Ela estava lá, sozinha vendo a chuva tocar o chão.

Seu peito arfava ofegante e sua vista estava embaçada, ela não notara que não havia chuta e sim suas lágrimas.

Lágrimas que eram derramadas por alguém que não acreditava nela, por alguém que a trocou por nada.

Ela podia ter o sol lá fora, mas escolheu sua chuva de lágrimas.

Suas lágrimas, pequenas e ácidas assim como ela estava.

Seus olhos tinham expressão de vazio e refletiam como sua alma era.

Uma brecha de sol aparecera em meia a escuridão e frieza daquelas gotas tão delicadas que caiam de seus olhos.

Ela arfou.

Permanecia morta por dentro e por fora, sua pele era uma palidez de quinto grau abaixo de zero.

Ela queria gritar, gritar ao mundo o que queria, como queria e como se sentia;

Mas ninguém estava lá para escutá-la.

Ninguém queria escutá-la.

Até o silêncio lhe perdeu a voz.

A doce garota se afogara num grande e profundo vão sem direito a volta.

Fora feita de destruição.

Fora feita de compaixão.

A chuva interna cessou e com ela lhe tirou a dor.

Vira agora o arco-íris em pleno espetáculo de cores vivas e alegres.

Seus olhos brilharam intensamente.

A brisa ainda era fria e de braços abertos, delicadamente como se fosse um pássaro prestes a voar.

A ponta de seus pés tocavam naquela colina cheia de curvas.

O chão ainda molhado marcava seus passos.

Ela estivera ali e sua marca lhe traria uma nova vida; um novo século.