Between Tricks and Feelings. escrita por JustAchlys


Capítulo 4
Chapter IV


Notas iniciais do capítulo

Olá novamente! Eu não estou conseguindo escrever tanto quanto gostaria, então provavelmente os capítulos vão demorar um pouquinho T.T Espero que gostem deste!



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Depois de duas horas olhando para o teto esparramada no sofá, Maka ouviu a porta se abrir e um tímido Soul entrar.

– Hm, e aí? Ainda está de mau humor?

– Não enche. Vai lá comer, eu já fiz seu peixe. Eu não vou almoçar.

Soul encarou-a por algum tempo com a mesma expressão de tédio de sempre, e depois moveu seus olhos para a mesa da cozinha, encontrando os seus dez peixes cortados, todos com uma cara deliciosa. Ele não pensou duas vezes: sentou-se na mesa de qualquer jeito e começou a enfiar os peixes goela abaixo, nem ligando para a sujeira.

Maka, vendo seu parceiro idiota daquele jeito, somente sorriu minimamente para si mesma. Ele era um troglodita mesmo, não tinha jeito.

– Ei, Maka. – ela se virou para ele, e fez uma careta. Soul estava mastigando com a boca aberta, e Maka conseguia ver pedaços de peixe indo para a direita e esquerda, sendo triturados lentamente pelos dentes afiados de Soul. Definitivamente, um troglodita.

– Uh? – ela conseguiu responder, ainda fitando aquele peixe viajando pela boca de Soul. Não dava para parar de olhar, era tão nojento que ela tinha que olhar. Talvez ela estivesse ficando psico mesmo.

– Relaxa essa sua cabeça de nerd. Não fica aí fritando seu cérebro por causa do acordo e tudo o mais, porque isso não vale a pena e – Maka não estava prestando atenção, definitivamente. Aquele pedaço de peixe era fascinante. Extremamente nojento, é verdade, mas era interessante ver o movimento que a língua faz para mover a comida. E o peixe não vai acabar tão cedo, porque Soul estava comendo dez peixes e tagarelando ao mesmo tempo.

“... Blair, e claro que vamos ficar bem porque nós somos os mais maneiros do...”

E o peixe triturado estava cheio de furinhos devido aos dentes afiados de Soul. Era triste pensar que aquele pedaço de carne estava sendo dilacerado pelo garoto o qual todos os dentes são caninos. Aquele peixe era muito azarado mesmo.

Ainda assim, era incrível assistir àquele espetáculo nojento. A língua de Soul era esperta, Maka concluiu, porque ela sempre desviava das pontas dos dentes inconscientemente. Anos de prática, provavelmente. E ela mexia o pedaço de peixe para lá e para cá, como uma bola.

O peixe foi para a direita, sendo triturado por alguns dentes enquanto o resto da boca formula uma frase que Soul falava.

".... E nós vamos sair dessa, porque né, quando que não saímos de uma fria? Blair sempre foi louca e...”

Esquerda.

“...sa, vamos fugir com Tsubaki e Black Star pro Alaska aonde podemos andar de trenó, de...”

Direita.

“....neve, ou talvez Flórida – mas talvez Flórida seja um lugar chato e cheio de turistas, então...”

Esquerda.

“...está me ouvindo, está? Ah, quer saber, eu vou parar de falar. Isso não é maneiro e...”

Direita.

"... isso não sou eu, eu não fico tagarelando assim. O que está acontecendo comigo.. ?”

Esquerda.

“Maka, você está me ouvindo? Maka?”

Direi - não, espera. Sumiu? Ele engoliu!

– MAKA!

Maka finalmente o encarou, tomando um susto. Soul levantou e tacou o prato de qualquer jeito na pia. Ele parecia irritado, e ela percebeu num instante que o havia deixado falando sozinho.

– Uh, desculpe Soul. Eu me distraí – “Que droga você estava fazendo, Maka? Peixes triturados? Qual é!” Sem jeito, Maka deu um sorriso amarelo e se levantou, olhando o relógio. 15:30. – Soul, eu vou na casa de Tsubaki e Black Star pegar a matéria que perdemos. Você quer vir?

Maka recebeu um resmungo como resposta, e Soul bateu a porta do quarto com força. Ela suspirou, massageando as têmporas. Por que ela tinha que gostar de um idiota como esse, mesmo?

Gostar, não.” Ela se repreendeu. “É só um leve afeto.”

Já com seu caderno e seu estojo em mãos, Maka saiu do apartamento e começou a caminhar em direção à casa de Tsubaki, sem notar que um par de olhos vermelhos a obsevava da janela.

x-x

Soul estava com os headphones, apoiado no parapeito da janela do seu quarto, observando sua colega de quarto caminhar pelas ruas de Death City.

Ele não devia observá-la tanto, não devia. Ela era sua artesã, afinal. Sua amiga. Sua melhor amiga, que morava junto com ele. E ele era somente uma mera foice preto e vermelha.

