The Fault In Our Fate escrita por Raiane C Soares


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi gente! Tive essa ideia à dias atrás, mas só agora consegui terminar.



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Um som de choro, embora baixo, era ouvido por uma morena de apenas 16 anos. Ela estava em uma das bibliotecas da cidade, procurando por um livro que seu professor de literatura havia lhe indicado, mas sua procura foi interrompida pelo som. Era uma sexta-feira, um dia de inverno, onde as ruas eram cobertas por neves brancas e geladas, mas dentro da biblioteca parecia ser primavera. Quente e repleto de cores.

- Oi... – a morena disse baixo, não querendo assustar a loira que estava sentada no chão, entre as várias prateleiras, no setor de literatura japonesa. – Você está bem?

- Uhum. – a loira murmurou, abaixando mais sua cabeça e secando as lágrimas com a manga de seu suéter de tricô.

- Por que eu acho que você está mentindo?

A loira sorriu para si mesma, terminou de secar suas lágrimas e levantou um pouco o rosto, vendo a morena se aproximar mais dela, mas parando de repente. A garota, que antes chorava, sabia que estava sendo observada pela morena, mas não queria levantar seu olhar, e denunciar seu choro, mas a morena logo voltou a caminhar até ela. Lentamente, ela sentou ao lado da loira, tendo cuidado para não tocar na mesma, como se ela fosse um vidro que quebrasse fácil.

- Por que está chorando?

- Eu não estou chorando.

- Mas estava.

Um som de espirro foi ouvido pelas duas. Já era de se esperar, já que muitos daqueles livros eram velhos, e algumas prateleiras não eram limpas como deveriam.

- Posso lhe ajudar em algo?

- Não. – a loira respondeu, fungando em seguida.

- Tem certeza?

A morena parecia insistente demais para a loira, mas ela apenas queria ajudar. Sempre tinha essa necessidade de ajudar quem precisava, principalmente sentimentalmente.

- Eu estou bem. – a loira tentou convencer a morena, e a si mesma. – Eu estou bem.

- Eu não acredito muito nisso.

- Eu estou bem. – ela repetiu, mas sentindo as lágrimas voltarem a banhar seu rosto.

- Foi seu namorado? – a morena virou seu rosto, para ver as bochechas coradas da loira, enquanto a mesma negava com a cabeça. – Seus pais? – novamente ela negou. – Sua irmã, ou irmão? – a loira negou novamente e fechou os olhos, tentando acalmar seu choro. – Algum assunto familiar?

- Não.

A morena afirmou com a cabeça e desviou seu olhar para uma garotinha que havia passado com um livro em mãos. Aquele setor não era perto da entrada, mas era próximo ao setor de livros infantis, por isso eram ouvidos vozes de crianças rindo e conversando, e também de mães mandando-as ficarem quietas.

- Não quer conversar?

- Não.

Ela suspirou, sentindo a rejeição lhe atingir. Todos sempre queriam sua ajuda, sempre queriam desabafar com ela, mas aquela loira não. Lentamente ela se levantou, chamando a atenção da loira, que abriu os olhos e desviou seu olhar para ela, caminhou para a prateleira ao lado, passou os dedos por alguns livros e pegou um deles, sorrindo em seguida. Na mesma velocidade, ela voltou até a loira, se sentou novamente e pegou uma caneta rosa de sua mochila, para depois, abrir o livro na primeira página e anotar algo. Ao terminar, ela guardou sua caneta e colocou o livro no chão, perto de uma das pernas da loira.

- Não sei se ele é bom, então não irei recomendar, apenas pedir um favor. – ela se levantou e ajeitou sua mochila nas costas, em seguida se virou de frente para a loira. – Leia-o algum dia, e quando terminá-lo, me diga como é.

- Mas... – a loira começou, mas parou quando viu a morena se virar.

Calmamente, ela pegou o livro nas mãos e olhou para a capa, abriu a primeira página e viu a assinatura da morena. “Rachel Berry: 555-2796”. Seus olhos vagaram em volta, mas a morena não estava mais lá. Ela se levantou rapidamente, passou por algumas prateleiras e viu a morena no balcão, alugando algum livro com o cartão da biblioteca.

