Sociedade Secreta de Anti-Heróis escrita por Fernanda Melo


Capítulo 2
A Fuga do Exterminador


Notas iniciais do capítulo

Capítulo saiu antes do esperado, então, boa leitura!



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Apenas dois dias havia se passado desde o dia que Cupido havia escapado, Felicity estava saindo para seu horário de almoço e agradecia mentalmente por poucas horas de descanso, estava merecendo aquele momento somente para si, mas se assustou quando viu Oliver parado em frente à empresa, aqueles olhos preocupados, braços cruzados e suas feições tensas queriam dizer apenas uma coisa.

Ela apertou os passos para se aproximar dele até que avistou Diggle chegar antes dela até Oliver, sua curiosidade ficou ainda maior, esperava que nada de muito grave tivesse acontecido, mas para estar ambos ali, coisa boa não deveria ser.

– Eu acho que não vieram me buscar para um almoço. – Ela disse esperando por alguma resposta. – Olha seja o que for podemos pelo menos ir para o restaurante? Eu estou faminta.

– Não acho que seja um bom lugar. – Disse Oliver passando seu braço inconscientemente em torno da cintura de Felicity, como se daquele jeito pudesse protegê-la de toda e qualquer ameaça. Ela sentiu um arrepio percorrer por todo o seu corpo, porém continuou caminhando como se nada houvesse acontecido.

– Aqui também não é. – Disse Diggle caminhando. – O restaurante fica longe daqui?

– Não. – Felicity sorriu sugestivamente ao ver que pelo menos Diggle entendia suas necessidades.

Caminharam vagarosamente e silenciosamente, mas Felicity estava ficando ansiosa, nervosa e naquele momento sua curiosidade estava no maior nível possível. A princípio pensou que Oliver havia se encontrado com a Cupido, mas isso seria impossível, ela saberia caso ela aparecesse, seus computadores estavam trabalhando nisso.

***

– OK isso está me matando de curiosidade.

Ela disse sentando-se em uma mesa qualquer, tinha sempre preferência por uma mesa, mas não estava com paciência para chegar até ela para começar a conversa, Diggle olhou para Oliver e o loiro fez o mesmo, seus olhares exalavam cuidado, preocupação, nervosismo. Eles estavam deixando-a extremamente aflita.

– Falem logo antes que eu tenha um ataque e morra sem saber o que está havendo.

– Felicity... Slade fugiu da prisão.

– O que? – Felicity não percebeu que seu tom de voz havia saído um pouco alterado e muitas pessoas das mesas vizinhas lhe olharam apreensivos.

Ela tentou dizer alguma coisa, mas parecia que suas cordas vocais não queriam trabalhar naquele momento, estava espantada e podia admitir que o medo estava tomando conta de si. Tudo bem havia algo de errado aí, primeiro a Cupido, depois Slade, onde estava a A.R.G.U.S para trabalhar nisso?

– A A.R.G.U.S não fez nada? Deixaram-no escapar assim... Do nada?

– Na verdade não foi do nada, Cupido deu uma mãozinha para nosso velho amigo. – Diggle disse olhando através do vidro que dava de frente para a calçada do restaurante.

– Irei conversar com Waller hoje novamente, estou achando uma incompetência na parte deles. – Oliver mantinha sua mão fechada e Felicity percebeu aquilo, a força que ele mantinha em sua mão demonstrava sua inconformidade diante do ocorrido. Ela tocou sua mão levemente e ele observou atento aquele gesto tão gracioso. Ele ansiava todos os dias por um toque dela, por mais singelo e simples que fosse, apenas queria senti-la perto de si.

– Oliver não adianta ficar assim a confusão já está armada, agora você tem que se preparar para o que vier.

– Não sem antes eu tirar satisfações com a Waller.

– E do que adiantará você brigar com ela Oliver? Trará apenas mais conflito, eu sei que de certa forma ela falhou nos seus deveres, mas devemos manter a calma agora.

– Felicity se você ainda não se deu por conta estamos falando de Slade Wilson, o Exterminador, aquele no qual eu criei um plano e te coloquei nele para idealizá-lo, agora você entendeu?

– Wow, agora eu entendo sua preocupação. – A expressão de espanto de Felicity era evidente, em seu rosto parecia que não percorria mais seu sangue. Ela bebeu um pouco de água chegando a se engasgar imaginando Slade com aquela sua espada cravada em seu peito, podia jurar que ele não deixaria aquilo barato.

