Blank Space escrita por Whoiamyuri


Capítulo 1
Blank Space


Notas iniciais do capítulo

Screaming, crying, perfect storms
I can make all the tables turn
Rose garden filled with thorns
Keep you second guessing like
"Oh, my God, who is she?"
I get drunk on jealousy
But you'll come back each time you leave
'Cause, darling, I'm a nightmare dressed like a daydream



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Prazer em te conhecer, onde você esteve? Foi assim que me senti quando te conheci. Era como se eu ja soubesse tudo o que iria passar, mas não tinha como eu saber.

Desde que nasci sempre soube que não gostava de pessoas diferentes de mim. Mesmo assim a ideia de ter um igual ao meu lado nunca me veio a cabeça. Eu sempre soube que nunca me apaixonaria.

Até os meus catorze anos tive pequenas quedas por alguns aí, nada demais. Então no dia 16 de maio começamos a nos falar normalmente. Ja tínhamos nos falado outra vez, porém foram apenas três palavras sendo que duas delas foram as mesmas.

Na minha cabeça você era só mais um rostinho bonito que eu conversava. Não tinha segundas intenções. Nem tinha um futuro iminente para a nossa amizade. Meu pensamento mudou após nossas chamadas pelo skype. Por que você fez isso? Por sugeriu que conversássemos um olhando para o rosto do outro? Por que? Essas conversas me mudaram. Ver seu sorriso me mudou. Ouvir sua voz me mudou. E foi nesse momento que eu descobri que na infância estava errado, pois eu acabara de ficar incondicionalmente apaixonado por ti.

Nossas conversas pelo aplicativo eram legais. O jeito como você falava comigo me deixava encantado. Mas como toda pessoa gamer, você me trocava para jogar. E eu vi suas reações, assistia você jogado enquanto estava do outro lado da tela. Meu único desejo era estar aí, entre seus braços. Gostaria que você parasse de jogar e voltasse a dialogar comigo, mas tinha vergonha de pedir.

Durante esse tempo passamos por uma copa. Você sabe que eu apenas jogo futebol, mas assistir eu já acho super tedioso. Nunca te disse mas no jogo eu só presto atenção nos jogadores. Você não chegou a me dizer que estava triste por nossa seleção ter perdido. Mas eu sabia que você estava chateado. E eu também fiquei. Por você. Porque você sabe que eu amo os jogadores, e você ama o jogo.

Deixei amigos e deveres. Posso até ter magoado pessoas. Tudo para ver seu rosto por um webcam, onde nem te tocar eu podia. Eu não sabia sobre você. E tinha medo de perguntar se você era. Tinha muito mais medo da sua resposta. Tinha medo que você desconfiasse de mim e que nossas conversas acabassem.

Foi então que contei para a primeira pessoa que eu te amava. A minha melhor amiga agora sabia que eu amava um igual a mim. Contei a ela por culpa do que sentia por você. E depois delas contei para poucos outros amigos. Que me ajudaram e falaram para eu superar.

Ficamos 10 longos dias sem se falar. Eu tinha medo de te chamar, pois nossa última conversa não tinha sido tão boa. Então resolvi te chamar. E como sempre você demorou vários minutos para responder. Mas então o meu “oi” foi respondido. Respondido com uma foto. Uma foto que me deixou sem ar. Eu não sabia o que fazer, pois agora tinha uma foto de seu abdômen sem nada cobrindo. Mil coisas passaram pela minha cabeça. Comecei a achar que teria uma chance, porque nunca pensei que uma pessoa mandaria uma foto dessa para uma outra igual a ela. Comecei então a suspeitar de você. E ficava feliz por isso. Finalmente a ideia de que você gostava de mim passou pela minha cabeça.

Nunca nos falamos todos os dias. Não te julgo. Claro que você tem coisas a fazer. Você tem sua vida, na qual eu gostaria de fazer parte.

Você sempre foi brincalhão, sempre me mandou coraçõezinhos e me chamou de gatão. E quase nunca eu te respondia. Não te respondia por medo. Fui idiota. Fui trouxa. Então, uma parte de mim queria acreditar que eu tinha uma chance, que você talvez gostasse de mim, que talvez quisesse eu na sua vida. Enquanto outra parte de mim acreditava nos fatos, que não tinha como você amar, até pelo menos que você falasse claro e diretamente para mim. E eu não sabia em qual dessas partes confiar.

Chegou finalmente o dia 16 de setembro, o dia em que nos encontramos na biblioteca do shopping center norte. Tudo bem que eu estava com um amigo. Na verdade agradeço por ele estar la. Agradeço por ele te distrair enquanto eu não conseguia pronunciar palavra alguma. O volume de suas calças. Eu não sabia o que falar. Tinha medo de falar algo que você não gostasse. Nem um “ah” eu conseguia falar. Você deve ter ficado muito confuso. Você me perguntava algo e eu apenas respondia com o balanço de mim cabeça. Meu coração estava batendo tão rápido desde o momento em que você apertou minha mão, até o momento em que a apertou novamente para dar tchau. Meu coração estava batendo tão rápido que podia até morrer. E adoraria morrer naquele momento. Morrer olhando para seu rosto. Olhando para seu corpo. Olhando para o volume de sua calça.

Outro dia um amigo meu veio tomar café da manhã em minha casa, onde ele me mostrou uma conversa que ele teve contigo. Nela você dizia que achava que eu tivesse medo de ti. “A sla parece que o Yuri tem medo de mim” você disse para meu amigo. Naquele momento eu me senti um idiota, pois o que sentia por você não era medo e sim algo totalmente diferente.

