Lá estava eu, uma garota comum, em uma cidade comum, cheia de pessoas comuns. Bom... talvez eu não seja bem uma garota comum, afinal não é todo dia que se foge da faxineira do colégio por tacar ovo por toda a sala de aula, mas vamos lá! Era meu ultimo dia no inferno! Tipo... pelo resto da minha vida! Eu estava me formando no colegial, o terceiro ano acabou e eu estou livre! Até a faculdade pelo menos, mas com isso eu me preocupo depois.

—Guarda essa merda celular Érika! Não é momento para mandar mensagens!- berra Lena ao meu lado.

Lena é minha amiga a mais ou menos dois anos, era novata e eu fui com a cara dela, então... deu no que deu!

— Calma! Isso é importante para a minha historia! Para de me interromper!- retruco.

— Você que sabe! Mas eu não vou ficar aqui pra ver quando a tiazinha ali te pegar- ela diz apontando com a cabeça para a mulher, que no memento esta completamente vermelha, não sei se pela raiva ou pelo esforço da corrida, nos seguindo a todo vapor, como uma locomotiva Maria fumaça.

Bom... essa sou eu.

Cabelo castanhos extremamente comuns, 16 anos – sou adiantada em relação aos períodos escolares-, olhos azuis parecidos com gelo, pele bem branca e um corpo consideravelmente bonito, sem me gabar, claro! Afinal tem garotas muito, mas muito mais bonitas que eu por ai...

O importante é que eu sou feliz!

Minha vida anda bem chata ultimamente e eu precisava de um pouco de diversão, no fundo acho que estou torcendo para acabar presa e saber qual a sensação de estar atrás das grades. Meus pais me matariam, mas oque vale é a experiência.

Como minha criatividade e a de meus amigos estava extremamente baixa, acabamos por optar somente pelo ovos nas paredes e no teto, poderíamos ter grafitado a sala ou algo do tipo, mas iria demorar de mais e seriamos pegos antes de completar a obra prima.

— Corre Érika! Vamos ser pegos! Corre!- grita Will.

Will é meu amigo desde que me conheço por gente, crescemos juntos e até hoje nada nos separou, acho que posso chama-lo de melhor amigo, mas isso não faz meu estilo, muito menos o dele. Brigamos muito, é verdade, mas creio que isso só fortalece nossa amizade.

Corremos até sairmos da área escolar e ainda um pouco mais, afinal nunca se sabe oque uma mulher irritada é capaz de fazer.

— Isso... foi... muito... louco!- fala Lena, com a fala entrecortada pelos ofegos de cansaço.

— Verdade- repondo.

Entreolhamos-nos e rimos a toa de nosso estado. Descabelados, sujos de ovo, cansados e jogados sobre a grama da praça em que estamos.

— Ei, oque é aquilo?- questiona Lena, apontando um homenzinho baixo, com uma túnica vermelha e algo parecido com um pequeno unicórnio ao seu lado, o mesmo acariciava a crina do animal enquanto nos encarava, um sorriso estranho estava estampado em sua face e isso me causa arrepios.

— Sei lá, mas ele esta me assustando, vamos embora- responde Will.

Nos levantamos sem quebrar o contato visual com o homenzinho, ele continua a nos encarar, sem nem ao menos piscar, apenas acariciando o pelo do animal, como sinal de que não era uma estatua. Viramo-nos devagar e damos um primeiro passo, parando ao perceber que o mesmo homenzinho que estava as nossas costas agora esta parado a centímetros de nós, A NOSSA FRENTE!

Reprimo um grito e olho para trás, nem o homenzinho nem o pequeno animal estavam mais lá.

— Mas oque é isso!?- pergunto espantada.

— Pode me chamar de mestre dos magos- ele responde- É um prazer conhece-los.

— Oque quer de nós? Por que você apareceu do nada?- questiona Lena, indignada. 

— Não deve questionar oque quero de vocês, mas oque posso fazer por vocês- responde o mesmo serenamente.

— Oque pode fazer por nós?- questiono.

— Não sei, oque querem de mim?- devolve ele.

— Queremos que saia da nossa frente e nos deixe ir- reponde Will com firmeza.

— Isso não posso fazer meu jovem, sua jornada já começou, agora terão de finalizá-la.

— Jornada? Mas que diabos de jornada está falando?- questiono confusa.

— Creio que apenas vocês poderão responder isso. Oque lhes falta descobrir? Oque sempre quiseram que fosse real?

— Nárnia- respondo sem pensar.

— Facções- diz Lena.

— Jogos vorazes, nefilins ... - complementa Will, ele iria continuar citando coisas por um bom tempo se o anãozinho de túnica vermelha não o tivesse interrompido.

— Pois que seja. Os livros que tanto leem lhes abre um portal não acessível aos outros mundanos. Vocês foram escolhidos pelo maior para desbravar os conhecimentos alem da compreensão de simples pessoas. E agora, essa é a realidade de vocês- finaliza ele.

Sinto tudo girar e caio de joelhos no chão, porem não na grama e sim em uma superfície estranha, algo parecido com piso de porcelanato. Estamos em uma... casa?

— Por Hades! Onde nós estamos?- exclama Lena.

— Se eu soubesse, lhe diria- replico com sarcasmo.

— Érika? Onde você está?-uma voz masculina e, de certo modo, familiar, me chama.

— Oque eu faço!?- pergunto e os dois a minha frente apenas dão de ombros- Aqui!- falo, respondendo a estranha voz.

Passos são ouvido e nos colocamos de pé. Analiso nossas roupas e percebo que estou vestida de forma elegante, já Lena parece um palhaço. Will está com um terno branco charmoso e bem decorado, incrustado com joias brancas e douradas.

— Finalmente! Vamos, ou iremos nos atrasar- fala um cara, uns quatro anos mais velho que eu, no mínimo.

— Hãããm... Claro... Gloss- Gloss? Como sei o nome dele? Saiu tão automático! Mas eu nem o conheço... ou sera que conheço... sera que...

Vasculho minha mente em busca de respostas. Flashs de memórias estranhas passam por minha cabeça, me vejo em cada uma delas, vejo oque seria minha vida nesse estranho local, vejo uma vida amorosa ao lado do... do Gloss!? UHAU! Por essa eu não esperava. É. Ele até que é gato...

— Filho de bestante! O homenzinho escroto nos mandou pros jogos vorazes! – berra Willian, e as coisas começam a fazer sentido.

Gloss! Sabia que conhecia esse nome!

— Não fale assim Willian, eles nos observam todo tempo- avisa Gloss- Agora vá com Lena ao encontro de Ramona e sigam para o desfile, eu e Érika vamos para os nossos lugares.

Lena começa a andar, seguindo por um caminho que lhe parece familiar, oque é estranho, pois também me parece familiar.

— Vamos amor, hoje você será uma das estrelas, afinal não é todo dia que se vence os jogos vorazes com apenas 15 anos. Você foi realmente brilhante ano passado- ele fala, enlaçando minha cintura e tascando um beijo em mim, me fazendo ver estrelas.

— Okay, vamos- murmuro contra seus lábios e ele sorri, e me solta, seguimos juntos para um lugar estranho e logo me vejo em um elevador, juntamente com Gloss, um homem careca e musculoso e uma mulher com destes afiados.