Filhos do Poder – Devotas da Magia escrita por Caio Loys


Capítulo 9
Hecate, a Deusa da Magia




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Depois do jantar, Evan e Maggie me deixaram na porta do meu dormitório e foram para os seus, conversando alto pelo corredor. Eles eram bem ami-gos pelo que eu fiquei sabendo durante a nossa conversa no refeitório.

Evan era um cara legal, mas tinha aquele medo que a maioria dos homos-sexuais tem: ser rejeitado pelos demais; isso irritava muito Maggie e o namo-rado dele, o Andrew, mas como ele amava Evan, Andrew ficava na dele e fingia que não era nada pra ele. Mas o que acontecia era exatamente o contrario.

Maggie também era bem legal, mas tinha muita mania de cuidar da vida do Evan. Apesar de ser bonita, ela nunca ficou interessada nos garotos do caste-lo, sempre os deixando de lado, pois, como ela mesma disse, era uma garota ro-mantica e os guerreiros daqui eram bem babacas.

Ambos Maggie e Evan eram semideuses, mas ele era mais forte que ela pois o pai de Evan era um deus olimpiano, Apolo, o deus da beleza e o protetor dos arqueiros, e Maggie era filha de uma ninfa da água, que eram, basicamente, espíritos da natureza.

Quando entrei no quarto, fui logo para o banheiro, tomar um banho. De-pois de vinte minutos em baixo da água quente e relaxante, eu me envolvi em uma toalha branca que estava pendurada ao lado da pia. Quando sai para me vestir, havia uma camisola feita de seda preta com detalhes dourados nas late-rais e na parte da garganta. As alças eram finas, mas, para a minha sorte, a ca-misola era comprida, não deixando mais do que meu tornozelo á mostra.

Mas, para ser sincera, eu pouco me importei com a camisola. O que mais me chamou a atenção foi o envelope que estava sobre o travesseiro.

Era um envelope normal para enviar cartas, branco e com, mais ou me-nos, 23X15 cm. Peguei- o e tirei um papel velho de dentro, como se fosse um pergaminho. No papel estava escrito:

Olá, senhorita Sulley

É com imenso prazer que eu lhe dou as boas vindas ao Castelo de Luz, uma das academias de magia mais conhecidas e prestigiadas de toda o mundo.

Aqui, você aprenderá a controlar a sua magia, a ser forte e a combater as muitas ameaças que este mundo nos reserva. Também poderá ficar conosco ao termino de seus estudos aqui. Os nossos ensinamentos não são como os de uma escola mundana, aqui você não receberá notas pelos seus feitos e nem será reprovada pelas suas faltas. Mas vale lembrar que tudo o que você fizer lhe trará resultado, bons e maus, positivos e negativos.

Não temos muitas regras por aqui, mas brigas, ameaças e outros tipos de conflitos serão punidos de acordo com as normas do castelo. Alunos não serão tratados com indiferença, mas esperamos que todos tenham diligencia em suas tarefas.

Também não iremos tolerar nenhum tipo de blasfêmia para com as nos-sas deusas patronas, em especial a deusa Hécate, a nossa guia pelos mundos dos vivos e dos mortos, aquela que nos dá forças nos momentos de fraqueza, a nossa luz em meio á escuridão, o bem entre toda a maldade.

Estas são as regras básicas que você precisará para conviver entre nós. Ao longo da sua estadia em nosso palácio, os alunos á guiaram pelos nossos cami-nhos e você poderá ter uma visão clara do que e para que nos estamos fazendo o que fazemos.

Muitos dos nossos alunos poderão ser um tanto quanto antiéticos mas você poderá confiar em todos para á auxiliarem em seus treinamentos.

Tenha uma boa noite

Atenciosamente

Lady Ariadne

Diretora e comandante do Castelo, Conselho dos Anciões da Magia.

Ao terminar a carta, meus olhos pesavam tanto que eu adormeci antes de encostas a cabeça no travesseiro. Não sei de onde veio tanto cansaço, mas o tudo o que me importava agora era ter uma longa e aconchegante noite de so-no tranqüilo.

Mas, aparentemente, o destino não me dava paz nem mesmo na incons-ciência.

Em meu sonho, estava em um lugar escuro e frio, a única luz que ilumina-va o recinto vinha de um buraco no teto, que me dava uma visão pouco clara do lugar em que eu estava. Era uma caverna.

Varias estalactites pendiam do teto, pontiagudas e pesadas, apontando para um lago azul no outro lado da caverna; algumas apontavam para o topo da minha cabeça e eu sai de baixo delas, com medo de que algo as fizesse se des-prender do teto. Do chão surgiam estalagmites ainda maiores e mais afiadas. Em todas as paredes da caverna, havia castiçais de prata lascados que estavam apagados, sem vida.

– Olá – eu tentei gritar, mas minha voz não saia.

Então, do nada, uma grande tempestade de raios começou a relampejar no céu, acima da caverna, mas nenhum dos raios caia dentro da caverna, o que era estranho, pois muitos deles batiam no buraco do teto, mas eram repilidos por um tipo de campo de força eletrico que faiscava toda vez que um raio batia nas pedras.

Com medo dos raios, eu me abaixei, me encolhendo ao lado de uma esta-lagmite grande e grossa.

