Good Ending

Coloquei a última boneca na mesa e uma passagem diferente abriu-se no canto esquerdo do local. Estava escuro e eu estava insegura em relação a entrar...

Considerando minha “sorte” de estar viva após perseguições horrendas, acho que entrar em uma pequena passagem não seria tão assustador assim...

Entrei.

[...]

Oh, como queria não ter tido tal coragem! Pois, então, quando entrei, deparei-me com um quarto sombrio e ensanguentado, diferente de todos até agora. Era meu quarto. Estava com cheiro de mofo e eu sabia que, ali, naquela cama, encontrava-se minha maior assombração... Violla.

Foi uma cena engraçada, ela estava contorcendo seu corpo todo de dor. Mas, diferente de antes, seus olhos e pernas não permaneciam lá. Eu posso dizer que é minha culpa ela estar assim, mas prefiro ficar livre nesse corpo em melhor estado...

Só verei se aqui possui algo de útil e, então, irei embora.

Violla estava chorando sem seus globos oculares e as lágrimas juntavam-se com o sangue que dali saía. A expressão de desespero dela... senti-me bem por fazer isso. Mesmo sendo minha primeira “amiga”.

– Você continua viva... ehh... ? Devo considerar seu esforço.

– D-.... gh... dev... dh... devol... –ela disse, estendendo sua mão em minha direção.

– Devolver? Como se eu fosse. Esse corpo é bem melhor! Devo agradecer por cuidar tão bem dele.

– E... eu gostaria de ficar mais para conversar, querida “amiga”, mas vou saindo. “Passe bem”.

Eu ri e dei de ombros.

Com os passos lerdos, de repente, a vidraça das janelas quebra e o vento entra. Neblina infesta o local e tudo fica sombrio...

– A-Ahhgh.... h..

Violla fica parada atrás de mim, deitada, usando as mãos para se aproximar aos poucos...

Eu corro. Ela se arrasta. Ficamos a pouco espaço de distância e eu volto pelo caminho onde vim.

Objetos, quadros, estátuas, tudo começa a se mexer para bloquear o meu caminho... e a “bruxa” se aproxima cada vez mais.

Ofegante, desviando... meu coração bate muito rápido. Olho para trás e vejo essa cena assustadora, com as mãos trêmulas. Tropeço em uma cadeira que acabou de se mexer sozinha...

“Minha própria casa está se voltando contra mim”

Estou caída no chão e Violla já está próxima demais.

– P-Pega... gh... pegar de.... fth... de volt...

Ela está inexpressiva... estou com medo...

“Estou com medo! Mãe! Pai! ME AJUDEM”

“EU NÃO QUERO MORRER”

“EU AINDA NÃO VIVI”

Fecho os olhos e sinto o mísero resto de magia de Violla contornar sobre “meu” corpo. Quando estou pronta para abri-los, sinto uma dor de cabeça inimaginável...!

“Meus... meus olhos... ONDE?!”

Só sinto o sangue escorrendo, minhas coxas ardendo e meu rosto dolorido. Dói muito... não quero isso... “ALGUÉM!”

– V-Viol... th... m-me.... ewth... dgh... salv-

As palavras não saíam. Violla era minha última esperança... mas ela só me encarava com seus olhos vazios, mas que demonstravam ódio.

– MORRA SOZINHA!

Essas foram as últimas palavras das quais ouvi. A dor passou, eu não sentia mais nenhuma parte do meu corpo. A única coisa que via era um grande espaço preto.

.

.

.

Uma grande tela é vista na minha frente. Ah, é Violla.

Ela está saindo da floresta... oh! Vejo que encontrou seu pai. Eles parecem felizes. Creio que ela viverá uma vida longa e ótima, daqui para frente...

Já não tenho mais esperanças ou sentimentos... só me restam arrependimentos e ódio. Ódio por ter falhado. Arrependimento por não ter sido mais esperta... por não correr antes.

Acordo.

“O quê...”

Abro meus olhos e olho ao redor. Ainda permaneço viva...?

Olho meu novo corpo.

[...]

É o corpo de um gato preto, bem magro.

“Ahah... hah... HAHAHAHAHAHAHAHAHA”

Pois bem... quem será meu próximo “amigo”?

– Good End -