P.O.V. Lena

– E ai? Como está o Gloss?- questiono curiosa e fazendo graça com Érika.

– Para Lena!- devolve ela rubra.

– Mas oque ta acontecendo entre vocês?

– Nem eu sei! Só sei que nós tínhamos... temos uma relação amorosa... estável.

– Como assim não sabe!? Você se come com a criatura por ai e não sabe?- questiono incrédula.

– Não sei okay!? As memórias vem em torrentes e eu não vivi nada disso! Elas vieram junto com essa confusão toda!

– Huum... complicado isso...

– Nem me fale – ela suspira- Para onde acha que vamos depois daqui? Quero voltar para casa, para o nosso mundo ou sei lá!

– Espero estar errada, mas estava pensando sobre isso ontem a noite e acho que depois daqui, nós vamos para algum outro livro, afinal esse é apenas um dos favoritos, imagine se formos para todos!? – só pensar nisso me causa calafrios- Espero mesmo estar errada.

– É uma boa especulação e também espero que esteja errada, mas ... e quanto a tudo que vivemos aqui? Vai ficar para trás?- questiona tristonha.

– Você quer dizer oque vivemos aqui ou as pessoas que conhecemos aqui?- questiono brincalhona e Érika cora- Érika, você não está apaixonada está? Você sabe que não pode se apaixonar! Se formos embora e ele ficar aqui!? Oque você vai fazer?

– Eu sei das conseqüências, okay!? Eu sei que não devia ficar triste assim em ter de ir embora e ... deixá-lo, mas... não consigo evitar!- fala exasperada.

– Você está apaixonada!- berro alto e minha voz da uma maldita guinada.

– Não estou não!

– Está sim!

– Não estou!

– Esta sim senhorita e você sabe disso! Você não cora por nada e não fica suspirando por ai sem motivo mocinha! Você finalmente se apaixonou por alguém!- berro, dando tapas na cara dela para ver se ela acorda.

– Ai! Não precisa bater!- reclama ela, colocando a mão sobre as bochechas vermelhas.

– Ops! Acho que exagerei na força.

– Não! Imagina!- retruca ela, exasperada, porem suspira em seguida- Talvez você esteja certa. Nunca senti isso por ninguém e não consigo me imaginar sem ele, ele virou meu porto seguro em menos de duas semanas! Desde que coloquei meus olhos nele algo muito louco despertou em mim e eu estou querendo morrer por cair de amores tão facilmente!

– Huum...- batuco os dedos nos lábios e abro um sorriso sacana- A ÉRIKA TÁ APAIXONADA! A ÉRIKA TÁ APAIXONADA! A ÉRIKA TÁ APAIXONADA! A ÉRIKA TÁ APAIXONADA! – saio correndo pelo apartamento de tributos com Érika ao meu alcanço.

– CALA A BOCA SUA RETARDADA! FICA QUIETA DEMONIA ENCARNADA!- berra ela desesperada, correndo atrás de mim.

– A ÉRIKA TÁ APAIXONADA! A ÉRIKA TÁ APAIXONADA! A ÉRIKA TÁ APAIXONADA! – sinto alguém voando em minhas costas e nós duas caímos no chão da sala.

– CALA A BOCA LENA!- ela berra.

– A ÉRIKA TÁ APAIXONADA! A ÉRIKA TÁ APAIXONADA! – continuo a cantarolar.

– Mas oque está acontecendo aqui?- questiona uma voz masculina, olho para cima e vejo Gloss nos encarando. Continuo a cantarolar com Érika cobrindo minha boca desesperada tentando abafar o som.

– Nada Gloss, eu e Lena só estamos brincando!- diz nervosa e ri um pouquinho.

– Haaa heeeeee haaaaa haaa haaa hhhaaaa hoooo haaaaa haaaaa- continuo cantando, mas com o som abafado foi mais ou menos isso que saiu.

– Huum... vim chamá-la para a mudança de turno, agora você cuida dos patrocínios, preciso descansar- fala ele, com o senho franzido.

– Okay... vou indo então.

Érika se levanta das minhas costas e solta minha boca, começo a cantarolar novamente e ela sai correndo desesperada.

– Qual é o problema de vocês heim?- questiona o loiro.

– Nada não, apenas amizade retardada e feliz demais para ser normal- falo dando de ombros.

