Forever & Always escrita por Duda Costa


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

https://www.youtube.com/watch?v=gD24sRU7Swk

Esse é o link da música, prefiro ela no piano version, acho que fica mais bonitinho. E ah, vejam a tradução da música também. Espero que gostem.

http://letras.mus.br/taylor-swift/1371246/traducao.html



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Lágrimas serpenteavam meu rosto enquanto meus pés se enterravam na areia daquela praia que parecia tão vazia sem ele ali do meu lado pra segurar minha mão. Tudo naquela época parecia tão certo, tão no lugar, era como se nada pudesse nos abalar enquanto sentávamos naquelas areias e fazíamos juras de amor, enquanto dizíamos que seria eterno, que seria para todo o sempre.

Quando fechava meus olhos era o rosto dele que eu via, eu sentia seus beijos, eu sentia seus abraços, eu ouvia sua voz e o sentia comigo, eu imaginava todos os momentos que tivemos juntos, aqueles que foram os mais memoráveis até o dia que ele resolveu que eu não o faria feliz.

Aquela era uma noite fria e insana, era terça e eu estava em uma festa, eu nunca ia as festa, mas fui obrigada por Glimmer que alegava que eu tinha que me divertir em algum momento da minha vida, apesar de sermos melhores amigas não tínhamos os mesmos amigos já que Glimmer era popular e eu, bem, eu não era, porém eu não fazia questão alguma de fazer parte da Cornucópia, que era como eles se chamavam, era bem idiota isso, mas alguém quer estragar sonhos de adolescentes populares? Claro que não.

Sentei-me no jardim da casa longe de toda aquela barulheira de músicas eletrônicas que não diziam nada e que só ritmavam os corpos dançantes na pista de dança improvisada na sala da casa, queria saber quando acabaria todo aquele sortilégio.

- Você veio a uma festa pra ficar sentada no jardim? – perguntou uma voz rouca atrás de mim e virei-me e dei de cara com Cato, o cara mais gato de toda a escola e mais idiota também, mas quem se importa? Se o cara é gato ele não precisa de um cérebro. – Olhando pra sua cara parece que você está presa em um pesadelo, vamos, levante-se e se divirta.

- Eu acho que cada um pode se divertir do jeito que quiser – retorqui – eu vivo em um país livre, e eu vim pra cá pra tentar ficar sozinha.

- Uau, não precisa ser tão rude - ele disse com um riso contido na voz e sentou-se do meu lado e eu revirei os olhos.

- Você não via me deixar em paz mesmo? – perguntei a ele retoricamente, pois eu sabia que ele não me deixaria me paz.

- Eu tenho que admitir – ele disse ignorando completamente a minha pergunta anterior – eu odeio festa.

- Eu acho que eu não perguntei – disse, revirando os olhos mais uma vez naquela noite.

- Eu vivo em um país livre e posso dizer que eu odeio festas – ele retorquiu rindo da frase que eu mesma utilizara anteriormente – ok, desculpe, eu só queria conversar com alguém e você parece ser a única pessoa sóbria aqui.

Dei de ombros e o olhei, eu me senti como se tivesse diante de algo realmente importante enquanto as suas orbes azuis me encaravam e eu me senti pra cima, eu me senti bem como nunca havia me sentido antes”

Eu amaldiçoava aquela maldita noite, a noite que ele me notou, era uma terça qualquer que eu devia ficar em casa estudando como sempre fazia, mas o destino parece tão injusto ás vezes, nada iria mudar, e por mais que eu queimasse com a dor e a cólera eu não mudaria nada do que acontecera, porque eu não me arrependia de nada, não me arrependia das barreiras quebradas e das entregas.

Seus beijos preenchiam toda minha face e eu ria tentando afastá-lo, até que eu desisti e apenas fiquei sentindo seus lábios passeando pela minha face, ele era tão perfeito até nos mínimos detalhes, ele fazia tudo tão certo, ele era tão perfeito pra mim.

Finalmente ele parou de beijar a minha face e me olhou confuso.

- Você está bem, meu amor? – Perguntou com os olhos passando a insegurança que eu sabia que ele tinha – Você parou de rir tão abruptamente.

- Não é nada – eu ri – eu estava apenas pensando que fomos feitos um para outro, que nos encaixamos tão bem e nos fazemos tão bem, que você é tão perfeito pra mim – eu sentia meu coração traiçoeiro bater tão forte contra meu peito que achei que ele fosse saltar dali a qualquer momento - que eu quero que isso seja eterno.

