Impossible's Path escrita por Zessu


Capítulo 4
Capítulo 03: Ky - Nightmare's Path


Notas iniciais do capítulo

Falar um pouco sobre Brad Stiles agora.

Personalidade de Brad:

Assim como Ky, seu único e melhor amigo, Brad possui um grande amor por Pokémon. Adora ler algum livro sobre espécies, sempre que possível.

Brad tem um jeito único de ser. Fiel, sincero, ele é sempre duro com aqueles que ama, caso perceba que precisam entender algo importante. Brad não se importa com as palavras ditas, contanto que eles entendam e fiquem bem.

Porém, não possui sempre essa personalidade forte e objetiva. Quando está se divertindo com Ky, ele demonstra um espírito aventureiro e alegre. No entanto, perto de alguma garota, ele demonstra uma personalidade gentil e educada. Até mesmo tímido, as vezes.

Ele sempre considerou e sempre irá considerar, Ky Ketchum como seu maior rival, e também, claro, seu maior amigo.



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Ano 2014, 11 de Dezembro

Eu me sentia estranho. Em um lugar totalmente desconhecido.

“Ky, você precisa acordar.”

Era a voz de meu pai. Acordar? O que ele queria dizer com isso? Eu estava acordado. Eu não sabia onde estava, mas, definitivamente, não estava dormindo.

Sabia que era uma praia, claro, pois o mar estava bem a minha frente. E fazia um imenso calor, tanto que eu mal me aguentava em pé. O sol sugava as minhas forças.

Além de não conhecer o lugar, eu estava sozinho. Aliás, não havia sinal de vida, não importasse por onde eu olhasse. Era um lugar totalmente deserto. Sem Pokémon, sem pessoas. Apenas eu, a praia e o sol.

“Ky, por favor, você precisa abrir os olhos. Não faça isso comigo.”

Mamãe? Eu precisava vê-la, de qualquer jeito. Mas onde? Eu me virava para todos os lados, olhando, procurando por ela, mas não havia nada para se achar. Apenas areia e o mar.

Meu coração começou a bater forte. De repente, a preocupação de não poder mais ver minha mãe inundou meu corpo, como se fosse uma corrente elétrica, passando por todas as minhas veias. Eu queria chorar.

“Ky, eu lhe imploro... volte pra mim.”

Minha irmã estava me chamando. Não importava como, eu tinha que achá-la.

Comecei a correr por toda aquela praia. Estava fraco, muito fraco, mas me recusava a parar de correr. Fosse o sol ou qualquer outra coisa sugando minhas energias, eu não podia parar até encontrá-la.

“Kaila.”

Comecei a gritar seu nome, ainda correndo o máximo que podia. Mas o lugar não parecia ter fim. Eu parecia estar correndo por horas e mesmo assim, sentia que estava no mesmo lugar de antes. Mas, não importava. Eu não ia parar.

“Kaila.”

Corri tanto, mas tanto, que finalmente encontrei algo que não fosse areia ou o mar. Eu estava longe, por isso não conseguia ver direito o que era. Mas era branco. E vermelho.

“Kaila.”

Eu precisava saber o que era aquilo. Talvez fosse a chave para sair daquele lugar e finalmente encontrar minha família. Encontrar minha irmã. Eu tinha de vê-la.

“Kaila.”

Fui me aproximando aos poucos. Não sabia o porquê, mas estava começando a ficar com medo. Talvez fosse o odor que aquilo transpirava. Era podre. Era como se eu estivesse em torno de incontáveis sacos de lixo. E, também, tinha aquela cor. Aquele vermelho, que antes parecia ser normal, agora era escarlate, forte. E havia muito dele. Muito vermelho.

“Kaila.”

Eu não queria mais saber o que era aquilo. Estava assustado. Eu precisava sair desse lugar, eu tinha de ver minha irmã. Por favor.

“Eu estou te ouvindo, Ky. Eu estou aqui. Não precisa mais me chamar, apenas venha pra mim. Por favor.”

− KAILA! – Chamei-a novamente, o mais alto que pude.

Eu não estava mais naquele lugar. Estava no quarto antigo da mamãe. Com todos ao meu redor.

− Está tudo bem agora, irmão – Ela estava chorando, me abraçando bem forte – Eu estou aqui.

Eu mal conseguia respirar. Sentia muito calor, o que me fazia suar demais.

Meus pais me olhavam, assustados. Minha avó, Brad e Luna, também estavam ali, preocupados comigo.

Por que isso tinha que acontecer? Eu não sabia a resposta, mas sabia que esse era exatamente o motivo de minha irmã estar chorando. E eu mal conseguia me perdoar por isso. Vê-la chorar sempre foi uma das piores sensações pra mim. E quando a culpa era minha, a dor era ainda maior.

− Diga-me, filho, o que está sentindo? – Perguntou minha mãe, se sentando bem ao meu lado e acariciando meu rosto.

Kaila enxugava suas lágrimas, enquanto os outros ao redor não demonstravam sinais de aliviamento. Eu não queria que isso continuasse, por isso, mesmo sentindo um pouco de dor no peito, e ainda recuperando meu fôlego, eu brinquei:

− Fome, mãe – Tentei sorrir um pouco, mas o que saiu foi apenas uma risadinha fina e sem graça. Já era alguma coisa, pelo ao menos.

Imediatamente, toda aquela tensão e preocupação, que se manteve em todo aquele quarto, desapareceram, para dar lugar a vários sorrisos. E uma gargalhada dele, claro:

− Há há há, esse é meu parceiro! – Brad era o único rindo alto.

Percebi que minha brincadeira, na verdade, não era uma mentira. Kaila e eu não havíamos jantado naquela noite, então era normal eu estar com fome.

Depois de muita comida, conversa e cuidados de minha mãe, eu finalmente fui capaz de dormir naquela noite. Dessa vez, ao lado de Brad, em nosso quarto. Não com Kaila.

No fundo, eu entendia o motivo daquela cena ter me afetado. Foi algo tão terrível, tão forte, que eu não aguentei, após chorar o máximo que podia. Após sentir o máximo de dor que era possível para mim.

Após ter perdido os sentidos naquele galpão, eu havia acordado na casa da vovó. Luna e Brad estavam junto dela, preocupados não só comigo, mas também com o corpo que a polícia havia levado. Minha avó não teve coragem de ir reconhecer o corpo, por isso esperava a chegada de meus pais, enquanto passava pela gigantesca dor da perda, mesmo que incerta, ao lado de todos nós.

Eu não conseguia pensar em nada quando acordei. Minha mente era um branco total. Mas, mesmo aparentando estar totalmente inconsciente, eu fui capaz de ver vários enfeites de aniversário por toda a casa. Fui saber mais tarde, quando meu pai já estava a caminho de casa com Kaila, que eles estavam preparando uma festa surpresa. Minha mãe e meu pai estariam a caminho de Kalos, para me surpreender à noite, com uma enorme festa. E pensar que eu imaginei ter sido a última vez que abraçaria minha mãe, por um bom tempo. Eles me enganaram direitinho.

Claro, não teve festa alguma. Mas, mesmo assim, eu tive muito que agradecer meus pais naquele dia. Não só por terem ido à polícia, trazendo a notícia de que aquele corpo não era de minha irmã, mas também por terem-me tranquilizado no momento mais difícil de minha vida. Nunca esquecerei as palavras de meu pai:

− Ky, eu preciso que você me ouça perfeitamente – Ele estava com a mão esquerda em minha cabeça, me olhando diretamente nos olhos – Sua irmã vai ficar bem. Eu sei como encontrá-la e estarei partindo nesse exato momento para trazê-la de volta. Você verá Kaila em breve, ok? Apenas deixe tudo comigo e relaxe, por favor.

