Até Você Voltar escrita por mybdns


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês, um beijo e obrigada pelos reviews!



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"Mostre-me como é sonhar em preto e branco
Então eu poderei deixar este mundo hoje a noite
Me segure, eu estou firme demais, respire o ar da vida
Então eu poderei deixar este mundo pra trás..."

(Unknow Soldier, The Doors)

Aquilo não podia estar acontecendo. Aquilo era um pesadelo, muito, muito ruim, mas era real. Meu Ezra se fora. Eu não sabia o que fazer, eu não sabia o que dizer. Eu só queria chorar e chorar. Nós tínhamos tantas coisas pra viver. Nosso filho pra criar. Eu devia tê-lo abraçado mais, tê-lo beijado mais. Ter dito que o amava mais vezes. Agora nada disso importava. Ele tinha morrido. E eu estava aqui. Sozinha e perdida.

Eu não me lembro do que veio a seguir. Eu só sei que acordei no outro dia, quase duas horas da tarde, com papai sentando do meu lado.

– O que houve? – eu perguntei, um pouco sonolenta.

– Nada, só vim ver se estava bem.

– O que você acha?

– Eu sinto muito, Aria.

– Sente mesmo?

– Não sou um monstro, filha.

– Ok. – suspirei fundo e ele me abraçou.

– Vai ficar tudo bem, princesa. O tempo irá curar suas feridas. Tenha fé em Deus.

– Obrigada, papai. – papai estava sendo legal, mas eu sabia que estava falando aquilo só da boca pra fora. Finalmente para ele, o Ezra estava fora do caminho, para finalmente, eu me casar com Noel.

Os dias que se seguiram foram os piores. Fiquei a maior parte do meu tempo dentro do meu quarto, chorando. Peguei uma foto do Ezra que eu guardava debaixo do travesseiro e consegui sorrir. Ele não queria me ver sofrendo, disso eu tinha certeza. Eu tinha que ser forte, porque afinal, eu estava carregando uma criança no meu ventre. Eu tinha que seguir em frente e criá-la, com todo os amor do mundo. No dia seguinte, fui ao médico e ele confirmou a gravidez. Sai de lá um pouco desnorteada, pensando nas possibilidades que eu tinha, até que escutei passos atrás de mim. Virei para trás e era Noel.

– Oi Aria.

– Oi.

– Eu soube do Ezra, eu sinto muito.

– Tudo bem. Obrigada.

– Você ta legal?

– Estou, na medida do possível.

– O que estava fazendo no médico?

– Nada.

– Pode me contar, se quiser.

– Eu estou grávida, Noel.

– Oh, Aria.

– Eu não sei o que fazer.

– Uma criança é um presente de Deus, querida.

– Eu sei. Só que o meu pai irá me expulsar de casa. Ele jamais aceitaria uma filha sua ser mãe solteira.

– Eu tenho uma idéia.

– Acho que nada adiantará.

– Case-se comigo, Aria.

– Você ficou louco, Noel?

– Não. Eu prometo não te obrigar a se deitar comigo. Eu serei apenas um pai para o seu filho e o criarei. O que você tem a perder?

– Noel, eu sei que você gosta de mim. Eu também gosto de você, mas não quero quebrar seu coração. Eu não te amo do mesmo jeito que você me ama, Noel. Eu sei como seria difícil pra você se casar comigo e não me ter como uma esposa de verdade.

– Eu não ligo pra isso. Eu só quero te ajudar, Aria. Não suportaria vê-la expulsa de casa e humilhada. Eu já vi isso acontecer com tantas moças...

– Noel...

– Apenas pense. Com carinho. Por favor?

– Prometo que irei pensar, mas não vou garantir.

– Tudo bem. – ele sorriu e eu vi um brilho de esperança em seu olhar. – posso te acompanhar até sua casa?

– Claro que pode. – ele me acompanhou até em casa e foi embora.

– Você estava com o Noel? – perguntou papai, sorrindo.

– Sim. Fui até a praça tomar um pouco de ar e na volta nos encontramos. Ele me acompanhou até aqui.

