Você é minha droga escrita por Krueger


Capítulo 44
Sentada observando o fogo queimar




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Pov Joe:


–Clary! - gritei furioso. Nada, nem ninguém me ouviriam. Eu tinha feito questão de ir até ali esperar ela chegar, para mostrar as alianças que havia comprado com todo o meu dinheiro. Nada adiantou, encontrei o desgraçado de Kevin e tive que descontar minha raiva. Recebendo um tiro da mulher que amo. Como ela podia ter ficado do lado do cara que a queria ver morta?
Minha canela direita estava paralisada e sangrando, estiquei o braço tentando achar meu celular em meu bolso. Quando achei disquei o número de Santiago, graças a Deus ele atendeu rápido.
–Joe?
–Santiago... - gemi quando por acidente movi minha canela e uma imensa dor atravessou-me. - Minha mãe... Traga a minha mãe.
–O que aconteceu?
–Eu recebi um tiro. - gritei furioso. - Estou deitado no chão, sangrando e ninguém deste maldito bairro percebeu a confusão. Por favor, venha aqui.
–Que milagre você pedir com educação. - observou ele.
–Vem logo porra! - gritei perdendo a paciência e o pouco de noção que tinha. - E traz a minha mãe.
–Onde você está? Porque eu não sou adivinho.
–Na frente da casa da Clary. Sem mais perguntas, vem logo porra!
–Ta. - ele desligou. Deixei o celular cair na grama e apoiei a cabeça em cima de meu braço direito. Se eu me mantiver quieto até eles chegarem tudo ficaria bem.
Não acreditava que Clary havia feito isso comigo. Acreditado naquele covarde e ainda por cima fugido com ele onde quer que fosse. Rezei para que não fossem para a cama. Se ela transasse com Kevin, isso seria definitivamente nosso fim. Eu não a quereria de volta, não mesmo apesar de amá-la e muito.
Acabei adormecendo e quando abri os olhos à tela de bloqueio de um celular com a foto de Anne estava sob meus olhos, pisquei e gritei furioso.
–Calma. - disse Santiago afastando aquela merda de mim. - Estamos aqui.
–Kurt... - a voz de minha mãe preencheu os meus ouvidos. - O que aconteceu?
–Eu levei um tiro. - resmunguei. Santiago tratou de me por de pé e quando fui apoiar na perna direita, a dor quase me fez cair de novo, se não fosse ele me segurando. - Merda.
–Você nunca levou um tiro. – observou Santiago sorrindo. Desgraçado estava achando divertida minha desgraça.
–Tudo tem a primeira vez. - disse minha mãe furiosa por dentro, por fora só sabia me encarar. - Vamos, eu tenho alguns instrumentos no sobrado.
O bom de ter uma mãe enfermeira era isso. Santiago me levou até o carro dele, sendo paciente com os meus pulos de uma perna só. Minha mãe foi na frente, e eu no banco de trás apoiando a perna ferida no banco. O sangue grudava o tecido jeans no ferimento e eu tinha certeza que quando minha mãe fosse retirar a bala, faria questão de puxar o tecido com força para me machucar.
Fiquei calado o resto do caminho enquanto eles conversavam sobre receita de bolo. Eu queria rir, mas toda vez que o fazia a dor aumentava. Pararam na frente do sobrado e outros três caras saíram de lá para ajudar-me a entrar, sentei num dos sofás de couro na sala. Santiago explicava para todos os curiosos que queria o lugar vazio, apenas eu, mãezona e ele. Claro que respeitaram a vontade de seu líder.
–Foi ela. - sussurrei quando minha mãe sumiu para a cozinha atrás de água. Diamond sentou ao meu lado com uma expressão confusa.
–Ela quem?
–Clary. - respondi olhando fixamente para a lareira apagada. - Ela atirou em mim.
–Agora eu não entendo nada. Pensei que fosse atrás de Kevin depois das revelações de Owen, e então foi atrás de Clary e ela atirou em você?
–Como sabe que eu ia atrás de Kevin? - perguntei já sabendo a resposta. Ele era o amigo mais enxerido que eu tinha. Talvez o melhor e único. - Ah... Ouviu atrás da porta?