Ele desviou os olhos dos meus e pareceu ponderar alguma coisa, ele era sempre tão enigmático, eu nunca sabia o que se passava dentro da cabeça dele, eu nunca conseguia desvendá-lo e ele sempre me surpreendia, ele me instigava. Eu, com toda certeza, devia ser o contrário pra ele, já que era tão sem graça e ele sempre adivinhava o que se passava pela minha cabeça.

Ele levantou a cabeça e encarou meus olhos por alguns instantes e disse:

- Eu te amo.

Eu arfei, porque aquilo me pegara completamente de surpresa, eu já havia dito que o amava antes, mas ele nunca me respondia e eu nunca o pressionava, eu não podia obriga-lo a me amar, eu queria que ele dissesse de livre e espontânea vontade, eu queria que ele me amasse de verdade e ali estava ele dizendo que me amava e eu não sabia o que dizer, e eu sempre tinha alguma coisa a dizer de absolutamente tudo o que acontecia ao meu redor, ele era o único que me deixava sem palavras.

Eu não precisava responde-lo, ele sabia que eu o amava, então eu puxei seus lábios para os meus e quis mostrar a ele ali, naquele beijo, todo o meu amor.”

Meus olhos encheram-se de lágrimas mais uma vez naquela noite pensando naqueles meses perfeitos que seguiram-se, até eu ser sincera demais, até as brigas começarem e ele parar de tentar me compreender, até ele voltar a ser o idiota sem cérebro que costumava ser.

Ele estava rindo em uma mesa na hora do almoço com algumas líderes de torcida, elas estavam sentadas na nossa mesa e uma raiva descomunal subiu e me engolfou, larguei meu almoço em qualquer lugar e rumei para a mesa, quando me aproximei, elas e ele me olharam como se eu fosse a intrusa, como se eu não fosse bem-vinda.

- Preciso falar com você, Cato. – falei sem emoção

- Eu estou almoçando – replicou rudemente – Será que você não está vendo?

Suas palavras me atingiram como adagas, ele nunca falara assim comigo antes e eu me perguntava o porquê daquela atitude comigo, já quase não nos falávamos, parecia que a nossa ligação estava quebrando e virando meros farrapos.

Eu respirei fundo e fechei meus olhos, quando os abri eu os senti em chamas, não por lágrimas, aquele não era o momento pra chorar, mas sim de raiva, eu sentia a raiva queimando nos meus olhos e ele via.

Eu sorri de escárnio e disse:

- Você mais do que ninguém sabe que minha visão é perfeita – ele me desafiava com aquelas belas orbes azuis e as meninas não se atreviam a falar – eu não perguntei o que você estava fazendo, eu preciso falar com você e preciso que você venha comigo, do contrário, não precisa nunca mais olhar na minha cara.

Suspirei e me virei, esperava que ele me seguisse, ele o fez, o que me deixou completamente surpresa, fiz o caminho em silêncio, até que entramos na pequena sala do zelador que tinha chave na porta, ele entrou e a trancou.

- O que está acontecendo? – perguntei a ele me virando e encarando-o

- Eu que te pergunto – rebate ele com raiva contida na voz – você faz o maior show na frente das minhas amigas e eu tenho que explicar o que tá acontecendo, faça-me o favor, Clove.

- Eu faço o maior show? Elas estavam sentadas na nossa mesa, você anda me evitando a todo momento, é como se você não fosse mais você – alguma coisa dentro de mim parecia estar quebrando e eu tinha quase certeza que era o meu coração.

- Reveja tudo e pense quem não é mais quem, porque eu estou farto dessa situação.

- Se está farto rompa comigo, se você prefere ficar com elas e não comigo – eu me virei e olhei pra parede com infiltrações – se não me ama mais me deixe – terminei com um fiapo de voz e com algumas lágrimas insistentes querendo saltar dos meus olhos.

- Pare de drama, Clove – suplicou Cato pegando meu pulso e virando-me pra olhar para ele – você sabe que eu te amo – alguma coisa se inquietou no meu peito enquanto ele dizia aquelas palavras e me prensava contra a parede – eu não quero abandoná-la – ele sussurrou e limpou uma lágrima que desceu pela minha bochecha, então ele se aproximou do meu ouvido e sussurrou mais baixo ainda – Para todo o sempre.

- Para todo o sempre – sussurrei de volta e ele me beijou”

Na época eu não havia parado pra pensar se eu não tinha mudado com ele, eu sempre jogava a culpa no Cato porque, na verdade, a culpa era sempre dele, mas eu tinha consciência que havia mudado com ele, pois no começo do nosso relacionamento eu pisava em ovos e não dizia metade das coisas que eu gostaria realmente de dizer, e quando essa fase passou comecei a me abrir mais com ele e agora as palavras dele naquele dia fazia sentido, era dessa mudança que ele se referia, mas nada justifica, nada. Ele deveria me amar independente das minhas formas, porque eu sempre seria mesma, eu sempre seria dele.

