Vampírico escrita por Karollin


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que eu demoro, gente e realmente peço perdão por tudo isso. A minha falta de tempo está me fazendo perder gradativamente a vontade de escrever e já nem sei mais se essa história é realmente importante para alguém. Vou continuá-la, mas é difícil querer isso se mal tenho tempo para minhas coisas. Espero que entendam e não larguem a história, pois se estou aqui hoje postando o capítulo, é pelas pessoas que ainda a leem. Vou ser sincera, apesar de amar muito essa fic, ela é a que menos motiva os leitores a comentarem e isso parte o meu coração e faz com que eu quase sempre desista de escrever uma capítulo.

Bem, boa leitura. Espero que gostem ♥



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Seelyn vivia naquela cabana no meio do nada desde que se lembrava. A mulher sabia que era a rainha vampira, tinha conhecimento de quase toda sua história ao longo dos séculos e a única certeza que tinha naquele lugar era que não deveria sair dali custe o que custasse. Ela aceitava isso, pois sentia um medo anormal toda vez que se afastava mais de cinquenta metros da casa. Por isso, quando Clittia, sua velha amiga e participante da Corte, disse que era hora de retornar ao trono, a primeira coisa que fez foi negar veemente.

– Não posso e não vou. Quando deixei vocês no comando afirmei que não iria voltar, não foi? – perguntou Seelyn tentando lembrar se aquilo realmente aconteceu, mas não teve sucesso – Mudei-me para essa floresta maravilhosa e minha criada traz humanos sempre que peço. Aqui é o paraíso!

– Os tempos mudaram, Seelyn. Você ficou de férias por quinhentos anos, já está passando da hora delas acabarem para que nos ajude a controlar os revoltos – respondeu Clittia com tom de voz duro – Precisamos muito de você, só sua imagem inspirará medo e intimidação,

– Seja lá o que me deu ideia de vir para cá tenho certeza que devo permanecer aqui. Clittia, você viveu coma Cleópatra, faça-me o favor! Está acostumada a motins e sabe como usar tudo e todos ao seu favor, então não precisa de mim para arrumar a bagunça. Afinal, nunca fui fã de limpeza – afirmou a rainha fechando a porta com violência, mais como um ato simbólico que algo realmente efetivo.

Seelyn sentou-se em seu sofá preto já sabendo que Clittia iria arrombar a porta e entrar, pois havia dado ela permissão logo nos primeiros dias que chegara àquela cabana. Naquele momento parecia ser uma boa ideia, agora a mulher se arrependia. Ao seu lado havia uma mesinha com um bule de chá de camomila fervendo e logo serviu em uma xícara francesa do século dezoito branca com detalhes de ouro. Assim que a mulher soprou a fumaça do líquido para bebê-lo, a vampira egípcia adentrou na sala com expressão serena e sentou-se no sofá em frente à rainha e se serviu também.

– Estou desatualizada com a nossa situação no subsolo, não tomarei as medidas apropriadas – falou Seelyn com tranquilidade.

– Não se preocupe, Seelyn, apenas confie nas decisões da Corte. Nós iremos te guiar em seu governo, principalmente eu – retrucou Clittia sorrindo de modo apaziguador.

– Pois bem, mas não consigo me afastar muito da cabana – revelou terminando se chá.

– Arrume suas malas, tudo dará certo – respondeu a vampira egípcia satisfeita com o poder surpreendente que acabara de tomar posse sem ninguém desconfiar.

Se aqueles tolos da Corte pensavam que Clittia tinha se voluntariado por simplesmente caridade e pelo amor de seu coração estavam enganados. Por ser a primeira a ter contato com Seelyn, a rainha a ouviria mais, compartilharia os eventuais pedidos dos outros dois integrantes e a egípcia teria mais poder de influenciá-la do que os outros paspalhos.

As coisas estavam começando a ficar interessantes, pensou Clittia com um sorriso repleto de segundas e terceiras intenções.

Em menos de trinta minutos tudo estava pronto, felizmente Seelyn não possuía muitos pertences que considerava imprescindível levar consigo. A mulher usava uma calça jeans escura e justa, juntamente com uma regata branca com uma jaqueta de couro preto e um divino salto da mesma cor com solado vermelho. Ela adorava roupas que transpareciam poder e, mesmo com algumas importantes memórias apagadas, não perdeu seu gosto por vestimentas daquele tipo.

