_como não está ai? Eu mandei você pegar.

_eu sei, eu peguei. Não sei o que aconteceu, só não está mais aqui.

_ok, vamos pensar. Aonde você deixou essa mochila enquanto conversávamos?

_estava encostada no carro.

_algum animal pode ter pegado.

_mas tinha comida na mochila. Se algum animal fuçasse minha mochila pegaria a comida e não um anel.

E do nada tudo começou a escurecer, as nuvens cobriram a lua cheia, e ouve blecaute geral na cidade. E no meio daquela escuridão se vê um brilho dourado descendo do céu.

_vocês estão bem? – perguntou a luz

_es-es-estamos sim – respondeu Bárbara ao perceber que não era uma apenas uma luz, mas sim um homem. Não, não podia ser um homem. Era lindo demais. Com seus 1,80 metros bem distribuídos em um corpo musculoso e seminu, cabelos loiros em cachos perfeitos e os olhos... De um brilho azul que nem o mar tocado pela lua poderia ter, nem o céu de um paraíso imaginado pela criança mais pura poderia ter. Além disso, ele estava envolto em uma luz resplandecente.

_ótimo! Seu pai me mataria se algo acontecesse a você. – disse a voz mais linda que Bárbara já havia ouvido ou imaginado.

_quem é você? – perguntou ela

_eu? Ninguém importante. O que interessa aqui é quem é você.

_eu sou a Bárbara, muito prazer.

_olá Bárbara. Eu sou Apolo, Deus do sol, das artes, dos esportes, das profecias e dos médicos. Mas como eu disse isso não importa. Agora me diga uma coisa Bárbara... – começou Apolo – nossa, eu esqueci completamente o que eu ia dizer. É que você é muito linda.

_obrigada. Você também é.

_eu? Acha mesmo?

_o que estava dizendo? – disse Úrsula estendendo a mão para cumprimentar Apolo – não sei se me notou, mas estou aqui.

_Úrsula, mas é claro. Uma moça tão linda só poderia ter vindo de uma mulher de beleza semelhante. Sua filha é muito linda! – disse Apolo curvando para dar um beijo na mão de Úrsula.

_sem querer ofender Apolo, mas o que faz aqui? – perguntou Úrsula

_ofensa nenhuma. Hades me mandou.

_Hades, você tem falado com ele?

_ Claro que eu falo com ele. Ele é meu tio, só que com os deuses essa historia de parentes é menos valorizada. Por exemplo, o sobrinho de um deus pode namorar sem problemas a filha dele.

Bárbara ri. Úrsula percebendo isso logo diz:

_e o que você quer?

_falar com a Bárbara, em particular. – Apolo fala com um sorriso irônico

_vocês deuses são todos iguais. Não vou forçar ela a nada, ela vai se ela quiser.

_eu quero. – ela fala quase que imediatamente – quero entender minha história, meu passado e definir meu futuro.

_ótimo, pegue a sua mochila e a sua arma. – diz Apolo

_eu não tenho uma arma! – diz Bárbara

_é claro que tem, desculpa ter pegado sem permissão.

_está falando do que?

_do seu anel.

Com isso ele joga o anel de Bárbara para que ela apanhe no ar. Bárbara observa o anel atentamente pela primeira vez. Ele é dourado e preto, com algumas palavras gravadas em grego antigo: θα είναι πάντα μαζί σας! E ela estranhamente consegue traduzir para o português: estarei sempre com você!

_obrigada, mas onde está a minha arma?

_tão linda... Tão bobinha...

_o que disse?

_eu estava brincando, relaxa.

_você falou agora igual a um... Alguém que eu conheço.

_interessante. Mas agora vou te ensinar a usar seu anel. Faça exatamente o que eu mandar:

_e eu vou fazer o que? – perguntou Úrsula

_deixe as coisas dela aqui no chão e vá para casa. É o melhor que pode fazer. A Bárbara não é mais responsabilidade sua, ela já fez doze anos e como está previsto, deve ir para o acampamento.

_acampamento? Que acampamento? – pergunta Bárbara

_não se meta bárbara – disse Úrsula – ela não vai.

_está bem. É a mãe dela. – disse Apolo – só vou lhe avisando logo, quando um semideus se descobre o seu cheiro fica mais forte. Espero que esteja preparada para lidar com monstros disfarçados ou não, batendo em sua porta atrás dela. No acampamento ela seria treinada, preparada para enfrentar tudo.

_ambos sabemos que no acampamento não existe chalé para os filhos de Hades.

_isso já será resolvido. Você anda muito desatualizada, sabia. Hoje em dia existem chalés para todos os olimpianos, um chalé para Hades e chalés para todos os deuses menores. Mas eu não posso obriga-la a deixar sua filha vir comigo, então, meu trabalho aqui está acabado. – Apolo sai andando em direção ao penhasco – adeus Bárbara e boa sorte!

_eu vou te ver de novo? – pergunta bárbara

_olhe para o céu todo dia e me verá. Seu pai te ama muito. Adeus.

_adeus!

E com isso Apolo parte, do mesmo jeito que chegou. A lua volta a brilhar e a cidade se acende novamente. Bárbara e Úrsula ficam em silêncio olhando uma para a outra.