− Pika-chu – Pikachu parecia querer que eu deixasse com ele, também.

Foi um dos momentos em que mais me senti seguro. Pois eu tinha certeza de que eles trariam minha irmã de volta. E ela era tudo para mim.

E agora, mesmo após tudo aquilo, eu ainda tinha que receber um memorando sobre o ocorrido. Um nada agradável. Mas, não importava, pois minha jornada, ao lado de minha bela irmã, estaria para começar. E nada, definitivamente nada, iria impedir isso de acontecer.

Como sempre acontecia com ele por perto, eu fui acordado aos socos de Brad, naquela manhã pós pesadelo. Havia dormido bem, de certa forma. Dessa vez, eu não tive nem notícias daquele pesadelo. O que me deixou aliviado. Talvez tivesse sido um daqueles pesadelos de uma noite apenas: aparece, lhe assusta, e desaparece de vez.

Hoje seria um ótimo dia. Eu finalmente iria pegar meu primeiro Pokémon, com o Professor Sycamore. Eu planejava iniciar minha jornada com Kaila em Kanto, por isso teria de pegá-lo com o Professor Carvalho, mas como minha irmã decidiu que tentaria a sorte em Kalos, e eu não iria ficar mais um ano longe dela, tive de mudar meus planos. Mas já sabia exatamente qual seria meu Pokémon.

Brad também estava bastante animado. Afinal, ele também estaria começando sua jornada agora, depois de esperar tanto tempo ao meu lado. Finalmente poderíamos nos tornar verdadeiros rivais.

Desde pequeno a gente sempre estudou os livros Pokémon de meu pai. Gostávamos mais das figuras dos Pokémon que qualquer outra coisa, mas também prestávamos bastante atenção nas partes importantes de cada um deles, como habitat, biologia, pontos fracos e fortes. Nós nos achávamos grandes gênios, por sabermos tanta coisa, mesmo sem nem ao menos termos o certificado de Treinador Pokémon. E começando por hoje, estaríamos botando tudo aquilo em prática, finalmente.

Quando Brad e eu descemos até a cozinha, para o café da manhã, já estavam todos em torno da mesa, comendo. Exceto meu pai.

− Onde está o papai? – Perguntei, puxando uma cadeira e me sentando. Brad fez o mesmo.

− Ele foi conversar com o Dr. Silas – Respondeu minha mãe, colocando a cesta de pães em nossa frente – E de lá, ele teria que ir até a Central do Governo. Você sabe, coisas de agentes.

Dr. Silas, se não me enganava, era o psicólogo que minha avó consultou, quando o vovô morreu. Isso me deixou preocupado. Estariam eles pensando que eu estaria perturbado ou algo do tipo? Tudo por causa de um pesadelo?

− Dr. Silas... – Tentei não demonstrar preocupação, mas não foi possível – Não acham que o papai está exagerando com tudo isso? Foi apenas um sonho ruim, nada demais.

− Ky-

− Não, Senhora Ketchum, deixa isso comigo – Disse Brad, interrompendo minha mãe, largando um pão que estava prestes a morder – Preste atenção, parceiro. Essa noite, você pode não ter reparado, mas seu pai passou a madrugada inteira sentado em frente a porta de nosso quarto. Com certeza, queria estar do seu lado, caso você voltasse a ter aquele pesadelo maluco novamente. Você não estava aqui fora com a gente, vendo e ouvindo você passar por aquilo. Você não sentiu a terrível sensação daquele momento. Portanto você pode pensar que não foi nada demais, mas para alguém como seu pai se ver forçado a ficar acordado a noite inteira, apenas para garantir que seu filho durma bem, pode ter certeza de que o problema pode ser grave, sim. Rezemos que não, mas você irá ver esse doutor aí de qualquer jeito, caso contrário eu te encherei de socos, parceiro – Essa última parte ele disse com um sorriso no rosto.

Eu estava sem palavras. Envergonhado. Apenas consenti com o que disse, e voltei a comer.

Ouvi minha irmã dizer “obrigada”, bem baixinho para ele, demonstrando estar agradecida. Ele disfarçou um sorriso, sem jeito.

Fora isso, o café da manhã foi bem normal. Luna, com seu jeito solto e nada tímido de ser, falou durante toda a refeição. Ela realmente era o par perfeito para minha irmã. Ambas possuíam problemas em parar de falar, sempre enchendo o lugar com conversas e risadas. Era ótimo ter pessoas assim ao redor, já que mesmo após uma situação ruim, elas sempre darão um jeito de aliviar a tensão e fazer tudo parecer bem. Parecer normal.

Decidi que tentaria conhecer Luna um pouco melhor depois. Pessoalmente, ainda não tive a chance de conversar com ela sozinho, por isso não pude saber mais do que já sabia sobre seu jeito. Iríamos viver várias aventuras juntos muito em breve, então nada mais justo eu conhecê-la de uma maneira melhor.

Não demoramos mais que o necessário em casa, até já estarmos a caminho do laboratório do Professor Sycamore, onde Brad e eu pegaríamos nosso primeiro Pokémon.

Antigamente, Professor Sycamore tinha apenas um laboratório de pesquisas em Lumiose City, mas isso mudou de lá pra cá e agora ele possuía um em Vaniville Town, também.

Luna trocava risadas com Kaila na frente, enquanto Brad e eu caminhávamos apreensivos, na parte de trás. Não imaginávamos que o momento de pegar seu primeiro parceiro Pokémon pudesse ser tão tenso. Mesmo já tendo em mente qual Pokémon escolheríamos. Mas era um tipo de tensão agradável, por assim dizer. Era algo que mudaria nossas vidas para sempre.

− Vocês dois, garotos, já estão por dentro de todos os novos termos Pokémon? – Perguntou Luna, descontraindo o momento com seu sorriso lindo e cativante.

Respondemos que sim, em uníssono. Kaila a fez lembrar que já haviam conversado sobre isso antes, quando havia contado a ela sobre o tempo que Brad e eu passamos no Curso Preparatório do Professor Carvalho.

− Sim, sim, eu sei – Ela revirou os olhos – É que eles são tão chatos, que se não dermos um jeito de forçar um diálogo, é bem capaz que ficariam calados para o resto da vida. E já que estaremos juntos daqui pra frente, seria bom se pudessem relaxar um pouco, ok? – Ela deu uma piscadinha pra gente, após sua pergunta.

Novamente, respondemos que sim, e de novo, em uníssono.

− Viu o que quero dizer? – Ela olhava pra Kaila agora, meio que comprovando seu ponto.

Ela tinha razão. Parecíamos realmente sermos chatos. Apesar que essa última resposta em uníssono com Brad, não passou de uma brincadeira. Ela nos chamou de chatos, então, obviamente, seríamos chatos com ela em seguida.

Ela percebeu isso e sorriu, mudando de opinião sobre a gente, mesmo que apenas um pouco. E foi assim, sorrindo por todo o caminho, que nós quatro chegamos ao nosso destino.

Não foi necessário chamar pelo Professor. Ele já estava do lado de fora do laboratório, aguando várias plantas de seu jardim.

− Oh, vocês vieram cedo, crianças – Ele parecia surpreso – Devem estar bem ansiosos para iniciarem suas aventuras, presumo.