Apesar da imagem, Seelyn estava apreensiva e muito confusa. Ela ainda possuía uma força quase irreal que seus milênios de vida vampírica a fizeram ter, mas parecia que faltava algo em si, uma parte importante e que não conseguia se recordar. Pelo menos possuía Clittia, uma das únicas que considerava como amiga e levava as sugestões a sério. Então, se ela não havia dito nada a respeito daquela impressão, não deveria ser nada importante.

Pela primeira vez em quinhentos anos, Seelyn não sentiu o imenso pavor que a prendia à cabana. Um sentimento grandioso de liberdade se apossou dela, fazendo-a se sentir poderosa novamente. Sorrindo, Clittia observava a rainha aumentar sua presença à medida que o feitiço perdia o efeito e parava de camuflar o poder que irradiava dela.

– Temos que nos alimentar, precisaremos de uma demonstração de força em algum momento de sua chegada, então é melhor estarmos preparadas – avisou a vampira egípcia desejando prolongar o tempo delas na superfície até o encanto passar completamente.

Mal sabia ela que aquilo seria primordial para seus planos obterem sucesso.

[...]

O massacre de Rumson havia saído em alguns jornais de New Jersey e com dificuldade conquistou alguns pequenos espaços nos grandes jornais de New York. Ninguém mais se importava em divulgar ou tomar conhecimento de mais um serial killer fazendo um ataque em massa em uma parte de uma cidadezinha sem grande importância.

Contudo, no subsolo o assunto que dominava as conversas e causava animação em alguns vampiros que desejavam desfrutar do sangue humano a seu bel prazer era aquele. A grande festa dos revoltos em Rumson. O discurso de que os vampiros que se juntassem ao movimento poderiam se divertir daquela forma sem moderação provocava um rebuliço naquela frágil ,mas ao mesmo tempo sólida sociedade. Os que desejavam aquilo não sabiam com quem entrar em contato para se juntarem e o medo de falarem para a pessoa errada correndo o risco de serem mortos mantinham-nos calados, com o pensamento fermentando em suas mentes.

Curiosamente, os revoltos não tiveram nenhuma notícia de sua líder. Eles esperavam que após aquele evento, a líder iria se revelar, contar vantagem ou atacar abertamente a Corte. Porém, nada mais havia além do silêncio e a ausência da representante. Para Mitchell e Pedro, os dois vampiros da Corte que esperavam ansiosamente Clittia trazer a rainha, aquilo era muito pior que uma declaração de guerra pública. Eles e seus informantes não tinham nenhum rastro a seguir, nenhuma informação solta despreocupadamente em uma conversa captada por ouvidos atentos.

Eles nem mesmo sabiam se naquela altura do campeonato Seelyn conseguiria acalmar a grande expectativa que carregava todo o cenário vampiresco.

– Temos que mandar dois dos melhores rastreadores para aquela porcaria de cidade – murmurou Mitchell inquieto contornando a grande poltrona preta da sala.

Eles estavam na sala de reuniões na mansão de Pedro, pois desejavam ter uma conversa particular e discreta. O cômodo era amplo, possuía uma grande televisão pregada na parede creme de frente para um sofá marfim, um pequeno bar repleto das mais variadas e melhores bebidas e uma mesa de madeira nobre estava separando Pedro, que caminhava despreocupadamente enquanto bebia um copo de whisky, de Mitchell.

– Fala sério! Eu queria ter sabido disso antes para poder participar na surdina. Essa mulher sabe como dar uma boa festa! – exclamou Pedro recebendo um olhar reprovador do outro integrante – Mande Isang e Christina, são nossos melhores.

– Christina não. Ela será uma distração e não a acho uma das principais rastreadoras, há muitos melhores – reclamou Mitchell.

– Você quer dizer muitos homens melhores que ela, acertei? – perguntou Pedro já sabendo a resposta.

– Obviamente. Não confio nessas mulheres, elas estão sempre com um plano na manga e o ocultam por meio de sorrisos e provocações. São víboras traiçoeiras! Quando Clittia começar a revelar suas verdadeiras intenções todo meu clã estará pronto para ataca-la. Quero saber se possuirei seu apoio.