Até que o dia chegou, o dia da nossa grande briga, o dia do nosso término. E só de lembrar disso meu peito se rasga em dor e eu me jogo de joelhos na areia da praia e meus soluços se juntam ao som do próprio mar.

Seus olhos estavam completamente irreconhecíveis de ódio e eu sabia que ele era direcionado a minha, mas eu não me importava pois sabia que os meus não estavam nem um pouco diferentes disso, agora eu estava cansada daquilo, de todas aquelas brigas sempre pelo mesmo motivo, sempre a mesma historinha boba.

- Eu estava fora da linha, hã? – soltei sem pensar, mas não me abalei e prossegui, aquele era o momento de falar o que eu pensava – Você é um completo idiota, Cato. Por que você está me evitando? Por acaso eu te disse alguma coisa sincera demais que te fez correr e se esconder como um garotinho assustado? – Eu me aproximei e olhei bem fundo nos seus olhos – Pensei que conhecesse você, mas agora não tenho tanta certeza.

- Então talvez esteja na hora de acabar com isso tudo, com toda essa situação cansativa, está tudo dando em nada – sua voz estava fria, sem emoção. – Acabou. Eu vou embora.

Ele pegou seu casaco em cima da minha cama e saiu pela porta. Eu estava ciente do que acabara de acontecer e quando dei por mim estava chorando em cima da minha cama e uma mão afagava minha cabeça e eu sabia que era Glimmer, não sabia como ela chegara ali e nem porque, ela sempre estava ali para me apoiar e eu precisaria dela mais do que nunca”

Eu o amava tanto, eu não tinha ideia da dimensão desse amor até perdê-lo, eu me entregara a ele, a Cato, de corpo e alma. Encaixávamo-nos perfeitamente, nos amávamos de uma forma avassaladora, agora tudo está perdido, agora tudo não passava de lembranças que deviam ser jogadas para as minhas profundezas, eu queria esquecer dele dizendo “para todo o sempre”. Eu estava lá quando ele disse, mas eu já não me reconhecia no meio daquilo. Agora parecia tudo errado. Eu me sentia tão lá em baixo, em alguns momentos, que eu chegava a não sentir mais nada, eu me sentia entorpecida.

As semanas que se seguiram foram as piores, Glimmer me levava à tira colo para todos os cantos, mesmo sabendo que eu encontraria Cato, ela dizia que eu devia mostrar a ele que eu estava superando, entretanto Cato me conhecia tão bem, eu não tinha como enganá-lo, eu não queria enganá-lo.

A hora do almoço era pior, Glimmer sempre sentava-se como resto do pessoal que incluía ele, sempre estávamos perto um do outro não nos olhávamos, não conversávamos e eu via que ele não estava bem, eu sentia que ele não estava bem.

Mas o que eu poderia fazer? Nada, eu não podia fazer nada. Eu não podia propor um brinde ao silêncio que me cortava pela raiz e esperasse que ele concordasse comigo na frente de qualquer um que fosse. Onde aquilo estava indo? Onde aquilo estava me levando? Eu precisava acabar com aquilo, eu precisava me livrar de tudo aquilo. Foi quando eu decidi aceitar a proposta de meus pais de me mandarem estudar fora do país. Longe seria mais fácil esquecer, longe eu me livraria daquele peso no meu coração”

Meus soluços cessaram, a minha decisão estava tomada, mas eu olhava no meu celular vendo se havia tocado, se Cato me ligaria e me fizesse desistir de tudo isso, eu queria que ele ligasse, eu queria que ele pedisse para eu ficar, porém, eu sabia que isso não aconteceria, eu precisava me conformar.

- Senhorita? – a voz do Sr. Hernandez, meu motorista, me despertou do meu torpor – Está na hora de ir, sinto muito.

- Está tudo bem – levantei-me e virei-me para segui-lo, sem olhar um última vez a beira daquela praia, era hora de deixar aquilo tudo para trás. – Podemos ir agora.

***

Entrei no aeroporto e encontrei Glimmer sentada em uma das cadeiras com os olhos vermelhos de tanto chorar e ainda marejados, ela ainda não se conformara com a minha partida, mas ela entendia ou um dia iria entender. Quando ela me viu, ela saiu de seu lugar andando rapidamente e lançando seus braços ao meu redor e soluçando.

- Não chore mais, Glimmer, eu vou voltar um dia, eu prometo – minha voz estava embargada, eu não queria deixá-la, mas era necessário. – Eu tenho que ir fazer o check-in, vem comigo.