– Acho que passarei mais tempo em sua casa.

– Imaginei você pedindo por isso em situações mais platônicas.

Ela disse prestando atenção em seu prato, naquele momento ela nem sentia mais fome e muito menos suas pernas, apenas sabia que elas tremiam por debaixo da mesa. Diggle percebeu pelo olhar de sua amiga o desespero dela, olhou de modo reprovador para Oliver, ele deveria aprender a dar certas notícias.

– Na verdade eu não estava lhe pedindo.

– Oh... – Ela olhou para Diggle e em seguida desviou para Oliver, seu medo era tanto que ela nem ao menos relutou contra aquilo, odiava quando Oliver não lhe dava alternativas, mas naquele momento ele lhe parecia a sua melhor. – Tudo bem, não estava pensando em negar mesmo.

Ela não soube explicar quando foi que suas mãos começaram a suar tanto, nunca estivera com medo assim antes, havia outras vezes como quando o Conde Vertigo ou o Criador de Bonecas lhe seqüestraram, ou pelo menos tentaram, porém agora ela sentia-se pior, o medo era maior, era de Slade que estavam falando. O mesmo Slade que ela tirou seus poderes com a cura do mirakuru e ele deveria estar uma fera com aquilo.

– Qual a probabilidade dele criar um novo exército?

– Não sabemos o que ele está planejando Felicity, Waller disse que assim como a Cupido ele também evaporou.

– Isso é muito ruim? – Ela olhou para o amigo em busca de conforto, mas sabia que aquele não era o momento. – Quero dizer eles podem estar tramando algo juntos e pior do que um inimigo é quando todos eles se juntam.

Visto o ataque de nervos de sua companheira, Oliver colocou sua mão sobre o ombro dela lhe atraindo toda a atenção da loira.

– Irá ficar tudo bem. Vou fazer ficar tudo bem, ok?

Ela nada fez perante alguns segundos e sua resposta logo após seu transe curto foi apenas um leve movimento de cabeça lhe dizendo um breve sim. Oliver pegou a mão dela e lhe acariciou firmemente, ele percebia que ela estava se sentindo vulnerável, mas não a deixaria ser o alvo de uma grande confusão que estava sendo armada. Teria que protegê-la, faria de tudo para que ela não sofresse dano algum devido aos seus erros, devido aos seus problemas. Ele tinha que concertar todas aquelas equações erradas, colocar tudo em seu devido lugar para que no fim pudesse desfrutar de seu trabalho, com um pouco de tranqüilidade, com um pouco mais de paz.

***

No covil durante a tarde Oliver apenas treinava, treinou com Roy, com Diggle, treinou sozinho, não parou por um segundo, até Diggle resolver dizer algo relacionado com a conversa que tiveram com Felicity.

– Ela ficou aflita com a notícia, acho que deveríamos ter conversado com ela depois do trabalho. Nem ao menos tocou direito no almoço.

– Não Diggle, ela precisava saber. Já passamos um dia inteiro sem a notícia, correndo riscos de sermos atacados à surdina.

Oliver continuou olhando para a barra que acabara de treinar e pensou em parar um pouco, precisava de água, de uma trégua de si mesmo.

– O que você acha que vai acontecer? – Roy entrou na conversa jogando-se em qualquer canto no chão vencido pelo o cansaço dos treinos daquele dia. – Ele sabe sobre todos nós, ele conhece nossos pontos fracos, conhece o seu ponto fraco. – Ele enfatizou apontando na direção de Oliver. – Do que ele será capaz de nos fazer agora?

– O que ele não conseguiu fazer naquela noite. – Oliver pegou uma toalha e jogou em seu pescoço. – Eu tenho que correr contra o tempo, dar o melhor de mim para não prejudicar nenhum de vocês.

– Você não está sozinho Oliver. Você tem a mim, ao Roy, a Felicity e querendo ou não temos mais amigos que estão dispostos a ajudar nessa guerra do que você possa imaginar, então não tente lutar sozinho quando se tem pessoas a sua volta com disposição para fazer isso com você.

– Estamos juntos nessa Oliver.

Roy levantou-se rapidamente parando perto do amigo, um sorriso de gratidão foi transmitido para Oliver e ele entendeu que Roy estava lhe agradecendo por tudo que até hoje ele pôde lhe oferecer.

