Lembra-te que Morrerás escrita por Queen Scarllat Darcy


Capítulo 1
Sentença


Notas iniciais do capítulo

Bem espero que gostem, essa é minha primeira one :)Bem tenham uma boa leitura meus queridos :D



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“Bem-aventurado é aquele que sonha com a vida eterna...”

O que devo esperar desta doce melodia vindo de fora dessas grades? Não lembrava-me de como os gritos da plebe pedindo por sangue era tão delicioso de se escutar. Era impossível de eu esconder o sorriso. Oh céus! Como pude me deixar chegar a este ponto? Como posso ser tão tola e continuar a me perguntar sobre algo que eu sempre saberei a resposta, mas nunca irei de aceita-lá.

Que o senhor meu Deus tenha piedade de minha alma, que ele se lembre de minhas orações quando juntar-me a ele em seu plano celeste. Sou uma pecadora, e meus pecados me trouxeram aqui, mas em momento algum arrependo-me deles. O que mais eu haveria de querer senhor meu Deus? Eu pequei, sim eu pequei e assumo meu pecado, e se perguntarem-me se arrependo-me, oras, mas é claro que a resposta seria um educado e sonoro não.

Era impossível lembrar-me do que acontecera e não deixar um pequeno sorriso escapar de meus lábios, mesmo diante a tamanha tragédia eu não estava totalmente triste, a única coisa que me fazia sentir pesar era lembrar-me do olhar de meu filho quando os guardas me retiraram da sala do trono. “Como pude fazer isso com ele?” minha mente me traia aquele momento, meu sorriso com a mesma intensidade que brotara fora embora.

Lembrar-me de meu herdeiro, do meu jovem príncipe me fazia sentir agonia, desespero, dor. Imaginar no que o rei o transformaria quando minha sentença fosse dada causava-me calafrios. Fui irresponsável em não pensar no pequeno Gabriel, mas não aguentava aquela prisão que alguns me diziam ser uma vida maravilhosa.

Mentira!

Aquela vida nunca seria maravilhosa, ser uma rainha não é maravilhoso, ser uma rainha é humilhante. Não conseguia compreender como consegui manter-me casada com aquele homem nojento por tanto anos, mas claro não havia escolha, eu tinha de manter-me casada com aquele ser asqueroso, ele era o rei e havia me escolhido para ser tua rainha.

Maldita sejas minha mãe que está a queimar no inferno! Mulher desprezível que vendeu-me ao rei por algumas joias e um bordel. Sim meus caros, minha amável mãe trocar-me-á por um bordel. Ironia? Oh sim ironia. Uma mulher que crescera na igreja e se dizia religiosa, mas na verdade era apenas mais uma destas mulheres hipócritas que habitavam pelo reino.

Meus lábios ficavam amargos diante a lembrança de mulher tão desprezível quanto aquela. Queria poder levantar-me, mas as correntes em meus pés não permitiam, a única coisa que me era proporcionado daquela prisão imunda era o belo luar através da minúscula janela com grades.

Minhas pernas já estavam machucadas pelo aço da corrente bem sabia eu que se não morresse decapitada morreria por conta dos ferimentos que há semanas estavam sendo corroídas por ratos. Agora pergunta-me como uma rainha fostes parar em uma cela prestes a ser decapitada? Oras meus caros, devo dizer-vos que tudo ocorreu-me de forma simples e intensa. Quem poderia presumir que a rainha tivesse necessidades carnais? Pode parecer tolo, mas para a corte a rainha é apenas um troféu a ser exibido pelo rei.

Digno de pena devo dizer, era isso que eu era, digna de pena, uma rainha que fora submetida a um casamento infeliz. Foram os mais tortuosos quinze anos de minha vida, quando casei-me com o rei estava no auge de minha juventude eu era bela, mas estava longe ser a mais bela da corte. Deveria ter meus dezessete anos quando ocorreu a união, eu era uma jovem cujo o corpo tinha formas avantajadas, nunca fui miúda muito pelo contraria tinha formas redondas, meu rosto era belo, mas tinha maçãs ao invés de bochecha.

O cabelo liso? Enrolado? Uma mistura dos dois, não podia dizer que minha aparência conquistara o rei, uma jovem filha de uma duquesa falida nunca chamaria a atenção do rei que naquela época estava com seus sessenta anos. Agora digam-me, o que deveria sentir ao me casar com um homem cuja a idade era de meu avô? Oras a única coisa que poderias eu sentir era repulsa.

Aquele homem velho e desleixado, eu não era a mais bela das mulheres, mas ainda tinha minha juventude e uma aparência considerada de certa forma boa. Mas o rei. Ah’ o rei, aquele era um homem nojento, seu rosto era cheio de rugas, seu nariz torto, os olhos... Bem seus olhos me lembravam algo morto, era caído e cheio de pele. O sorriso, aquele sorriso nojento onde deixava seus dentes amarelos e tortos à mostra. Rei Afonso, oras um homem corpulento, sua barriga era grande, sua barba era mau feita, seu cabelo desgrenhado.