- Rachel! – ela gritou, antes que a morena fosse embora, essa virou seu rosto rapidamente, surpresa. – Quinn. – ela disse, mas percebeu a dificuldade da outra em ouvir. – Quinn Fabray!

Rachel sorriu, pegou o livro e saiu, como se tivesse visto alguém importante.

***

- Qualquer coisa que tenha existência física ou real é matéria. – a garota negra leu, passando a tampa da caneta sobre a bochecha. – Tudo o que existe no universo conhecido manifesta-se como matéria ou energia. A matéria pode ser líquida, sólida ou gasosa. São exemplos de matéria: papel, madeira, ar, água, pedra.

- Ainda não entendi. – a asiática disse, relendo o que a outra leu.

- Isso é tão fácil quanto aprender a andar, Tina. – Rachel disse, bufando em seguida. – Explique à ela, Mercedes.

Sua amiga sorriu e passou a explicar a matéria para a outra, Rachel olhou pela janela da biblioteca de sua escola e suspirou, vendo os primeiros flocos de neve daquele inverno, cair. Seu olhar desviou para a televisão pendurada na parede, onde passava alguma notícia. Tragédias... Eram as únicas notícias do momento. Voltou seu olhar para a janela e viu alguém saltitar até o estacionamento. Os cabelos eram loiros e longos, e a garota parecia ser alta, comparada às outras duas garotas ao seu lado. Uma morena e outra loira. Seus olhos se apertaram um pouco, tentando focalizar as três meninas. Rachel nunca havia visto as três por ali, principalmente naquela escola, mas lá estavam elas, e pareciam felizes.

- Entendi! – Tina gritou, chamando atenção de Rachel. – Agora me darei bem na prova.

Rachel sorriu para ela e voltou seus olhos para seu livro, lendo o próximo conteúdo. Ela estava concentrada, até um som alto de pneus freando lhe assustar. As três meninas olharam pela janela, mais alguns alunos fizeram o mesmo, e viram uma multidão se formar no estacionamento. A loira saltitante e a morena, que antes ela havia visto, pareciam assustadas e chorando. Rachel se levantou, tentando ver melhor, mas era difícil.

- Depois continuamos o estudo, meninas. – Rachel avisou, já correndo para fora da biblioteca, deixando suas coisas por lá.

Da biblioteca até o estacionamento dariam uns cinco à seis minutos, mas parecia que à cada passo que ela dava, se passavam três minutos. Quando finalmente chegou ao estacionamento, tentou se aproximar da ambulância que, estranhamente, já se encontrava lá.

- Por favor! Me diz que ela está bem! – a loira saltitante gritou para os paramédicos.

- Se afastem! – um deles gritou, ignorando a loira. – Ela precisa respirar!

Alguns se afastaram um pouco, empurrando Rachel. A mesma abaixou um pouco a cabeça e se enfiou no meio dos outros, viu as duas garotas se abraçarem, e os paramédicos colocarem a outra loira na maca. Ali ela pôde ver bem o rosto da garota que conheceu dois anos antes.

- Quinn Fabray... – ela sussurrou para si mesma.

Pensou em se aproximar, mas não conseguiu tempo para piscar. Em menos de segundos, todos já haviam sumido, ficando apenas ela e os poucos curiosos, que ainda tentavam descobrir quem era a garota.

***

Caixas, caixas e mais caixas. O pequeno cubículo de Quinn, como sua amiga o nomeava, tinha mais caixas do que qualquer mercado. A loira estava de mudança, começando sua vida naquele pequeno apartamento, sozinha como sempre foi, e as várias caixas denunciavam todos seus pertences, muitos deles, desnecessários.

- Onde coloco essas, Q? – a loira mais alta perguntou, tentando equilibrar três caixas ao mesmo tempo.

- Coloque-as em cima do sofá, Brittany. – Quinn respondeu, abrindo mais uma caixa, onde era nomeada frágil. – Depois eu vejo o que tem nelas.

- Não sei para que tanta coisa. – a morena resmungou, se atrapalhando com duas caixas. – Você nem é casada ou tem filhos.

A loira mais alta riu e a ajudou com as caixas, colocando as mesmas no chão. Quinn revirou os olhos e pegou outra caixa para abrir.