A tempestade continuou por alguns segundos a mais, até cessaram do nada e três mulheres apareceram na caverna, acima do lago, como se flutuas-sem sobre a água.

A mulher da esquerda não parecia ter mais de dezesseis anos de idade. Ela tinha longos cabelos pretos, tão negros quanto a noite mais escura, os lábios eram pequenos e rosados e a pele era branca e lisa, com maças do rosto rosa-das e belas. Os olhos dela era verdes, mas eram de uma tonalidade intensa e tinham as pupilas mega dilatadas. Sobre os longos cabelos escuros, a garota usava um diadema de prata com duas luas no centro, uma minguante e uma crescente. Ela estava vestindo uma longa tunica de seda branca, com um xale da mesma cor sobre os ombros.

A outra mulher parecia ter trinta e dois anos, mais ou menos e, assim co-mo a menina, ela tinha olhos verdes intensos e dilatados. A pele dela era bron-zeada e tinha fracas marcas de rugas ao redor dos olhos e na testa, os labios eram volumosos e avermelhados e os cabelos dela eram pretos como breu mas possuiam mechas grisalhas entre os cachos definidos. Do mesmo modo que a garota, ela usava uma tiara de prata com uma lua crescente e uma minguante, mas, ao contrario da primeira, nesse diadema as luas eram separadas por uma terceira, uma lua cheia, que brilhava no centro da testa da moça. A mulher mais velha usava uma tunica de seda vermelha sangue e um cinto de elos de platina envolvia sua cintura.

A terceira mulher era uma senhora de idade; devia ter em média uns se-tenta anos. Os olhos dela eram verdes, mas leitoosos, como se o tempo tivesse lhe roubado o brilho. A pele da anciã era queimada de sol e extremamente to-mada pelas rugas e os lábios estavam rachados e murchos, com uma pálida to-nalidade vermelha. Os cabelos dela eram longos, emaranhados e brancos como gesso. O seu diadema era feito do mesmo matérial que os outros dois, prata po-lida, com uma grande lua cheia no centro, sem as outras duas luas. A sua tunica era longa e cor de pergaminho, feita com um material pesado com aparencia velha.

Não sei por que, mas eu tinha a estranha sensação de estar olhando para as três faces de uma mesma mulher, desde a juventude até á terceira idade.

– Olá, Taylor Sulley! –falou a mulher do meio, com uma voz melodiosa e bela, que me hipnotizava.

– Olá! – eu falei, meio sem jeito perante a beleza dela.

– Você sabe quem sou criança?

Normalmente, eu discutiria com ela por me chamar de criança, mas essa mulher tinha uma aura de poder e autoridade que me fazia temer abrir a boca para contesta- lá, assim como as outras duas.

Balancei a cabeça negativamente para a mulher.

Ela sorriu para mim, um sorriso belo e iressistivel de se corresponder. Eu sorri de volta para ela.

– Sou aquela que veio do passado, para lhe dar uma visão do que aconte-ceu nos tempos antigos – falou a garota, com uma voz ainda mais bela.

– Eu sou aquela que lhe dará uma ampla visão do presente, que lhe aju- dará a tomar decições e lhe trará paz, se você escolher corretamente; ou á envi-ará para as mais profundas trevas, se você não opinar correta e sabiamente.

– Eu sou aquela que veio do fututo – falou a anciã, com uma voz arras-tada, que parecia ser o barulho de lâminas sendo afiadas em uma pedra. – Eu lhe mostrarei os tormentos do destino que lhe aguarda se você fizer escolhas erradas em seu presente.

Então, em unisono, as mulheres falaram:

– Eu sou Hécate, deusa da magia, guia das almas pelas dimensões, mãe protetora das feiticeiras. Eu sou aquela que irá te dar escolhas e te guiará pelas sombras mais escuras.

Eu fiquei olhando a deusa seriamente, até que recuperei a voz e pergun-tei:

– Olá! – eu falei, parecendo uma retardada. – Desculpe-me a pergunta, senhora, mas por que você me trouxe até aqui?

A menina mais jovem sorriu.

– Eu vim á você, minha criança, para lhe dizer que todos os seus temores estão se levantando.

– Como assim?

– A Noite esperou décadas para ascender e agora chegou o momento de os humanos conhecerem os horrores que se escondem nas profundezas do Tártaro.

– O que eu posso fazer para parar isso?

– Nada! – simplesmente falou a garota.

– Como assim nada? – falei indignada. – Tem que haver alguma coisa.

As três mulheres se entreolharam e a mais velha falou:

– Somente uma filha da magia poderosa o bastante para despertar os primordiais poderá fazer os senhores das trevas voltar ao seu sono de escuridão e devolver a Terra ao seu estado natural.

– E onde eu posso encontrar essa feiticeira? – perguntei.

As três mulheres me olharam e disseram , de novo em unissono:

– Procure-a dentro de si e tome cuidado... muitos perigos a aguardam nesses dias negros e desolados que estão por vir.

– Procura-la dentro mim? Como assim? E quais perigos estão vindo? Por favor me responda.

Mas a deusa foi sumindo aos poucos e eu despertei com uma estranha sensação de que estava me afogando.


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