– Não vamos te deixar nessa sozinho, nem que você queira. Afinal tudo que eu tenho o porquê lutar está aqui, com vocês.

– Obrigado. – Ele desviou o olhar de Roy para Diggle que abriram um singelo sorriso. – Vou tomar um banho.

– Não se atrase sei que quer chegar a tempo de buscar Felicity no trabalho. – Diggle disse em seu tom alto e com uma expressão sorridente como se estivesse orgulhoso de sua criança estar dando os primeiros passos para uma vida amorosa melhor. – Esses dois ainda me matam de tanta loucura.

– Nunca pensei que Oliver teria dificuldades em conquistar uma mulher, sério, ele sempre me parece seguro de si.

– Parece, mas não é. – Diggle permaneceu o dialogo, sabia dos pontos fracos de Oliver, não todos, pois, querendo ou não, não conseguia decifrar o Oliver por completo ele era um verdadeiro enigma para si, com inúmeras dificuldades.

– Só para saberem, eu estou ouvindo. – Oliver apareceu na batente da porta com uma cara de quem havia comido algo e não gostou.

– Só para te informar, essa é a nossa intenção. – Retrucou Diggle.

***

Palmer Technologies estava bem à vista, o edifício que um dia já foi chamado de Queen Consolidated estava sendo observado de longe, uma mulher a procura do ponto fraco da pessoa que ela jurou vingança, ela agora sabia da realidade, a verdadeira face do Arqueiro durante seus dias monótonos e corriqueiros. Havia escolhido seu melhor aliado, Slade conhecia melhor do que ninguém o seu alvo. Agora bastava apenas esperar, não atacariam agora, sabia que todos estavam em estado de alerta a procura dela, a procura de seu aliado, mas queria surpreendê-los, não terminaria ali, soube que há mais pessoas que Oliver Queen não deveria ter se envolvido e estava disposta a procurá-las nem que para isso ela tivesse que transitar para outra cidade, nem que para isso ela tivesse que destruir outro super herói.

Algumas horas antes...

– Lugar aconchegante, mas não é muito espaço para duas pessoas apenas?

– Não seremos apenas nós. Vou tentar lhe manter atualizado com os acontecimentos se...

– Se?

– Se você me contar tudo sobre o Arqueiro.

– Você se apaixonou por um cara que nem ao menos conhece direito?

– Está me julgando? – Ela deixou que seu tom enfurecido tomasse o espaço da voz encantadora usada há minutos atrás.

– Não, apenas analisando, gosto de saber com quem trabalho. – Slade perambulou por alguns cantos, o lugar era bem distante, perto da saída da cidade e não teria como Oliver imaginar que eles estariam ali, um mero abrigo subterrâneo. – Então, vamos colocar as cartas sobre a mesa.

Ele se aproximou e puxou uma cadeira para poder se sentar arrastando também a mais próxima indicando que Carrie deveria fazer o mesmo.

– Primeiramente devo te esclarecer algo. Posso trabalhar com você, fazer parcerias, mas eu tenho o meu jeito de enfrentar uma batalha e não gosto que mandem em mim ou digam como eu devo fazer certas coisas, então acho melhor tomar cuidado comigo.

– Eu não sou tão fraca quanto o senhor imagina Sr. Wilson. Eu já matei diversos homens do seu tamanho e não pensaria duas vezes antes de enfiar uma flecha em seu coração.

Carrie Cutter rebateu de imediato cerrando os punhos sobre a mesa enquanto se inclinava para frente demonstrando ameaça ao seu companheiro.

– E o que você faria agora sem suas flechas por perto? – Slade disse puxando-a para mais perto, usando força nos braços da mulher ele tinha certeza que aquilo lhe deixaria marcas, mas queria testar o limite de sua até então parceira.

Carrie o observou, um olhar fixo, chegava a ser até mesmo indelicado e logo após sorriu, seu sorriso se transformou em gargalhada, uma bela esnobação na cara daquele que um dia uma cidade inteira já temeu.

– Você está blefando seu estúpido.

– Como pode ter tanta certeza assim? – Slade apertou ainda mais os braços dela que quase dava para sentir o osso daquela mulher ele não hesitaria, não estava disposto a isso, mas parecia que ela lia através de seu olhar, através de sua respiração.