Dou as costas para Gloss, mas ele põe a mão em meu ombro.

– Por que estava cantarolando ... aquilo?- questiona.

– Por que você é um cara de sorte- respondo, virando-me para ele e enfiando o dedo em sua cara- e se você magoá-la, eu vou te jogar para os bestantes, ele vão adorar estraçalhar sua carne em pedacinhos pequenos enquanto você grita de dor e pede misericórdia, e vou apenas vê-lo sofrer, morrendo aos poucos e o lembrando o quão idiota você foi.

Ele me olha com um misto de susto, surpresa e compungidade e tira a mão do meu ombro. Eu sorrio inocentemente e saio andando como se nada tivesse acontecido.

***

P.O.V. Will

A arena está muito calma, faz cerca de 10 dias que essa merda toda começou e só morreram dois tributos nesse inferno depois do banho de sangue.

Stuart, o garoto do 2, foi um dele, morreu de infecção ou hipotermia, não conseguimos descobrir oque o matou primeiro e também não nos interessa. O segundo tributo foi a garota do 8. Deixando assim vivos dez tributos. Sendo eles: Eu, a garota do 2, o garoto do 4, a garota do 5, os dois do 7, a garota do 9 e os dois do 10.

– Vamos procurar abrigo, esta para escurecer - digo aos meus dois aliados restantes, que parecem ter entrado em um consenso silencioso para deixar-me como líder- Procurem cavernas ou buracos entre as raízes das poucas arvores que tem pela região. Nos encontramos ao por do sol aqui- marco o lugar com uma bandagem levemente ensanguentada que tirei do meu braço a pouco tempo.

Nos separamos e saímos a procura de abrigo, mas como eu suspeitava, tudo estava tranqüilo demais e eles iriam agitar um pouco a arena logo logo, e isso se confirmou com o longo e estranho uivo que ecoou pela arena.

Merda. Mil vezes merda.

Continuo a procura de abrigo, mas agora ainda mais alerta. Encontro algo que servira por uma noite, algo como um buraco em meio ao branco, uma caverna. Adentro-a para conferir se já não estava habitada e me surpreendo com a profundidade do buraco, que leva cada vez mais para baixo. O buraco parece não ter fim!

Caminho por algum tempo e não encontro nada nem ninguém, pelo jeito a caverna está limpa. Estou para voltar por onde vim quando algo chama minha atenção. Era algo praticamente escondido dos olhos. Por trás de uma grande pedra havia mais um túnel, porem este era mais baixo e menor do que a caverna em si. Como curiosidade sempre foi um defeito em mim, sigo pelo túnel, que parece cada vez mais iluminado.

Caminho por algum tempo e me deparo com um lago, era azul cristalino e não estava congelado como os demais. Nele haviam peixes e o local em si era agradável e quente, isso graças a profundidade abaixo da superfície em que se encontrava.

Voltei correndo por onde havia vindo e sai da caverna, indo em busca de Morgan e Henry. Por sorte os encontro exatamente onde havíamos marcado e por suas caras creio que não aprovaram minha demora.

– Você apareceu! Achei que os bestantes tinham te devorado- branda Morgan com sarcasmo.

– Acharam algo?- questiono debochado e os dois a minha frente fecham a cara- Então não zombe de minha demora Morgan, afinal eu achei um lugar quente, com alimento e água.

– Jura? Água? Como assim? A essa temperatura tudo devia estar congelado- questiona Henry, duvidoso.

– Apenas sigam-me e cuidado com os rastros.

Meus dois aliados se entreolham e algo desperta em minha mente. Eles estão tomando todas as decisões juntos. Melhor ficar atento.

– Vamos nessa.

Seguimos juntos para a caverna, a encobrindo e deixando praticamente invisível para quem olhar de fora, e posteriormente seguimos para o lago.

Nos estabelecemos lá e pescamos alguns peixes. Eles tinham uma tonalidade estranha. Estou para pegar um com a mão sem luva quando Henry segura meu braço.

– Não faça isso. São venenosos- fala ele- As escamas soltam um liquido mortal, por isso ele tem essa coloração estranha. Sugiro também que purifiquemos as águas antes de beber.

– Claro- murmuro, me soltando.

Parece que o lugar não era tão maravilhoso assim.