My First Love escrita por sweetie


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Ficou meio grandinho, mas... Espero que gostem!



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John encarava a sua nova escola, apreensivo. Não era a primeira vez que ele era novato, na verdade, isso era algo muito constante na vida do pequeno. Aos onze anos, ele com certeza, já havia se mudado de casa, e de escola mais vezes do que qualquer amiguinho que ele fazia durante os anos. E não tinha nada mais chato do que demorar seis meses para se acostumar com a nova vida, só para ter que se mudar de novo. Era o fardo de ser filho de um militar. Mas esse ciclo repetitivo estava prestes a mudar.

Há quatro meses, os pais de John tinham saído de carro, em uma madrugada chuvosa, para ir buscar a irmã mais velha do menino, que tinha fugido para ir a uma festa, da qual já tinha sido proibida de ir. Na volta para casa, a discussão com a filha acabou distraindo o Sr. Watson, que perdeu o controle do volante, e o carro acabou caindo na ponte. Harry sobreviveu, os pais de John não.

Agora, ele e Harry tinham sido obrigados a se mudarem uma última vez. Eles iriam morar em uma casinha simples em Londres, com a avó materna, uma senhorinha simpática, conhecida por todos como Sra. Hudson. Ela era dona de um café Speedy’s, onde trabalha diariamente, e tira o seu sustento.

“Vai dar tudo certo, John” Sra. Hudson disse para o neto, sorrindo. “Você é um ótimo menino, tenho certeza que irá fazer amigos logo”

Ele concordou com a cabeça, sorrindo timidamente, e depois de mais um longo olhar para o lugar desconhecido, ele colocou a mochila nas costas, e desceu do carro. Pelo ao menos, tinha uma coisa boa nisso tudo: Harry tinha ficado em outra escola. Sua irmã sempre arrumava um jeito de envergonhar John na frente dos seus possíveis amigos de classe, e ele não ia suportar mais uma situação embaraçosa.

John andou até um banquinho, e ficou sentado observando os alunos chegarem. O ônibus escolar amarelo – que ele teria que pegar a partir do dia seguinte –, parou na frente da escola, e várias crianças desceram. Todos, com exceção de duas garotas, uma loira e uma morena, eram maiores do que ele. Desde que não fosse idiotas que gostam de fazer bully com os mais baixos e indefesos, estaria tudo bem, ele pensou.

Alguns minutos depois, um Volvo reluzente parou na calçada, e dele desceu um menino, que John identificou na mesma hora como “bad boy”, ou “mini bad boy”. Ele usava um terninho, de uma daquelas marcas famosas, que passam na TV. E bom, não precisava ser muito esperto para ver que o garoto era rico. Afinal, não era qualquer um que andava de motorista particular, ainda mais com tão pouca idade.

Só teve mais um aluno que chegou de carro, não era um Volvo, ou nenhum carrão que todos param para olhar, mas ainda era bem melhor do que o da Sra. Hudson, ou o de qualquer professor que estacionava. Mas, o que chamou atenção de John não foi o carro, e sim, o menino que saiu de dentro dele. Com um corte de cabelo engraçado, que surpreendentemente caia muito nele, o menino tinha um rosto nada comum, e suas roupas eram igualmente exóticas. Ele vestia um casaco enorme que passava do joelho, com um cachecol azul. John nunca tinha visto uma pessoinha tão pequena – mesmo que fosse claramente mais alto do que ele –, usar roupas assim.

Diferente do mini bad boy riquinho, que chegou e foi direito sentar-se junto um grupinho de garotos que, aparentemente fazia tudo que ele mandava. Esse outro, do cabelo engraçado, não falou com ninguém, foi para um canto isolado, e tirou um livro da mochila para ler. Um livro extremamente grosso, John não sabia como ele conseguia segurar aquele peso todo, e ainda mais ler.

John observava o menino ler o livro, se perguntando se devia ou não ir falar com ele, afinal, ele devia ser um novato também, ou os seus amigos ainda não tinham chego, ou ele não tinha amigos. Não, essa era muito improvável. Todo mundo tem amigos, certo?

Nesse momento, a menina loira baixinha que ele virá descer do ônibus parou em sua frente, com um sorriso de orelha a orelha.

“Você é o John, certo? O novato” ela disse, e estendeu a mão para se apresentar. “Eu sou Mary”

“Prazer, Mary” ele apertou a mão da garota. “Como você sabe o meu nome?”

“Todo mundo da escola já sabe que um John Watson ia entrar hoje”

“Sabe, é?”

Ele estava acostumado a ser o garoto novato, mas o novato que ninguém reparava, não aquele que uma menina bonita vinha cumprimentar.