As verdadeiras intenções dele na Corte estão vindo à tona, pensou Pedro. Seu clã possuía muitos membros e Mitchell sabia que seu posicionamento naquele instante poderia ajudar a mudar o rumo da guerra civil que se aproximava. Ambos já viveram o suficiente para saber que todo apoio era fundamental e um pequeno acontecimento tinha força para alterar tudo em uma disputa. Um exemplo disso era Hitler, que em plena época imperialista não conseguiu dominar a Rússia porque seu exército se atrasou fazendo com que o penoso inverso atingisse suas tropas.

– Ora, Mitchell, você é um dos revoltos? Devo supor então que a vinda da rainha não os intimidará? – perguntou Pedro sentando-se em sua poltrona de couro preto sorrindo como se tivesse descoberto um segredo importante.

– Nunca ouvi algo tão ridículo em toda minha existência! Não ouse me comparar com essas crianças baderneiras! – esbravejou – Nós dois sabemos que a rainha será inútil. Duvido que sua presença mude alguma coisa, só iremos virar uma piada. Não possuo o desejo de levar nossa sociedade para a superfície, quero as coisas do jeito que estão, só que sem Clittia e Seelyn no poder. O clã daquela vadia egípcia, apesar de não ser tão grande quanto o seu, é extremamente forte e leal, é um perigo para nós. Pense comigo, meu caro amigo, quantos dos nossos realmente iriam hesitar em mudar de lado e ajuda-la?

Mitchell era um chefe duro e violento, ao menor deslize de seus homens os punia severamente. Isso tudo era influência da época de sua transformação no auge do Império Romano, quando as tropas de Júlio César invadiram sua cidade. Graças a isso, os vampiros de seu clã o temiam e não possuíam uma real fidelidade ou admiração pelo líder. Porém, como dizia Nicolau Maquiavel, é melhor ser temido do que amado. O problema era que Clittia possuía tanto o amor tanto o temor da maioria dos vampiros, não somente os de seu clã.

– Nós iremos mandar em Seelyn, Mitchell, tudo irá funcionar perfeitamente – afirmou Pedro pensando naquele assunto.

– Temos que ter um plano B, aposto que Clittia já sabe o que fará se a rainha não for de muita ajuda. Precisamos juntar forças agora, observar enquanto a vadia egípcia brinca de marionete junto a nós e ao menor deslize podemos nos virar contra elas e destruir a liderança dos revoltos para ressurgirmos como novos comandantes. É como um grande espetáculo, enquanto houver uma distração ninguém perceberá nossas reais intenções e quando perceberem já será tarde demais! O que me diz?

– Preciso pensar, Mitchell. Você me apresentou uma bela proposta, que será estudada com cautela, prometo. Mas antes temos que reunir todos na praça principal, o show começará em breve.

[...]

O ânimo de todos estava exaltado. A praça principal fervilhava, repleta de vampiros de diferentes clãs. O murmúrio das conversas só não era maior que a expectativa presente em cada um ali presente. Todos foram convocados àquele local sem ninguém dizer para os mais de três mil vampiros que viviam sob Nova Iorque. Aquela era a primeira cidade vampírica que Seelyn iria visitar, pois naquele local estavam os clãs mais importantes, inclusive os dos integrantes da Corte.

Era incrível o imenso potencial que o subsolo possuía e era desperdiçado pelos humanos, sendo usado comente para passar a fiação elétrica, a rede de esgoto, água e telecomunicações. As cidades dos vampiros estavam espalhadas por todo o mundo, sendo a de Nova Iorque a mais importante da América. A comunicação entre elas era feito através de túneis extensos, já que somente os mais importantes daquela sociedade podiam se deslocar pela superfície. As catacumbas parisienses não se comparavam àqueles caminhos, elas eram uma versão malfeita e distorcida dos túneis vampíricos.

– Agatha, abra o jogo – sussurrou Lucios, ainda extasiado pela quantidade de sangue fresco que bebera na última noite – O que nossa líder falou com você? Sei que ela te disse algo, já que é o contato entre nós e ela.

