Jade chegou em casa, largou a bolsa no sofá e foi direto para o quarto. O que ela mais queria, era que aquilo fosse um pesadelo, que acordaria ao lado de Cobra, mais infelizmente aquela era a mais pura e dolorosa realidade. Tomou um longo e relaxante banho, e junto com a água as lágrimas escorriam. Estava com uma forte dor de cabeça, então tomou um remédio e deitou - se, naquele momento queria dormir e não acordar nunca mais.

Depois de ter praticamente destruído o QG, Cobra estava socando um saco de pancadas, aquele que fica nos fundos da pocilga, onde foi palco de declarações e momentos românticos do casal, mais também de muitas brigas. Cobra chutava o saco sem parar, quando foi surpreendido por Karina.

– Cobra. - disse ela

– Karina, me deixa! - respondeu sem ao menos olhar para a lutadora, continuando o que estava fazendo

– Não. - disse ela entrando em sua frente, o impedindo de continuar. - Não quero que você faça nenhuma besteira.

– Já não estou nem aí. - respondeu sentando - se em uma cadeira atrás de si. - A única coisa que eu tinha não quer me ver nunca mais.

– E você acha que a Jade ia gostar de te ver assim, todo violento, com um QG todo destruído? - disse Karina

– E daí? - disse com a cabeça baixa. - Acho que nem aqui ela entra mais.

– Mais você também né Cobra.. Onde você estava com a cabeça? Ficar com aquela Mar. - ela fez uma cara de nojo ao falar o nome da garota. - Se eu fosse a Jade nem sei o que aconteceria com você...

– Vem cá Karina, você veio aqui pra me dar sermão? Porque se for pode ir embora. - respondeu Cobra apontando para a saída

– Desculpa. - disse sentando ao lado do amigo. - Olha, o que tiver de ser será. Tá na cara que vocês se amam, e ela está magoada... Mais eu tenho certeza que um dia ela vai te perdoar. - disse com um sorriso. - O amor é assim, mais quando ele é de verdade, ele supera qualquer obstáculo.

– Não sei Karina, não sei.. - disse ele

– Deixa a poeira abaixar, dá um tempo pra ela. Isso vai passar! Não vê eu e o Pedro? Mesmo depois daquela parada do dinheiro, estamos juntos até hoje... Você não pode desistir tão fácil da sua felicidade.

– Você acha? - disse olhando - a com um olhar esperançoso.

– É claro que eu acho! - disse se levantando. - Agora eu tenho que ir, meu pai deve estar que nem louco me procurando. Não duvido nada que ele está agora mesmo na casa do Pedro tentando dar um flagra. - riu, fazendo Cobra rir.

– Obrigado K. - disse, e a lutadora respondeu com um sorriso

– Tchau. - disse ela

– Tchau.

Depois que Karina saiu, Cobra ficou pensando nas palavras da amiga. "Você tem razão... Vou ter minha dama de volta."

Dois meses depois...

Passaram - se vários dias, e Cobra e Jade não haviam mais se falado, e nem se visto, a não ser um dia quando ela estava descendo as escadas, e a troca de olhares foi inevitável. Mais aquilo durou pouco, logo a bailarina tratou de desviar o olhar e seguiu na companhia dos amigos. Jade evitava passar perto do QG, e só saia da Ribalta depois que todos os alunos da academia fossem embora.

Cobra pensava que Jade já tinha o esquecido, afinal a garota parecia tão bem, tão feliz. Apesar de querer vê - la sempre sorrindo, ao mesmo tempo aqui o machucou um pouco. Para a felicidade dos dois, Mar nunca mais havia aparecido, realmente parecia que ela só foi parar na Ribalta apenas para separa - lós, e Jade tinha certeza disso. Cobra estava olhando alguns papeis, quando viu Joaquina na praça tentando decorar um texto. Cobra viu a oportunidade de saber notícias de Jade. Observou a atriz por um tempo, quando decidiu ir até ela.

