Wings escrita por Virginia Salles


Capítulo 4
Capítulo 3 - O show e o bilhete


Notas iniciais do capítulo

Gente, um comentário no capítulo não faz mal, sabe ? Não importa se for um comentário ruim ou bom. Isso me ajuda a continuar. Boa leitura.
As duas músicas do capítulo são:
— Princess of China (Coldplay & Rihanna)
— Equalize ( Pitty)
A segunda é essencial vocês ouvirem.



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Gustavo convocou um ensaio de emergência e logo todos eles chegaram. Ele foi me apresentando aos integrantes da banda: Rebeca, que sorriu e veio me dar um abraço dizendo "Bom saber você 'tá melhor gata."; Jonas, o namorado dela que também era loiro e me deu um sorriso galanteador e Lucas, um cara com cabelos e olhos escuros, alto e que me olhou surpreso antes de abrir um sorriso no canto da boca. Todos eles me trataram muito bem, e logo fomos ensaiar.

Eles disseram que eles tinham uma lista de músicas que gostavam de cantar, mas que se alguém do restaurante pedisse uma música, a gente tocava se soubesse. Eu conhecia a maioria das músicas, porque minha mãe havia me dado um rádio quando eu era pequena e eu ouvia vários tipos de músicas.

No começo foi bem difícil acertar o tom, porque a voz de Rebeca era bem mais grave que a minha. Mas aos poucos tudo foi se acertando. E quando os outros se despediram para ir se arrumar, eu já estava suando frio. Gustavo pegou minhas mãos que de repente decidiram ficar tremendo, e olhando nos meus olhos disse :

– Ruiva, mantenha a calma. Tua voz é linda, eu já falei isso. Vai dar certo.

– É que eu nunca cantei em público assim - confessei nervosa.

– Então o público não sabe o que tá perdendo. - ele deu uma piscadela e foi subindo as escadas.

Eu estava atônita. De repente comecei a rir e corri (do jeito que o gesso deixava) para me arrumar. 20 minutos depois, estávamos no carro, indo para o restaurante.

Quando chegamos lá, descobri que o restaurante era estilo anos 80, extremamente estiloso. Haviam três áreas, uma mais a frente era aberta para a rua, a segunda era dentro do restaurante com as cadeiras acolchoadas e com parede acústica para não deixar o som da terceira área entrar.
A terceira área era de longe a melhor de todas. As cadeiras eram acolchoadas também e no fundo da sala, tinha um pequeno palco, com uns holofotes em cima. Em cima do palco já ligando os instrumentos estavam Jonas e Lucas. Segui Gustavo até lá e depois de falarmos uns com os outros rápido, Gustavo disse que me levaria para ver o "chefão". Como se eu não estivesse nervosa o suficiente.

De repente ele segura minha mão, e eu me sinto corar dos pés até o último fio de cabelo. E tudo que ele faz é rir. Fomos até uma sala atrás do palco, e lá dentro escrevendo algo está um homem de terno, na faixa dos 40.

– Rafael, essa aqui é a Julieta que eu havia te falado.

Ele levanta o rosto dos papéis e a primeira coisa que percebo são seus olhos azuis. Ele sorri para mim, e diz :

– Julieta, sou Rafael. Seja muito bem-vinda. Soube que você vai cantar hoje. Nervosa?

– Muito.

Ele ri e dá de ombros. - Quando esse aqui veio pedir ajuda eu já o considerava como um filho. Ele estava tremendo com bambu. Isso passa querida, você vai arrebentar hoje.

Comecei a rir porque Gustavo estava extremamente sem graça.

– Obrigada Sr. Rafael.

Saímos da sala e logo eu me vi em cima do palco com um microfone. Gustavo escolheu um dueto para cantarmos juntos para eu tomar confiança.

– Boa noite. Essa aqui conosco hoje é Julieta. Ela veio no lugar de Rebeca que decidiu ficar rouca. Vai entender. Bom, aproveitem o som.