Agatha quase sumia no meio da multidão devido a seu tamanho infantil, mesmo que usasse um grande e fino salto preto. Sua roupa, ao contrário da última vez que fora ao necrotério, consistia em um cropped escuro e calças jeans justas a fim de valorizar suas poucas curvas. A única coisa que revelava os quatorze anos que tinha quando fora transformada era seu rosto completamente sem maquiagem, marcado pela cicatriz em sua bochecha. A menina trocou o peso de seu corpo de pé, indecisa sobre contar ou não ao amigo o que a chefe escrevera pouco antes da festa em Rumson acabar.

Na madrugada, enquanto a garota terminava de sugar o sangue de um homem, um menino de talvez dez anos caminhou cambaleante em sua direção com os olhos vermelhos – o que o identificava como vampiro – fixos sem se focar em nada. Ele estava hipnotizado. Ela reparou que o sangue dele escorria pelos seus pulsos, que possuíam cortes profundos e algumas marcas de dentes. Agatha notou logo que aquele vampiro não pertencia aos revoltos e ponderou que ele deveria ser algum espião da Corte e ficou satisfeita ao vê-lo naquele estado. A surpresa dela ficou evidente ao ver um papel delicado e grosso ser estendido em sua direção. Assim que o pegou, o corpo do menino tombou para frente e ficou imóvel no chão frio.

Ele havia morrido.

Largando o homem que sugava, ela virou o papel e viu um pequeno lírio desenhado cuidadosamente com tinta preta, mas não era de caneta e sim de pena, como nos velhos tempos. Aquela flor era o símbolo secreto usado entre a líder dos revoltos e Agatha, quando precisavam se comunicar de forma escrita. Ao ler a única frase que estava escrita, a menina ficou ainda mais confusa, porém, ela já tinha desistido de entender a chefe há tempos.

Refletindo sobre aquilo, Agatha tomou a decisão de que não fazia mal contar ao seu amigo o que ele desejava saber.

– Ela disse que vai ficar sumida por um tempo e é melhor ficarmos na nossa – respondeu em voz baixa sem mover a cabeça e os lábios.

– O que está acontecendo? Ela te falou alguma coisa? – perguntou confuso.

– Caso não tenha notado ela não gosta muito de expor suas intenções. Mas apostaria meu bem mais precioso que o sumiço dela e a convocação de todos aqui está interligada – afirmou cruzando os braços e levantando a cabeça para tentar ver melhor as quatro figuras que caminhavam calmamente em direção ao palanque.

Os integrantes da Corte observavam a multidão abaixo com o olhar crítico e atento a todas as nuances comportamentais a fim de terem uma noção se aquilo tudo resolveria algo ou não. A primeira reação de todos com a chegada daquelas pessoas foi o silêncio, todos os olhos estavam voltados para eles, ansiosos pela notícia tão importante que levou àquela convocação.

– Boa tarde, vampiros. Como alguns de vocês sabem eu, Pedro e Clittia somos representantes da Corte, que governavam enquanto nossa querida rainha Seelyn tratava de outros assuntos – introduziu Mitchell com a voz alta ecoando pelas paredes fazendo-o ser ouvido por todos ali presente – É com grande honra que anuncio que hoje é o dia em que nossa rainha retornará ao poder.

Os mais velhos, que eram minoria, reconheceram aquela mulher e ficaram estáticos com sua presença ali novamente, Ainda se lembravam de sua mão de ferro ao comandar tudo e do quanto os vampiros tinham um pouco mais de liberdade do que nessa época. O silêncio continuou até que uma risada alta chamou atenção de todos. No meio da aglomeração, um homem bastante alto, bronzeado e musculoso continuava com seu riso jocoso. Ele usava uma regata azul que evidenciava seus músculos fortes, uma bermuda branca e seu cabelo loiro, que batia na altura dos ombros, estava bagunçado. Theodor era um vampiro que possuía pouco mais de quatrocentos anos e havia sido transformado depois de a Corte ter assumido o poder.

– Você realmente quer que acreditemos que essa mulher é nossa rainha? Vocês a fazem aparecer do nada como uma recém-criada e quer que essa vadia mande em nós? – perguntou com um misto de incredulidade e fúria.