Já havia me encontrado com o Professor Sycamore em algumas oportunidades, graças aos meus pais. Sabia que era um Professor que simplesmente adorava pesquisar Mega Evoluções, o que, de fato, era um assunto incrível. Pra ser honesto, Pesquisas Pokémon são sempre muito interessantes. Tanto que sempre perguntei ao papai o motivo dele nunca ter pensado em seguir essa carreira, assim como tio Gary. Ele sempre se esquivava, dizendo que cada um nascia para tal propósito, e o dele, claro, fazia mais o tipo de “Mestre Pokémon Salvador de Regiões”. Por isso se tornou um agente, para continuar um trabalho que já vinha fazendo desde pequeno. Sempre derrotando vilões.

− Sim, com certeza – Eu sorria, caminhando até ele e o cumprimentando, após tanto tempo – E este é meu melhor amigo, Brad. Ele também irá pegar seu primeiro Pokémon com o senhor.

− Oh, sim, sim, eu já estou por dentro de tudo – Ele sorria, educadamente – Seu pai passou por aqui algumas semanas atrás, com um pedido exatamente para vocês dois.

Um pedido para nós, feito algumas semanas atrás? Kaila talvez tivesse comentado com ele sobre vir para Kalos, enquanto me fazia surpresa. Mas e quanto ao Brad? Como meu pai sabia que ele viria comigo?

− Como é, para mim, também? – Brad perguntou, também surpreso – Como ele sabia que eu estaria aqui com eles?

− Hm, não sei quanto a isso – O Professor não sabia a resposta, mas sorria mesmo assim, educado – Talvez ele soubesse que vocês dois nunca iniciariam uma jornada em Regiões diferentes. Afinal, ele comentou que eram verdadeiros amigos.

− Há há, aquele Senhor Ketchum, sempre me impressionando – Sorriu Brad.

Eu estava curioso, em relação ao tal pedido. Meu pai não viria até o Professor Sycamore pedir algo, para mim e Brad, se não fosse algo muito especial.

Percebi que minha irmã disfarçava um sorriso. Eu conhecia essa garota tão bem, que notei na hora que ela sabia exatamente qual teria sido o pedido. Ela era péssima em disfarçar. Guardar segredos desse tipo, definitivamente, não era sua especialidade.

− E qual pedido seria esse, Professor? – Perguntei a ele, enquanto observava minha irmã, que mal se aguentava, se esforçando ao máximo para não sorrir.

− Oh, e qual seria a graça se eu lhe dissesse? – Ele queria manter o suspense – O que posso dizer, é que ainda não chegou e que vocês terão uma surpresa e tanto.

Ele nos convidou a entrar, dizendo que em breve receberíamos a tal surpresa. Nos sentamos em uma sala de estar, conversando, enquanto esperávamos.

− E quanto a nosso Pokémon inicial, Professor? – Começou Brad – Já podemos pegá-los? Eu gostaria muito de já saber suas características, se possível.

Concordei com ele. E foi exatamente após ouvir isso, que Kaila não conseguiu se segurar e soltou uma risada.

Todos olharam para ela. Vi o Professor movendo a cabeça, fazendo um “não” para ela. Minha irmã tentava conter a risada, mas era impossível para ela. Aquela garota. Totalmente inocente, coitada.

Graças a isso, eu tinha certeza agora, sobre a nossa tal surpresa. Brad também percebeu, obviamente, que teria algo a ver com nosso Pokémon inicial.

Olhamos para o Professor, com uma cara do tipo “Já sabemos o que é”, deixando-o sem jeito, dando uma risadinha sem graça.

Antes que ele pudesse nos responder algo, alguém apareceu, bem atrás de todos:

− Não precisam mais torturar o Professor Sycamore, pessoal – Todos se viraram, ao som de sua voz – O tio chegou. E ele trouxe alguns presentinhos.

Era o tio Brock. Fiquei tão surpreso, e feliz ao vê-lo, após tanto tempo, que foi impossível conter meu sorriso. Corri até ele, dando-lhe um forte abraço. Kaila fez o mesmo, ao meu lado.

A última vez que o tinha visto, foi no aniversário de 10 anos de Kaila. Mas sempre que aparecia, ficava horas nos contando curiosidades sobre Pokémon, que apenas um Criador Pokémon como ele conheceria.

Tio Brock é dono da “Corporação Brock Day Care”, que não é um simples Day Care, com simples Criadores Pokémon fazendo seu trabalho, e sim uma companhia gigantesca, espalhada por todo o mundo.

Seu foco, principalmente, era os Pokémon bebês, novos demais para viveram uma vida selvagem, ou então prontos para serem adotados por Treinadores. E, também, o cuidado de Pokémon que Treinadores não poderiam carregar com eles. Antes, esses Pokémon ficavam com os Professores de cada Região. Professor Carvalho, inclusive, chegou a cuidar dos Pokémon de meu pai por anos. Mas, assim que todos esses Professores se juntaram, para formar o famoso grupo “Looking to the Future”, eles passaram a não terem tempo suficiente para cuidarem mais dos Pokémon de todos Treinadores. Foi quando tio Brock teve a ideia de criar uma corporação enorme, capaz de cuidar de todos os Pokémon, de qualquer Treinador do mundo. Não só os outros Pokémon de meu pai, como de praticamente qualquer outro Treinador deste mundo, ficam sob os cuidados dele.

Ele era simplesmente impressionante.

− Hm, aposto que Kaila entregou o nosso segredinho, né? – Perguntou ele, dando um olhar provocativo para Kaila.

Minha irmã começou a rir, sem jeito, dizendo “Foi mal”. Todos sorriram ao redor, inclusive eu.

− Mas, enfim, relaxem – Voltou a dizer Brock – O importante é que irão se surpreender do mesmo jeito – Ele retirou duas Pokébolas de sua mochila, entregando uma para mim e outra para Brad.

Brad e eu estávamos sem saber o que dizer. Afinal, quem deveria nos entregar nosso Pokémon inicial, era o Professor Sycamore. Mas, admito que sentia algo de especial naquele presente. Papai não teria pedido, e tio Brock não teria vindo até aqui, só para nos entregar algum Pokémon comum.

Percebendo minha expressão de dúvida, Professor Sycamore explicou:

− Ash veio até mim um tempo atrás, dizendo que vocês iniciariam uma bela jornada aqui, em Kalos. Porém, ao invés de receberem um dos ótimos Pokémon iniciais que eu cuidava aqui, ele gostaria que vocês tivessem o melhor. Literalmente.

− Por isso, assim como foi com sua irmã, ele me pediu para procriar dois Pokémon “Perfeitos” geneticamente. Os dois que vocês escolheriam, de acordo com ele – Disse tio Brock, surpreendendo a Brad e a mim.

Até mesmo Luna parecia entender o que ele dizia, em relação aos Pokémon “Perfeitos”. Talvez minha irmã tivesse dito a ela sobre o tal segredo, porém escondeu de mim.

− Assim como foi com você? – Perguntei a minha irmã, ainda surpreendido.

− Sim, sim, minha Ivy, seu bobooo! – Ela estava livre para sorrir agora, por isso o fazia do mesmo jeito de sempre – Tio Brock procriou ela em sua corporação, pessoalmente. Ela possui IV’s perfeitooos! – Ela fez uma pose agora, se vangloriando.

