Agora Você Não Está Mais Aqui escrita por A Garota Dos Livros
– Mike, eu juro que vou contar até três e se você não sair da minha cama, vou arrebentar o gesso na sua cara!
Sam tinha terminado com Mike e ele estava em um estado depressivo chorando descontroladamente e cantando Frank Sinatra na minha cama.
– Ela terminou comigo, cara! Você deveria me ajudar e não me ameaçar.
Ele levantou resmungando.
Eu realmente estava ajudando, ele não podia ficar em casa chorando igual um idiota. Cara, eu gostava da Sam, e entendia que era difícil pra ficar perto da gente, mas isso não foi legal.
– Anda, vai tomar banho e tirar esse cheiro de gambá, vamos sair.
– Sair?
– Sair, cara, vai logo pra eu poder tirar essas cobertas fedorentas da minha cama.
Ele entrou no banheiro resmungando enquanto eu peguei tudo e joguei na máquina de lavar.
Eu não via Sam a uns bons meses, e assim que a poeira baixar eu vou ligar pra ela e entender exatamente o que aconteceu.
Coloquei uma roupa mais apresentável e bati na porta do banheiro antes que Mike morresse la dentro. Ele saiu parecendo até normal de novo, só que com cara de bunda.
– Coloca uma cara agradável nesse rosto.
– Onde vamos?
– Vamos na casa do John, ele quis fazer um churrasco pro meu irmão dele, alguma coisa assim.
– John me odeia.
– Ele não te odeia, só te acha esquisito, mas isso eu também acho, vamos logo.
– Argh.
Mike tinha comprado um Mustang 1967 preto que eu estava louco pra dar uma volta. Não sei como, porque eu procurei um desses por meses e nada.
– Onde conseguiu essa beleza? - perguntei analisando cara detalhe do carro enquanto ele dava partida.
– Ganhei numa aposta.
– Se quiser vender...
– Sem chance, Jay.
– Bom, se quiser...
– Como você disse que chama o irmão do John?
– Phill.
– Nome de velho gordo.
– Ele é irmão do John, duvido um pouco que seja gordo.
– Ainda tem nome de velho gordo, igual o tio Phill do Will Smith.
– Ok, Mike, só não chame ele de velho gordo do nada.
– Não vou chamar, vai que ele dá um murro na cara.
– Ia ser hilário.
– Ia ser péssimo.
– E hilário.
– Aliás, você foi ver a moto com o Billy ?
– Não, acabei esquecendo. De qualquer forma acho que vou guardar o dinheiro o carro e procurar uma beleza dessa pra comprar.
– Você vai ter que esforçar pra conseguir um Mustang desse.
– Ah, cala a boca e dirige.
– De jeito nenhum, você que quis me tirar de casa.
– Da minha casa, onde você estava mofando na minha cama.
– Nem fazia tanto tempo que eu estava lá.
– Você ficou um dia inteiro lá.
– Ah, ok, Jay.
Pouco tempo depois nós paramos na frente da casa de John. Haviam vários carros e a casa estava toda acesa, o cheiro de churrasco espalhado no ar e as vozes vindo de trás da casa. Entramos pela porta lateral que dava direto para o fundo.
Haviam várias versões de homens parecidos com o John, alguns mais velhos e outros mais novos, e todos eles estavam com um mulher que por sua vez cuidavam de pelo menos uma criança ou adolescente.
– Garoto! - reconheci a voz do John- Mike.
– Oi, John.
– Venham conhecer minha família.
John tinha muitos irmãos! Eu já não lembrava o nome da metade quando acabei e muito menos das suas esposas e filhos. Descobri que hoje era aniversário do Phill, pai da Kelsey, que era casado com Mags. Phill era muito parecido com John, só que mais baixo e com cabelo curto.
– Jason! Ouvi falar muito sobre você - ele disse me abraçando.
– Ouvimos - Mags disse me abraçando em seguida.
– E você você deve ser o garoto esquisito Mike! - Phill puxou Mike para um abraço esmagador.
– Parece que o Phill gostou do seu amigo - Mags disse baixo e riu.
– É - Mike sorriu.
– Bom, vamos deixar os garotos decidirem o que querem fazer - Mags disse arrastando os dois.
– Ual! Gostei do Phill!
– Receptivo.
– Bastante. Vamso comer, velho.
– Caramba, Mike.
Comecei rir e nos sentamos junto com John, Phill, Mags e...Kelsey.
– Ual! - Mike exclamou quando a viu - Sou Mike.
– Kelsey, não precisa dizer, eu sou bem parecida com a minha prima, eu sei.
Ninguém falou nada e eu forcei um sorriso.
As conversas não foram forçadas, foram tranquilas, até mesmo quando Clary apareceu e sentou a clima bom continuou. Foi assim até a meia noite, quando o dia virou para de 3 e de repente Mags saiu de dentro da cozinha segurando um bolo e cantando parabéns.
– Phill! Phill! Phill - gritamos em coro.
E então um silêncio se formou e John ficou ao lado de Phill.
– Acabamos de começar o dia três de abril - ele sorriu - e como todos os anos o churrasco de hoje acabaria para começar o do aniversário de Lizzi - ele sorriu tristemente e todos ficaram quietos com semblantes tristes - esse ano será diferente. Mas nós não devemos ficar tristes, ela não ia querer que fosse assim.
As pessoas começaram concordar entre si e eu estava sem reação, olhando para John. Ele encontrou meu rosto e fez uma expressão preocupada.
– Preciso ir - digo para Mike - eu já volto.
Fui me afastando e passando pelos parentes de John até chegar a porta lateral e sair, me sentei na cadeira de balanço que ficava na frente da casa. Lizzi odiava essa cadeira, ela dizia que a casa parecia como qualquer outra com ela ali.
– Parece triste, lutador.
A voz de Kelsey me assustou quando ela falou saindo pela porta. Eu apenas a olhei. E ela não estava lá no discurso de John.
– Eu também não gostos desses discursos heróicos, Lizzi não morreu de uma forma super digna nem nada.
De repente uma fúria subiu em mim com o que ela disse. Como ela podia falar assim? Caralho! Era a própria família.
– Que droga de pessoa é você?
– Só estou dizendo a verdade, morrer de doença não é digno. Mas, cara - ela olhou pra mim com os olhos cheios de lágrimas - ela lutou, lutou até o último segundo de vida e mesmo dizendo que não ligava, eu achei no computador dela várias pesquisas sobre uma possível cura. Ela lutou mais do que qualquer um que tenha morrido pra salvar o mundo.
Eu fiquei quieto.
– Consegue entender? - ela não me olhava, só fitava um carro passando na rua - eu não teria a mesma força.
Kelsey fechou a porta e sacou o maço de cigarro do bolso, depois acendeu um.
– Vou fumar pra lá. Quer ir?
– Não - foi só o que eu consegui responder enquanto ela saia limpando as lágrimas antes de dar outra tragada.
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