Teddy & Andromeda escrita por Jack


Capítulo 2
1º de setembro de 1964


Notas iniciais do capítulo

Capítulo começando na época que Andrômeda Black tinha 11 anos.

:)



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A estação de King Cross estava movimentada como sempre, cheia de trouxas andando apressados. O céu estava particularmente ensolarado para uma manhã de setembro, deixando a maioria das pessoas animada. Mas animação não era o que passava uma certa família que andava ali.

Cygnus e Drella Black andavam majestosamente pela estação, fazendo caretas de nojo e desdém para cada trouxa que passava por eles. A mulher trajava um longo vestido preto e o homem um terno azul petróleo, feito de escamas de dragão. Eles não se importavam em andar com roupas tipicamente bruxas naquele ambiente, pelo contrário, eles sempre gostaram de mostrar sua superioridade para os trouxas.

Atrás do casal vinham três meninas. Uma, a mais alta e mais velha, tinha 12 anos, cabelos negros e encaracolados soltos pelas costas. Para uma menina, ela tinha traços muito marcantes e olhos negros profundos. Trazia consigo um sorriso debochado e maldoso.

_ Dava para ouvir os gritos de súplica! Os alunos ficavam acorrentados por uma noite inteira, a mercê de tudo que tinha na floresta... e em alguns dias, o zelador ia apenas recolher os restos!

_ Pare com isso Bella! – a menina que andava ao lado da mais velha exclamou se encolhendo enquanto Bellatriz ria abertamente da irmã. Andrômeda Black era a irmã do meio, e estava indo pela primeira vez a Hogwarts, a escola de Magia e Bruxaria. Ela tinha cabelos negros como o da irmã, e traços bonitos, porém mais leves do que os de Bellatriz.

_ Ora, não seja estúpida Andrômeda! – Bella desdenha revirando os olhos. – Não farão isso com você... Se não fizer por merecer. – ela acrescenta sussurrando para a irmã que treme de medo.

_ É uma injustiça só vocês poderem ir. – a menina mais nova afirma levemente emburrada. Narcisa tinha 9 anos, cabelos loiros e um porte mais esguio do que as irmãs, porém todas elas tinham a mesma postura rígida e superior. Desde pequenas foram criadas no mais elegante meio da sociedade bruxa, aprendendo a se comportar e agir com o maior requinte.

Os valores sociais dos Black também eram passados com afinco a cada geração. As três irmãs sabiam muito bem o que era considerado bom, e o que era ruim. Trouxas, como aqueles que andavam por ali agora, eram repudiados por toda a família. Considerados sujos, podres... verdadeiros vermes.

Andrômeda nunca entendia muito bem o porque de tanto ódio pelos trouxas. Ela nunca viu nada de mais neles, e às vezes até se surpreendia com o modo que eles conseguiam viver sem magia. É claro que nunca falou isso... A única vez que comentou achar a música trouxa interessante ganhou fortes tapas do pai e ficou presa do quarto por uma semana, de castigo.

A plataforma 9 ¾ estava ainda mais movimentada que a plataforma dos trouxas. O barulho que reinava ali era de vozes, com miados de gatos, pios de coruja e coaxar de sapos. Andrômeda ficou sufocada com o tanto de barulho e fumaça e procurou a mão da irmã mais velha para segurar, porém Bella soltou imediatamente fazendo uma careta.

_ Escute bem o que vou dizer Andrômeda Black. – o pai da menina disse parando em um canto mais afastado. – Você tem um dos sangues mais puros da sociedade bruxa correndo na veia, portanto nem pense em me envergonhar. Você tem o dever de honrar seu nome. Vai para a casa dos sangues-puros, fique somente com pessoas dignas, aja como uma verdadeira dama!

_ Se nós ouvirmos apenas um boato sequer que você está... se relacionando com pessoas de baixo calão... – a mãe diz como se estivesse tendo um enjoo. – Você nem imagina o que acontecerá contigo Andrômeda.

_ Eu sei mamãe. Vou honrar meu sangue e meu nome papai. – Andrômeda responde baixinho, com medo que possa chatear os pais. Tudo que ela queria agora era um abraço, ou alguma palavra carinhosa, mas se isso acontecesse ela mesma ficaria surpresa. Esse tipo de amor não era comum entre sua família.

A menina sorriu para os pais e se virou para a grande locomotiva vermelha. Era meio assustador pensar em tudo o que aconteceria agora. Aquele é o inicio de uma nova fase da vida de todo bruxo.

Andrômeda se despediu da irmã mais nova com um abraço breve e tentou seguir Bellatrix pela multidão, falhando miseravelmente. No meio das pessoas que estavam entrando no trem tinha uma menina da sua idade que se despedia de dois menininhos idênticos e chorosos, em uma das primeiras cabines tinham adolescentes mais velho se abraçando e rindo. Andrômeda passou por todos meio encolhida e procurou onde ficavam os sonserinos, provavelmente seria onde Bella estava. O trem deu partida com ela ainda no corredor, a menina viu os alunos dando tchau para os familiares na estação e concluiu que seus pais e Narcisa já deviam ter ido embora.

