Infected by Our Hope escrita por Linda Mannacen
Gavin olhou para o teto. Sua garganta sedenta por água coçava, e a agonia subia-lhe a cabeça só de ver as teias de aranha pelos cantos.
Já tinha desamarrado a corda da cintura e as mochilas tinham sido jogadas no chão, agora Morgan e Jane perambulavam, pela cabana de madeira, afobados enquanto procuravam por algum vestígio do Cordyceps. O menino não fazia nada e nem movia um músculo sequer, como haviam mandado-o.
– Posso coçar o nariz? – Perguntou Gavin, mas ninguém prestou atenção para respondê-lo. Vendo que ninguém o responderia, ele passou a mão por cima do nariz rapidamente como se alguém se importasse.
O sol estava a desaparecer no horizonte. A paisagem amarelada era vista pela janela ao lado de Gavin, um vento forte batia contra os vidros rachados hora ou outra, amedrontando o menino que o tempo inteiro se perguntava o que seria daquela noite. Não podia deixar de reparar o quão velho era aquele lugar, já que do lado de fora era possível ver um estábulo pequeno caindo aos pedaços. Gavin só torcia pra que a cabana não desabasse sobre sua cabeça justo quando estava lá.
– Tá limpo, não tem nada aqui. – Morgan comentou, guardando seu canivete e se espreguiçando logo em seguida.
– Vamos passar a noite na cabana, Gavin. – Jane se aproximou do menino, os dois se sentaram no chão e Morgan se encostou-se a uma parede próxima.
– Cara, que sede. – Reclamou Morgan. – Sério que ninguém trouxe água?
Uma rajada de vento forte bateu em um dos cantos da casa. Gavin prontamente se jogou em Jane, com medo. Morgan virou o rosto de cara fechada, ele ainda não concordara com a ideia do menino segui-lo por toda a parte. Mas pra quê toda aquela implicância?
– Talvez o encanamento ainda funcione, nós podemos ferver a água. – Disse Jane, abraçando o menino Gavin.
Morgan foi até a cozinha, balbuciando.
– Não consigo te ouvir daqui, Morgan... – Disse Jane.
Gavin se desvencilhou aos poucos dos braços de Jane, a ventania se acalmara um pouco e não estava tão nervoso quanto antes. Ele se sentou afastado, olhando pro chão um pouco decepcionado.
Jane percebeu, mas não quis perguntar diretamente.
– Então... O que aconteceu aquele dia? Na zona de quarentena que você estava. Você morava lá?
– Sim, morava. Com meu irmão mais velho. Não sei o que aconteceu. Só lembro que ele me mandou entrar na caixa, e depois... – Gavin parou por alguns segundos. – Mas eu não vi nada, só ouvi.
– Sinto muito, Gavin.
– É, eu também. Morgan lembra o meu irmão. – Disse, voltando a olhar pela janela novamente.
O vento finalmente se acalmou por completo, encorajando Gavin a se levantar. Ele pretendia ficar olhando a paisagem a fora por um bom tempo. A escuridão estremeceu seu corpo. O que tem naquele estábulo? pensou, alimentando a curiosidade.
_______________________________
Morgan ouvira tudo, mas os dois não conseguiam vê-lo ali atrás da porta. Pela primeira vez no dia, ele se arrependeu de ter insultado o menino tão indiretamente, chamando-o de “peso”. Mas alguns segundos foram suficientes pra ele retomar seu orgulho de volta. Sem saber o que fazer, ele voltou alguns passos atrás e pisou forte no chão como só estivesse vindo naquele momento, maquiando uma cena.
– É! Tem água sim, e também tem gás o quê é muito estranho, além do mais... – O rapaz interrompeu a si mesmo quando Gavin virou pra escutá-lo. – Enfim, é isso.
Não tinha como negar, Morgan estava corroído de remorso. Ele disfarçou abrindo sua mochila no chão, procurando por alguma coisa pra encher de água. Meio desgovernado, e cego ele ficou procurando as mesmas coisas por um bom tempo. Jane não deixou de reparar.
– Quer uma lanterna? – Perguntou Jane.
– Não! – Respondeu assustando. – Sim! Quer dizer... Sim, quero.
– Você está bem? – Riu, procurando por sua lanterna. Assim que a achou, iluminou a mochila de Morgan, que não prestava atenção.
O rapaz encarava Gavin de costas olhando pela janela. Jane apontou a lanterna para a cara de Morgan, que reprimia os olhos rindo brevemente.
– Desculpa, me desliguei. – Disse voltando a procurar.
– O que aconteceu? – Sussurrou perto de Morgan, suficientemente para apenas os dois escutarem.
– Como assim? – Ele fingia desentender.
– Não minta pra mim. – Ela aproximou o rosto do ouvido dele. – Você estava um saco há dois minutos, e agora nunca vi mais estranho. – Jane perguntou, olhando de canto para ver se o menino continuava sem os ouvir. Quando voltou Morgan olhava fundo em seus olhos parecendo procurar alguma resposta rápida.
– ... TPM – respondeu, rendendo uma risada alta de Jane.
Aliviado ao se safar de Jane o intimidando com suas perguntas, achou uma pequena panela no fundo de sua mochila, que logo foi tomada de suas mãos para as mãos de Jane. A jovem correu até a cozinha da cabana para enchê-la de água e ferver no fogão velho.
Morgan encostou-se a uma das paredes encarando Gavin. O menino parecia mesmo entretido olhando pra lá. Queria, mas não abriu a boca pra falar, não sabia como começar aquilo.
Seria uma longa noite para os três, principalmente para Morgan.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
depois de muuuito tempo, entrego esse capítulo péssimo. Mas não se preocupem! A ação de verdade estará vindo no próximo capítulo! Desculpem a demora, mas aí está.