Agora Você Não Está Mais Aqui escrita por A Garota Dos Livros


Capítulo 6
Capítulo 6




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– Mike, eu juro que vou contar até três e se você não sair da minha cama, vou arrebentar o gesso na sua cara!

Sam tinha terminado com Mike e ele estava em um estado depressivo chorando descontroladamente e cantando Frank Sinatra na minha cama.

– Ela terminou comigo, cara! Você deveria me ajudar e não me ameaçar.

Ele levantou resmungando.

Eu realmente estava ajudando, ele não podia ficar em casa chorando igual um idiota. Cara, eu gostava da Sam, e entendia que era difícil pra ficar perto da gente, mas isso não foi legal.

– Anda, vai tomar banho e tirar esse cheiro de gambá, vamos sair.

– Sair?

– Sair, cara, vai logo pra eu poder tirar essas cobertas fedorentas da minha cama.

Ele entrou no banheiro resmungando enquanto eu peguei tudo e joguei na máquina de lavar.

Eu não via Sam a uns bons meses, e assim que a poeira baixar eu vou ligar pra ela e entender exatamente o que aconteceu.

Coloquei uma roupa mais apresentável e bati na porta do banheiro antes que Mike morresse la dentro. Ele saiu parecendo até normal de novo, só que com cara de bunda.

– Coloca uma cara agradável nesse rosto.

– Onde vamos?

– Vamos na casa do John, ele quis fazer um churrasco pro meu irmão dele, alguma coisa assim.

– John me odeia.

– Ele não te odeia, só te acha esquisito, mas isso eu também acho, vamos logo.

– Argh.

Mike tinha comprado um Mustang 1967 preto que eu estava louco pra dar uma volta. Não sei como, porque eu procurei um desses por meses e nada.

– Onde conseguiu essa beleza? - perguntei analisando cara detalhe do carro enquanto ele dava partida.

– Ganhei numa aposta.

– Se quiser vender...

– Sem chance, Jay.

– Bom, se quiser...

– Como você disse que chama o irmão do John?

– Phill.

– Nome de velho gordo.

– Ele é irmão do John, duvido um pouco que seja gordo.

– Ainda tem nome de velho gordo, igual o tio Phill do Will Smith.

– Ok, Mike, só não chame ele de velho gordo do nada.

– Não vou chamar, vai que ele dá um murro na cara.

– Ia ser hilário.

– Ia ser péssimo.

– E hilário.

– Aliás, você foi ver a moto com o Billy ?

– Não, acabei esquecendo. De qualquer forma acho que vou guardar o dinheiro o carro e procurar uma beleza dessa pra comprar.

– Você vai ter que esforçar pra conseguir um Mustang desse.

– Ah, cala a boca e dirige.

– De jeito nenhum, você que quis me tirar de casa.

– Da minha casa, onde você estava mofando na minha cama.

– Nem fazia tanto tempo que eu estava lá.

– Você ficou um dia inteiro lá.

– Ah, ok, Jay.

Pouco tempo depois nós paramos na frente da casa de John. Haviam vários carros e a casa estava toda acesa, o cheiro de churrasco espalhado no ar e as vozes vindo de trás da casa. Entramos pela porta lateral que dava direto para o fundo.

Haviam várias versões de homens parecidos com o John, alguns mais velhos e outros mais novos, e todos eles estavam com um mulher que por sua vez cuidavam de pelo menos uma criança ou adolescente.

– Garoto! - reconheci a voz do John- Mike.

– Oi, John.

– Venham conhecer minha família.

John tinha muitos irmãos! Eu já não lembrava o nome da metade quando acabei e muito menos das suas esposas e filhos. Descobri que hoje era aniversário do Phill, pai da Kelsey, que era casado com Mags. Phill era muito parecido com John, só que mais baixo e com cabelo curto.

– Jason! Ouvi falar muito sobre você - ele disse me abraçando.

– Ouvimos - Mags disse me abraçando em seguida.

– E você você deve ser o garoto esquisito Mike! - Phill puxou Mike para um abraço esmagador.

– Parece que o Phill gostou do seu amigo - Mags disse baixo e riu.

– É - Mike sorriu.

– Bom, vamos deixar os garotos decidirem o que querem fazer - Mags disse arrastando os dois.

– Ual! Gostei do Phill!

– Receptivo.

– Bastante. Vamso comer, velho.

– Caramba, Mike.

Comecei rir e nos sentamos junto com John, Phill, Mags e...Kelsey.

– Ual! - Mike exclamou quando a viu - Sou Mike.

– Kelsey, não precisa dizer, eu sou bem parecida com a minha prima, eu sei.

Ninguém falou nada e eu forcei um sorriso.

As conversas não foram forçadas, foram tranquilas, até mesmo quando Clary apareceu e sentou a clima bom continuou. Foi assim até a meia noite, quando o dia virou para de 3 e de repente Mags saiu de dentro da cozinha segurando um bolo e cantando parabéns.

– Phill! Phill! Phill - gritamos em coro.

E então um silêncio se formou e John ficou ao lado de Phill.

– Acabamos de começar o dia três de abril - ele sorriu - e como todos os anos o churrasco de hoje acabaria para começar o do aniversário de Lizzi - ele sorriu tristemente e todos ficaram quietos com semblantes tristes - esse ano será diferente. Mas nós não devemos ficar tristes, ela não ia querer que fosse assim.

As pessoas começaram concordar entre si e eu estava sem reação, olhando para John. Ele encontrou meu rosto e fez uma expressão preocupada.

– Preciso ir - digo para Mike - eu já volto.

Fui me afastando e passando pelos parentes de John até chegar a porta lateral e sair, me sentei na cadeira de balanço que ficava na frente da casa. Lizzi odiava essa cadeira, ela dizia que a casa parecia como qualquer outra com ela ali.

– Parece triste, lutador.

A voz de Kelsey me assustou quando ela falou saindo pela porta. Eu apenas a olhei. E ela não estava lá no discurso de John.

– Eu também não gostos desses discursos heróicos, Lizzi não morreu de uma forma super digna nem nada.

De repente uma fúria subiu em mim com o que ela disse. Como ela podia falar assim? Caralho! Era a própria família.

– Que droga de pessoa é você?

– Só estou dizendo a verdade, morrer de doença não é digno. Mas, cara - ela olhou pra mim com os olhos cheios de lágrimas - ela lutou, lutou até o último segundo de vida e mesmo dizendo que não ligava, eu achei no computador dela várias pesquisas sobre uma possível cura. Ela lutou mais do que qualquer um que tenha morrido pra salvar o mundo.

Eu fiquei quieto.

– Consegue entender? - ela não me olhava, só fitava um carro passando na rua - eu não teria a mesma força.

Kelsey fechou a porta e sacou o maço de cigarro do bolso, depois acendeu um.

– Vou fumar pra lá. Quer ir?

– Não - foi só o que eu consegui responder enquanto ela saia limpando as lágrimas antes de dar outra tragada.


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