O pensamento da sua família foi interrompido porém quando alguém tropeçou nela, pisando no seu pé e fazendo-a ver estrelas.

_ Ai! – ela gemeu dano um passo para trás. A pessoa desajeitada que lhe causou a dor estava se levantando do chão e era um menino, alguns centímetros mais baixo que ela, de cabelos caramelo e magricela. Usava uma boina que aparentava ser velha e um casaco alguns números maiores que ele.

_ Oh, desculpe! – ele diz arregalando os olhos. – Eu não queria pisar do seu pé, tropecei... Sabe, é tudo culpa dos meus sapatos. Meu tio Alberty comprou eles para mim, mas são dois números maiores... É claro que minha mãe não viu problema nisso e me obrigou a vir com eles. É a quarta vez que eu tropeço. A propósito, sou Teddy Tonks, e você?

Andrômeda piscou confusa quando ele parou de falar. O menino tagarelava muito rápido e de maneira afobada.

_ Hãm...

_ Você deve ser do primeiro ano. – ele comenta olhando para ela. – Eu também sou... É legal não?

Antes que Andrômeda pudesse responder algo sentiu uma mão segurar seu ombro e apertar fincando as unhas na menina. Bellatriz olhava com o nariz empinado para o menino que estava ali como se ele fosse algo repugnante.

_ O que está fazendo aqui no corredor Andrômeda? – Bella pergunta friamente. – Quem é esse garoto?

_ Teddy Tonks. – ele responde rapidamente estendendo a mão. – É um prazer conhecê-la. – Bella encarou a mão estendida com desdém, e Ted diminuiu o sorriso, recolhendo a mão desconcertado.

_ Tonks... – Bella diz franzindo a testa. – Nunca ouvi falar da sua família... É inglesa?

_ Bom, sim... Mas nós não somos bruxos. Quer dizer, eu sou, não é... Mas o resto da minha família é normal. – Teddy responde avidamente enquanto Andrômeda fecha os olhos desgostosa. Já era possível imaginar o que Bella faria, afinal o menino era um sangue-ruim. – Foi um susto quando o Prof. Dumbledore foi lá em casa.

_ Incrível Andrômeda.- Bellatriz exclama levantando as sobrancelhas. – Você, em menos de quinze minutos, já está se misturando com a ralé! Sangue-ruim! Francamente...

_ O que disse? – Teddy indaga confuso e Andrômeda quase entra em desespero. Ela sabia que a irmã podia traumatizar aquele menino e não queria que isso acontecesse.

_ Ele só tropeçou em mim Bella, e pediu desculpas. – Andrômeda diz engolindo em seco. – Eu nunca, jamais, falaria com alguém como ele em outras circunstancias.

Bella pareceu ponderar com a resposta da irmã. As duas travaram um discussão silenciosa por alguns segundos e depois se viraram para o menino que continuava ali, meio encolhido e olhando as duas com desconforto, principalmente para a mais nova.

_ Desculpe. – ele murmura acenando com a cabeça e indo embora pelo corredor, desviando com facilidade dos alunos que andavam ali. Andrômeda ficou estranhamente chateada com a situação, mas a irmã soltou uma risada.

_ Um Sangue- ruim tropeçou em você, que ótimo começo. – ela diz ácida. – Você ouviu o que ele disse? Que o resto da família dele é normal! Desde quando trouxas imundos são normais?

Andrômeda não respondeu ela. Continuou andando ao seu lado e a ouvindo falar abertamente sobre a inferioridade dos trouxas. Alguns alunos no corredor olhavam feio para Bella, mas ninguém se atrevia a falar nada.

Elas acabaram se sentando na cabine dos sonserinos, onde todos conversavam animadamente. Alguns primeiristas vieram falar com Andrômeda, e por mais que não gostasse muito da maioria ela se esforçou para ser educada. Cresilda Rosier, que era sua prima por parte de mãe, acabou ficando com ela até o fim da viajem, e quando o trem parou elas desceram se espremendo naquela multidão de alunos.

_ Alunos do primeiro ano! Novatos! Aqui! Alunos do primeiro ano! – um homem barbudo e enorme gritava na estação, balançando a lanterna para sinalizar. Andrômeda sabia que aquele era o guarda-caça de Hogwarts. Bella dizia que ele era meio gigante e um total palerma, e que mal sabia falar cinco palavras. Ela puxou a prima pela manga e seguiu em direção ao meio gigante. Ele sorriu quando a viu, deixando-a confusa, mas ainda assim ela sorriu de volta.

_ Estou lhe dizendo, isso é fascinante! – alguém disse perto dela e logo viu que era um menino magro e alto, de óculos e com os cabelos ruivos.

_ Claro que não, é só mecânica. – o outro que vinha ao seu lado respondeu. Andrômeda percebeu que era o menino do corredor, Teddy Tonks, que revirava os olhos para o ruivo. – Agora, isso tudo aqui... é fascinante.