Os primeiros acordes de "Princess of China" começaram e Gustavo começou a cantar. A voz dele era linda, como eu já adivinhava. E tocando a guitarra e tocando ele parecia mais bonito do que nunca. Como eu disse antes, não que eu tivesse reparado nisso. Mas de repente chegou na minha parte, e foi pensando na minha mãe que eu comecei a cantar de olhos fechados.

O público aplaudiu e eu abri os olhos, percebendo que eles estavam gostando. E eu fui me soltando, percebendo que eu gostava muito daquilo ali. Quando cantamos juntos, eu me virei para Gustavo e ele para mim. Cantamos juntos, olhos nos olhos. Fui me esquecendo de tudo em volta de nós, e só voltei a mim quando a música acabou e os aplausos começaram.

A partir daí cantamos mais algumas músicas, Gustavo cantando a maior parte delas, até que :

– Bom pessoal, é isso aí. Alguém gostaria de pedir a última música?

Uma garotinha na frente sacudiu a mão e veio até o palco cochichando no ouvido de Gustavo. Gustavo virou desesperado para o pessoal sacudindo a cabeça, e eu me meti na discussão.

– Gustavo - sussurrei. - Qual é a música ?

– Equalize. Nunca ouvi falar. E agora?

E então uma memória veio na mente. A única música que minha mãe me ensinou no seu violão azul. "Eu acho que eu gosto mesmo de você, bem do jeito que você é." E depois dessa parte ela apertava meu nariz.

– Gusta, eu sei essa música. Cadê o violão?

Ele arregalou os olhos e correu buscar o violão e um banco para eu sentar. Já com o violão no colo, virei-me para eles e disse :

– Me acompanhem.

Toquei os primeiros acordes no violão e sorri ao ver eles me acompanhando. De olhos fechados comecei a cantar, com toda a minha alma e coração.

" Às vezes se eu me distraio
Se eu não me vigio um instante
Me transporto pra perto de você
Já vi que não posso ficar tão solta
que vem logo aquele cheiro
Que passa de você pra mim
Num fluxo perfeito
Enquanto você conversa e me beija
Ao mesmo tempo eu vejo
As suas cores no seu olho tão de perto
e me balanço devagar
Como quando você me embala
O ritmo rola fácil
Parece que foi ensaiado"

As pessoas pareciam estar gostando e os meninos me acompanhavam perfeitamente.

" E eu acho que eu gosto mesmo de você!
Bem do jeito que você é!"

Gustavo puxou forte na guitarra e quando eu olhei para ele, ele me olhava com orgulho.

"Eu vou equalizar você
Numa frequência que só a gente sabe
Eu te transformei nessa canção
Pra poder te gravar em mim. "

Cantei a segunda parte, e quando a música acabou, o aplauso foi geral. Olhei em volta e até Rafael estava lá observando.

– Obrigado e boa noite.

Descemos do palco quando Gustavo agradeceu e mal descemos ele meu pegou em um abraço me rodopiando, me fazendo arfar de surpresa.

– Você foi perfeita.

– Assim, Rebeca fica ciumenta e perde a vaga - disse Jonas atrás de nós.

Nos despedimos de todo mundo e eu comecei a relaxar com minha nova vida. Eu poderia cantar com eles para sempre. Eu e Rebeca dividiríamos, ou a gente se alternava e eu podia ficar ali. Num lugar comum onde ninguém veria nada de incomum em mim. Segurando a mão de Gustavo, me lembrei do olhar de orgulho que ele me deu, e eu soube que eles me aceitariam. A minha vida podia ficar boa daqui para frente.

Porém, estava começando a ficar bom demais para ser verdade. Na saída, o porteiro me entregou um papel que pediram para entregar. Mesmo encabulada, peguei o papel, e já dentro do carro, fui abrir. O que foi uma escolha muito sábia, porque minhas pernas fraquejaram. O bilhete dizia :

"Que lindo Juju. Se apresentando em bares agora ? Decadente. Achou que você podia fugir de mim? Que pena. Até amanhã."

O bilhete não estava assinado, mas nem precisava. A única pessoa que já tinha me chamado de Juju na vida era meu ex-pai.


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Notas finais do capítulo

POR FAVOR, comentem.



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