The Six Kingdoms: OS ORBES DO PODER! escrita por Crushing Punch


Capítulo 2
Capítulo 2 - Oakstride.


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo há o surgimento de outros personagens para compreendermos mais a história.



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Uma espessa nevasca varria os espíritos conturbados que estavam aprisionados nas montanhas do mundo de Krinsen. O temporal era tremendo, que não podia se enxergar nada a não ser os gigantescos e pontiagudos picos de Ikari. Mesmo sendo a província mais ao norte de Krinsen, Ikari foi surpreendida pela força da nevasca, e estava sendo duramente castigada.

Em meio a uma imensidão de neve uma única figura mostrava-se diferente. Voava por entre as galerias de gelo e vento como uma faca cortando a água. Não demonstrava nenhum sinal de cansaço ou de dor, e fazia o voo parecer fácil, como se fosse uma simples abelha circundando uma flor. Uma grandiosa, porém graciosa águia. Suas penas completamente brancas camuflavam uma envergadura de 3 metros. Seu bico e suas garras eram de um material parecido com um cristal, um pouco azulado. Seus olhos eram de um azul turquesa, e não possuíam pupilas.
A ave finalmente conseguira despistar a tempestade, e agora podia ver completamente o chão embaixo de si. Um belíssimo vale começava a desmanchar a camada de neve no chão, dando espaço para um campo esverdeado que refletia a luz do luar. A neve parou de cair, e a temperatura começou a aumentar gradualmente, sinal de que este território já não mais pertencia à província de Ikari. Árvores começavam a tomar espaço na paisagem, e uma brisa selvagem soprava as penas da águia.Chegara a Selvarya.
Logo a frente, em uma clareira no meio da floresta, um colossal cinturão de pedras cercava um imponente castelo. Inúmeras torres erguiam-se em direção ao céu escuro, iluminadas por tochas ardentes. Mas uma delas se destacava mais que as outras. A torre do meio era mais larga e mais alta, e possuía um brasão esculpido em suas rochas: Dois ramos de carvalho cruzados, um machado de fio duplo entre eles, e uma coroa logo acima. Lia-se “Oakstride”.
A águia sobrevoou os muros, casinhas e ruelas que circundavam o castelo, e efetuou um pouso suave com suas garras de cristal no parapeito de pedra de uma varanda da torre mais alta. Limpou-se da água que a atingiu no temporal em forma de gelo, e soltou um piado estridente. Logo a sua frente, depois da varanda, havia um portão de madeira aberto, com uma luz vinda de dentro dele. Um trono de prata estava entre a abertura do portão e a fogueira que iluminava fracamente as armaduras, o tapete antigo e as paredes da sala do castelo. O trono estava virado para a fogueira, portanto, não era possível enxergar quem o estava ocupando. A não ser por uma mão em repouso no braço do trono. Uma mão inteiramente coberta por pelos negros, armada com garras compridas e afiadas.

Ouviu-se algo que parecia um ronronar, e após alguns segundos, uma voz quebradiça inundou o salão.
– A que devo essa sua inesperada visita, minha cara Celestia?

A ave pulou do parapeito e pousou no chão da varanda no exato momento em que um clarão branco encheu as paredes negras do castelo de luz. No lugar em que a águia pousara, uma mulher aparecia, levantando-se. Tinha o cabelo loiro já meio grisalho e olhos do mesmo azul da águia turquesa da águia, que mostravam uma expressão de seriedade. Vestia um casaco de pele branco, que se abria para um decote, e uma coroa de cristal. Apesar da meia idade, Celestia Lawine ainda possuía um belo corpo.

– Aconteceu! Eles realmente foram separados, Syren! – Disse enquanto entrava no salão. – Podem estar em qualquer lugar! Um em cada canto de Krinsen!

– Hm... – Falou a voz por trás do trono – Imaginei que isso tivesse mesmo acontecido. Agora... O que eu me pergunto, minha cara, é quem, ou o que, fez isso. Tenho minhas suspeitas... Mas nada ainda muito concreto.
– Precisamos reuni-los urgentemente! Isso não pode voltar a acontecer! É inaceitável! Completamente inaceitável! Por enquanto só uma fenda foi aberta? – Perguntou assustada a mulher.

– Sim. Já mandei meu Comandante averiguar, e ela voltará nesta manhã. Precisamos convocar o Conselho dos 6, Celestia. Daqui dois dias. E então, decidiremos o que fazer.

– Meu povo já está ficando com medo, Syren! Precisamos agir imediatamente, não há tempo para enrolações!

– Por hora ficamos assim. Tenho a impressão de que Ágatha me trará boas notícias. Não demorarei a te contatar, Celestia.

– Assim espero. – E com essas palavras, correu e saltou do parapeito da varanda. A águia voltava agora para o caminho de onde veio, seguindo de perto o sol do amanhecer.

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Ágatha, ainda pisando sobre a cabeça do lobo, retirou sua espada do corpo morto do animal, e começou a limpa-la em outra espada idêntica à que efetuara o golpe. Eram espadas prateadas, de dois fios. Possuíam aproximadamente 90 centímetros de comprimento, do cabo até a ponta.

– Sou Ágatha Moonlight. E quem é você, seu moleque? – Trovejou
– Ãhn, meu n...nome é Bruce. Bruce Kings. O que foi que...? Quer dizer, onde estão todos? Meu tio, ele... Hoje é meu aniversário e... – Se arrependeu de ter dito aquilo depois que percebeu o quão idiota aquilo soou.
– Hahahahaha!! – Soltou uma risada sarcástica – Parece que você não sabe o que tá acontecendo né, pirralho? É o seguinte: Esse aqui provavelmente não é o seu mundo. Você deve ter sido transportado para este aqui enquanto... Erh... Dormia? Hahahahaha! – Continuou com a risada.