- Mamãe me deu boa parte dessas coisas, Santana. – ela respondeu, vendo as várias fotos na caixa. – Não posso me desfazer delas tão facilmente.

- Eu posso, se você permitir.

As duas riram, Brittany e Santana desceram para pegar mais caixas da picape de Quinn, enquanto a mesma se atrapalhava para pegar mais uma caixa, onde era nomeada como preferência. Dentro tinha algumas fotos de uma pequena garotinha loira, parecida com ela em todos os sentidos.

- Eu sabia que você não conseguiria segurar todas elas. – Brittany disse, entrando pela porta, equilibrando quatro caixas médias.

- Eu conseguiria, se você não puxasse das minhas mãos. – Santana reclamou, carregando uma caixa grande.

- Sua namorada é mais forte que você, Santana. – Quinn provocou, fazendo a morena lhe encarar seriamente. – Assuma que é fracote.

- Não sou fracote.

- Ela não é fracote. – Brittany disse, se preparando para sair. – Apenas é menos forte que eu.

Santana fingiu de ofendida e ameaçou pegar a loira mais alta, mas a mesma correu até o elevador, deixando a morena para trás. Quinn revirou os olhos para as duas, sorrindo, pegou outra caixa e a abriu, bufando em seguida.

- Não acredito que mamãe empacotou meus bichos de pelúcia.

- Eles são sua paixão. – Santana disse, abrindo uma das caixas.

- Eles eram minha paixão, quando eu era criança. – Quinn pegou um dos bichos e bufou novamente. – Agora tenho 20 anos, não sou mais uma criancinha.

- Às vezes você age como uma. – Quinn jogou o bicho em Santana, que desviou e riu. – Por que você tem tantos livros?

- Porque eu gosto de ler? – ela respondeu, parecendo óbvio.

- Não seria mais fácil ir à biblioteca, como você fazia antes?

- Não posso mais ir à minha biblioteca preferida.

- Por quê? – Santana pegou um dos livros e o analisou. – A Casa das Belas Adormecidas...

- Por causa desse livro.

- O que tem?

Brittany entrou com mais duas caixas e as colocou no chão, perto de Santana, se aproximou da mesma e viu o livro em suas mãos.

- Por que eu havia alugado ele e nunca mais devolvi. – Quinn respondeu, se aproximando das duas. – Paguei multa por ele, o comprei da biblioteca, e me proibiram de aparecer por lá.

- E ele é tão importante assim?

Quinn pegou o livro de sua amiga, abriu a primeira página e suspirou, lembrando-se do dia que havia alugado o mesmo.

- Melhor do que você pode imaginar...

- Então por que não comprou outro, ao invés de roubar o da biblioteca? – Brittany perguntou.

- Esse é especial.

Santana sorriu e murmurou algo para a namorada, fazendo a mesma rir, mas Quinn não ligou, só queria pensar na morena intrometida.

***

- 1, 2, 3, 4... Coloque a comida no prato. 5, 6, 7, 8... Só depois terá biscoito.

- Deixe de ser idiota, Kurt. – Rachel resmungou, pegando o pote de biscoito no armário.

- Por que está de mau humor? – o homem perguntou, colocando o macarrão em seu prato.

- Porque o idiota do seu irmão disse que apareceria hoje, mas não chegou até agora.

- Ele disse que viria depois do trabalho.

- Ele trabalha até as cinco, Kurt. Já se passaram das seis horas da noite.

- Pare de drama, Barbra. Ele deve estar preso no trânsito.

Rachel colocou um biscoito na boca e ficou pensativa. Talvez seu amigo estivesse certo. Ela só precisava se acalmar, comer biscoitos e esperar. Um som de toque de celular chamou sua atenção, Rachel limpou sua mão em seu short preto desbotado e pegou o celular de cima da bancada, olhando a tela em seguida.

- Quem é Santana? – ela perguntou, indo até o amigo.

- É uma de nossas vizinhas. – ele respondeu, pegando o celular para atender.

- Por que ela tem o seu número, e vice-versa?

Kurt fez sinal para que ela esperasse e atendeu o telefone, com um sorriso. Rachel esperou por contáveis 15 minutos, até seu amigo desligar a chamada rindo.