– Oi. - disse

– Oi. - respondeu Joaquina

Por um segundo, a melhor amiga de Jade olhou para o lutador, mais logo depois continuou lendo o texto que tentava decorar em voz alta, ignorando a presença do rapaz.

– E... Como vai a Jade? - Cobra foi direto ao ponto

– Aquela que você magoou? Ela vai bem, só anda um pouquinho tristinha, por sua causa. - respondeu, dessa vez deixando os papeis de lado e aumentando o tom de voz na palavra sua.

Joaquina podia ser um pouco maluca, mais sempre fora uma boa amiga, e foi quem consolou Jade quando ela precisava.

– Eu estou arrependido. - disse olhando pra baixo, quando se deu conta do que a garota tinha falado. "Se ela está triste por minha causa, é porque ainda pensa em mim..." pensou. - Por minha causa?

– Sim! Ou você esqueceu do que fez?

– Não...

– Tchau Cobra. - disse se levantando do banco aonde estava sentada

– Espera, eu preciso da sua ajuda. - disse Cobra e logo depois contou o que havia planejado.

– Vou pensar no seu caso. - disse Joaquina olhando as unhas

– Por favor! - disse o rapaz com as mãos juntas

– Tá bom, tá bom! - respondeu. - Só não garanto nada, porque aquela lá tá difícil. - disse, e logo após recebeu um beijo no rosto, e viu um Cobra animado sair dali enquanto de abanava. - Ui!

Se o plano de Jade era mostrar que estava bem, ele foi por água abaixo. Talvez a bailarina mataria Joaquina depois, mais a atriz não estava nem aí, era para vê - la feliz.

...

Eram 20:45 da noite, quando Joaquina tocou a campainha da casa de Jade. A bailarina ficou preocupada, não acostumava receber visita da amiga, ainda mais aquela hora.

– Joaquina? Aconteceu alguma coisa? - disse enquanto a amiga entrava e se sentava

– Nada! Só vim aqui te chamar pra sair comigo e com o Lírio! - disse Joaquina.

– Ah, não sei... Não estou no clima para festas. - respondeu Jade. - Acho que vou ficar em casa mesmo.

– Ah não vai não! Mais não vai mesmo! - respondeu Joaquina enquanto puxava Jade para o quarto, mais a mesma se soltou.

– Não insiste Joaquina. - disse sentando - se no sofá novamente.

– Insisto sim! - Parou por alguns segundos. - Tá ok, se você quer ficar aqui sozinha, chorando, se lamentando, pode ficar. Nem parece a Jade Gardel que eu conheço, aquela garota forte, que sempre dar a volta por cima... Mais saiba que estou muito chateada. - fez um biquinho, fazendo Jade rir.

– Tá bom Joaquina! Só vou trocar de roupa. - disse saindo para o quarto enquanto Joaquina batia palminhas.

Depois que Jade saiu, Joaquina enviou duas mensagens. Uma para Lírio que estava esperando enfrente do prédio, e outra para Cobra.

"Foi difícil mais consegui! Chegamos em meia hora!"

Logo após enviar a mensagem, Jade apareceu na sala com um lindo vestido preto de renda, porém com pouca maquiagem.

– Uau! - disse Joaquina

– Ai vamos logo que eu quero chegar cedo em casa! - disse a bailarina puxando Joaquina

Como na mensagem enviada para Cobra, o trio chegou na boate em meia hora. Joaquina chamou Jade para dançar, mais a mesma não aceitou. Preferiu ficar sentada, sorrindo do jeito que a amiga dançava, e vendo Lírio levar vários foras. Estava encostada no balcão quando sentiu alguém tocar levemente em seu braço. Um pouco assustada, virou - se imediatamente.

– Cobra?

– Um vagabundo não consegue ficar muito tempo longe da sua dama. - disse segurando a mão de Jade, que estava paralisada