Eu sabia que ter um Pokémon geneticamente perfeito era possível, mas ainda assim fiquei sem palavras. No Curso Preparatório do Professor Carvalho, eu aprendi que a chance de se conseguir um Pokémon Selvagem com IV’s perfeitos era de 1 em 100.000.000. Porém, com habilidades extraordinárias, Criadores Pokémon eram capaz de procriarem bebês Pokémon com tais IV’s em bem menos tempo. Ainda era muito difícil, e requeria um conhecimento quase inexistente em nosso mundo, mas não tanto quanto achar um na natureza, pronto para ser capturado.

Esse processo era conhecido como “Breeding” e, se tinha algo em que tio Brock era bom, definitivamente era nisso. Apenas ele, e outros poucos talvez, seriam capazes de algo assim.

Mas nunca imaginei que Ivysaur de minha irmã fazia parte dessa pequena categoria de “Pokémon Perfeitos Geneticamente”. E muito menos que meu primeiro Pokémon fosse um deles, também.

– Vocês dois estão cientes dos detalhes sobre IV’s e EV’s, certo? – Perguntou Professor Sycamore, pronto para explicar, se fosse necessário.

Comentamos sobre o Curso Preparatório do Professor Carvalho que participamos, e como aprendemos tudo o que precisávamos lá.

IV’s, fazem parte dos genes de um Pokémon. Encontrar pessoas com os mesmos genes é impossível, e o mesmo vale para os Pokémon. Os pesquisadores, incluindo Professor Sycamore, que também faz parte do grupo, enumeraram esses genes dos Pokémon e os interligaram ao seu crescimento. É como se fossem seu “Poder Oculto”. O quão poderoso fisicamente ele nasceu destinado a ser. E, claro, esses genes não mudam no decorrer desse crescimento.

Esses IV’s, estão em cada atributo físico de um Pokémon: HP, Attack, Defense, Special Attack, Special Defense e Speed. Cada uma dessas características possuía IV’s designados à elas. Um Pokémon poderia ser excelente em seu Attack, porém horrível em sua Defense. Isso era algo comum. Assim, baseado em todas as pesquisas feitas, eles enumeraram os IV’s de 0 a 40.

Em seguida, entraram os EV’s. Eles apenas mostravam, através de números, o andamento e o limite desse crescimento Pokémon. Por isso são ligados diretamente aos IV’s, já que EV’s são apenas complementos enumerados, para deixar o Treinador ciente de como toda sua experiência em batalhas, treinamentos e aventuras, vem fortalecendo seu Pokémon. Os EV’s são enumerados de 0 a 400, sendo exatamente 10x maior que seus IV’s.

Geralmente, quando se captura um Pokémon Selvagem, já é possível ver traços desse crescimento. Pois ele pode ter vivido alguma aventura ou batalhado contra algum outro Pokémon Selvagem, dando-lhe experiência. O necessário para fazê-lo crescer. Sendo assim, através de uma Pokédex, seu novo Treinador seria capaz de ver quantos EV’s esse Pokémon tem atualmente e até onde poderá chegar. E assim em diante, após cada uma dessas experiências.

− Bom, isso é ótimo, pois se estão cientes dos novos termos, também deverão entender bem dois antigos: “Base Stats e STAB”, eu presumo – Tio Brock parecia saber que nós já estávamos por dentro disso, também, mas decidiu que tinha que comentar mesmo assim.

– Sim, relaxa, senhor – Começou Brad – Isso é apenas o básico. Todos sabem que os Pokémon possuem poderes diferentes. Um Caterpie, mesmo com IV’s perfeitos, nunca poderá ser mais forte que um Dragonite, mesmo que este tenha os piores IV’s possíveis. Isso por causa de seus “Base Stats”. Números que pesquisadores, há muito tempo atrás, atribuíram a cada Espécie Pokémon do mundo, como base para todo seu poder. Significando que, por exemplo, todo Ivysaur existente compartilham do mesmo poder inicial, poder básico, diferenciado apenas por fatores como IV’s, EV’s, Natures e, claro, os laços entre eles e seus Treinadores: os Sentimentos.

– Já STAB, ou “Same-Type Attack Bonus”, se refere, por exemplo, ao poder extra que um Golpe do Tipo Fogo, receberá ao ser usado por um Pokémon do mesmo Tipo – Dessa vez fui eu a responder – Fato que não ocorrerá, caso esse mesmo Golpe seja usado por outro Pokémon que não faça parte desse mesmo Tipo. E, só para complementar o assunto sobre “Base Stats”, pois assim como todos os Pokémon possuem um poder base conhecido, os Golpes, também o tem. Cada Golpe existente, que seja capaz de causar dano, possui um “Dano Básico”, que, claro, irá se fortalecer ou enfraquecer, baseado em qual Pokémon esteja-o usando.

Todos, inclusive minha irmã e Luna, ficaram satisfeitos com nossas respostas. Entenderam que já estávamos preparados para iniciar uma jornada Pokémon, como verdadeiros Treinadores Pokémon. Ao menos na teoria.

Eu estava muito empolgado, no entanto, mal tinha coragem para soltar meu Pokémon. E se ele não gostasse de mim? Seria a primeira vez que nos veríamos. Isso não era nem um pouco fácil de ser fazer. Me sentia um pouco covarde, por isso.

Antes que eu pudesse seguir com todo aquele medo, Professor Sycamore trouxe nossa Pokédex e mais 5 Pokébolas. Nos deixando, finalmente, totalmente equipados para sermos reconhecidos como Treinadores Pokémon. Ele entregou uma Pokédex a Kaila, também, sabendo que a dela havia sido destruída.

– O que estão esperando, garotos? – Provocou Luna – Usem a Pokédex, e vejam de uma vez todas as características de seus Pokémon.

Estávamos bastante apreensivos quanto a isso, mas o fizemos mesmo assim.

– Chespin. Tipo: Grass. Nature: Brave (Bonifica Attack e Decresce Speed). IV’s: HP(40), Attack(40), Defense(40), Special Attack(40), Special Defense(40), Speed(40). Golpes: Tackle, Vine Whip e Pin Missile. Ability: Bulletproof – Disse Brad, sobre seu Pokémon inicial.

– Froakie. Tipo: Water. Nature: Mild (Bonifica Special Attack e Decresce Defense). IV’s: HP(40), Attack(40), Defense(40), Special Attack(40), Special Defense(40), Speed(40). Golpes: Pound, Bubble, Water Pulse. Ability: Protean – Dessa vez fui eu, sobre meu Pokémon.

Meu primeiro Pokémon. Um Froakie perfeito. Eu mal tinha palavras para descrever o quão feliz eu estava. Brad, também, disse que Chespin seria sua escolha, por isso demonstrava uma enorme alegria e gratidão.

Meu pai. Não dá para descrevê-lo. É simplesmente incrível.

– Como podem ver, todos dois possuem IV’s perfeitos e, também, uma “Hidden Ability” – Disse Brock, se sentindo realizado, por ter sido ele a criar esses dois Pokémon incríveis – Coisa que, creio eu, vocês já saibam o que seja.

Respondemos que sim. Hidden Ability, é uma Ability rara de um Pokémon. Todas Espécies Pokémon nascem com uma Ability. Geralmente, os Pokémon são capazes de aprender uma entre duas Abilitys comuns para sua espécie. Porém eles poderiam ir além, e adquirirem, ao nascerem, uma Ability rara, geralmente bem melhor que as outras.