- Essa mulher me mata de tanto rir... – ele murmurou, voltando a comer.

- Então... – Rachel tentou. – Por que ela tem o seu número?

- Nos encontramos no elevador um dia desses e conversamos. Acredita que ela mora nesse prédio à um ano e nunca nos conhecemos?

- Acredito, mas... por que ela estava te ligando à essa hora?

- Queria marcar para sairmos no sábado à noite. Não marque nada para esse dia, iremos sair com as meninas, e não aceito um não como resposta.

- Que meninas?

- Santana, sua namorada e uma amiga.

- Creio que você levará Blaine, o que indicará que ficarei de vela para três casais.

- Você não ficará de vela, porque a amiga dela está solteira, e lhe fará companhia.

- E posso saber quem é essa amiga dela?

- Não, porque eu também não sei. – ele deu de ombros e olhou para seu relógio. – Não fará diferença, porque vocês terão bastante tempo para se conhecerem.

Rachel revirou os olhos e se preparou para reclamar com seu amigo, mas foi interrompida pela campainha, assim, ela se levantou rapidamente e correu até a porta, para receber seu namorado.

***

As luzes piscavam freneticamente, fazendo a loira se sentir levemente tonta, embora ainda não estivesse bêbada. Quinn não gostava muito de ir em boates, mas como suas amigas insistiram, e ela estava devendo uma à elas, aceitou. Seus olhos verdes vagaram pelo lugar escuro, tentando achar alguém conhecido, viu Brittany perto de Santana e dois homens morenos, então rapidamente se aproximou deles.

- Hey! – Santana logo disse, a abraçando em seguida. – Achei que você não viria mais.

- Tive um contratempo, mas agora sou totalmente de vocês.

- Cuidado com as palavras, Fabray.

Ela revirou os olhos e olhou para os dois homens, que sorriam.

- Esse é nosso vizinho Kurt e o namorado dele, Blaine. – Brittany disse, depois de dar um gole em sua bebida. – Meninos, essa é nossa melhor amiga, Quinn.

Kurt sorriu para ela, mas parecia pensativo. Ele sabia ter ouvido esse nome alguma vez, mas não se lembrava quando e nem quem o havia mencionado.

- E onde está minha acompanhante sem nome? – Quinn perguntou, sorrindo para os dois homens.

- Ela está no bar atrás de algo forte. – Kurt respondeu, apontando para um dos lados. – Ela está em um momento complicado, e me parece que irá se embebedar hoje.

Quinn desviou seu olhar para o bar e viu a mulher morena de vestido vermelho até o meio de suas coxas, esta parecia esperar por sua bebida. A loira sentiu seu celular tremer em sua bolsa, o pegou e se virou de costas para suas amigas e o casal acompanhado, para atender o aparelho.

- Quinn Fabray na linha.

- Quinn, você está ocupada? – uma garota, de no máximo 13 anos, perguntou.

- Depende... – ela olhou rapidamente para suas amigas, que sorriam uma para a outra. – Por quê?

- Beth não me parece bem. – a garota respondeu. – Shelby saiu com um homem, e disse que eu poderia ligar para ela, caso acontecesse algo, mas me parece que o celular dela está desligado.

- O que ela tem?

- Está vermelha, e não para de chorar. Acho que ela está com febre. Eu tentei fazê-la comer, mas ela vomita tudo.

- Eu já estou chegando ai. – ela desligou a chamada e olhou para os quatro, vendo a expressão de tédio de Santana. – Me desculpem, mas eu preciso ir.

- Quinn... – Santana ia reclamar.

- Beth não está bem, e Shelby não está em casa.

- Deixe-a ir. – Brittany disse, sorrindo para a amiga. – Espero que ela fique bem logo.

- Obrigada.

Rapidamente, Quinn se despediu de todos, olhou de relance para a morena no bar, vendo que a mesma já tinha sua bebida em mãos, sorriu para os quatro e se apressou em sair, tendo o cuidado em não causar um acidente enquanto dirigia.

