tenha feito algo de errado e nem percebi. Então se for isso, eu realmente mereci.

Durante a semana toda, apenas conversei um pouco com Lysandre, Castiel por causa do trabalho e as garotas por que eu vou embora da escola com elas. E justo hoje, mais um sábado, resolvi dormir mais cedo. Num dia que eu sempre durmo 4 horas da manhã, ás vezes um pouco mais.

Enfim, manhã e é novamente domingo. Não há nada para se fazer então desenhei. Logo fui chamada para uma festa que iria ter na casa de Castiel. Era 15:25 em ponto. Resolvi que ia ir, minha tia havia ido viajar ontem.

Tomei banho e me arrumei. Coloquei um vestido rodado um pouco á cima dos joelhos e a manga ia até o cotovelo. Era azul piscina com uma renda brilhante e uma sapatilha azul marinho com glitter.

Passei na casa de Rosalya e fomos juntas, eu não sabia onde era a casa de Castiel. Estávamos animadas. Quando cheguei á festa, o batidão já estava rolando á solta, a casa dele era muito bonita. Então resolvi andar e peguei um drink.

Logo chegou um cara por trás de mim, me virou e me beijou. Meu Deus! O que foi aquilo? Eu... Tinha dado meu primeiro beijo...

Sim! Eu dei meu primeiro beijo com um estranho sendo que eu já havia namorado antes. É muito estranho e constrangedor isso. Ele me olhou com um sorriso, eu não pudi enxergar muito bem seu rosto, apenas vi que eram olhos meio arroxeados. Um pouco estranho isso, não? Eu já havia lido que esses olhos eram raros, mas poderia ser lentes. Depois do beijo um pouco antes de eu sair correndo, eu havia percebido que ele usava roupas um pouco alegres após ter olhado pra baixo rapidamente e ter tampado a boca...

Eu continuei a beber e dancei loucamente. Começou a ficar muito abafado lá dentro e resolvi sair no quintal. Era realmente linda a casa de Castiel... Me pergunto o motivo de eu ter sido chamada, eu não costumo falar muito com ele.

Tirei a sapatilha dos meus pés e a segurei. Andei sobre aquele gramado, que era bem esverdeado. Observei... Haviam vários vasos com plantas, que aliás deixava o lugar mais bonito. Várias luzes verdes espalhadas pelo gramado. Um caminho com pedrinhas em volta levando até um espaço com piso e um pouco mais a frente, uma linda piscina cheia de luzes em volta. Essas não eram verdes, eram brancas comuns. Me sentei á borda da piscina e mergulhei meus pés.

Aquele não era o lugar mais ideal, mas eu comecei a pensar. Pensar sobre minha vida á respeito de tudo. O que eu fazia, o que eu faço e o que deveria fazer daqui pra frente. Talvez... Começar uma nova vida, ser um novo “eu”. Eu não queria mais passar despercebida, isso estava dando certo. Acho que eu já tinha começado a mudar por conta própria. Não quero bancar a durona, mas também não quero ser mais aquela garota que qualquer um vinha e simplesmente se aproveitava e fazia sofrer feito idiota.

Aquele era meu ponto de partida. Eu havia começado á partir dali. E então... Resolvi.

“Vou aproveitar essa festa!” Pensei.

Saí dali e procurei por qualquer um que eu conhecia. Quando dou de cara com Leigh. Eu sem querer me distraí e colidi com esse ser. Pedi desculpas e logo saí dali. Mas Leigh me puxou pelo braço, ele não deveria ter feito aquio.

– Ei!

– O que foi? Eu estou com pressa.

– Pressa de quê?

– Sei lá. De não... Olhar para você.

Um breve silêncio se instalou.

– Agora, se me der licença, eu... – Leigh me puxou novamente.

– Poderia me ouvir, por favor?

– Fala logo.

– Eu realmente sinto muito pelo quê aconteceu no passado...

– Só isso?

– Não... É que...

– Eu realmente estou sem tempo, ok?

– Por favor, me deixe terminar! É que eu acho que você deve pensar que a Lety foi falsa com você, mas depois que você tinha saído correndo, ela me disse para correr atrás de você.

– Fico feliz por saber que ela não tenha sido falsa comigo. Mas acho que você só deve ter ido atrás de mim por ela, não é?

– Eu...

– Sim, é verdade. Você gostava dela e eu sabia disso... Eu sabia que você só era meu amigo porquê queria estar com ela por perto de uma maneira que o namorado dela, no caso, seu melhor amigo, não ficasse bravo nem chateado contigo.

– É... Eu confesso, eu realmente fiz isso. Eu realmente me aproximei de você por interesse. Eu realmente corri atrás de você por Lety... Mas... Depois que te vi lá sofrendo eu havia percebido que aquilo não era real. Todo aquele sentimento por Lety se foi por água abaixo e eu percebi que era só um amor platônico e eu vi que por baixo dessa farsa, havia um sentimento verdadeiro, que era por ti...

– Bom, mas agora não importa mais. Isso está no passado e no presente, você está com Rosalya e eu continuo só, mas não pretendo ficar por muito tempo. Então, por favor, não me atrapalhe.

Ele apenas me olhou cabisbaixo e eu saí andando. Nossa! Eu mesma percebi que havia mudado. É, talvez eu tenha realmente cansado de ser sempre a que estava por baixo. Eu me senti tão mal por ter falado com alguém daquele jeito, principalmente sendo uma pessoa em particular, Leigh. Sei que pelo menos duas pessoas não haviam me apunhalado pelas costas no passado... Lety e Victor. Mas eu tinha um sentimento tão ruim dentro de mim, de estar me esquecendo de algo ou alguem. Talvez não fosse nada importante, eu geralmente tenho ótima memória, deixei para lá...

Depois da conversa, eu apenas fiquei sentada na mesa com um bêbado, comendo coxa de frango.

Á esse ponto, estavam quase todos bêbados. Gente jogada, gente nua, dançando, bebendo loucamente... Acho que até pularam na piscina logo que saí, ou até antes. Mas sei que havia ficado pelo menos meia hora pensando na beira da piscina.

Eu resolvi ir embora da festa. Já não havia mais nada para se fazer e estava entediada.

Logo ter saído da festa, fui andando pra casa mas acabei me perdendo. A cidade era grande e minha casa era um pouco longe dali, eu nem sabia ao menos onde estava. Liguei desesperada para Rosalya mas ela não atendia... Tentei ligar para Íris, Melody, Violette... Ninguém atendia. Ninguém atendia aquela droga de telefone, meu Deus!! Eu estava realmente desesperada.

Olhei em volta e percebi que havia uma sorveteria aberta. Esse lugar não me era estranho, eu já havia vindo aqui. Era tipo aqueles dejavu... O sorveteiro...

– Você, eu te conheço, né? Eu me lembro de você... – Perguntou o homem.

– Engraçado... Eu também me lembro do senhor.

– Espera aí, eu sei quem é você!