Depois de desfazer as malas, Davina deitou-se na cama e enquanto encarava o teto considerava as mais patéticas táticas de fuga que sua mente pôs elaborar. Em seu teto, havia um pequeno lustre, e em seu torno várias estrelas coladas lá por ela e seu pai. Seu telefone apitou de repente, avisando que uma mensagem havia chego. Antes de desbloquear seu celular para ver o que era ela olhou as horas. Ainda eram 11:30 da manhã.

De: Marcel G.

D, como foi com sua mãe? Uma merda, já presumo. Está com fome? Josh vai te buscar para almoçar aqui, quero que conheça algumas pessoas.

Davina leu e releu a mensagem algumas vezes, se surpreendendo no quanto queria sair da casa. Respondeu a mensagem o mais rápido possível.

Acertou em cheio, foi uma merda e estou com fome. Conhecer pessoas? Por acaso são os vampiros com os quais você anda brincando de trancinha?

Não demorou muito para Marcel responder.

De: Marcel G.

Adoro quando você fica estressada. Seguinte, como você planeja se meter na nossa pequena batalha mais cedo ou mais tarde você teria que conhece-los. Vem ou não?

Davina nem teve que pensar antes.

Estou descendo.

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Já na porta, Davina tinha se trocado, pego uma jaqueta para o caso de ainda estar na rua quando anoitecer, sua bolsa e pôs sapatilhas mais confortáveis, pronta para andar.

– Já vai sair? – Freya perguntou, com uma ponta de tristeza na voz.

– Vou almoçar no Marcel... Por você tudo bem? – Davina pedia desculpas pela voz, esperando que Freya a entendesse.

– Tudo, claro! Desde que almoce comigo amanhã. – Ela respondeu fazendo bico.

– Você vai ter toda minha atenção! – Davina exclamou fazendo Freya rir. Uma buzina soou do lado de fora as avisando que estava na hora de ir.

– Devo te esperar acordada? –

– Claro que não! – Davina arregalou os olhos sorrindo e Freya gargalhou.

– O que digo a sua mãe? – Freya perguntou quando Davina estava saindo.

– Que fui para o inferno. – Davina sorriu e bateu a porta a tempo de ver Freya revirar os olhos rindo.

Ao entrar no carro, Davina abraçou Josh e pôs o cinto. Conversavam sobre estudos e coisas do tipo, quando Josh apontou para a praia.

– Você vê aquele buraco na areia? – Davina olhou para a janela do lado dele e viu, no meio da areia, um buraco fundo e verde. Assentiu com a cabeça para que ele explicasse. – Foi feito por uma bruxa, ou pelo menos é o que a gente pensa. Quando a areia começou a afundar, todas as bruxas em seu torno, que se encontravam nas direções do buraco em até 80 metros, apagaram. Não sabemos como nem por que, mas algumas morreram e as que acordaram estavam sem seus poderes. –

– Então... – Davina processou a informação por uns instantes. – O buraco é para sugar os poderes? –

– É o que parece. E tiveram bruxas que foram sugadas por inteiro para dentro daquela coisa. – Um silêncio se formou, a tensão no ar um tanto palpável. – Cada um de nós, incluindo todos os irmãos do Klaus, temos nossos motivos para querer derrubar seja lá quem está fazendo isso. Matilhas de lobisomens já foram mortas, os vampiros estão expulsos do Quarter, bruxas praticam magias medíocres e pouco frequentes... Está tudo bem errado. –

– Caramba... – Davina tentou imaginar quem poderia estar fazendo isso. Por alguma razão, ela se sentia mal por todos, mas sentia como se a magia fosse inalcançável para ela, como se estivesse imune a tal. – Alguém viu alguma das bruxas sendo sugada? –

– Eu vi. – Josh comentou distante. – Era bizarro. Estava na praia com Aiden quando –

– Para! – Davina quase gritou, e Josh levou um susto que se não fosse bom motorista teria os levado direto para um acidente de transito. – Você? Na praia? –

– É... – Josh comentou franzindo as sobrancelhas. – Eu e Aiden marcamos de nos encontrar lá nos fins de semanas...

– Tá bom, espera... Quem é esse Aiden? – Davina perguntou com um sorriso malicioso e Josh abriu a boca para responder, mas as palavras se embolaram e ele acabou rindo e se entregando. Davina gargalhou, (A proposito, algo importante não mencionado sobre Josh... Ele é gay.) batendo no painel a sua frente sem conter sua animação. – Você vai parar esse carro agora e me mostrar uma foto desse Aiden! Que idade ele tem? É humano mesmo? –

– Você vai conhecê-lo em breve. Chega de perguntas. – Josh comentou sorrindo sem graça.

– Mas você não respondeu nenhuma! Sério, nada justo. – Davina cruzou os braços e fez bico, encarou Josh por alguns segundos até que os dois começaram a rir.

– Ele tem 22, e... Bom, ele é um lobisomem. – Davina gargalhou bem alto.

– Que coisa Romeu! Finalmente encontra alguém, mas provavelmente a família dele vai querer te matar ao saber que você é vampiro. – Davina balança a cabeça e Josh da de ombros sorrindo.

– E você, Davina Claire? – Ele virou-se para ela rapidamente, logo voltando seu olhar pela rua. Ele tinha escolhido o caminho mais longo, passando por uma pequena cidadezinha ao lado do French Quarter. – Está namorando? –

– Por que devia? – Ela retrucou aparentemente na defensiva.