***

Seus passos estavam lentos e silenciosos, enquanto os olhos cheios de lágrimas desviavam para os corredores. Rachel se sentia frágil naquele momento, depois da ligação que tinha recebido, ainda mais dentro daquele lugar, que lhe fazia lembrar da loira. Lentamente ela se sentou no mesmo lugar de sempre, quando entrava naquela biblioteca, no setor de literatura japonesa, olhou em volta e suspirou, tentando controlar suas lágrimas. Naquela hora, o lugar estava mais calmo e silencioso, principalmente porque haviam mudado o setor infantil de lugar, o colocando perto da entrada, já que uma criança havia roubado um dos livros sem ninguém ver.

- Oi... – alguém disse, a assustando. Seu olhar rapidamente subiu e viu Quinn sorrir para ela, mas logo ficar séria, parecendo preocupada. – Você está bem?

- Uhum... – ela respondeu, abaixando a cabeça e secando algumas lágrimas.

- Por que eu acho que você está mentindo?

As duas sorriram, Rachel se ajeitou no chão e percebeu Quinn sentar ao seu lado, os cabelos loiros, diferente de antes, estavam curtos até os ombros.

- O que você está fazendo aqui? – Rachel perguntou, controlando suas lágrimas.

- Lendo, eu acho. – Quinn respondeu, achando que seria óbvio.

- Por que nessa biblioteca?

- Eu não sei... – ela olhou para Rachel, vendo o rosto da morena corado pelo choro. – Na verdade, eu não devia estar aqui dentro.

Rachel desviou seu olhar para Quinn, elas se encararam por segundos, até Rachel desviar o olhar para suas mãos.

- Por quê? – ela perguntou, quase sussurrando.

- Fiquei proibida de entrar aqui, depois de roubar o livro que você anotou seu número. – Quinn sorriu, tentando fazer a morena sorrir, mas Rachel só respirou fundo, deixando mais algumas lágrimas caírem. – Por que está chorando?

- Eu não estou chorando.

- Mas estava.

A morena franziu sua testa, mordeu seu lábio inferior e suspirou pesado. Se sentiu idiota por ser intrometida aos 16 anos, e naquele momento ter que presenciar a mesma cena, mas ao contrário.

- Eu quero ficar sozinha.

- Mesmo?

- Sim.

- Está bem.

Quinn suspirou, se levantou e se preparou para se afastar, mas parou, ao ouvir Rachel fungar.

- Por que você não ligou? – Rachel perguntou, se sentindo mais triste possível. – Eu achei que você ligaria.

- Me desculpe. – Quinn se virou, mas não se sentou. – Eu ainda não consegui ler o livro.

- Droga, Quinn. – ela se encolheu, abraçando suas pernas. – Eu não queria que você lesse o livro, apenas queria que você me ligasse.

- E-eu...

Elas ficaram em silêncio, Quinn se sentou novamente e tirou algo de sua bolsa, Rachel queria olhar, mas segurou sua curiosidade, olhando para a prateleira da frente. De repente, seu celular começou a tocar, indicando “número desconhecido”, ela olhou para Quinn, a mesma estava com o celular grudado no rosto, parecendo esperar alguém atender. Lentamente, ela atendeu a chamada, colocou o celular próximo ao rosto e suspirou.

- Pois não?

- Rachel? – Quinn perguntou.

- Hum... sim.

- Oi! Se lembra de mim? Quinn Fabray? Nos conhecemos naquela biblioteca, à qual você me deu um livro.

Rachel revirou os olhos e desligou a chamada, fazendo Quinn franzir a testa e olhar para ela.

- Idiota.

- Você queria que eu te ligasse, então...

- Isso à cinco anos atrás.

- Me esculpe, eu não estava em dias melhores.

- Mas e depois?

- Achei que seria tarde demais para te ligar.

- Tarde? Eu passei meses esperando uma ligação sua, e quando já me convencia que isso não aconteceria, lhe vi sendo atropelada no estacionamento da minha escola.

- Oh! Então não era ilusão?

- Como?

- Eu achei ter lhe visto, mas como já estava dopada por remédios para dor, achei que era coisa da minha imaginação. – Quinn guardou seu celular e sorriu. – Eu pensei em te ligar depois disso, mas achei que você tivesse mudado de número.

- Eu nunca fiz isso, e nunca pensei em fazer, achando que quando você me ligar, não me acharia.

