Sobreviva Ao Seu Destino escrita por Ytsay


Capítulo 10
Banimento.


Notas iniciais do capítulo

Oie! Sentiram minha falta?
Estamos em uma época do ano que eu não escrevo. Mais ou menos isso, é biológico eu acho (eu só comecei a escrever a outra interativa minha em fev, e não me lembro de em alguma vez como “escritora” estar escrevendo algo em janeiro). Então tirei uns dez dias de recesso. Só que acho que devia ter avisado antes... :S
Esse capitulo é o que consegui. Ainda acho que tem alguma coisa que podia ser melhor, mas eu não encontrei, e não sei, e vai ser isso mesmo. Ainda estou sem muitas ideias ou ânimo, então me perdoem por atrasos.
Anteriormente: Estamos em uma colônia de milhares de anos no futuro, pós-destruição de humanidade, pós-destruição de tecnologia e pós-desenvolvimento de uma nova biodiversidade desconhecida. A colônia tem sua hierarquia e os segundos filhos são os menos beneficiados. Nos capitulosanteriores conhecemos a vida de alguns que não eram primogênitos, mas foram criados por sua família até que o governo achasse que deviam leva-los, e conhecemos as historias de alguns órfãos que desde cedo, ou após algum fato, foram mandados para o Abrigo do governo, forçados a trabalhar e receberam alguns treinamentos para o que estava no destino deles, e de todos os que não fossem primogênitos. Mas, dos segundos filhos ainda tem uma parte que ficou, muitos escolhidos para ficarem por alguma habilidade, conhecimento ou utilidade futura. Porém essa porcentagem não supera a quantidade dos que vão ser mandados embora com o Banimento.
—Boa leitura.



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Muitas pessoas estavam lá para assistir ao evento, não era sempre que os portões eram abertos, e muitas delas não tinham nenhum motivo para estar justamente no portão 22 do lado sul da colônia.

Charli, a menina de cabelos platinados, observava aqueles habitantes se indignando da forma que eles tratavam aquele momento ruim, como um evento importante e curioso.

Na frente do grupo, o comandante que os guiava mandou que seguissem um percurso de alguns metros em fila única. O grupo de banidos se viu sendo cercado por alguns soldados, que fizeram uma barreira para isolar um corredor das pessoas curiosas que arcavam as cabeças para ver os órfãos que buscavam se adequar na fila no centro da passagem.

Charlotte, no meio da fila, espiou para onde ela ia: Lá na frente os primeiros chegavam a uma mesa á esquerda da passagem para uma área cercada com alambrado de chão de terra avermelhada batida e até o momento vazia. Na mesa havia um oficial que perguntava alguma coisa ao órfão que parava diante dele, anotava algo em uma folha e depois dava uma ordem á outro soldado para passar uma mochila grande preta, com fechos, zíperes e vários compartimentos; retirada do meio um monte alto de outras iguais que estava atrás da bancada.

Charli recebeu sua mochila, que era mais pesada do que tinha pensado, mas não reclamou, e seguiu para dentro da área arredondada diante da passagem, ainda fechada, para o lado de fora. O portão 22 encrustado na muralha era envernizado, negro e grosso; seu tamanho girava em torno de dez á doze metros de largura e possivelmente oito de altura; no verso dentro da colônia era reforçado por barras de ferro verticais e horizontais que se cruzavam fazendo um desenho de tabuleiro. Enquanto os outros entravam no espaço, Charlotte caminhou para um canto próximo da cerca arrastando sua mochila, e resolveu investigar o que ela continha; como alguns outros estavam fazendo.

–Nossa, olha o tamanho daquela garotinha perto da mochila. -Piper falou soltando sua mochila na frente das pernas e olhando Charlie se isolar e abrir alguns zíperes. –Deviam ao menos fazer algo que todos pudessem carregar sem problemas.

Um baque ao lado e Piper foi mais rápida para pegar a bolsa de roupa e entregar á dona, que tentava de alguma forma enfia-la em alguma parte da mochila.

Aurora sorriu agradecendo e falou enquanto conseguia um lugar para a bolsa de roupas:

–Mas parece que ela não é nada boba. É bom também descobrirmos o que tem na mochila, antes que esse lugar fique cheio demais.

Piper observou a garota, analisando os cabelos castanhos e os olhos claros, parecia uma pessoa legal.

–Interessante à cor de seus olhos. -comentou a ruiva. -Esse amarelo me faz lembra o olho de um gato.