Ela desvencilhou-se de mim e me acompanhou enquanto eu fazia o check-in, não iria despachar bagagem, mamãe me dissera que como o clima era diferente, fazia mais sentido comprar tudo novo lá, eu levava apenas o necessário em uma pequena mala que dava pra levar dentro do avião.

- Eu vou ter que ir para a sala de embarque – falei para Glimmer e seus olhos encheram-se de lágrimas pela milésima vez na semana – me perdoe por isso, eu juro que eu volto, apenas tente compreender.

- Não dá, mas eu tentarei – ela sorriu em meio às lágrimas – eu te amo amiga – ela me abraçou uma última vez e eu segui para a sala de embarque.

Eu seguia pacientemente na fila que estava para entrar na sala, mas era bem rápido e eu logo estava na porta dando meu bilhete e meu passaporte para o guarda checar, até que uma coisa fez meu corpo congelar, ou melhor, uma voz.

- CLOVE! – Eu olhei para ao redor e o guarda arrancou o bilhete da minha mão e passou naquele detector e eu ainda não tinha visto onde ele estava ou podia ser coisa da minha cabeça, o guarda fez em passar por ele e pegava o bilhete da mulher atrás de mim, mas eu ainda permanecia bobamente naquele lugar, com um único fio de esperança mantendo-me ali. –CLOVE! – Eu ouvi-o mais uma vez quando começava a me virar para entrar de vez na sala e agora eu o via tão belo como sempre fora, seus cabelos loiros estavam desgrenhados e seus olhos desesperados, eu não me movi, apenas o olhei e continuei olhando-o até ele chegar perto de mim o suficiente para não gritar –Clove – ele estava ofegante – Clove, não faça isso, não vá, por favor, eu preciso falar com você.

Olhei-o friamente, eu não tinha como evitar, eu me sentia machucada.

- Que seja rápido, eu tenho uma vida pra seguir. – respondi-o da mesma forma que eu o olhava, seus olhos encheram-se de dor e ele parecia atormentado. Sai daquela fila e fui para perto dele.

- Não vá, Clove – ele me suplicou – não faça isso com você, você ama essa cidade, ama sua vida aqui, não faça isso conosco.

- Não sei se você lembra, Cato, mas não existe mais nós – repliquei – eu preciso seguir minha vida e você fez questão de sair dela, agora me dê licença. – tentei me virar, mas ele segurara meu pulso e me impediu de sair de onde eu estava minha obstinação estava se esvaindo.

- Não, Clove – agora sua voz tinha dor – eu sinto muito, eu não devia ter feito o que fiz com você, eu te amo tanto, te amo mais do que nunca amei ninguém, eu fui idiota e tenho plena consciência disso, mas eu fiquei com medo, medo porque eu te amei tanto, medo porque me entreguei tanto, eu não sabia como lidar com tudo aquilo e acabei agindo estupidamente – ele tinha lágrimas nos olhos, o que me surpreendeu, porque Cato nunca chorava – não faça isso comigo, fique, eu juro que serei diferente dessa vez, mas não vá, eu não posso viver sem você. Volte comigo, por favor.

- O que vai me garantir que tudo isso é verdade? Você me machucou, Cato. – desvencilhei-me dele, mas fiquei no lugar. – Preciso de provas, não de palavras.

- Eu te darei todas as provas do mundo se ficar comigo aqui, mas hoje eu posso apenas lhe dar palavras, as minhas palavras e dizer que a minha vida sem você não tem o menor sentido. Eu me sinto vazio sem você, Clove.

- Cato, eu... – minha obstinação estava mesmo me deixando e eu sentia lágrimas pinicando meus olhos mais uma vez.

- Fique, por favor – ele implorou mais uma vez – Você se esqueceu de tudo? – ele olhou para os próprios pés. – Eu estava lá quando você disse para todo o sempre.

Minha determinação foi embora e eu cobri os espaços que havia entre os nossos corpos e o beijei vorazmente, beijei porque eu o amava tanto e eu não sabia o que seria de mim sem ele.

Eu sabia que estava arriscando, eu sabia que poderia ser a mesma que fora da última vez, mas eu precisava daquilo, eu o amava, o amor é incompreendido, ninguém precisa me entender, eu apenas o amava e prometemos para todo sempre que nos amaríamos e eu não queria quebrar aquela promessa que eu fizera com todo o amor. Eu tentaria outra vez, eu lhe daria outra chance, porque até mesmo o mais inescrupuloso dos homens mereciam segundas chances, eu daria uma à ele porque queria dar, eu o amava e isso era motivo o suficiente.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por terem lido até aqui, comentem o que acharam, sendo bom ou ruim.