– Um psicótico sabe reconhecer o outro, apenas no olhar.

Bastou apenas aquelas simples palavras para que ele a soltasse, apenas aquele diálogo para que ele soubesse que ela seria capaz de ir longe com seus ideais, a ajudaria, faria parte daquilo, mas não queria saber de ninguém mandando em si, Oliver Queen era sua vingança e não estava disposto a dividi-la com ninguém.

Quando começou a contar sobre algumas coisas que achava relevante para Carrie ele chegou a omitir o nome de Felicity e até mesmo de Laurel, não sabia que tipo de sentimentos Oliver ainda nutria pela a última, mas se ele tinha pelo menos respeito por ela algumas lágrimas rolariam diante de sua escolha.

Ele deixou que Carrie saísse, criou planos, queria seguir adiante com a parceria, mas em seguida cuidar de Oliver Queen sozinho.

– Você acha mesmo que vai me passar para trás não é?

Ela tinha passos pesados, passos raivosos, tinha ódio exalando de seus poros, conseguia destruir aquele enorme homem com o olhar.

– Acho que você deve ter se esquecido de relatar sobre a namoradinha dele e sua ajudante na luta contra o crime durante a noite. – Ela parou próxima a ele, olhando incrédula. – Você realmente acha que vai ser assim? Seguir com o plano até onde quiser e depois tomar o mérito como somente seu?

– Eu nunca trabalhei em grupo, não gosto de dividir meus troféus, sempre fui um líder e nunca o subordinado.

– Mas é isso que você é agora, apenas o meu subordinado.

Então Slade sorriu, aquela mulher provou que conseguia passar em seus testes, ela tinha potencial e aceitaria a treinar junto com ela. De imediato ela não entendeu o motivo da felicidade dele e apenas esperou por sua resposta.

– Tudo bem, você me tirou daquele inferno você pode estar alguns poucos degraus acima de mim, mas faremos uma parceria, apenas nós dois e o restante que entrar serão apenas os piões.

– Como em um jogo de xadrez a rainha é mais forte que o rei.

– Arrumaremos um jeito de dividir o prêmio, nos vingaremos juntos de Oliver, prometo que tentarei não lhe matar antes disso. – Ele piscou para a mulher que sorriu maliciosamente.

– Gosto do seu potencial Sr. Wilson.

***

Após os pingos nos is serem colocados corretamente eles iniciaram mais uma faixa de análise de seu oponente, fotos de Oliver e de seus companheiros e amigos, estavam sendo colocados organizadamente em um mural que havia sido montado com aquele propósito.

Havia na terceira linha as fotos de Roy, Diggle e Laurel os alvos menos aclamados daqueles vilões.

– Conseguimos viver sem amigos, mas não conseguimos seguir adiante sem o amor da nossa vida. Quando se ama de verdade nada supre o vazio que fica. – Concluiu Carrie colocando mais duas fotos completando a pirâmide de alvos.

Logo entre a foto de Oliver que se encontrava no topo e a terceira fileira estava sendo colocado mais duas fotos. Foto de Felicity o amor de Oliver e de Thea a sua querida irmã.

– Felicity é o amor da vida dele e foi ela também que tirou meus poderes, injetou a cura do mirakuru em mim. Se você quer ferir Oliver, quer ver sua alma chorar e ao mesmo tempo gritar de dor é ferindo a sua querida Felicity.

– Mas nós queremos matá-lo não é mesmo?

– E tem maneira melhor de matar Oliver do que esta? Deixando-o vivo sem sua amada.

Ambos sorriram um para o outro, Slade virou toda a bebida que estava em seu copo de uma vez só e voltou a olhar para a foto de Oliver logo a sua frente, o ódio ainda tomava seu coração, não tinha como explicar, era uma fúria avassaladora que lhe tirava o fôlego e fazia seus neurônios queimarem de tanta raiva. Seu coração não batia mais, não tinha mais sentimentos bons e aquilo facilitava. Pensou que quando ajudasse Oliver que teria um amigo e não podia imaginar que ele lhe trairia daquela maneira, roubando o que era seu, lhe roubando a Shado.

– Eu vou fazer minha vingança Oliver, eu disse que voltaria para cumprir com minhas promessas, eu disse que tiraria de você todos aqueles que você ama, eu farei você escolher, você terá que escolher entre sua querida irmã ou a mulher que tomou o seu coração.


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