–Isso não é a questão. A questão é porque levou um tiro da mulher que te ama?
–Ela descobriu que a traí com Yara. - ele balançou a cabeça para que eu continuasse. - Terminou comigo. Sumiu o dia todo, eu fui atrás da vadia da Yara e fiz ela me dizer toda a verdade.
–Que verdade?
–Kevin é meu inimigo, não Owen. - respondi e seu rosto se encheu de clareza, era esperto, pelo menos nessas coisas. - Foi o que a vadia me confessou, e desisti de matá-la.
–Ah... E o tiro de Clary?
–Depois fui atrás de Clary. Quanto mais eu adiasse o meu encontro com Kevin melhor seria. Eu me prepararia, levaria uma arma melhor e mataria o desgraçado. Só que ao chegar eu percebi que ele já estava lá. Estacionei o carro um pouco longe de sua vista e fiquei dentro dele aguardando. Clary chegou e pá! - grite na “pá" e ele se assustou. Eu ri e aquilo doeu. - Eu vi os dois conversando numa espécie de aproximação intensa, então saí do carro e me intrometi. Claro que nem pude me desculpar com Clary, tive que bater nele então a confusão começou.
–Ela te deu um tiro? - perguntou minha mãe nos assustando. Ela segurava uma bacia de água parada a nossa frente, nem percebemos que estava ali a algum tempo. - Continue.
–Eu e ele começamos a brigar. - apontei para os ferimentos de meu rosto. - E ela gritou que ia atirar na gente se não nos separássemos. Bem eu duvidei de sua capacidade de atirar em alguém, ela furiosa acertou minha canela.
–Uau. Clary carabina. - disse Diamond rindo. Olhei-o incrédulo. - Quero dizer... Nossa a Clary seria capaz de uma coisa dessas?
–Nunca duvidem de uma mulher. - observou minha mãe. - Santiago vá pegar uma tesoura e alguns curativos.
Ele se levantou e saiu da sala. Minha mãe se sentou ao meu lado e esticou minha canela sobre seu colo e eu gemi de dor.
–Você poderia ser mais gentil? - perguntei.
–Não. - ela rasgou os jeans com uma tesoura. Olhei-a curioso.
–Se você tinha a tesoura porque mandou Santiago ir buscar?
–Ele enche o saco às vezes. - disse puxando com força o tecido colado ao ferimento. Gritei de dor e senti que meus olhos lacrimejavam. O buraco da bala voltou a sangrar. - Ouça... Em todos os anos nessa gangue eu nunca ouvi falar que uma confiável atirou em seu parceiro. Nunca. Agora me explique e depois que ela atirou em você?
–Fugiu com Kevin. - encolhi os ombros. - Eu estava paralisado, não tinha como segui-los. Minha vontade é matar aquele desgraçado. O pior é que ela acredita que ele é o herói e eu o vilão!
–Pois mate. - disse furiosa. - Ninguém engana meu filho entendeu? Você vai ser homem e vai acabar com aquele filho de uma puta do caralho. - com a pinça começou a penetrar minha pele. - Eu vou puxar a bala para fora.
–Mãe... - segurei seu braço. - Por favor...
–Homens de verdade aprendem com a dor. - disse antes de retirar aquela maldita pinça com a bala ensangüentada. Sangue jorrou do buraco, não tive nem estômago para ver. - Aquela vadia também, cuide dela.
–Clary?
–Não, sua avó. - passou um pano um pouco molhado pelo ferimento deixando-o encharcado de sangue. Pressionou-o contra minha pele. - Você vai terminar com essa garota, mate-a. Nenhuma vaca machuca meu filho, a única pessoa que pode fazer isso sou eu.
–Mãe. Eu a amo. - falei, enrolou gaze ao redor de minha canela por cima do machucado. Depois colou a ponta com aquela fita branca de hospital. E de pensar que tudo aquilo estava guardado no armário dos Touros. - E só vou desistir dela, se ela desistir de mim.