Professor Sycamore comentou que deveríamos, antes de mais nada, conhecer nossos Pokémon. Formar laços. Pois é disso que uma Jornada Pokémon se tratava.

– Bem, entãooo – Era minha irmã, agitada – O que melhor para conhecer um Pokémon, do que batalhar ao lado dele? – Ela sorria muito.

– Exatamente, Kaila – Concordou Brock – E nada diz “Rivalidade”, melhor que uma batalha entre dois novos Treinadores, amigos de longa data, ao lado de seus primeiros Pokémon. O que acham?

Minha primeira batalha, com meu primeiro Pokémon, contra meu melhor amigo. Parecia perfeito.

Brad e eu nos encaramos rapidamente, antes de concordarmos com o desafio, ao mesmo tempo. Ele estava tão empolgado, que saiu correndo, procurando o campo de batalha que Professor Sycamore, provavelmente, teria ao redor da casa. Não pensei duas vezes e o segui, o mais rápido que consegui.

– Por que garotos são tão apressados? – Resmungou Luna, antes de eu pular para fora da casa, alcançando Brad.

Já estávamos prontos, um encarando o outro. Deveríamos esperar Brock ou o Professor Sycamore, para um deles ser o juiz do combate, mas não havia como esperarmos mais. Parece que o pensamento de finalmente termos uma batalha, destruiu completamente meu medo. Eu não tinha o que temer. Seríamos gigantes juntos, e começaríamos a mostrar isso agora, nessa nossa primeira batalha.

Lançamos nossas Pokébolas ao ar, juntos.

– Chespin, apareça, parceiro! – Ele disse, animado.

– Vamos lá, Froakie, hora de nos conhecermos! – Eu mal conseguia disfarçar toda minha empolgação.

Nossos Pokémon surgiram, perfeitos. Chespin de Brad aparentava ser um Pokémon obstinado, corajoso, assim como sua Nature nos informou. Já meu Froakie era brando, tranquilo. Ambos eram lindos, e foram capazes de nos deixar emocionados. Afinal, eram nossos primeiros Pokémon. Há uma alegria maior em momentos como esse. Era indescritível.

Brad e eu nos abaixamos e conversamos rapidamente com nossos Pokémon, dando tempo dos outros nos alcançarem. Eu me apresentei, e disse ao meu Froakie que seria uma honra poder participar de grandes aventuras ao lado dele. Que esperava, de todo coração, que pudéssemos ser grandes amigos. Grandes parceiros. Ele sorria de uma forma tão incrível, que eu fiquei com lágrimas nos olhos. Realmente, não há como descrever a emoção de conhecer seu primeiro Pokémon.

– Hey, apressadinhos – Era Luna, ao lado dos outros – Que tal deixarmos essa batalha um pouco mais... “apimentada”? – Perguntou ela, tentando demonstrar inocência com seu sorriso, e não indecência.

Todos se voltaram a olhá-la, surpresos com a sugestão. Tio Brock a perguntou como. Mas, antes de Luna responder, eu reparei que minha irmã havia feito aquele biquinho dela. O que demonstrava, já que ela a conhecia muito bem, que Luna iria dizer alguma coisa que a deixaria emburrada.

– É simples – Ela olhava diretamente pra mim – O vencedor, receberá um beijo meu – Após dizer isso, ela piscou pra mim, me provocando.

Fiquei totalmente corado.

Professor Sycamore e Brock deram risadas, mas Kaila não parecia ter gostado daquilo. Nenhum pouco. Tanto que mantinha seu biquinho, em uma expressão totalmente fechada.

Já Brad, bem, digamos que ele agiu como sempre:

– Beleza, parceiro, está decidido! O vencedor irá namorar a Luna! – O que ele disse não me surpreendeu, pois eu sabia que seria assim, mas Kaila quase se engasgou sozinha, ao ouvir aquilo, enquanto os adultos davam ainda mais risadas, pensando, provavelmente, que não passávamos de imprudentes.

– Ninguém aqui falou nada disso, Brad! – Minha irmã estava irritada com ele. Ela virou o rosto, agora ainda mais emburrada.

E foi nesse clima, divertido para alguns e cheio de constrangimento para outros, que Brad e eu começamos nossa primeira batalha Pokémon.

– Sem perder mais tempo, vamos lá, Froakie – O primeiro passo foi meu – Mostre a todos sua velocidade, avance com tudo o que tem!

Sem mais nenhuma delonga, Froakie avançou, veloz. Era fácil perceber o quão rápido aquele Pokémon realmente era. Agilidade era um de seus dons.

– Use seu Vine Whip, parceiro, tente pará-lo! – Comandou Brad.

Chespin lançou seus dois Vine Whips, totalmente focado. Mas Froakie era rápido demais. Meu Pokémon demonstrou uma destreza incrível, desviando facilmente do ataque adversário, e ainda seguindo em frente. Chespin não desistia, mesmo errando, assistindo Froakie desviar com saltos e movimentos rápidos, continuava seguindo seu oponente com os Vine Whips.

– Acerte-o, Froakie! – Gritei, feliz ao ver meu primeiro comando ser efetivo – Pound!

Froakie deu um último salto, dessa vez deixando todos Vine Whips fora do caminho. Seu braço direito brilhava, demonstrando estar pronto para usar um forte Pound. O contato ocorreu, Froakie acertou Chespin em cheio, mandando o Pokémon de Brad ao chão, com um bom dano com STAB. Graças sua Ability, Protean, que muda o Tipo do Pokémon usuário para o Tipo do Golpe usado, Froakie seria sempre capaz de atacar com um dano bonificado, não importando qual Tipo de Golpe chegasse a usar.

Porém, mesmo sendo uma Ability incrível, Brad conhecia bem seu Pokémon, por isso antes de ser atingido, ele ordenou Chespin a se abaixar, recebendo o Golpe com a parte de trás de seu corpo. A parte traseira do corpo de Chespin, era coberto por uma couraça resistente, com espinhos. Fazendo com que golpes físicos lhe causem menos dano, caso o atingissem naquela parte de seu corpo.

– Heh, parece que você ainda conhecia um pouco sobre os Chespins – Eu disse, sorrindo.

– Claro que sim, parceiro – Após dizer isso, ele se virou – Mas vamos lá, hora de levar essa batalha para um novo nível. Siga-me – Ele começou a correr em direção à floresta.

Tio Brock e Professor Sycamore o chamaram, dizendo que a batalha deveria ser feita dentro do campo, mas ele não deu ouvidos.

– Que foi, Ky, não quer se divertir? – Ele me deu um sorriso provocante, forçando-me a segui-lo – Há, há, isso aí, parceiro. Vamos apenas curtir esse momento com uma batalha não tradicional!

Adentramos a floresta, correndo ao lado de nossos Pokémon. Kaila e Luna nos seguiram, também correndo, porém os dois adultos não tiveram a mesma disposição, ficando para trás.

Kaila gritava para tomarmos cuidado, enquanto corríamos em meio às incontáveis árvores. Nem ao menos olhávamos para frente, estávamos um do lado do outro, porém distantes, nos encarando enquanto corríamos. Chespin e Froakie, também se encaravam, sentindo a diversão.

Brad e Chespin pararam rapidamente, ao lado de uma árvore. Froakie e eu acabamos passando um pouco do ponto, por isso quando paramos e voltamos a olhar, eles não estavam mais lá. Brad e Chespin haviam sumido.

– Você está um pouco lerdo, parceiro – Sua voz vinha de cima – Vine Whip, Chespin!