– Você faz 18 daqui a alguns dias. Você está crescendo, mas nunca foi ingênua ou santa. – Ela sorriu com cara de culpa e ele riu. – É muito atraente e inteligente. Opção não deve faltar. –

– Você não vai desistir até eu contar né? – Josh afirmou com a cabeça e Davina revirou os olhos. – Seguinte, eu estava namorando sim, um menino chamado Sean. –

– Estava? O que houve? – Josh perguntou fazendo uma curva, trazendo-os de volta a rua da praia.

– Não estava dando certo. – Ela respondeu com simplicidade e dando ombros, e Josh riu. – O que? –

– Eu duvido. Aposto que o garoto estava todo feliz e apaixonado por você, mas você se cansou e terminou. – Davina arregalou os olhos e dessa vez a gargalhada foi de Josh. – Isso é a sua cara Davina. Mas você merece algo grande. –

– Eu mereço um milagre Josh. Está difícil viu?! – Davina cobriu o rosto com as mãos e ela e Josh ficaram rindo até chegarem à casa de Marcel, que não era muito longe dali.

Ao estacionar, ambos desceram do carro e Josh passou o braço pelo ombro de Davina, e os dois subiram a escadaria da frente de Marcel com um sorriso no rosto.

– D, entra! – Marcel exclamou ao ver Davina chegar e a abraçou. – Seja bem vinda de volta! –

– Está igualzinho a antigamente. – Davina riu. – E então, vamos comer? –

– Todos estão na sala de jantar. – Davina foi encaminhada por Marcel até uma sala não muito grande com uma mesa de vários lugares com a louça já posta e a comida pronta para ser devorada. Havia 10 lugares a mesa, mas apenas nove pratos postos. Havia conversas paralelas no ar, entre pessoas que se sentavam perto. Assim que entrou, todos os olhos direcionaram-se para Davina, e todos deram um meio sorriso, exceto por uma moça loira que abriu um largo sorriso e um homem consideravelmente atraente, porém carrancudo, sentado em uma das cabeceiras. Após alguns demorados segundos, todos voltaram a suas conversas, exceto por outra moça loira que estava do outro lado da porta que se levantou.

– Calem a boca! – Ela bradou, e todos se silenciaram. – O mínimo de educação para dar um oi para convidada! – Ela voltou a se sentar, após seu discurso trazer toda a atenção para Davina novamente.

– E essa é Rebekah Mikaelson, – Marcel anunciou e a loira badass que fez todos se calarem acenou com a cabeça para Davina. Seu sorriso era calmo, mas ela parecia ser tudo menos boazinha. Davina aproximou-se da mesa e estendeu a mão para Rebekah, que a apertou de bom grado. Davina a observou, e percebeu que era uma mulher muito bela. Por ser uma vampira, coisa que Davina tinha certeza pelo fato dela ser uma Mikaelson, era impossível dizer sua idade, mas aparentava ser jovem, com uns 21 anos. Seu cabelo era de um tom loiro bem aceso, e parecia natural. Sua pele era bem clarinha, mesclando-se com o ondulado de seu cabelo. Seu olhar era profundo, familiar e ao mesmo tempo intimidante. Vestia-se muito bem, e parecia ser mais nova que os outros, talvez aparentasse ter a idade da mulher que se sentava ao seu lado, que foi a próxima a ser apresentada. – Hayley Marshall, - Ela sorriu um sorriso breve, descontraído e sincero. Ela tinha uma beleza bem simples. Seu cabelo era castanho escuro, mas claro nas pontas e ia até um pouquinho abaixo do ombro. Tinha postura atlética, mas era magra. Seus olhos eram de um verde meio castanho e ela parecia ser esperta. Estendeu a mão para Davina, que ao toca-la recuou.

– O que foi? – Hayley perguntou, num susto.

– Você tem uma força modificada. Mas descende dos lobos. Por quê? – Davina perguntou, notando que Hayley ficou tensa.

– Como sabe d...

– A marca. – Hayley usava uma blusa sem manga roxa que deixava a mostra dois triângulos opostos em um tom mais escuro que sua pele. Com certeza era sinal de nascença, revelando suas origens. A maioria se impressionou sorrindo com a percepção, como se observassem uma pequena criança aprendendo a falar. – O que você é? –

– Eu? – Hayley sorriu, sua face se suavizou. – Sou uma hibrida. – Ao dizer isso, todos se tencionaram, mas Klaus reprimiu um sorriso.

– Hibrida? Essa é nova. – Davina comentou, finalmente apertando a mão de Hayley. Marcel continuou as apresentações, e Josh havia se sentado em uma cadeira em frente à porta, ao lado de onde Davina estava.

– Elijah Mikaelson, - O homem sentado ao lado de Hayley era outro original, mas Davina nem relevou o fato ao perceber o quão atraente ele era. Seu rosto era bem marcado, seu semblante era forte e combinava com seu cabelo curto e negro, muito bem arrumado. Tinha traços de uma barba recém e bem feita, e mesmo tendo a idade indecifrável aparentava como alguém beirando seus 26 anos. Vestia-se muito bem, e no caso, bem demais para uma ocasião simples como um almoço. Usava um terno preto que ressaltava o fato dele ser magro, mas ainda assim musculoso. Era definitivamente um velho atraente.

– É um prazer. – Ele levantou-se e beijou a mão de Davina, e mesmo sem sorrir mostrava paz e serenidade. Parecia à pessoa mais intacta e racionalmente bem da mesa, tirando Josh e a outra mulher loira, sem ser Rebekah, tal qual Davina tinha certeza que conhecia de algum lugar.

– O prazer é meu. – Por algum motivo desconhecido, Davina ficava sem graça em relação a Elijah.

Marcel virou-se para a cabeceira, para apresentar o homem que se sentava como rei, mas Davina já tinha noção de quem era o homem carrancudo e com olhar perverso que ali se encontrava.

Klaus Mikaelson.