A única certeza que Jade tinha, era a de que estava completamente apaixonada pelo seu vagabundo. Ela sempre pensava em dispensa - lo, acabar tudo de vez e não voltar a olhar para ele, pois ás vezes o seu jeito meio torto lhe assustava muito. Mais depois daquela noite era impossível, a garota só teve a certeza de que Cobra também a ama, mais não quer admitir.

Cobra estaciona seu carro na esquina da casa de Jade, afinal Lucrécia não podia vê - lo lá.

– É.... - disse Jade sem saber o que falar. - Obrigada Cobra.

– De nada minha dama! Eu ti prometi que ia te proteger e é isso que eu vou fazer sempre! - respondeu o rapaz acariciando o rosto da menina, e arrancando um sorriso dela

– Você é meio complicado de entender, um dia você me manda embora da sua vida, outro dia me salva.... - reclamou Jade

– É que...

– Cobra! - cortou Jade. - Olha pra nós dois, você diz que nunca vai deixar nada acontecer comigo, que quer me proteger, e você nunca disse que gosta de mim. Cobra, só faz isso que ama sabia?

O rapaz fica chocado com a atitude da garota e desconversa deixando - a com a cara irritada.

– Quer saber? Não sei o que eu sinto por você só sei que você é especial! - disse Cobra, e a menina com um olhar esperançoso. - Mas.. Você entendeu porque eu queria afastar você de mim né? - justificou - se Cobra.

– Sim. Mas não precisava fazer isso! - respondeu Jade

– Por que? Não posso te colocar em perigo, quase ia acontecendo uma coisa horrível com você hoje por minha causa!

– Não Cobra. Você não precisa me proteger de você, basta você mesmo se proteger, mudar de vez e fazer as escolhas certas. - respondeu Jade, batendo a porta do carro

Na volta para o QG, Cobra não conseguiu parar de pensar nas palavras de Jade. Ele até estranhou o jeito que a bailarina falou, nunca a viu assim tão séria, mais dizem que o amor muda as pessoas, e isso estava acontecendo com os dois. Quando Jade entrou em casa, viu as luzes apagadas, e em meio a escuridão entrou em seu quarto, não queria chamar a atenção de Lucrécia, que parecia estar dormindo. Entrou em seu quarto, trancou a porta e acendeu a luz, levando o maior susto ao ver sua mãe sentada em sua cama lhe esperando, com uma cara não muito agradável.

– Ai mãe! Que susto, a senhora devia estar dormindo. - disse Jade enquanto jogava a bolsa sobre a cama

– Eu sei, já é bem tarde por sinal! E você também deveria estar dormindo! - respondeu Lucrécia furiosa.

– Mãe, é que eu estava saindo da Ribalta e o Lírio me ligou convidando para ir a uma festa, a Joaquina estava comigo! - mentiu convincentemente

– Ah! Festa? Jade você está maluca? Em dia de semana? Você tem compromissos amanhã cedo na Ribalta sabia? E ainda nem avisa e nem atende o telefone. - respondeu Lucrécia com um tom de voz alterado

– Desculpa mãe, não vai acontecer de novo, eu prometo! - disse Jade juntando as mãos

– Acho bom mesmo, porque eu não criei filha para ser irresponsável! E se quer ser a melhor, tem que se dedicar mais, e esquecer diversão. Entendido?

– Entendido. - respondeu a bailarina com a cabeça baixa

Pouco antes, quando Karina chegou em casa daquele conturbado passeio, com certeza Gael não ia dispensar a lutadora e pediu explicações. Karina contou toda a verdade, claro, não colocou o nome de Jade no meio, pois ela sabia que Lucrécia não aprovava o relacionamento de Cobra e Jade, e mesmo não gostando dela, não a desejava mal. Levou uma chamada daquelas, e não podia ser diferente. Há um tempo antes, Gael tinha dado uma nova chance a Cobra, mais o mesmo não aceitou, hoje arrependido.

Karina explicou que Lobão obrigava os lutadores a entrarem nos esquemas sujos da Khan, do contrário, poderiam pagar com a vida. Assim como fizeram com Alan anos atrás, irmão de Duca, que por sua vez estava disposto a entregar aquela academia a polícia. Mais o caso de Cobra era diferente, ele só queria sair daquele lugar e nada mais. Karina temia que os lutadores da Khan viesse atrás dele, pois ele salvara sua vida naquela noite e deixando seus companheiros de lado. Gael prometeu pensar em ajudar Cobra, deixando a menina feliz.

Se passaram dois dias, e Cobra e Jade voltaram a se encontrar, apesar dos erros do lutador, o amor era mais forte do que sua ambição e o orgulho de Jade que durava pouco, pois logo voltara a perdoa - lo logo. Lucrécia estava estranhando o comportamento da filha, que estava triste e de repente voltou a sorrir.