– O que? Este não é o meu mundo? Ei, qual é a gra... – Recebeu a resposta antes mesmo que terminasse de falar. Saíra de casa tão exacerbado que nem percebeu que ainda estava de pijamas.

A garota o examinava ora se segurando para não rir, ora com um olhar perplexo de curiosidade, como se tivesse saído de um casulo ao algo assim. Afinal, não é todo dia que se encontra um garoto de pijamas segurando uma foice negra de dois metros de altura. Tinha cabelos muito negros, um pouco acima dos ombros. Um corpo saudável e definido, que podia ser notado mesmo estando por baixo de uma armadura de prata. Uma pele branca como a neve, e um par de olhos tão azuis que eram quase brancos. Apesar de ser extremamente bela, seu olhar passava a impressão de querer comprar uma briga. E mais, dava a impressão de que não perderia essa briga nunca.

–Aí, fedelho do pijama! – Chamou enquanto enfiava as duas espadas nas bainhas, alojadas em sua cintura

– Bruce! –Retrucou

– Que seja! O que é isso aí que você tem nas suas mãos? Parece que você nem sabe manusear isso direito! Fracote!

– Bem... É uma relíquia da minha família. Sempre ficou no quarto do meu tio, mas hoje ela apareceu do nada, pendurada nos meus ombros pela alça. E o que você quer dizer com “seu mundo”? Eu não estou entendendo mais nada! E pare de me chamar de fracote!

–Hum... Isso é estranho. Uma arma nunca aparece nas mãos de um guerreiro, a não ser que... – E parou, como se tivesse se lembrado de alguma coisa.

– A não ser que?

– Vista-se. Preciso que você venha comigo.

– Ir aonde? Exijo que me responda! –Perguntou Bruce, começando a ficar nervoso.

– Ora, não seja mimado! Não torne isso mais difícil para você, moleque! – Disse com autoridade, fitando-o com seu olhar mortal – E traga essa sua foice.

Ágatha reparou que Bruce estava totalmente confuso, e tentou ser um pouco mais gentil.

– Escuta, se vier comigo, podemos descobrir o que aconteceu com a sua família. E outra, você não vai querer ficar aqui e virar comida de lobo, não é mesmo?

Não havia outra alternativa se não segui-la. Bruce entendeu na hora que ela não era o tipo de inimigo que ele queria ter. Descobriu só de olhar que Ágatha poderia perfeitamente mata-lo ali mesmo, com um só movimento, e ela não parecia estar brincando com aquelas espadas. Voltou para sua casa, colocou suas roupas habituais, e pendurou a foice nos ombros. Bruce olhava a relíquia como nunca tivera olhado antes. Reparava em cada detalhe, em cada escrito entalhado, apesar de não fazer ideia do que significavam. Tinha um desenho na lâmina, na parte próxima ao cabo. Três círculos. Dois na frente, e um atrás, com um risco passando bem no meio deles. Sabia que se tratava no brasão de sua família, mas nunca dera muita importância.

Seguiu no encalço de Ágatha, que ia para o meio da floresta. Enquanto caminhavam, Bruce a observava. Parecia saber muito mais do que simplesmente matar um lobo. Tinha uma personalidade forte, que demonstrava experiência.

–Mexa esse esqueleto, nós já estamos quase chegando. Quantos anos você tem, garoto?

– Fiz dezoito anos hoje. – Respondeu.

– Dezoito? Só pode estar brincando! Eu te daria uns quinze! - Disse novamente naquele tom sarcástico.

–Hm, ótimo. E você? Quantos anos tem?

– Não é da sua conta. – Cuspiu – Mas, vou continuar sendo gentil contigo. Eu tenho vinte e um.

Bruce se sentia cada vez mais inferiorizado. Primeiro, fora visto de pijama, correndo de dois lobos como um covarde. Depois, fora salvo por uma garota, e quase tomou uma surra desta mesma garota. E, pra fechar, descobre que é três anos mais novo que ela. Estava começando a reconsiderar sua hipótese de ficar ali e virar comida de lobo.

– Chegamos. – Disse, interrompendo os pensamentos de Bruce.

Bem à sua frente, no meio da floresta, havia um círculo suspenso no ar, com cerca de um metro e meio de diâmetro. Dentro desse círculo, uma paisagem completamente diferente, como se fosse uma foto, ou um filme. Era o topo de um morro, e logo abaixo, um belíssimo campo verde, manchado de arbustos. Ao longe na imagem flutuante, bem atrás dos campos, era possível identificar uma enorme construção, cheia de muros e torres: Um gigantesco castelo.

– Entre. - Propôs Ágatha.

– Entrar aonde? – Perguntou, confuso, mas já imaginando a resposta.

– No círculo, seu idiota! É uma fenda dimensional que liga este mundo ao meu mundo. – Disse ela, desaparecendo no círculo.

Bruce fez exatamente como ela. Levantou as pernas, e passou por dentro do círculo.

– Seu... Mundo? – Ficou perplexo com o que via. Era exatamente como se tivesse entrado na pintura. Estavam agora em cima de um morro. O clima tinha mudado, estava mais quente.Podia sentir o cheiro das plantas, enquanto uma brisa morna batia em seus cabelos manchados de branco. Ele se sentia maravilhosamente bem. Podia ver tudo: O castelo, os campos e um lago que não tinha reparado quando estava do “lado de fora”.


– Isso mesmo – Respondeu Ágatha – Você está em Krinsen. E aquele ali é o protetorado em que eu moro, Oakstride.

Continua...


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, Bruce e Ágatha chegam a Oakstride!