–Resumindo se ela for para a cama com Kevin? - balançou a cabeça. - Kurt, eu criei vocês dois. Ele sempre pegou mais mulher que você.
–Valeu mãe pelo apoio. - ironizei.
–É a pura verdade filho, se ela realmente te amar. Vai pesar sua consciência e vai aparecer rastejando seu perdão. - juntou as coisas e enfiou tudo dentro da bacia. Pouco se importando se as gazes molhariam ou não. - Tome. - ofereceu a bala para mim, peguei-a e minha mãe foi para a cozinha.
–Desculpa a demora é que eu... - Santiago me avaliou e praguejou por alguns segundos. - Ela fez de novo né? Livrou-se de mim.
–Tudo bem cara. - falei para tranqüilizá-lo. - Você já fez demais, indo me ajudar lá.
–Pelo menos isso. Consegue andar?
–Definitivamente não. - falei e acabamos rindo.
–É uma pena, eu ia te chamar para uma festa.
–Eu não vou. - tentei me levantar me apoiando apenas na perna esquerda. - Só me arranja uma muleta antes.
–Claro. - disse ele. - É uma pena que você vai ficar ai deitado se lamentando enquanto eu passo a rola em todas as garotas! - fez uma espécie de dança da macumba com um pouco de invocando o demônio. Continuei a rir pouco me importando com a maldita dor que sentia.
–É uma pena mesmo... - enfiei a bala no bolso. Esta seria minha recordação do primeiro tiro de Clary acertando alguém, mesmo que essa pessoa fosse eu. - Me ajuda a ir para meu quarto? Eu vou dormir e tomar bastante remédio.
–Ok. Parece um aleijado.
–Eu estou aleijado! - resmunguei.
[...]
Acordei durante a madrugada preocupado. Todo o sobrado estava em silêncio, menos às vozes. Risadas pelo corredor. Levantei-me e fui pulando igual um saci para a porta, abri um pouco apenas para ver o que acontecia. Um casal se esfregando no corredor escuro, a única luz que entrava no cômodo era da lua atravessando a enorme janela de vidro.
–Cale a boca... - uma voz feminina soou. - Onde é o quarto dele?
–Eu te arrastei até aqui para você ir para a cama com outro? - perguntou o garoto. Um brilho deixou o bolso do short dela, uma arma.
–Ouça seu idiota, eu vim até aqui para matar aquele desgraçado. Talvez depois a gente transe. - com a arma apontada para ele, o garoto se afastou. - Onde é o quarto do Joe?
Porra. Fechei a porta no susto, e pulando percorri o quarto atrás de minha arma. Droga. Quem era aquela garota, mal pude pegar o cabo da Uzi e a porta foi escancarada com um chute. Yara entrou sorrindo com a arma pronta para mim.
–Oi amor. - disse. - Opa... Solta a arma ou eu atiro.
A palavra "duvido" ia sair de minha boca quando recordei que isso a faria atirar. "Nunca duvide de uma mulher." Aconselhou minha mãe como um bom filho eu a ouvi.
–O que faz aqui?
–Nada. Eu seduzi aquele garoto, entrei aqui e estou prestes a te matar. Bom?
–Veja que... Eu não tô a fim de levar um tiro. - apontei para minha canela. - Já levei um.
–Ah claro... Kevin me mandou uma mensagem avisando que sua vadia lhe deu o troco. De quê? - perguntou cinicamente.
–Como se você fosse ingênua. Você contou sobre a nossa transa, o que ela fez? - apontei novamente para minha perna. - Atirou em mim.
–Tudo em vão porque nós não transamos. - confirmou guardando sua arma na cintura. - Não mesmo.
–O quê? - perguntei boquiaberto, em seus lábios brotou um sorriso. - Eu acordei e você estava nua.
–Sim. - ela acendeu a luz do ambiente e aquilo me fez piscar com o susto. Usava shorts jeans e como sempre uma daquelas suas blusas mostrando a barriga sarada e com a maldita tatuagem J, ainda me recordo do dia em que ela fez a tatuagem em minha homenagem. - Eu armei tudo... - caminhou até a cama e se sentou - Você estava chapado, conversamos um pouco e quando percebi você havia caído no sono. É claro que seria impossível transar com você... - ela revirou os olhos. - Então simplesmente me despi, tirei sua camisa e dormimos abraçados. Apenas isso.