Passou-se um tempo e você me mandou outra foto, novamente do mesmo lugar do seu corpo. E como sempre contei para os amigos mais próximos que me davam conselhos. E então um deles disse que eu poderia ter uma chance. Que você talvez gostasse de mim. Você tinha que ver minha felicidade. Pulava de alegria. Finalmente eu podia ter algo com você.

Estava decidido que na nossa próxima chamada eu te contaria tudo o que sinto. Naquele momento eu acreditava na parte de mim que dizia que você me amava. Porém essa chamada nunca ocorreu. E a cada dia eu ficava mais triste. Minhas esperanças estavam indo embora. Porque sempre que te mandava um “oi”, você me respondia um ou dois dias depois. Isso me destruía. Via suas fotos com meninas. Claro que vocês não se agarravam nas fotos. Via suas legendas nas fotos e todas elas se dirigiam a uma pessoa de tipo diferente. Eu perguntava “Quem é ela?”. Chorei? Chorei. Gritei? Gritei. Pensei em fazer uma besteira? Pensei. Após tudo o que se passava pela minha cabeça decidi que iria te esquecer. O mês de novembro talvez tenha sido um dos mais difíceis, pois eu tentava te esquecer. Te tirar de meus pensamentos. E tentei. Tentei muito.

No começo de dezembro um amigo meu me ajudou a relembrar tudo que passamos. Não sei se isso foi bom ou ruim. Como ele era experiente finalmente acreditei que aquela chance que eu pensei que tinha era verdadeira. Tive esperança novamente.

Então no dia seguinte acordei destemido a te contar. Te enchi o saco o dia inteiro. E foi uma conversa boa. E quando já era de noite te fiz uma pergunta simples e clara: “Quando você terá um tempo para que possamos conversar, tenho algo muito importante para lhe dizer”. E como sempre você me respondeu algum tempo depois. Você se mostrou curioso e então disse que teria um tempo livre as 1h da madrugada do dia 5 de dezembro. E eu só restava esperar por essa hora. O tempo parecia tão devagar. Mas então eu tive que fazer uma coisa antes.

Por sua culpa me assumi para os amigos e entre outros. E como eu tinha certeza que após essa chamada eu seria correspondido, decidi contar a minha mãe. Não disse quem você era mas disse o que você era. Disse a ela, pois estava confiante que no dia seguinte acordaria com uma aliança no dedo.

Chegou 10 pra 1h, estava muito tenso porque você não estava online. Pensei que você tivesse esquecido ou achado uma coisa melhor para fazer. Foi então que te mandei várias mensagens em diferentes redes: facebook, whatsapp etc. Mas então finalmente você entrou, e em poucos minutos o pedido para aceitar a chamada do Skype apareceu na tela do meu iphone. Aceitei e então começamos a nos falar. Fiquei decepcionado pois a chamada que você pediu não era de vídeo e sim de áudio. No final nem seu rosto eu pude ver. Mas aquele era o momento. Estava disposto a te contar tudo. E você estava rindo. Vendo vídeos engraçados. Até me marcou em um. Eu senti vontade de mandar você calar a boca e prestar atenção no que dizia, pois não era fácil para mim. Mas como sempre eu não fui capaz de gritar contigo. Então você se demonstrou mais interessado. Eu comecei a falar relatando tudo o que nós passamos. Desde nossa conversa de 3 palavras e sua resposta 5 meses e 14 dias depois, até os momentos finais. Contei que aquele dia não biblioteca fiquei calado porque na verdade tinha medo de falar uma merda. Tinha medo de falar algo que você não gostasse. Eu não tinha medo de você. Eu te amava. Eu ainda te amo. A conversa prosseguiu e quando falei das fotos você voltou a repetir “Mandei apenas zoando”. Isso acabou com qualquer expectativa que eu restaurara horas atrás. Então comecei a ficar tenso. Eu poderia ter começado a chorar. Mas não seria uma boa. Eu pensava em seu rosto a todo momento. Pensava em qual seria sua reação após eu ter falado tudo isso. Mas eu já tinha tomado muito de seu tempo, então como já estava sem esperanças não te fiz uma pergunta como “Você quer ficar comigo?” ou “você gosta de mim?”, na verdade te fiz um pedido. Um pedido muito simples: “Se você só está de zoação, se não quer nada a mais comigo, se só está brincando, peço que pare de me mandar aquelas fotos, aqueles coraçõezinhos e as mensagens ‘gatão’, por favor”. Isso era o que mais me iludia. O que me fez ficar apaixonado por você. E então após dizer tudo isso eu perguntei “entendeu?”. E você respondeu “entendi”. E então essa era a resposta. Era isso que eu tinha. Um “entendi”. Foi então que com o coração destruído te dei um “tchau” e um “tenha uma boa noite”, e desliguei a chamada.

Decidi que ficaria um tempo fora das redes. Fora do povo. Um tempo para pensar em tudo. Mas no final eu fiquei apenas 30h fora e voltei. Percebi que eu não ia ficar sem conversar com meus amigos por sua culpa. Que não ia deixar de conversar com as pessoas que gostam de mim apenas porque você me rejeitou. Se você não me quer. Há quem queira.

Na verdade você foi o meu primeiro amor. O qual dizem que a gente nunca esqueci. Mas eu digo, eu vou tentar te esquecer. Vou tentar para valer. Só queria que você soubesse que eu não tive muitos peguetes ou pessoas com quem fiquei. Eles podem até dizer que eu sou idiota. Que eu sou louco. E por isso tenho vários espaços em branco na minha lista. Vários que é difícil contar. Agora só tenho que decidir em qual deles escreverei seu nome.


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Notas finais do capítulo

Got a long list of ex-lovers
They'll tell you I'm insane
But I've got a blank space, baby
And I'll write your name