Eles haviam subido em cima de uma árvore. Estavam em pé, em cima de um resistente tronco. Chespin olhou para baixo e, novamente, disparou seus Vine Whip, tentando pegar Froakie dessa vez. Mas não foi o que aconteceu.

– Rápido, Froakie, rebata-os com seu Pound! – Estava com meu peito acelerado, já que havíamos sido pegos de surpresa, mas mesmo assim fui capaz de dar meu comando. Eu estava, na verdade, muito animado.

O Golpe de Chespin estava a poucos centímetros de Froakie, quando, demonstrando um reflexo impressionante, meu Pokémon foi capaz de se defender com Pound, usando seus dois braços. Ele rebateu ambos Vine Whips uma vez, porém, como da outra vez, Chespin era obstinado e não cancelaria seu ataque até atingir seu objetivo. Por isso continuava a atacar, enquanto Froakie continuava a rebatê-los, criando uma cena incrível, onde Brad atacava e eu o defendia com maestria.

Após várias tentativas, e vários golpes dados e defendidos, Brad cancelou seu ataque, deixando a tensão cair um pouco. Nossos Pokémon se olhavam, demonstrando um pouco de cansaço, após a grande sequência de movimentos.

Luna e Kaila haviam nos alcançado, quando comecei a subir em uma árvore bem ao lado, com Froakie.

– Oh, ótimo... – Kaila bufava, sem ar – Agora vão subir em árvores... bancando Mankeys...

Froakie e eu encarávamos nossos oponentes, dessa vez assim como eles, em cima de um tronco. Nem ao menos conseguia ouvir os resmungos das garotas em baixo, tudo o que eu via era a diversão bem em minha frente.

Brad e Chespin estavam prontos, assim como a gente. Demos nosso comando ao mesmo tempo, após um breve sorriso trocado.

– Tackle! – Chespin pulou, ao seu comando.

– Pound! – Froakie fez o mesmo.

Ambos deram saltos rápidos e certeiros. Eles se colidiram no ar, segundos depois, um acertando o outro com seu golpe. Chespin conseguiu acertar Froakie com um forte Golpe com a parte de trás de seu corpo, enquanto Froakie foi ligeiro o bastante para revidar com seu Pound, o acertando no peito. Graças ao dano que cada um havia recebido, ambos perderam o equilíbrio e caíram fortemente no chão.

Mas nenhum dos dois queriam parar com a diversão, por isso se levantaram rapidamente em seguida, lá em baixo. Voltaram a se encarar, dessa vez sorrindo. Eles estavam tendo uma boa batalha, também. A diversão não era apenas minha e de Brad.

Tínhamos que descer, também, quando olhamos pro lado e vimos alguns cipós, presos em outras árvores maiores. Não pensamos duas vezes, simplesmente agarramos o mais próximo, e pulamos, juntos. Fomos de encontro um com o outro, porém com meio metro de diferença, mais ou menos. O suficiente para soltarmos uma mão, a fim de nos cumprimentarmos no meio da descida. Batemos nossas mãos direitas, afirmando de vez que aquela batalha era apenas uma diversão, entre dois grandes amigos.

Percebi a empolgação nos rostos das garotas, quando chegamos ao chão, soltando o cipó e aterrissando perfeitamente. Porém, essa empolgação se transformou em irritação, quando Brad e eu voltamos a correr em frente, novamente passando por todas as árvores, ao lado de Chespin e Froakie.

– Você está acompanhando muito bem, parceiro – Ele disse, aumentando a velocidade.

– Não me subestime, Brad – Eu sorri, em retorno.

Novamente, demos nosso comando ao mesmo tempo:

– Pin Missile, Chespin! – Eles atacaram ainda em movimento.

– Bubble, Froakie! – Permanecemos ao lado deles, correndo com tudo o que tínhamos.

Mesmo ainda em movimento, fomos forçados a parar, quando os dois Golpes se colidiram fortemente. O impacto acabou criando pequenas explosões, que consequentemente, criaram cortinas de poeira ao redor do ponto de colisão.

Cheguei a tossir um pouco com toda aquela poeira, e Froakie permanecia bem ao meu lado. Mas Brad e Chespin não estavam à vista. Era impossível enxerga-los após a colisão, assim como, acreditava eu, também era impossível para eles nos verem.

Eu estava errado. Assim que a poeira desapareceu, percebi que os dois tinham sumido, de novo. Dessa vez eu olhei para cima, mas não conseguia vê-los. Mas algo me dizia que eles estavam de olho em nós.

Convenci Froakie a ficar bem atento, pois poderiam estar preparando mais um ataque surpresa.

Havia escutado Kaila chamar por meu nome, logo atrás, ao lado de Luna, quando percebi o ataque. Dessa vez eu não pude ouvir seu comando, apenas tive a sorte de enxergar seu movimento antes que nos atingissem.

Era o Golpe que havia acabado de usar, Pin Missile. Vários deles, praticamente em cima de Froakie já. Não dava tempo de revidar aquilo, mas pude tentar me defender:

– Froakie, proteja-se com seus Frubbles! – Era tudo o que podíamos fazer.

Mesmo no limite, Froakie foi capaz de encher seu corpo com Frubbles em tempo, diminuindo, mesmo que não muito, aquele dano recebido.

Todos Froakies possuem uma camada macia de bolhas ao redor do peito e pescoço, como se fossem lãs, porém mais resistentes. Elas são conhecidas como Frubbles e são capazes de reduzir o dano recebido por Froakie, e possuem algumas outras utilidades, também.

Froakie chegou a cair, por causa do forte impacto daquele Golpe, mas ainda estava bem, pronto para seguir em frente.

– Nada mal, parceiro, nada mal – Ele finalmente havia aparecido – Agora quem demonstra conhecer seu Pokémon aqui, hã? – Ele sorriu, no entanto, ainda demonstrava confiança.

Eu olhava atentamente aqueles dois, tendo uma ideia de como fazê-los tomar do próprio remédio.

– Aproveitou a poeira para se esconder, hã? – Eu tentava provoca-lo, com meu sorriso – Vou lhe mostrar o modo correto de se fazer isso, Brad! Froakie, Water Pulse! – Imediatamente ele o fez como ordenado, criando uma pequena bola d’água, pronta para ser disparada – No chão! – Eu disse, mudando o alvo, deixando Brad surpreso.

Froakie jogou aquele poderoso Golpe bem onde estávamos, como se fosse uma bomba de fumaça. Imediatamente, aquela explosão causada pelo ataque, levantou poeira para todos os lados, tornando impossível a visão dos envolvidos. Eu, na verdade, também não podia ver Brad, mas tinha um plano para acertá-lo do mesmo jeito.

Obviamente, ele deve ter passado a imaginar que eu o atacaria por trás, assim como havia feito comigo há alguns minutos. Mas não era meu plano. Comandei Froakie a criar um clone, usando seus Frubbles, e depois ir se esconder um pouco distante, ao lado.

Assim que a poeira se abaixo, ali eu estava, ainda no mesmo lugar, fazendo Brad dar uma risada.

– Mas que merda foi essa, parceiro? – Ele zombou – Fiquei esperando um ataque surpresa, mas o que vejo é você, no mesmo lugar. Se esqueceu que não poderia me ver, também, né? Há, há, essa é a desvantagem do uso inadequado de poeira.

Eu sabia que ele começaria a falar tanto, que nem prestaria atenção no clone ao meu lado. Eu o conhecia bem, por isso me sentia mal em enganá-lo assim. Mas ele merecia.