_ Claro que não, é só magia. – o ruivo rebate com ironia e eles riem como velhos amigos. Por um momento o olhar de Teddy recaiu na menina, mas logo desviou encabulado. Andrômeda continuou na mesma postura rígida e superior que aprendeu desde pequena até que o meio-gigante decidiu falar.

_ Bom, acho que estou todos aqui não é? Para quem não sabe eu sou Rúbeo Hagrid, guarda das chaves de Hogwarts. – ele informa surpreendendo a menina. Sua irmã havia mentido sobre a capacidade do homem de falar, ele falava muito bem. – Nós vamos para o castelo de barco, pelo lago. É tradição, todos primeiristas passam por isso. Agora... se dividam em quatro e entrem no barquinho. Vamos!

Ela acabou entrando em um barco com Cresilda e outro dois meninos que não conhecia. O trajeto até o castelo foi incrível, tirando o medo de cair do barco e ser comida pela Lula Gigante. As luzes do castelo brilhando na escuridão da noite era um quadro perfeito e aconchegante, que fez Andrômeda sorrir abertamente. Aquela ali seria sua segunda casa.

*

_ Black, Andrômeda.

A menina amaldiçoou a mãe nesse momento por ter lhe dado um nome que começava com aquelas letras. Ela foi a primeira a ser chamada para provar o chapéu seletor. Todos os olhares a acompanharam quando andou até o banquinho e se sentou. Antes que a aba do chapéu cobrisse seus olhos ela viu Bella na mesa da sonserina, lhe ameaçando com os olhos.

Engoliu em seco quando o chapéu começou a falar.

_ Uma Black... Vocês estão com uma geração bem populosa, hm? – a voz comentou na cabeça da menina. – Vejo muitas coisas aqui... Seus conceitos, passados pela família... Arrogância, preconceito, complexo de superioridade. Mas há algo aqui, o que é? – a menina apertava o banquinho com as mãos com muita força, curiosa com as palavras do chapéu. – Seu coração é diferente criança, é mais puro que sua mente, menos... influenciado. Você é uma pessoa doce, calma, gentil... Se daria muito bem com os lufanos...

_ “Pelo amor de Merlin, não! Por favor! Por favor! Me ponha na Sonserina, Sonserina..!” – ela pensava desesperada, já imaginando o que sua família faria com ela se fosse para outra casa. Seu coração batia acelerado no peito e a boca estava seca, as mãos tremia e suavam de medo.

_ Tem certeza? Seu destino pode ser muito diferente...

_ “ Por favor, Sonserina, por favor, por favor.... Eu imploro!”

_ Bom, se é esse seu desejo, pode ir para a ... SONSERINA! – a ultima palavra foi gritada para todos no salão. A menina soltou um longo suspiro e tirou o chapéu da cabeça com as mãos ainda tremulas. A mesa do canto direito festejava sua nova aquisição e ela abriu um sorriso mínimo para eles. Bellatriz a puxou para se sentar ao seu lado e deu-lhe um sorriso orgulhoso, que foi o ato mais carinhoso que Andrômeda já recebeu da irmã.

_ Porque ele demorou tanto? – Bella pergunta voltando a sua habitual expressão desdenhosa. Andrômeda se limitou a dar de ombros, nunca ia admitir que implorou para cair na Sonserina. Ela chegava a ficar arrepiada com a possibilidade de ir para a Lufa-Lufa. Se isso acontecesse ela seria esfolada viva pela família, torturada por anos e depois morta, queimada.

A seleção continuou em um ritmo descompassado. Alguns demoravam minutos para serem selecionados, outros questão de segundos. Andrômeda reconhecia certos nomes, outros não. Bellatriz e toda a mesa da Sonserina sempre fazia caretas quando alguém era selecionado para outras casas, e cumprimentava os que vinham para a Sonserina. Apesar de ser jovens, Bella já tinha muita influencia ali na mesa, muitos pareciam ter medo dela, e Andrômeda sabia o porquê. Sua irmã sabia ser assustadora.

_ Tonks, Edward. – a menina olhou mais atenta para o placo quando ouviu o nome. O menino magrelo do trem subiu tropeçando as escadas e arrancando algumas risadas. Andrômeda sorriu se lembrando da explicação dele, sobre os sapatos enormes.

O rosto dele foi coberto pelo chapéu e alguns na mesa da Sonserina bocejaram. Eles pareciam ter certeza de que aquele não iria para a casa verde e prata, e realmente, depois de poucos segundos, o chapéu anunciou:

_ GRIFINÓRIA!

As caretas eram maiores quando os escolhidos iam para a mesa do centro, que sempre fazia um escândalo. Bella já tinha falado muito daquela casa para a irmã mais nova. Grifinória, onde sangues-ruins e mestiços se misturam com puros sangues, e ainda assim se acham os maiorais.

_ Piorou ainda mais hein? – Bella comenta maldosa. – Em seu primeiro dia um sangue-ruim grifinório tropeçou em você! Terrível...


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Notas finais do capítulo

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