“Aham. E, como eu sei que nós dois estamos na sexta série, e eu vi que você estava sozinho, resolvi me apresentar”

“Legal” ele sorriu, tentando parecer tão entusiasmado quanto ela.

“Vem” ela segurou a mão do menino. “Eu vou te mostrar a escola”

O sinal tocou, e a animação desapareceu os olhos da garota.

“Ah, que pena”

John lembrou-se do seu horário de aulas, bolso esquerdo da calça. Ele levou a mão ao bolso, e deu uma olhada na sua primeira aula.

“Que aula você tem agora?”

“Inglês” ela respondeu, esperançosa.

“Ah, a minha primeira é Biologia”

Mas, ao contrário do que John pensou, isso só fez com que o sorriso voltasse a acender-se no rosto da menina.

“Fica no quarto andar, ao lado da sala de Inglês”

“Legal. Posso ir com você?”

“Claro” ela disse segurando o loirinho pelo braço, e o levando para dentro da escola.

...

Durante os quatro minutos que eles levaram do pátio até o quarto andar, John descobriu mais coisas sobre Mary do que sobre qualquer garota com quem já tinha conversado na vida. Ela era filha única, e morava em Londres desde que nasceu, sua cor preferida era rosa (óbvio, ele pensou), suas melhores amigas eram Ana e Sarah, que ela prometeu apresentar a John na hora do intervalo, e ela tinha uma cachorrinha chamada Kitty, nome da sua personagem de desenho favorita.

John gostou de Mary, e da iniciativa da menina de querer fazer amizade, e levá-lo até a porta da sua sala, mas sinceramente, ele tinha ficado aliviado quando finalmente chegaram, e ele entrou na sala, enquanto a sua mais nova colega ficava para trás. Ninguém nunca tinha tagarelado tanto no seu ouvido.

“John, não é?” perguntou o professor, quando o menino entrou na sala.

É, todo mundo mesmo, sabia o seu nome.

“Sim, sou eu”

“Você já comprou os livros?”

“Ainda não”

“Tudo bem, eu vou te colocar para sentar com alguém que tenha” ele disse, enquanto observava os alunos entrando, e acomodando-se em seus lugares. “Você gostaria de se apresentar para a turma?”

“Se o Senhor não se importar, eu preferia ir direto para o meu lugar”

“Você vai ter que perder essa timidez, menino” ele disse tentando parecer sério, mas o tom brincalhão era evidente. “Pois bem, sente-se com o Sherlock. Aquele menino ali, na última carteira” ele disse indicando o garoto de cabeço engraçado que ele tinha visto mais cedo. “E, tente não irritá-lo. O garoto Holmes pode ser um pouco rude quando isso acontece”

John concordou com a cabeça, e começou a caminhar até o fim da sala, tendo certeza que todos os alunos o encaravam. Nesse momento, ele ouviu uma garota gritando “Abelha!” e quando ele se virou para olhar, vários alunos já tinham levantado e estavam apavorados com o inseto. As meninas gritavam, e os meninos tentavam acertar a abelha com os seus livros.

Com todos focados em quem iria matar a pobre coitada primeiro, nenhum deles viu quando a abelha voou para longe, e eles continuaram a balançar os livros no ar, enquanto o professor pedia silêncio. John não pensou duas vezes, e correu para pegar o copo em cima da mesa do professor, e uma folha de papel no chão.

Cuidadosamente, ele colou a abelha dentro do copo, prendendo-a com o papel, e a levou devagar até a janela, deixando-a ir embora, antes que os seus novos colegas de classe matassem a coitainha. Ele só percebeu que todos tinham parado para observar o seu gesto, quando ele virou para trás, e o barulho e agitação tinham cessado.

“Muito bom, Watson” elogiou o professor. “Agora que o John já resolveu o pequeno incidente com a abelha, todos vocês podem voltar para os seus lugares”

John devolveu o copo ao professor, jogou a folha de papel no lixo, e foi até o seu lugar no fim da sala. O menino de sobretudo, Sherlock, estava encarando-o, mas de um jeito diferente dos outros alunos. Era um misto de surpresa e admiração. O loirinho não fazia idéia, mas ele achou a sua atitude muito nobre e inteligente, e Sherlock achar isso de alguém, era algo muito, muito raro.

John sorriu ao perceber que a reação ainda continuava no rosto do menino sentado ao seu lado, mas este não sorriu de volta, nem disse nada. Só continuou olhando fixamente para o loiro.

“Seu nome é Sherlock, certo?” ele disse, abrindo ainda mais o sorriso. “Eu sou o John. John Watson”


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Notas finais do capítulo

E aí? Continuo ou não? Falem aí nos comentários :)