Filhos do Poder – Devotas da Magia escrita por Caio Loys


Capítulo 3
Devorador e Guardião




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– O que?

Nós três havíamos nos sentado e, assim como eu e Mirian, Fedra tomava um café expresso. Ela parecia totalmente normal para uma garota que chega do nada e diz que conhece meu melhor amigo e que ele está desaparecido a mais de uma semana sendo que a alguns dias eu falei com ele. Depois que eu falei isso para ela, Fedra me olhou muito séria.

– Quando foi a última vez que vocês falaram com ele?

Eu e Mirian nos entreolhamos

– Não sei... ontem, antes de ontem, não faz muito tempo.

A garota comprimiu os lábios e franziu a testa.

– Não pode ser pois ele não fala comigo á mais de uma semana.

Olhei para Mirian novamente e falei:

– Me desculpe a pergunta, mas quem é você?

Fedra me olhou séria.

– Eu já falei quem sou; meu nome é Fedra...

– Não!- Eu disse, quase gritando.- Eu estou perguntando Quem é você? De onde conhece Jack e como sabe meu nome?

Ela suspirou alto.

– Eu sou uma amiga de Jack e eu sei o seu nome porque ele me falou de você.

– Jack falava sobre mim? O que exatamente?

Ela deu de ombros.

– Basicamente o quanto ele gostava de você e de uma tal de Mirian e um Alexius.

– São nossos amigos, e essa aqui- eu apontei para Mirian- é a Tal de Mirian.

Fedra a olhou bem séria e disse:

– Olá!

Mirian não respondeu e fixou os olhos na caneca de café sobre a mesa. Eu olhei de Fedra para Mirian, depois o inverso, e assobiei.

– Taaaaaaaa legal! E de onde você conhece Jack?- perguntei para Fedra.

– Nós estudamos juntos em uma academia de treinamento.

Franzi a testa.

– Academia de treinamento? Treinamento de que?

Antes que ela pudesse responder, um forte uivo cortou o vento, um uivo que fez os pelos dos meus braços ficaram arrepiados; era o uivo de lobo, mas não um ou dois lobos, mas sim uma matilha de mais ou menos doze desses bichos. Mas... lobos no centro da cidade? Era mais provável que eu fosse visitada pelo Papai Noel durante a noite de natal.

Mirian e Fedra se levantaram em um salto ao ouvir o som.

– O que é isso?- perguntou Mirian.

– Parecem ser lobos.

Fedra olhou para Mirian e acenou com a cabeça.

– Tenho a estranha sensação de que não são somente lobos comuns.

– E o que são então?- perguntou Mirian.

– Eu tenho um palpite- disse Fedra.- Espero estar errada.

Todos os adolescentes que estavam no café já haviam se levantado e se juntado em um canto do estabelecimento; aparentemente não fomos as únicas a ouvir os lobos. Muitos dos que se agruparam naquele canto tinham expres-sões confusas.

Então um forte vento fez com que as portas do café fossem atiradas para dentro, arrancadas das dobradiças. Parado no batente da porta havia somente um lobo, mas ele era do tamanho de um caminhão de carga, com um pelo prateado e eriçado que parecia navalhas que saiam de seu dorso e olhos inteira-mente vermelhos que pareciam as chamas do inferno. As garras do lobo eram grandes e prateadas. O lobo titânico uivou e os vidro das janelas do café se quebrarão em mil pedaços. Era o mesmo uivo que havíamos ouvido antes e que, enganadamente, eu achei ser os uivos de uma matilha de lobos, mas era apenas um deles, mas um que valia por uma matilha inteira, ou mais de uma.

– Que bicho é esse?- perguntei para ninguém em especial.

– É Hati, o lobo que clama pela destruição da lua.

– O que?

Ao invés de me responder, Fedra abaixou-se e da bota preta retirou uma adaga de mais ou menos 25 centímetros de comprimentos, um cabo envolto em couro preto e lâmina de prata polida marcada com desenhos segmentados que não significavam nada para mim. A lâmina tinha um fraco brilho prateado; ou foi imaginação minha. Espero que tenha sido. Mas o que me surpreendeu não ela ter sacado uma faca, mas o fato de que Mirian fez o mesmo. Assim que Fedra impunhou a sua adaga, minha melhor amiga retirou a sua da cintura e começou a gira- lá nas mãos como se para ela fosse a coisa mais normal.

– Mirian, de onde você tirou essa faca?- perguntei.

Ela me olhou séria e disse:

– Me desculpe, Taylor, mas depois eu explico.