- Me desculpe mais uma vez, Rachel.

- Tudo bem.

Quinn se remexeu um pouco, deixando seu braço tocar ao de Rachel, fazendo a mesma se arrepiar, a loira sorriu e olhou para a prateleira da frente, já sentindo seus olhos se encherem de lágrimas.

- Eu estava grávida. – Quinn disse, repentinamente. – Eu tinha apenas 16 anos e havia descoberto que estava grávida. – Rachel olhou para a loira, dando atenção à ela. – Eu sabia que não seria fácil, que criar uma criança sozinha era complicado, eu estava perdida. Naquele dia, o médico havia confirmado a gravidez, eu estava voltando do hospital e... esse foi o primeiro lugar que encontrei para me esconder.

- Entre prateleiras empoeiradas?

- Sim. Ninguém me acharia, sabe? Ao menos foi o que eu achei, até você surgir e perguntar o porquê de eu estar chorando.

- Não gosto de ver pessoas tristes, e sua imagem implorava por atenção.

Rachel tocou a mão de Quinn, as duas olharam para suas mãos e sorriram, como se ambas tivessem combinado.

- O que você tem? – Quinn perguntou, sussurrando.

- Não é nada de importante. – Rachel respondeu, aproximando seu rosto um pouco ao de Quinn.

- Você estava chorando, então era importante.

- Não quero me lembrar disso.

- É tão doloroso assim?

- Uhum...

Os olhos das duas se encontraram, seus rostos estavam próximos, o suficiente para uma ouvir a respiração rápida da outra. Elas queriam sentir os lábios se tocarem. Queriam poder matar essa vontade de anos, e teriam feito, se o celular de Quinn não tivesse tocado. A mesma se afastou de Rachel rapidamente e atendeu o celular, fazendo Rachel suspirar alto.

- O que você quer, Santana? – Quinn perguntou, assustando Rachel. – Como assim, Kurt está procurando por sua amiga? Eu por acaso sou policial, para ir atrás de alguém que eu não conheço? – Quinn olhou para Rachel, vendo a mesma de olhos arregalados, e se preocupou. – Eu nem a conheci pessoalmente. Claro que não! Chame a polícia, então. Deixe-me em paz, Santana!

Quinn rapidamente desligou a chamada e viu Rachel se levantar, ficando mais preocupada.

- Eu preciso ir. – Rachel disse, pegando sua bolsa. – Droga! Kurt irá me matar...

- O que? – Quinn se levantou e segurou o braço de Rachel, antes de a mesma ir. – Kurt?

- Meu melhor amigo. – Rachel olhou nos olhos de Quinn e sorriu. – Me parece que você o conhece.

- Você é a companheira de apartamento do Kurt? – Rachel sorriu mais ainda. – Como eu não descobri antes?

- Como assim? – Rachel ficou confusa.

- Ele havia mencionado seu sobrenome alguma vez... “Berry”. Nunca imaginei que seria você, principalmente por ele sempre lhe mencionar por “Barbra”.

- Barbra é o meu nome do meio.

- Então era você naquela boate...

- Você me viu?

- Vi, você estava no bar.

A morena corou um pouco e abaixou sua cabeça.

- Eu estava horrível. – ela murmurou.

- Não diga isso. Você estava linda, principalmente naquele vestido.

- Quinn!

A loira riu e soltou o braço de Rachel, sabendo que a mesma estava mais relaxada.

- Não vá agora. – Quinn pediu, discando em seu celular. – Eu aviso que lhe encontrei.

- Mas como vai dizer à eles sobre nós?

- Santana? – Quinn perguntou, sorrindo mais. – Mande Kurt apagar o fogo dele, pois já encontrei a amiga dele. – Rachel encarava Quinn com os olhos brilhando. – Depois eu explico tudo, está bem? Até mais!

Rachel viu Quinn revirar os olhos, ao guardar o celular no bolso da calça, a mesma mordeu seu lábio inferior e riu, ao saber que havia deixado sua melhor amiga curiosa.

- Linda. – Rachel sussurrou, colocando uma mecha do cabelo loiro atrás da orelha.