– Froakie, Water Pulse, agora! – Comandei, obstinado e pronto para acertá-lo.

Ele estava prestando atenção no Froakie ao meu lado, por isso não foi capaz de perceber que o verdadeiro, junto do Golpe real, viria pelo seu lado, por onde se escondia.

Quando viu, já era tarde demais:

– O quê?! – Foi tudo o que ele conseguiu dizer, antes do poderoso Golpe acertar seu Pokémon. O dano não era Eficaz contra o Tipo de Chespin, mas mesmo assim, graças ao ótimo Attack Special de Froakie, foi o bastante para jogar Chespin contra uma árvore, fortemente.

Froakie retornou para perto de mim, liberando seu clone. Isso surpreendeu não só a Brad, mas também minha irmã e Luna. Minha irmã é uma excelente Treinadora Pokémon e, com certeza, já havia visto alguma linha evolutiva de Froakie usar esse tipo de estratégia, mas mesmo assim, ela se mostrou surpresa. Até mesmo um pouco encantada comigo. Podia dizer, pois chegamos a trocar um sorriso sincero, enquanto Brad encorajava seu Pokémon a se levantar.

E foi o que Chespin fez. Se levantou, demonstrando uma excelente resistência. Estava pronto para continuar, assim como Froakie. Porém, era nítido que aquela batalha, mesmo que estivesse incrivelmente divertida, estava prestes a terminar. Provavelmente, o próximo dano resolveria tudo. Ganharia aquele que acertasse primeiro.

– Ei, garotos, se esforcem um pouco mais, poxa – Luna ainda me provocava, me olhando com uma expressão meio sexy – Não querem receber meu beijo?

Eu não sabia o motivo dela estar me provocando assim, do nada, mas estava começando a me incomodar, de certa forma. Ela me deixava totalmente sem jeito. E, desde que comecei a conversar com ela por telefone, na época em que estava separado de Kaila, nunca a vi agindo dessa maneira. Não tinha ideia de que ela poderia ser tão provocativa.

– Você ouviu a garota, parceiro – Brad começou a dar alguns passos para trás, com seu Chespin – Temos que acabar com isso, agora!

Vi Chespin enrolar seus dois Vine Whips em torno de duas árvores, enquanto continuava seguindo para trás. Percebi na hora o que ele pretendia. Ele estava criando uma espécie de estilingue, usando os Vine Whips como forma de pegar impulso na hora do disparo.

– Heh, então é isso, Brad? – Eu sorri, tentando demonstrar confiança – Podem vir, estamos prontos para recebe-los.

Comandei Froakie a preparar seu Water Pulse, que era seu melhor Golpe no momento. Chespin e Brad ainda se moviam para trás, talvez tentando achar o limite daqueles Vine Whips. Saber até onde eles podiam chegar. Afinal, quanto mais impulso, melhor. Mais poder.

– Está pronto, parceiro? – Ele perguntou, finalmente parando.

Respondi que sim, enquanto Chespin se agachava, forçando suas pernas contra o chão, a fim de usar mais esse impulso durante o salto. Realmente, seria um ataque com força total. Mas eu estava pronto, era tudo ou nada.

A tensão do momento passou para as garotas, que não conseguiam desviar o olhar. Estavam atentas, assim como Brad e eu. Assim como Froakie e Chespin.

Foi Brad quem deu o sinal:

– Agora, Chespin! – Chespin se esforçou, usando suas pernas e Vine Whips para receber uma velocidade incrível, um impulso potente e violento – TACKLE! – Gritou Brad, tendo em mente que esse seria seu último movimento.

– Agora, Froakie! – Ele disparou seu Water Pulse com todo seu poder. No entanto, a velocidade que Chespin ganhou foi tão acima do que imaginei, que forçou Froakie a ter de acertá-lo a queima roupa, quase não sendo capaz de concluir seu disparo.

Water Pulse de Froakie atingiu em cheio a cabeça de Chespin, que voava em nossa direção como se fosse um míssil pontiagudo, com sua cabeça como ponto de impacto. O dano do Golpe de Froakie não foi o bastante para pará-lo, apesar de ter diminuído um pouco sua velocidade. Chespin se encontrou com Froakie, sua cabeça acertando em cheio o peito de meu Pokémon, o carregando pela floresta, até se baterem contra uma enorme árvore. Ambos caíram, após a violenta batida.

Ambos permaneciam no chão, deixando a todos com uma incerteza, sobre quem poderia ter sido o vencedor. Nos aproximamos deles. Eu fui o primeiro a ver, e fiquei surpreso com o resultado.

Havia sido um empate. Ambos estavam fora de combate.

Kaila sorria, demonstrando estar feliz e satisfeita com aquela grande batalha. Luna parecia estar indecisa, já que agora não saberia a quem beijar. Já Brad e eu, após pegarmos nossos Pokémon, chegamos a nos encarar uma última vez naquela batalha. Estávamos, definitivamente, realizados. Haviamos nos divertido mais do que o esperado. Um empate foi justo, e ambos sabíamos disso.

Nos cumprimentamos, com um sorriso no rosto. Com uma rivalidade no ar.

Agradecemos nossos Pokémon, pela incrível experiência que haviam nos proporcionado, e os chamamos de volta para a Pokébola, para que pudessem agora terem o merecido descanso. Ambos eram incríveis.

– Hm, como o resultado foi um empate, sou eu quem decidirá o alvo de meu beijo, ok? – Luna sorria, dessa vez bancando a inocente, já que não havia dito nada assim antes – E meu alvo, hmmm – ela começou a apontar o dedo, movendo ele entre Brad e eu – Será, claro, você, mocinho!

Brad resmungou alguma coisa, após isso. Não cheguei a ouvir, pois estava envergonhado demais, olhando Luna apontar seu dedo para mim. Fiquei sem saber o que dizer, totalmente corado. Eu nunca havia beijado uma garota antes, e não queria que minha primeira vez fosse assim, de um jeito maluco e sem sentido.

– O q-quê? Nem pensar... – Minha irmã ainda demonstrava estar insatisfeita com aquela aposta, ela realmente não queria ver Luna me beijando – Você não disse nada disso nas regras, Luna! Aliás, esqueça as regras, essa aposta é simplesmente sem sentido!

– Que foi, mocinha, está com ciúmes? – Provocou Luna, deixando minha irmã sem jeito – Ora, amiga, quem melhor para dar o primeiro beijo em seu irmão, além de mim? Além do mais, não é como se você pudesse beijar ele, né...

Isso calou minha irmã. E, por alguma razão, também fiquei sem palavras. Pensativo.

– Não é nada disso – Ela estava de cabeça baixa – Tanto faz, Luna, façam o que quiserem!

Ela se virou e começou a voltar para o laboratório do Professor Sycamore, nos deixando para trás. Tentei ir atrás dela, mas Luna me segurou, me puxando contra seu corpo. Em questão de segundos, meus lábios tocavam os seus.

Eu ainda estava de olhos abertos, por ter sido pego totalmente de surpresa, por isso fui capaz de ver minha irmã parando instantaneamente, após perceber o que acontecia em suas costas. Ela não se virou, apenas deu uma rápida olhada por cima do ombro. Ela conseguiu ver a cena de nosso beijo. Aliás, do beijo forçado que Luna havia me dado.