Ela e Fedra correram para cima do lobo que Fedra havia dito se chamar Hati e ambas começaram a golpeá-lo em todas as partes possíveis; ambas pareciam dois fleches de luz preta e vermelha que se moviam com a velocidade da luz.

Enquanto eu observava, Hati começou a contra- atacar os golpes das garotas com uma velocidade ainda maior. Mesmo sendo grandioso e, pelo o que pude ver, muito pesado, ele era rápido como uma onda que carrega tudo e todos ao seu redor sem deixar rastros ou vestígios de suas ações.

Fedra consegui cortar o olho esquerdo do lobo que soltou um gemido como o de um cachorro, mas o corte só serviu para deixá-lo ainda mais raivoso. Hati avançou em Fedra, deixando Mirian para trás, e a atingiu com sua cauda, que era grande e cheia de espinhos estreitos e de onde pingava uma gosma ver-de. A garota foi lançada para o outro lado do café, sobre o balcão de mogno pó-lido.

– Fedra!!!- eu gritei.

O lobo pareceu me ver pela primeira vez e avançou em mim com suas garras anavalhadas expostas. Mirian correu atrás dele e fincou a sua adaga nas costas da criatura; ao retirar a adaga, esta estava suja de sangue, mas... aquilo não parecia sangue, tinha uma espessura grossa e esverdeada, como a gosma que escorria de seus ferrões.

Assim como fez com Fedra, o lobo atingiu Mirian com sua cauda e a jogou contra a parede de cimento. Mirian caiu no chão e ficou ali, deitada, inconsciên-te, e não se mexeu mais.

E então chegou a minha vez. A besta veio para cima de mim novamente, mas ele não parecia ter pressa alguma para me matar, pelo contrario; parecia que a mim ele havia reservado uma morte lenta e dolorosa. Seus olhos verme-lhos fixaram- se nos meus e eu comecei a me sentir fraca e desamparada, mi-nhas pernas ficaram bambas e meus joelhos começaram a fraquejar de modo que eu quase caí no chão. Meus olhos pareciam duas pedras em minhas pálpebras, pesavam e eu tive dificuldade em fazê-los ficar abertos.

Minhas pernas cederam e eu caí no chão de cimento frio, mas não antes de vê-lo; não o lobo, mas o garoto do meu lado. Era ele, o rapaz dos meus so-nhos, literalmente. Mas dessa vez ele não usava mascara alguma e nem seu so- bretudo negro, apenas uma camisa preta, calça jeans escura e botas de couro negro. E, o mais assustador, ele tinha asas; eram as mesmas asas do anjo que eu vira atrás dele no meu sonho, negras, esguias e fortes.

Fiquei tão encantada pela aparição do meu querido Anjo das Trevas que me esqueci do lobo prateado. Hati veio para cima de mim, me mordeu no braço e me jogou na parede como se eu fosse uma boneca de pano. Não sei o que doía mais minha cabeça ou minhas veias que pareciam estar em chamas; minha visão ficou desfocada e eu só via vultos.

Ouvi um ganido agonizante e depois uma luz branca- prateada tomou conta da café, me cegando. Mas a explosão só durou uns cinco segundo e de-pois eu senti uma mão tocar meu ombro, a pele gelada pressionada contra minha que parecia estar em chamas, graças a mordida do lobo. A única coisa que eu conseguia ver era um par de olhos verdes que me fitavam enquanto eu tremia em espasmos.

– Você ficará bem, Taylor- ouvi uma voz masculina suave me dizer.

Depois disso, a mão gélida foi direcionada a mordida no meu braço e a queimação começou a ser suavizada, minha visão melhorou e minhas pernas readquiriram sustentabilidade. Olhei para cima e o garoto de olhos verdes dos meus sonhos estava me olhando de cima com uma expressão preocupada no rosto.

– Quem é você?- eu perguntei à ele.

Ele olhou para trás. Mirian e Fedra já estavam acordadas, mas tinham dificuldade em se levantar. Enquanto isso, o garoto continuava a me olhar como se para ele a coisa mais importante fosse a minha saúde e o meu bem estar.

– Ajude-as!- eu pedi a ele.

Mas o menino não se mexeu.

– Por favor, eu...

– Taylor!!!- gritou Mirian.

Ela veio na minha direção e me pegou nos braços; fiquei assustada pois ela ultrapassou o garoto e ele desapareceu, como se fosse feito de pura névoa. Meus olhos começaram a se fechar e tudo ficou escuro.

– Taylor...- começou Mirian, mas já era tarde e eu perdi a consciência, mergulhando no vazio.


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