Tudo começou em uma tarde de terça-feira. Eu andava a passos largos á caminho de casa.

Chequei as horas no meu celular, eram 17:38. Eu havia ficado um tempinho... Tá, um tempão conversando com a minha melhor amiga Chris depois da aula. Ela, como sempre, me enfeitiçou com aquele super-poder dela de me entreter e fazer o tempo passar rápido com nossas conversas. Eu estava andando porque minha mãe ia me bater até eu afundar na terra.

Cheguei no meu edifício onde ficava meu apartamento. O síndico não estava ali, o que deixava um silêncio mortal na portaria, me deixando mais desesperada do que já estava.

Corri para o elevador e apertei o botão que indicava o quinto andar. Ele fechou e foi rumo ao meu andar. Quando ele se abriu fui andando na pontinha dos pés até minha porta, número 114. Ferrou. Procurei as chaves. Ferrou. Achei as chaves. Ferrou. Destranquei a porta. Ferrou. Abri. Ferrou, ferrou, ferrou, ferrou!

Fechei a porta a tempo de virar e receber um lindo cumprimento: um chinelo voador direto na cara.

–Ai! -reclamei.

–”Ai!” ? - Minha mãe gritou comigo- Você tem noção de que horas são madame?! Eu devia te dar mais que uma chinelada na cara sua irresponsável!

Três letras, uma palavra: TPM.

–Calma... Eu só perdi a noção do tempo conversando com a Chris!

–É, você perdeu a noção mesmo! - Ela abaixou e pegou o outro par do chinelo.

–Mãe, calma-Dei um risinho nervoso- C-calma!

Ela veio atrás de mim e só tive tempo de correr e me trancar no meu quarto.

–Abre a porta, Cassie!

Fiquei quieta e ela foi para a cozinha. Soltei um suspiro e me joguei na cama. Ela já já se acalmaria.

Acabei adormecendo e tendo um sonho super estranho...

Eu estava no meu quarto ainda. Estranhamente estava idêntico ao verdadeiro. Me virei e soltei um grito. Eu estava esparramada dormindo na cama. Repetindo. Eu. Estava. Esparramada. Dormindo. Na cama.

Quem sonha com si mesmo dormindo?!

De repente uma luz amarelada iluminou o quarto. E apareceu um garoto. Céus, ele era lindo...Tinha cabelos pretos arrumados de lado e olhos azuis. Sua pele era um pouco pálida e ele era um pouco alto. Vestia um casaco verde escuro de moletom, calças jeans pretas e um all-star preto usado.

Ele se aproximou de mim. Não de mim. Quer dizer, de mim dormindo na cama. Aparentemente ele não me via, quer dizer via, ah! Ele não via a eu acordada de pé, apenas a eu adormecida na cama.

O garoto misterioso tocou a testa da “eu adormecida” e senti um formigamento. Acordei na cama em um sobressalto. O garoto me encarava com aquele olhos azuis intensos. Notei que ele tinha sardas nas bochechas.

–Você consegue andar?- Ele me perguntou. Sua voz era calma e firme.

Mas que pergunta era aquela? É lógico que eu...

–Ai!- desabei no chão ao tentar levantar da cama.

–Pelo visto não

Ele abaixou e tentou me ajudar a levantar, mas dei um tapinha em sua mão e me levantei sozinha.

–Ok, quem é você e o que faz no meu quarto?

–Calma! Posso te jurar que não sou um pervertido!

–Como vou saber?-Cruzei os braços- Isso é exatamente o que um pervertido diria!

Ele corou e desviou o olhar. O que achei super fofo. Não Cassie, você nunca viu ele na vida, ele pode ser um maluco perseguindo você.

–Bom, acho que vai ter que confiar em mim ele falou me olhando nos olhos.

Agora quem estava corada era eu. Relaxei os braços e parei de encará-lo.

–Ok, pode ao menos me dizer o seu nome?

–Andrew

Nome bonito.

–Me chamo...

–Cassie-ele me interrompeu- É, eu sei.

Todo aquele mistério estava me matando!

De repente percebi que a casa estava silenciosa demais.

–Espere, está tudo muito silencioso.

Andrew me encarou.

–Olhe, só quero eu você não faça nada perigoso. Não entre em nenhum portal e tome cuidado com ouro.

–O que?! - exclamei. - Aquele garoto era, definitivamente, maluco

–Você me ouviu! Até mais Cassiane Duane!

–Até... -Antes de eu terminar de falar ele desapareceu e um flash.

Como ele sabia meu nome? E, principalmente: como ele desapareceu?

De repente tudo ficou preto e despertei no meu quarto. Me levantei e vi que já era dia. Espera...

–Que horas são!?