–É mel. - Aurora sorriu. -Também achava que parecia com os de gatos quando era uma criança.

As duas conversaram um pouco enquanto vistoriavam a mochila. Piper era quem mais falava e só ficou um pouco mais muda quando Aurora mencionou que o pai dela estava em algum outro portão passando pela mesma coisa. Conhecerem-se as ajudou para descobrirem se todas as mochilas tinham a mesma coisa. Elas compraram os itens uma com a outra e eram iguais. Tinha algumas cordas, cantil cheio de agua, um canivete, uma faca com bainha, kit de primeiro socorros básico, um misto de panela e pote, kit de faísca para fazer fogo, kit de costuras e muitos outros kits uteis, além de uma capa grossa e impermeável que lembrava couro, mas um item muito complicado de tira da mochila ou ver por completo naquele lugar.

–--

Cheryl estava no meio da fila, levaria um tempo para ela saber o que tinha a frente, quando alguém a surpreendeu apoiando um braço sobre seus ombros e ficando ao lado dela.

–Você me assustou, Will. –disse fria e se mexeu para tirar o apoio dele antes de retomar a concentração e a feição séria.

–Hm. Se não tivesse me dito eu não saberia que consegui tal feito, Cheryl. –Ela o olhou de soslaio rapidamente. E ele realmente não saberia.

–O que estava fazendo aqui? Seu portão não é pra lá?

–Nossa, e também não saberia que tinha tanta consideração por mim se não me dissesse isto. – Will falou irônico. - Mas, te respondendo, estava muito chato lá. Parece que vão demorar um pouco para nos expulsarem como planejam e resolvi te dar uma escoltada até ali. Sabe, para nenhum marmanjo desse grupo ficar de olho.

–Escoltada? -Cheryl o olhou erguendo levemente um das sobrancelhas. -Eu não quero você atrás de mim. Já não basta todo esse tempo te suportando.

Will riu.

–Mas bem que antes você não reclamava da minha companhia independente do momento.

Mas bem que Talvez eles te deem um choque quando você voltar do seu passeio.

–Quem disse que vou voltar?

–E qual é a sua ideia?

Ele exibiu um sorriso torto e voltou a apoiar o braço sobre ela e olhar a fila a frente.

–Não sei. Ficar aqui até me obrigarem a sair, observar suas concorrentes de grup... Oh, nossa! Olha aquela Cheryl...

Will apontou uma das garotas na fila adiante e falou com liberdade destacando o que via, querendo Cheryl ouvir ou não. Pouco depois disse que ia falar com ela e se afastou, e assim chegou mais rápido na mesa, onde os soldados desconfiaram e perguntaram seu nome, ele foi identificado e acompanhado de volta ao seu portão. De longe Will, sorriu e deu um tchau para Cheryl. Então inesperadamente a visão dela foi atraída por uma menina pequena e magrinha, que cortou a fila vinda do meio da plateia e correu desesperada para a bancada e o cercado. A seguir um soldado com um colete diferente dos outros que estavam mantendo o corredor, surgiu da mesma forma e no mesmo lugar, mas ele parou e observou os dois lados da fila com uma cara séria e atenta. Cheryl supôs que ele estava procurando a garotinha. Os outros oficiais se aproximaram dele, intrigados com sua presença, e o soldado do outro departamento abafou o motivo de estar ali e recuou para o meio da plateia desistindo de sua procura.

–--

Henry saiu de sua cela algemado e acompanhado de dois soldados. Na rua procurou por qualquer um de sua família, mas eles não estavam por lá.

Após andarem por algumas ruas á caminho do local do banimento, Henry ouviu a voz ansiosa de sua mãe:

–Ele esta ali, Kennedy! Vamos.

Henry parou e se virou. Viu sua mãe se aproximar com um sorriso largo e o abraçar apertando com seu pai a acompanhando. Ele retribui o sorriso e os abraços, e a seguir os oficiais o mandaram continuar andando.

–Não encontramos seu irmão há dias, Henry. -disse o pai dele caminhando ao seu lado. –Eles não aceitaram nenhuma das prova de que você não é o Anthony. Até mesmo ignoraram os depoimentos de todos os seus amigos. Só seu irmão poderia te tirar dessa... - Johanne começou a chorar, fazendo o marido se calar.