– Jade, qual o motivo de tanta felicidade? - disse rindo com os braços cruzados.

– Nada mãe, é só pura felicidade mesmo! - respondeu ela

Lucrécia abraça sua filha, pois esses dias tem melhorado muito seu desempenho na dança, e tinha uma apresentação no Show de Talentos que estava marcada para esta noite. Durante o dia não atendeu as ligações e nem leu as mensagens de Cobra, estava muito concentrada e sem tempo para nada. João, o viciado em vídeo games, foi fazer sua visitinha diária no QG de Cobra, que aproveitou para perguntar sobre a bailarina.

– Vem cá, você sabe se a Jade foi pra Ribalta hoje? - perguntou Cobra

– Foi sim, está lá desde cedo. - respondeu João concentrado em seu jogo. - Por que? Já está com saudades? - disse rindo

– É que ela não apareceu aqui o dia todo e não atende o celular. - explicou - se Cobra.

– Ata! Deve ser porque ela está concentrada, assim como todos na Ribalta... Hoje é o Show de Talentos. - disse João

– É hoje essa parada aí? - disse Cobra surpreso

– É sim.. Sua namoradinha não te contou não foi? - perguntou João

– Ela comentou mais não disse quando era.

– Hum, ela deve estar com medo de você aparecer lá e armar um barraco. - comentou João, com o humor de sempre, mais Cobra não achou graça nenhuma.

Edgar convoca todos os alunos a se arrumarem para suas apresentações. Lucrécia deseja sorte a filha, com uma leve pressão, apesar daquilo não ser uma competição ela queria o máximo de perfeição nos passos da filha sobre o palco. E assim deve ser!

Quando Jade tenta olhar seu celular, é chamada para a preparação, assim o deixando o aparelho de lado, em cima da mesa do camarim, mais não lembraria, pois estava com seus pensamentos apenas na sua apresentação. Cobra entra na Ribalta, não quer perder por nada a apresentação de sua dama. Conseguiu ficar atrás da plateia sem ser percebido, assim como uma verdadeira cobra. Apesar de um monte de gente estar na sua frente conseguia ver direitinho o palco lá do seu esconderijo. Não podia ser visto, pois os alunos nunca esqueceram o que aconteceu com a ruiva um ano atrás.

Flashback

Já estava quase acabando as apresentações, quando Cobra chegou bêbado, roubando a atenção de todos. Quase foi expulso, mais prometeu ficar quieto e ia embora logo após a apresentação de Bárbara Borges, a ruiva, sua "namorada" na época. Este fato era inclusive um dos motivos de Jade sentir medo de Cobra. Em sua apresentação, Bárbara ficou totalmente nua, assim chamando a atenção de Cobra que surpreendeu a garota no camarim tentando agarra - lá. Ruiva foi salva pelo professor de teatro. Aquele acontecido mexeu com todos, causando a saída de Cobra da academia do Gael.

Cobra se arrepende, e com Jade seria diferente. Ele até chegou a pensar que ela estava com medo de que acontecesse o mesmo com ela, mais preferiu acreditar que a garota não teve tempo de avisa - lo sobre a apresentação

Finalmente ela entrou no palco, estava linda e dançou muito bem. Foi motivo de orgulho para Lucrécia e também para Cobra que não parava de admira - lá. Jade não percebeu a presença do rapaz, afinal ele estava bem escondido. No final da apresentação, Jade foi direto para o camarim, onde procurou desesperadamente pelo seu celular, queria dar notícias ao seu vagabundo. Quando a bailarina já estava quase desistindo, Cobra aparece com o aparelho nas mãos.

– Oi Dama! Você estava linda na sua apresentação! - disse rindo

– Oi. - respondeu assustada. - Você pegou meu celular! - e toma o celular do rapaz

– Desculpa gata, eu não queria te assustar. Só vim te dar os parabéns! - disse Cobra, meio sério.

Jade foi logo trancar a porta, sua mãe podia entrar a qualquer momento. A princípio, Jade ficou assustada, achava que Cobra ia agarra - lá assim como fez com a ruiva, mais logo sentiu confiança no lutador.

– Seu maluco! Como entrou aqui? - disse Jade pegando em sua mão.

– Ué... Esqueceu que eu sou uma cobra? Eu entro em qualquer lugar e ninguém me ver. - respondeu Cobra, e os dois riram juntos.

– Desculpa não te atender... Estava ocupada! - explicou - se Jade

– Sem problemas! A gente pode matar a saudade agora! - disse Cobra.

Os dois saíram da fábrica disfarçadamente, afinal Lucrécia estava ocupada demais com as outras apresentações para dar atenção a filha naquele momento. Cobra e Jade estavam indo para o QG.