Mas ele não se controlava – e talvez não quisesse se controlar. O que há de errado em observá-la, afinal? Não era como se ele estivesse apaixonado, ou algo do tipo.

Bem, talvez ele gostasse um pouco dela.

Um pouco. Quando ela não estava lançando Maka-chops em tudo o que via.

Soul saiu da janela quando a silhueta de Maka já não estava mais ao alcance de sua visão e se jogou na cama. Concentrou-se na música – ela sempre o havia acalmado, mesmo sendo algo que o lembrava de Wes e de seus pais.

Ele alcançou uma folha que estava em sua escrivaninha e começou a dedilhar um piano invisível no ar, tentando lembrar as notas exatas daquela música. Aquele dia estava sendo um desastre completo, então nada melhor do que relaxar. Esquecer de tudo: adeus acordos, adeus Blair, adeus peixes, adeus Maka.

E Soul ficou assim por horas a fio, sendo sua única pausa para pegar a garrafa de leite na geladeira.

x-x

23:00

A noite já havia caído quando Maka finalmente voltou para o pequeno apartamento. Ela havia passado a tarde ( e a noite ) inteira na casa de Tsubaki conversando e assistindo romances água-com-açúcar. Maka conseguiu copiar a matéria perdida em vinte minutos, e usou o resto do tempo para conversar e brincar com Tsubaki – e Black Star, já que ele morava na mesma casa que ela.

Não mencionou nada do que ocorreu naquele dia, para evitar as chances de boatos. Ela confiava em Tsubaki e em Black*Star, mas sabia que o garoto não iria ficar de boca fechada por muito tempo. Além disso... Maka queria deixar que esses incidentes fossem algo que somente ela, Soul e Blair soubessem. Quase como uma piada interna, só que esta não tinha graça.

Maka deixou suas coisas em seu quarto e foi em direção ao banheiro para tomar um bom banho depois daquele dia. Ignorou as cenas recentes que vieram à sua cabeça quando adentrou o banheiro e ligou o chuveiro, deixando a água fria escorrer pelo seu rosto. Com os olhos fechados, Maka esqueceu-se do mundo, concentrada somente na água e na sensação gostosa da espuma do shampoo contra sua pele.

Terminando seu banho, Maka vestiu-se e foi em direção ao quarto de Soul, para chamá-lo para jantar – não que houvesse um jantar propriamente dito, já que só teriam as sobras dos peixes do almoço.

Quando adentrou o quarto, porém, Maka deu de cara com um Soul de olhos fechados e com uma face serena. Ele estava dormindo.

Ela percebeu que ele havia caído no sono sem querer, a julgar pelo monte de partituras espalhadas de qualquer jeito pela cama, algumas até em seu corpo. A luz estava acesa e Soul estava babando em uma de suas partituras na qual ele acabou dormindo em cima.

Suspirando, Maka começou a recolher as partituras. Ela sabia que ele gostava muito de música, mas não sabia que chegava a tanto. Soul estudava dia e noite e, no entanto, nunca quis demonstrar seu talento. Ela fora a primeira a vê-lo tocar, e não tinha palavras para definir o quão incrível era sua performance.

Maka sabia muito pouco sobre sua família, mas sabia o suficiente para deduzir que Soul não queria nada relacionado ao piano por causa de seus pais.

Ela meneou a cabeça. Não era da sua conta, e ela não iria forçá-lo a nada. Concentrou-se em pegar a última partitura, que era aquela que estava debaixo da cabeça de Soul. Com um movimento rápido e sutil, Maka levantou um pouquinho a cabeça dele e puxou a partitura babada em um segundo.

“Ele devia dormir mais” pensou. “Talvez assim ele pare de babar tanto.”. Aquela partitura estava toda encharcada, e o grafite que Soul usou para registrar as notas estava todo borrado.

Maka deixou as partituras na escrivaninha e fechou um pouco a janela do quarto, deixando somente uma fresta para circular o ar. Ela estava prestes a desligar as luzes e sair do quarto, quando decidiu dar uma última olhada em Soul.

Uma cena dessas era tão rara de se ver. Soul estava com o rosto livre da sua expressão constante de tédio, substituída por uma expressão quase angelical. Seu cabelo prateado caía sobre seus olhos e sua boca estava obviamente aberta, com litros de baba saindo por ela. Maka nunca o via tranquilo assim quando estava acordado, então apreciou a paisagem por alguns segundos antes de finalmente desligar as luzes e fechar a porta do quarto.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? O ritmo da história será mais ou menos assim, e eu vou experimentar escrever coisas fofinhas desse tipo hahahaha Darei o meu melhor para não mudar o caráter dos personagens - ainda que eu ache que mudei um pouco neste capítulo.

Anyway, críticas, elogios, comentários são sempre muito bem-vindos! Muito obrigada a todos que estão lendo esta fic!