Estou de costas preparando o café da manhã quando sinto algo se movimentando atrás de mim, e de repente braços me envolvem. Solto uma risada e viro. Ele esta lá com o cabelo loiro bagunçado e um sorriso no rosto. Se abaixa e acaricia minha barriga que já esta com um volume extra. Ele levanta e para em frente a mim.

- Preparei o café. - Eu disse.

Ele já esta se sentando, quando um barulho enorme vem da porta. Me assusto. De repente muitos pacificadores entram e vão direto a Peeta, retirando-o da cadeira a força. Ele tenta se defender, mas são muitos. Eu grito, mas é como se eu não estivesse ali, eu sou completamente ignorada. Não consigo me mexer, só gritar. Peeta grita por meu nome. Lágrimas estão saindo dos meus olhos. Eles o arrastam até a porta e, não escuto mais nada. Agora consigo me mexer. Vou até a porta, a abro, mas não encontro nada. Lá fora, esta uma paz como se nada estivesse passado por aqui. Procuro por um sinal, qualquer sinal. mas... Nada. E um pensamento na minha cabeça, que consegue tirar todas as minhas forças e me deixar com um desespero mortal.

Eles o tiraram de mim.

Acordo sobressaltada. Foi só um pesadelo, foi só um pesadelo, repito a mim mesma. Mas não consigo me acalmar. Passo a mão do outro lado da cama. Só para me certificar de que ele esta ali, que não o tiraram de mim outra vez. Mas esta vazio. Me desespero, não sei por que mas me desespero. Inúmeras coisas estão passando por minha cabeça agora. É quando escuto o barulho da porta do banheiro e levanto a cabeça que estava entre minhas duas mãos tentando acabar com aqueles pensamentos. Encontro um Peeta com cabelos molhados. Ele estava no banho, falo a mim mesma. Quando ele percebe como eu estou, vem ate mim, com uma expressão de preocupação.
-Ei! Ei! O que aconteceu?. - Diz ele já do meu lado, me abraçando.
Agarro seu pescoço e o trago junto a mim com todo a urgência que estou de senti-lo, de saber que aquilo não foi real, que ele esta aqui junto a mim.
-Shhhh, eu estou aqui agora, estou aqui. - Peeta fala quando tira meus cabelos que estão caídos no meu rosto. - Quer falar sobre isso? - Ele complementa.
- Eles levaram você, Peeta. O levaram.- eu falo em meio ao choro.
-Eu estou aqui Katniss, ninguém vai me tirar de você. A promessa do Sempre ainda está de pé lembra? - Peeta fala me afagando em seus braços.
Um sorriso paira na minha boca quando lembro de todos os momentos que o pedi para ficar comigo. E a resposta: "Sempre".
Ele pousa a mão dele na minha barriga e eu coloco a minha sobre a dele. O medo ainda esta em mim. "E se eu não for uma boa mãe?" varias perguntas me rondam todo dia. Peeta diz que vai ficar tudo bem, temos um ao outro. Tenho medo. De que a tirem de mim. Como fizeram com tantos outros que passaram em minha vida. Nunca, realmente nunca, imaginei que cederia a isso. Mas é por ele. Por ele.
Estou aconchegada entre seus braços. Pela respiração lenta eu sei que ele já dormiu. Mas eu continuo sem sono, perdida em meus pensamentos.

Agora os flashes de Peeta ainda acontecem mas diminuíram. Ele ainda agarra as costas de uma cadeira ate que as cenas em sua cabeça parem. Ainda me pergunta o que é real e o que não é. Nós já passamos por tanta coisa. Ele é forte, muito forte. Pior do que travar uma guerra com outras pessoas, é travar uma guerra com si próprio. Eu me pergunto sempre o por que de ele ainda estar comigo. Eu não sou boa com palavras, como ele. Eu não demonstro meus sentimentos. Mas eu sei que não conseguiria sem ele. Sem o dente de leão da primavera.
Afinal, minha escolha foi a certa. Ninguém nunca conseguiria me acalmar depois de um pesadelo como esse se não ele. E uma retrospectiva passa em minha mente de todas as vezes que prometemos um ao outro. Passarmos por tudo isso. Juntos.

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Começo de primavera. Estou sentada na campina. Observo-os de longe. Peeta esta com o menino nos ombros, enquanto brinca com a menina. Nunca pensei que veria isso, que sentiria isso, que viveria isso. Minha familia. Um pequeno sorriso surge nos meus lábios. Depois dos jogos me permiti ter isso. Afinal era isso que Prim desejaria para mim. A saudade que nunca se foi, mas agora a vejo em minha filha.
Peeta deixa os dois brincando com os dentes de leão e se senta ao meu lado. O observo enquanto ele contempla o por do sol. Pego em sua mão. Ele entrelaça os dedos nos meus. Minha certeza se concretizou, ele é um ótimo pai. Ele me diz que sou uma ótima mãe também. Meus filhos que não sabem que brincam em um cemitério. Encosto minha cabeça em seu ombro observando as crianças. Eles são a promessa de que ficará tudo bem.