Quinn paralisou com o toque, olhou para os lábios de Rachel e pediu pelos mesmos, lambendo os seus com a língua. O silêncio no local parecia ensurdecedor para a loira, pois ela queria ouvir Rachel. Não apenas falando, mas como também gemendo, se possível.

- Eu quero você. – Quinn deixou escapar, fazendo Rachel soltar um pequeno gemido.

Rapidamente, Rachel beijou Quinn, imprensando a mesma em uma das prateleiras, tentando abocanhar a língua da loira com vontade. O beijo era desajeitado, por ser o primeiro, mas estava sendo bem aproveitado pelas duas. Em segundos, o ar faltou para ambas, Rachel se afastou e puxou todo ar que podia, voltando a beijar Quinn, mas a loira a afastou, ainda sem ar.

- Cinco anos... – Rachel murmurou, recuperando o ar. – Cinco malditos anos imaginando por isso.

- E... você gostou?

- Eu ainda quero lhe beijar. – Rachel disse, colocando suas mãos na cintura da loira. – Isso responde sua pergunta?

- Não. – Quinn agarrou o cabelo de Rachel com uma das mãos e sorriu. – Isso responde minha pergunta.

Novamente elas voltaram a se beijar, agora com mais delicadeza. Quinn empurrou Rachel para a outra prateleira e puxou um pouco seu cabelo, fazendo a morena gemer. De repente, alguém pigarreou, assustando as duas. Quinn pulou para trás e tentou arrumar sua roupa, enquanto Rachel a encarava, surpresa.

- Me desculpem atrapalhá-las. – a bibliotecária começou, cruzando os braços. – Mas esse é um ambiente de família, e eu não acho que isso seja apropriado para...

- Me desculpe. – Quinn se adiantou, limpando seu batom borrado. – Não acontecerá novamente.

- Assim espero.

A mulher se afastou das duas, mas ainda deu uma última olhada. Quinn pegou sua bolsa rapidamente e olhou para Rachel, que recuperava sua sanidade.

- Você está bem?

- Uhum. – Rachel respondeu, pegando sua bolsa. – Preciso ir.

- Nos veremos novamente? – Quinn perguntou, preocupada.

- Claro.

Antes de mais uma palavra, Rachel correu para fora da biblioteca, deixando Quinn confusa.

***

- Onde estamos?

- Em um lugar.

- Que lugar?

- Pare de fazer perguntas e suba logo essas escadas.

Quinn revirou seus olhos, puxando sua mala pequena, usada apenas quando ela faz viagens de poucos dias.

- Como irei passar um final de semana em um lugar sem saber onde estou?

- Cale a boca, Quinn. – Santana murmurou, seguindo a loira. – Pare naquela porta.

A loira fez o que sua amiga mandou, esperou a mesma dizer algo, mas nada.

- Então?

- Então o que? Toque a campainha.

- Mas...

Quinn virou seu rosto para olhar para sua amiga, mas não a encontrou, franziu sua testa e suspirou. Depois de tocar a campainha, sentiu seu estômago embrulhar, sabendo que algo lhe aconteceria, mas não sabia se era bom. A porta foi destrancada e em seguida aberta, os olhos castanhos lhe encararam com curiosidade e surpresa.

- Quinn? – Rachel perguntou, olhando em volta. – O que você está fazendo aqui?

- E-eu... na verdade, eu não sei.

- Como soube onde eu moro?

- Eu não sabia, mas parece que Santana sabia e... Droga!

Rachel franziu sua testa e se afastou da porta, dando um passo em direção à loira.

- Você quer entrar?

- Se você não se importar...

A morena segurou a mão da loira e a puxou para dentro, rapidamente ela fechou a porta e Quinn soltou sua mala, sabendo o que viria a seguir.

- Finn terminou comigo. – Rachel disse, deixando a loira confusa. – Semana passada, quando nos reencontramos.

- Oh! Eu...

- Destino... – Rachel sussurrou, aproximando seu rosto ao de Quinn.

- Como?

- Isso é culpa do nosso destino.


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Notas finais do capítulo

Então?
Ando com tantas ideias, mas não consigo desenvolvê-las, e ainda atrapalha o andamentos das outras fics que eu já tento escrever.. Me desculpem quem acompanha as outras, tentarei ser mais atenciosa nelas.
xoxo



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