Talvez sejam os óculos... escrita por Lothar


Capítulo 6
Talvez seja o talvez...


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! E leiam as notas finais



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As estrelas de uma noite nublada geralmente são as que mais necessitamos enxergar, na grande maioria das vezes são as mais brilhantes e belas. As estrelas de uma noite nublada são que nem os sonhos. Neles encontrarmos nossos maiores desejos.

Meus maiores desejos são minhas lembranças.

Esse sentimento é estranhamente nublado.

Ou como gosto de falar, cacheado.

Assim como os cabelos de uma garota, os cabelos do meu maior “talvez”.

O mundo está podre e são raras as coisas belas, mas seria hipocrisia dizer que não existe beleza. E a maior beleza poeticamente e verdadeiramente é o talvez.

Tantas coisas podem acontecer. Tantos sonhos podem ou não acontecer. Tantos objetivos e ações, desde mistérios a uma aventura reconfortante.

Talvez um dia eu sinta o cheiro dos cabelos dela mais de perto ou talvez não.

As estrelas não brilham mais como antigamente, não brilham mais como em minha infância.

Uma infância composta apenas de sonhos, traumas e “talvez”.

Eu estava deitado olhando para o céu, mais especificamente possível, eu estava deitado na grama olhando para as nuvens carregadas, se eu não me apressasse acabaria me molhando muito. Mas eu não me importava, era tão jovem e ainda não conhecia nada do mundo.

O maior talvez existente são as pessoas. Todas são diferentes mesmo algumas parecendo tão iguais. Toda a sociedade é diferente. Um exemplo que me vem à mente é “ela”. Tão diferente das amigas, da família e dos outros.

E como previsto começou a chuviscar.

Ela um dia vai morrer e nunca vai saber com eu a amei. Ou talvez ela um dia saiba.

Talvez tenha sido as palavras que me fizeram apaixonar, ou talvez tenha sido a quarta-feira em que eu a conheci.

Talvez tenha sido os meus sonhos, em qual eu a tinha em meus braços.

Talvez seja o infinito com sua grandeza e falsidade.

Não foram os óculos, muito menos o outono ou o natal, eu sei o que foi eu sei o motivo.

Foram os “talvez”.

A vida é um talvez. E ela também era.

A música em minha cabeça havia parado. E a única coisa em que eu pensava era em como eram as estrelas que estavam em cima das nuvens e em cima de qualquer pessoa que estava dormindo inocentemente. Inocentemente, pois quando dormimos mesmo em pesadelos somos inocentes. Bem, grande maioria das pessoas vivas. Digo vivas, pois nem todas as pessoas que tem seus corações batendo no peito estão de fato vivas.

E eu fazia parte delas. Até conhecer o meu talvez. Ou melhor, “a minha talvez”.

O obvio nem sempre é o certo, mas nesse caso eu sei que é, tem que ser. Eu não sabia se era a chuva, mas de repente, nada mais se passou pela minha cabeça e eu conseguia ver o céu mais lindo e estrelado que já vi. Talvez seja minha imaginação ou talvez seja a inocência vinda com uma pontada de desejo e de cansaço. Eu estava em um grau de insanidade absurdo onde a cura seria um abraço ou simplesmente uma xícara de café, de preferência feito pela minha mãe. Eu nunca reparei, mas a minha mãe é muito parecida com a garota que causa minha insônia, não pelos óculos, mas sim pela personalidade forte.

Ah, como a loucura é nostálgica e vazia. Vale a pena viver, mas não viver por viver! Pois você nunca está pronto para morrer até que ache algo que vale a pena, algo como um abraço acolhedor ou uma boa história, ou até mesmo uma xícara de café.

Provavelmente, ou melhor, dizendo... Talvez eu nunca seja o cara que cure seu coração frio e quente, mas talvez eu sempre esteja lá, para o que vier. A vida é tão enigmática e gostosa quando se acha algo pelo que vale a pena saber que se está vivo.

Eu não sei ao certo, mas tenho quase certeza que naquela noite eu não dormi, fiquei apenas sentado em um banco de um parque qualquer, olhando para o céu e olhando para a chuva que caia tão rápida das nuvens.

O vento bateu em minha face me tirando dos meus devaneios e então eu percebi que talvez a melhor sensação da vida fosse o sentimento de saber que eu talvez acordasse amanhã e talvez falasse com ela e talvez... Talvez olhasse no fundo de seus olhos e apenas ficaria ali, olhando.

O futuro não pertence a ninguém.

Mas talvez um dia a felicidade mais simples e verdadeira faça parte da rotina humana. E talvez um dia os óculos vão parar de refletir sua alma quando ela sorri, e talvez um dia o talvez se transforme em certeza e tudo ira acabar com uma única certeza:

Não foram sós os “talvez”, foram totalmente e exclusivamente com toda sua forma de ser “ela” em uma quarta-feira de uma manhã de outono qualquer.


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Notas finais do capítulo

E chegamos ao fim, muito obrigado por ler e me desculpe os poucos capítulos, acham que eu mereço uma recomendação???*--*
Muito obrigado por ler e até uma outra história
Talvez sejam vocês...