Aquele momento, de meus olhos se encontrando com os seus, enquanto eu beijava sua amiga, não durou mais que dois segundos. Mas foi o suficiente para eu ver atrás de seus olhos. Eu a sentia sofrer. Seus olhos começaram a lacrimejar, mas não era isso que eu via. Era o que nos conectava tão fortemente. Nossas almas. Eu sentia sua alma chorando.

Por quê? Por que ver um beijo entre mim e Luna, machucava tanto minha irmã?

Quando me dei conta, Kaila já voltava a caminhar. Me esforcei, e consegui me soltar de Luna, voltando a segui-la. Brad fez o mesmo, vindo lentamente atrás de mim, deixando Luna para trás.

Ouvi Luna gritar que havia sido apenas uma brincadeira, que não havia motivos para tanto drama, mas não parei de correr em direção a minha irmã.

Eu havia dito que precisava conhecer Luna um pouco melhor mais tarde, mas havia me arrependido disso. Ela podia ser uma ótima pessoa, mas por não ter limites e ser totalmente irresponsável, ela era capaz de criar situações como essa. Onde, mais uma vez, eu seria forçado a ver minha irmã sofrer.

– Kaila, espere, por favor – Eu gritei, finalmente me aproximando dela.

Toquei seu ombro com minha mão, tentando fazê-la parar. O que vi, quando a fiz se virar, me chocou. Eu estava totalmente sem palavras.

– Seu bobooo! – Ela estava sorrindo, inocentemente, como sempre fez – Eu estava apenas brincandooo! É claro que não há problema algum em vocês se divertirem, apenas decidi enganá-los um pouquinhoo, hi hi hi!

Mentira. Não podia ser. Eu a vi sofrendo. Sua alma chorava. Eu sabia bem o que tinha visto. E mesmo assim, ela sorria. Normalmente. Por quê?

Mesmo tendo certeza de que estava fingindo, eu não tive coragem para confrontá-la. Apenas aceitei, e sorri em retorno. Isso não estava certo, eu podia sentir perfeitamente o quão errado tudo isso aparentava estar no momento.

Quem ficou feliz com esse fingimento de minha irmã, foi Luna, que nos alcançou e demonstrou alívio, ao ver que Kaila sorria, perfeitamente bem, como se nada tivesse acontecido. Eu ainda estava surpreso demais para caminhar, por isso fiquei parado, enquanto as duas continuaram a caminhar, indo em direção ao laboratório.

Por que Kaila estava fazendo isso? Droga. A fiz chorar e sofrer duas vezes, no mesmo dia. O que estava acontecendo comigo? Desde quando eu havia me tornado um problema para minha irmã? Não era para ser assim.

Brad tocou meu ombro, não entendendo bem pelo o que eu passava, mas mesmo assim me dando seu apoio. Seguimos atrás das garotas, lentamente.

Aquele havia sido um dia bem complicado. Tive um pesadelo que preocupou minha família inteira, fazendo até mesmo minha irmã chorar. Havia me divertido como nunca antes, ao lado de meu primeiro Pokémon, que aliás, foi um presente incrível do tio Brock, a pedido de meu pai. Havia dado meu primeiro beijo, de uma forma forçada. E, de novo, magoado minha irmã, de uma forma que eu nem ao menos conseguia explicar direito. O que mais poderia dar errado?

Passamos rapidamente pelo laboratório, para avisar que estávamos todos bem e que estaríamos voltando para casa. Só que, na verdade, ambos viriam com a gente até a casa da vovó, também, pois foram convidados a almoçar lá, pela minha mãe.

Passamos a tarde toda reunidos em casa, conversando sobre vários assuntos. Tio Brock sempre dava um jeito de animar esses encontros em família, com piadas sem graça e mal contadas, que eu simplesmente adorava. Kaila realmente parecia estar bem, ela sorria com seu jeito boba, conversando com Luna, como se nunca, realmente, tivesse ficado irritada com ela. Sorria para mim, para todo mundo. Nada tinha acontecido para ela.

Era fingimento. Tinha que ser. Eu sei o que senti. E aquilo não era mentira.

Mas, não havia nada que eu pudesse fazer naquele momento, cercado por tanta gente. Eu só poderia vir a conversar melhor com ela, descobrir a verdade, se pudesse ficar a sós com ela alguma hora. E era isso que tentaria fazer nos próximos dias, antes de partirmos em nossa jornada pela Região de Kalos.

Iríamos partir em exatos 2 dias. Era o tempo necessário para descansarmos, preparamos tudo e partir, de acordo com Luna.

O tempo passou e nem cheguei a reparar quando Professor Sycamore e tio Brock haviam saído, pois estava totalmente preocupado com esse problema com minha irmã.

Não cheguei a falar com Kaila após tudo aquilo, pois ela não se separava de minha mãe, minha avó e Luna, a noite toda. Já estava prestes a dormir e elas ainda estavam juntas, assistindo TV. Eu realmente não seria capaz de falar com ela essa noite. Por isso voltei pro quarto, onde Brad já roncava de sono. Havíamos nos divertido tanto, que era normal ele ter ido dormir primeiro que todo mundo.

E, pensar que após toda aquela diversão, um outro momento tenso chegaria para mim. Era hora de dormir. E, da última vez que tentei isso, eu tive aquele pesadelo. Eu torcia para ser como havia dito mais cedo, o tipo de pesadelo que aparecia e desaparecia em seguida, como foi na segunda vez em que tentei dormir. Mas, mesmo assim, ainda estava com um pouco de medo. Eu não queria ver minha irmã chorar por aquilo novamente.

Eu não podia ter aquele pesadelo de novo. De forma alguma.

Meio que para me animar e me dar coragem, logo após eu ter deitado em minha cama, eu recebi uma mensagem de minha irmã, em meu celular, que dizia:

“Boa noite, Ky. Por favor, durma e acorde em paz. Não sofra, eu te peço. Não posso lhe ver sofrendo daquele jeito novamente, ok?” – “PS: Espero que aquele beijo tenha sido bem ruim, seu bobooo!”

Eu sorri. Ela realmente havia se machucado naquela hora, mas nesse momento, ela estava totalmente bem. É simplesmente o tipo de pessoa que ela é. Ela era incapaz de manter mágoas desnecessárias, ainda mais de um irmão e uma grande amiga. Ela sempre soube bem como separar aquilo que é importante, daquilo que não passava de distrações desnecessária.

Minha preocupação era totalmente sem sentido. Me sentia um pouco melhor agora, após perceber isso. Sentia que se dormisse agora, enquanto me sentia satisfeito, aquele pesadelo não me atacaria novamente. E foi com esse pensamento que me deitei, sorrindo, tentando pegar no sono o mais rápido possível, esperando ansiosamente que o dia amanhecesse e eu pudesse ficar mais perto do dia de nossa partida.

Porém, eu me sentia estranho. Em um lugar totalmente desconhecido. Totalmente deserto.

De novo.


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Notas finais do capítulo

Eu queria criar uma batalha incrivelmente divertida para esses dois, por isso esse capítulo ficou tão grande. Não sei se consegui passar tudo o que imaginei, da forma divertida que pensei, em minha escrita, mas realmente espero que tenham gostado. Essa batalha da início a uma rivalidade simplesmente incrível, entre dois melhores amigos =]

Obrigado por terem lido até aqui, e até segunda, com um Capítulo muito foda, dessa vez com Luna, como a Protagonista Narradora :P

Não sei se irão comentar, mas eu gostaria muito de saber o que estão achando da história até agora, do meu modo de escrever, dos meus personagens, enfim, de tudo e.e

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