– Hum. Bom, muito bom.

– Ele não quis ficar para o almoço? – perguntou mamãe.

– Não. Ele precisava voltar para o escritório. Se me dão licença, irei para o meu quarto. – revirei os olhos e subi para o meu quarto.

Pensei em sua proposta. Pensei em como minha vida iria mudar se caso eu a aceitasse. Pelo menos, meu bebê teria um pai que com certeza iria amá-lo muito. Porém, eu viveria o resto da minha vida com um homem que eu não amo e não seria feliz. E eu não queria magoá-lo, de forma alguma. Logo veio a imagem de Ezra em minha cabeça. Ele adoraria descobrir que seria pai. Nós ficávamos horas debaixo da nossa macieira discutindo sobre qual nome iríamos colocar em nossos cinco filhos. Eu dizia a ele que queria apenas um, mas ele insistia que queria cinco, para que quando ficássemos velhos, termos bastante gente para cuidar de nós. Eu ria e ele me abraçava. Quanta falta ele fazia! Como eu queria que ele estivesse comigo agora, que beijasse minha testa como sempre fazia e me dissesse que tudo iria ficar bem... Tudo o que eu tinha eram apenas lembranças, que me doíam.

Após um mês e após conversar com mamãe, Mona e Spencer, decidi aceitar a proposta de Noel.

– Sério, Aria?

– Sério. Eu sou muito grata pelo que você está fazendo por mim, Noel. Sabe, depois de tudo o que eu te fiz passar, não correspondendo o seu amor, você não era obrigado a me ajudar, mas mesmo assim, você está disposto a viver uma vida infeliz ao meu lado.

– Não vamos ser infelizes, Aria Nós viveremos como irmãos. Eu vou dar o meu nome para o seu filho, cuidarei dele como se fosse meu. Quem sabe eu não consigo, com o tempo fazer você me amar, pelo menos um pouquinho?

– Você me surpreendeu, Noel. Sua atitute foi a mais nobre que eu já vi na minha vida.

– Eu não vou te decepcionar, Aria.

Noel beijou minha mão e nós almoçamos juntos. No dia seguinte, ele foi pedir a benção de papai e mamãe.

– Então, senhor e senhora Montgomery, eu gostaria de pedir a mão de Aria em casamento. E gostaria que vocês nos dessem a benção.

Papai deu um largo sorriso e deu um gole em seu uísque.

– Mais é claro que eu abençôo. Com muito prazer. Eu sabia que vocês tinham nascido um para o outro.

– Eu também abençôo. – disse mamãe, dando um sorriso amarelo.

– Queremos nos casar o quanto antes. – eu disse.

– Isso é ótimo, filha. Isso prova que você não amava o tal professor tanto quanto você falava.

– Sim. – disse contrariada.

– Eu fico feliz por vocês. – disse Mike, nos abraçando.

– Eu também. – disse Mona, fazendo o mesmo.

– É um dia de muita alegria para nossas famílias, que são amigas e sócias há anos e que agora, estão unidas por nossos filhos. Vamos brindar. – disse o senhor Khan. – Saúde!

– Saúde. – dissemos batendo nossas taças. Depois, nós jantamos e Mona tocou piano. Fui para o meu quarto e Noel foi atrás.

– Eu sinto ter que te fazer passar por isso. – ele falou.

– Tudo bem.

– Toma. – ele disse, abrindo uma caixinha vermelha com um belo anel brilhante dentro.

– Nossa! É lindo, mas não precisava disso.

– Somos noivos agora. E temos que manter a aparência.

– Tudo bem. – Noel colocou o anel em meu dedo e sorriu.

– Ficou lindo em você.

– Sabe o que é lindo de verdade?

– O quê?

– Este céu. – eu falei, apontando para o lindo céu estrelado de Nova York.

– Você tem razão. – fomos para a sacada e ficamos lá, ouvindo o disco do Bob Dylan e olhando as estrelas.

– Você vai ser feliz ao meu lado, Aria.

– Tomara.


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