Quando tive que ter a núpcias com ele precisei lembrar-me que ele não se demoraria muito devida a idade já avançada e no meu intimo eu deseja profundamente que ele morresse durante a consumação do casamento. Perdoai-me Deus por isso, mas aquele homem só conseguia causar repulsa.

Mas esse homem asqueroso a exatos cinco anos deste-me o meu presente, a única coisa que conseguia manter-me sã naquela prisão humilhante, há cinco anos nascera meu pequeno Gabriel, meu pequeno anjo. O meu filho que agora chorava em seu quarto sentindo falta da mãe, mas que logo nem ao menos se lembraria que teve uma.

Pensar que meu filho poderia esquecer-me fazia com que meus olhos queimassem, a vontade de chorar era grande, eu já não conseguia evitar derramar algumas lagrimas. Eu jogara tudo fora por causa de um simples escritor plebeu. Sim um escritor plebeu.

A razão de estar aqui presa e de ter minha lembrança esquecida na mente de meu filho era um escritor, ele tinha cabelos compridos e oleosos, seus olhos eram castanhos, seu corpo era magro, um jovem de vinte e dois anos. Uma vergonha! Sim era uma vergonha eu rainha Jezebeth com meus trinta e dois anos, me envolvendo com um jovem escritor plebeu. Uma razão tola e estúpida, eu sei que isso fora tolo. Mas já não era suportável ter uma vida deprimente presa em um castelo sendo usada como objeto sexual de um velho que exercia suas vontades sexuais sem cuidado algum.

Era nojento escutar os gemidos dele por três minutos antes dele cair pesadamente sobre meu corpo. Já não era suportável sentir os lábios dele sobre os meus enquanto sua mão apertava meus seios com descuido e rispidez.

O jovem Samuel fizera-me sentir viva novamente, seus textos me faziam sentir uma onda nova invadir-me. Mesmo não sabendo ler eu podia tomar consciência de sua escrita pela boca dele, meu jovem escritor sempre lia o que escrevia e me fazia imaginar o que me era falado, eu estava viva novamente.

Meu laço com ele era mais do que simples desejo carnal, era carinho, mas não amor, nunca fora amor devo admitir, eu não podia me dar o luxo de apaixonar-me. Então começamos a nos encontrar escondido, durante alguns meses fora tudo tranquilo a cada dia me sentia mais viva, mas quando o rei me tocava ainda sentia repulsa, aquilo nunca mudara e eu sabia que nunca mudaria.

Com o passar dos meses chegou o dia que tanto temíamos o rei havia descoberto sobre minha traição, e aqui vim parar depois de uma surra dada pelos guardas a mando do rei, eu havia sido açoitada no meio da praça, todos haviam parada para ver a rainha nua tendo suas costas flageladas pelo couro e o prego.

Mas a minha dor não fora nada comparada a de Samuel que teve os dedos de sua mão esquerda cortados para que durante seu tempo confinado em uma prisão não pudesse se quer pensar em escrever. Aquilo havia sido o fim para meu jovem escritor.

Lembrar-me de tudo que acontecerá me fazia esquecer a hora, mas eu podia perceber que a cada minuto eu estava mais próxima da morte assim como meu jovem escritor. Já podia escutar os passos dos guardas em direção à cela, eu já havia aceitado meu destino no dia em que me entreguei a ele, mas ele ainda tinha uma vida toda pela frente, mas ela fora interrompida por um erro.

Quando a cela é aberta um homem alto entra começando a retirar as correntes pegando-me pelo braço me retirando de dentro dela, levando-me sem cuidado algum para longe daquele lugar imundo infestado de ratos. Ao sairmos do castelo a única coisa que me restou foi erguer a cabeça e escutar os xingamentos, sentir os tomates podres sendo jogados contra meu rosto. Aquela situação não era tão humilhante quanto aos anos em que vivi casada com o rei.

Eu já estava preparada para a morte, mas nunca estaria preparada para ver meu filho assistindo aquilo ao lado do rei. Meu coração doeu naquele momento e eu soube que mesmo fazendo o que fiz Gabriel era e sempre seria tudo que tinha, e eu nem ao menos pude despedir-me dele.

Não conseguia mais olha-lo tive de desviar o olhar e focar-me nas duas guilhotinas sobre o palanque de madeira, ao meu lado ficaria Samuel que já estava com as mão presas e a cabeça, quando terminei de subir a pequena escada apenas deixei que o guarda me colocasse em meu devido lugar.

Eu estava ao lado de Samuel presa e prestes a ser decapitada diante ao reino, a ultima coisa que consegui dizer foi que eu amava meu filho, depois desse pequeno sussurro as vaias e os olhares de dor do meu pequeno já não me incomodaram mais.


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Notas finais do capítulo

Bem perdoem algum erro.Espero que tenham gostado meus queridos.Criticas são sempre bem-vindas :) beijos queridos :*