–O que...
–Ah... Joe... Achou mesmo que transou comigo? Se achou é porque realmente ainda é atraído por mim. - abriu os braços e sorriu satisfeita. - Acabei com seu namoro, com sua vida por que... Clary já deve estar abrindo as pernas para Kevin e pelo que sei vocês se odeiam agora. E... Ainda levou um tiro. Caralho e eu ainda fiquei sentada observando o fogo queimar... - parou para rir - Que gostoso saber que agora você não tem nenhuma opção a não ser, voltar para mim.
–Você armou isso? - gritei furioso e me apoiando na cômoda de frente a cama. - Destruiu a minha vida com ela?
–Claro. Eu não suportei ver você com aquela vadia, e sinceramente. Não adianta lamentar ou me matar Joe... PORQUE ELA NUNCA MAIS VAI VOLTAR PARA VOCÊ! - jogou tudo na minha cara ainda com aquele sorriso cínico no rosto. Levantou-se e parou a minha frente fitando-me.
–Sai daqui. - sussurrei amargo.
–Por quê? - acariciou meu rosto. Segurei fortemente seu pulso. - Eu te amo!
–Se realmente me amasse, entenderia que a amo e quero ser feliz com Clary não com você. Devia ter me deixado em paz no momento em que enfiou uma faca em minha costela. - gritei olhando-a nos olhos. Suas íris negras brilhavam com a formação de lágrimas. - Eu devia ter matado você naquele maldito apartamento quando tive a chance.
–Mate-me agora. - implorou com a lágrima escorrendo por sua bochecha. - Se não vai ficar comigo não adianta eu continuar viva.
–Seria um prazer... - puxei a arma de sua cintura, um revólver calibre 38. - Tem certeza?
–Tenho. Não tenho família, amigos nem alguém que me ame. Porque viver? - fez questão de mover meu braço, colando o cano da arma na sua testa. - Atire.
–Yara... As coisas não são assim.
–Mais que porra! - gritou fazendo meu dedo ficar sobre o gatilho. - Eu terminei com seu namoro, eu destruí seu coração. Quase te matei e ainda por cima fiz sua namorada terminar com você por NADA! Atire se for homem.
–Ninguém tem direito de tirar a vida de ninguém. - observei lembrando-me de ouvir esta frase de Clary. - Quem sou eu para te matar?
–O quê? - indagou confusa. - Atire.
–Não. - forcei meu braço para baixo e a arma caiu no chão. Yara me encarava perplexa.
–O que aconteceu com o Joe que eu conhecia?
–Ele descobriu que as coisas se resolvem de outra maneira. - falei apontando para a porta. Minha canela voltou a doer. - Tchau Yara.
–Joe...
–Não volte nunca mais. Ou quem matará você será outra pessoa e eu não vou te proteger. - avisei olhando para o chão de madeira. Ela bufou e saiu batendo a porta com força.
Então comecei a rir. E suspirei agradecido com tudo. Eu nunca traí Clary! Essa era a melhor coisa que eu poderia ouvir, foi tudo uma armação! Yara não merecia morrer por me dizer a verdade, merecia viver. Eu precisava falar com Clary, antes que... Agora era tarde. A única opção que eu tinha era torcer para que ela, não tivesse dado nenhuma chance a Kevin, não depois daquela conversa e de saber que eu o queria morto e vice-versa. Bem isso nunca a impediu de nada, como no caso com Owen, ela continuou com o pai mesmo sabendo de meu ódio. Agora nada adiantaria apenas esperar os primeiros raios de sol surgirem para ir atrás de minha garota.


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Notas finais do capítulo

Joe.... Bonzinho??? Yara vadia te amo! E Kevin e Clary? Muhahaha.... Últimos capítulos de Você é minha Droga.... Então quer for recomendar, recomende por que ta acabando. Gente, passem na minha nova história, para quem curte Incesto, vai gostar. Se chama (Im)Perfeitos