–Não se preocupe mãe. -Henry sorriu e a olhou, sem parar de andar. -Vou sobreviver, pode se convencer disso. Sei correr rápido e fui muito bem alimentado, se lembra? Ninguém pode me pegar. -e riu vendo a mãe sorrir do que ele disse.

Logo chegaram ao portão 22. Os outros soldados impediram que os pais dele o acompanhassem na fila, que já estava se esgotando, e eles seguiram Henry com o olhar. Um dos oficiais que o acompanhava tirou-lhe as algemas e o deixou sozinho na fila única. Havia umas seis pessoas na frente dele, a mais próxima era uma menina pequena, que muito mal lhe chegava à altura dos ombros, de cabelos loiros e ondulados.

–Nome?- perguntou o soldado na mesa próxima do portão, para a adolescente loira quando eles chegaram.

–S-suzanne Henderson. -Suzie gaguejou e se avermelhou levemente com o homem a encarando fixamente.

–Ah, é a menina que ia se passar pela irmã morta? -o soldado disse com curiosidade, mas ela apenas desviou o olhar para os sapatos.

–Irmã morta? -Henry perguntou intrometido, mas foi ignorado pelo soldado e observado rapidamente por Suzie, que desviou olhar timidamente para a prancheta do oficial.

–Aqui. Segundo filhos criados pela família: Suzanne Henderson. - falou o soldado rabiscando o papel. Depois fez um sinal para o outro oficial que jogou a mochila por cima da bancada para Suzie.

Na vez de Henry, ele insistiu em usar o próprio nome. O soldado ficou irritado quando ele disse a mesma coisa pela quinta vez. Mas, notando a confusão se formando, um dos oficiais que o acompanhou desde a prisão se aproximou e entregou logo que Henry era Anthony. O homem marcou no formulário a presença na frente do nome de Anthony e indicou que passassem a mochila sem muita paciência.

Assim que entrou livre no cercado, Henry se lembrou da garota com a história de irmã morta, e foi atrás dela. Suzie estava tímida, mal sustentava o olhar dele quando começaram a se falar, e depois ela contou a história resumida com varias hesitações; apesar de Henry dizer algumas coisas que a fazia sorrir e se soltar um pouco, ela parecia lutar para se controlar.

–--

–Hm! Nada de armas. -murmurou Rose depois de saber o que tinha na mochila. -Como esperam que enfrentemos seja lá o que tiver do outro lado?... Querem nos matar mesmo.

–Basta a faca e um pedaço de madeira boa. Então se pode conseguir alguma coisa mais ameaçadora. –Pietra disse sem expressão na voz, olhando a movimentação dos soldados fechando o portão de alambrado do cercado.

Rose deu uma olhada para a menina atrás de si e concordou com um gesto de cabeça.

“Silencio e atenção!” disse uma voz masculina e grossa de um alto-falante que soava em todos os portões ao mesmo tempo. “Hoje daremos a liberdade vocês, a liberdade que nós que ficaremos nunca teremos. Embora lamentemos intensamente essa perda, é uma ação necessária para o bem da colônia e de todos os que ficarem. E sabemos que vocês têm todas as capacidades para conquistarem o mundo.” E o homem falou um monte de coisas que eles lamentavam e seriam lembradas após a partida de todos.

“Planejamos este dia há meses. Assim, preparamos essa mochila com os kits mais básicos que pudemos reunir, e nas pelas próximas semanas podem ter a sorte de encontrarem outras dadivas que lançaremos. Como conselho a todos, dizemos que busquem as coisas mais vitais para sua sobrevivência nesse mundo que irão desbravar; como água, mas não confiem em primeira vistas, abrigo, porém cuidado onde descansarão, e comida, usando o que aprenderam nesses anos de treinamento...”

O discurso desse homem desconhecido ainda relembrou outras épocas, e contou a historia do caos que a colônia ficou na época em sua lotação passava do máximo e foi decidido criar o banimento. Mas no fundo cada um daqueles órfãos, que estavam prestes a ser expulsos, não encontravam a razão de ainda fazerem o banimento com tantas pessoas se a colônia estava bem equilibrada a anos. Mas alguns podiam suspeitar que o governo, autoritário, egoísta e impassível, queria manter a ordem, seguindo as mesmas regras de anos atrás, para não criar fantasiosos problemas futuros, como aconteceu no passando com a abolição temporária dessa expulsão. Eram preguiçosos que queriam manter o estilo de vida e não iam rever as leis para mudar as coisas.

“Agora, vou dizer algumas coisas que devem saber.” uma voz mais jovem, ainda de homem e ríspida, tomou lugar. “Assim que saírem terão seis horas para se afastarem da muralha e depois o gás que usamos para manter as criaturas longe dos muros será reativado e espalhado. É uma garantia para que não deem um passo para trás e para a própria segurança da colônia. A primeira redoma de auxilio será lançada em duas noites. Estejam todos atentos ao céu.” O homem soltou um riso baixo, ou pelo menos pareceu isso pelo som. “Queremos que sobrevivam. Estaremos esperando noticias se conseguirem manda-las. Desejamos a todos sorte! E adeus.”

S-K suspirou tenso depois de ouvir aquilo. Estava o tempo todo apagando a existência de D-I da memoria já que não a tinha encontrado. A mochila já estava nas costas, com os cintos afivelados, presos na cintura e no tórax. O grupo reunido no cercado diante do portão era grande, talvez chegando a cinquenta pessoas ou um pouco mais, e ele mal tinha visto de longe a grande maioria.

Na sua frente um garoto de cabelos castanho um pouco crescido chamava sua atenção por estar imóvel e pálido, encarando a frente sem ver, talvez até tremendo de minuto em minuto. Logo o rapaz pressentiu o olhar de S-K, e virou o rosto, encontrando o olhar cinzento dele rapidamente. Mas Fritz não o encarou por muito tempo. A seguir S-K foi estremecido por braços que o envolveram na cintura em uma colisão bruta embalado por uma corrida, e deixou de prestar atenção em Frederico.

O peso da incerteza do que houve com a única para quem prometeu algo evaporou. Seja lá o que for que se instalou nele quando a conheceu, ressurgiu.

–Onde você estava?- ele perguntou ignorando o que estava acontecendo em volta, sem conseguir afastar a menina de si.

–Eles me arrancaram da cama cedo. -disse ela sem a menor vontade de se afastar. –Queriam me esconder, até tinha um homem me vigiando. Eu fiquei com muito medo, não sabia o que eles iam fazer. Mas antes que me levassem eu fugi pelas ruas da cidade, me escondi até dar essa hora e vim pra cá. E você disse que íamos juntos!

S-K assentiu lentamente e foi distraído pelo som de uma sirene que silenciou tudo e qualquer outro som. As pessoas que assistiam o evento foram obrigadas a se afastarem alguns metros do alambrado - parecia que havia alguns parentes ou amigos na plateia que se despediam através da cerca. A seguir veio o rangido dos pesados portões se abrindo para fora.

D-I mantinha S-K entre os braços e seguiu o movimento do rapaz quando ele se virou pra ver o que estava além da muralha.

Eles estavam diante de uma trilha de areia alaranjada que ia até alguns metros após a passagem, depois desaparecia em um mar de pedregulhos azulados e cinza banhados na luz do sol das dez horas. O tapete de pedras sumia engolido por um declive á uns quinhentos metros. Essa paisagem se estendia á mais de um quilometro, chegando á algo verde, extenso e enevoado, que subia uma colina no horizonte; Além disso tudo era desconhecido e oculto.

Uma ordem ecoou os mandando sair. As pessoas diante do enorme portão começaram a andar com passos hesitantes em direção ao que o destino lhes tinha reservado. S-K e todos os outros foram arrastados e obrigados as saírem pela correnteza. Nenhum dos órfãos daquele portão retornou ou tentou ficar, mas se tentassem havia os mecanismos elétricos na grade, além das armas para sedar o arruaceiro que mais tarde seria deixado do lado de fora.


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Notas finais do capítulo

E isso que imagieni sobre o banimento. :D
Esperam que tenham apreciado alguma coisa de capitulo, o refiz umas três vezes...
Eu colocaria o “Preview” do próximo capitulo, é o que costumo fazer, mas não tenho um aproximo... :T
Perguntaria se tiveram alguma duvida, mas dependendo da pergunta eu posso informar coisas consideradas spoiles sem nem perceber, e eu não tenho controle. Mas se tiverem é só dizer.

Seguinte, estou arrecadando musicas de leitores (eu gosto de saber as musicas que as pessoas estão ouvindo, e se tiver uma para me indicar ajuda-me a pensar em algumas cenas das historias). Estarei prestando atenção nas sugestões.

Obrigada por ler!
Agradeço aos todos que comentaram no capitulo anterior!