Seelyn já esperava opositores a sua chegada súbita e achava ótimo que a pessoa que questionou sua autoridade fosse alguém que demonstrasse ter muita força como aquele cara. Quando acabasse com ele, ganharia mais credibilidade – não que precisasse, iria reinar com ou sem o apoio desses novatos.

– Vadia é só uma palavra que os homens usam quando se sentem ameaçados pela mulher no comando – afirmou descendo calmamente do palanque.

A rainha e Clittia haviam conversado sobre aquele momento. Segundo a amiga, Seelyn tinha que agir exatamente do mesmo jeito que antes de sua saída, pois ela teria ajuda a tomar as decisões e não precisaria se preocupar com isso. Suas únicas tarefas ali era ser um ícone de poder e fazer de tudo para acabar com os revoltos.

A vampira usava uma calça jeans escura e justa, juntamente com uma regata branca com uma jaqueta de couro preto e um divino salto da mesma cor com solado vermelho. Sua imagem andando era a coisa mais sexy e assustadora que a maioria já vira em sua vida. À medida que Seelyn caminhava de cabeça reta entre a plateia, as pessoas se afastavam um pouco, abrindo caminho com certo medo devido à aura intimidante daquela mulher. Quando estava de frente para o desconhecido, parou olhando-o nos olhos.

– Vejo que temos muitas caras novas por aqui. Qual é seu nome? – questionou com a voz serena.

– Theodor Fayve – respondeu estufando o peito.

– Você se opõe a mim, Theodor? – indagou sorrindo e usando um tom de descaso ao falar o nome do rapaz.

– Obviamente. Você deve ser só uma vampira qualquer usando o nome da rainha e que foi trazida pela Corte para diminuir a moral dos revoltos. Para ser franco, eles estão chutando o rabo de todos vocês e acho bem merecido – afirmou sorrindo de lado e cruzando os braços.

O silêncio ao redor dos dois parecia assustadoramente maior com a ausência dos batimentos cardíacos para amenizá-lo. Antes que o homem se desse conta, foi derrubado no chão e foram poucos os que conseguiram ter um breve vislumbre dos movimentos que o fizeram cair. Em menos de dois segundos, a imagem dos dois se encarando se transformou na mulher com o salto alto preto fincado no peio do rapaz.

– Senhor Fayve, de qual clã você pertence? Quem o transformou? – perguntou calmamente.

– Sou de um clã pequeno chamado Houston. Quem me transformou foi o próprio líder, Draven Houston – respondeu perdendo um pouco de sua confiança inicial.

– Draven, você terá que me perdoar por todo dano que provavelmente causarei em seu vampiro indisciplinado. Esses moleques mal aprenderam a controlar a sede por sangue e já se acham os fodões. Pois quer saber, Theodor? Você não passa de um merdinha. E, para o bem de nossa sociedade, não poderá mais viver.

Era perceptível que Theodor tentava de desvencilhar do pé da mulher, porém não conseguia nem mesmo desequilibrá-la por um momento sequer. Farta daquilo, Seelyn enfia sua mão na barriga do homem e começa a estripa-lo, retirando seu intestino delgado metro a metro para fora de seu corpo agonizante. Quando terminou, enfiou a mão mais fundo e partiu em duas sua coluna vertical.

Os gritos dele quebravam o frágil silêncio da praça até que ficou mudo por completo. Os olhos castanhos sem vida encaravam o teto sem se focar em nada. Toda aquela cena de pura violência não durara mais que três minutos.

– Que isso sirva de aviso: não tolerarei nenhum espertinho que tente ser contra mim. Agora o recreio acabou, crianças, é hora de voltar para dentro e se comportar. Caso contrário, sofrerão muito mais que meu amigo aqui – falou Seelyn olhando ao redor com os olhos vermelhos flamejando ira – Draven, você é o responsável por ele. Desta vez não irei mata-lo, daqui a alguns dias ele se curará e estará pronto para outra. Agora você e seu clã limparão esta bagunça.

Com isso, a vampira caminhou para o palanque com sangue pingando por seus dedos e com a roupa e o rosto sujos pelo líquido carmesim. Clittia sorriu para si mesma. Aquilo havia sido muito melhor do que ela esperava. Se fosse ela, só arrancaria o coração do homem, mas Seelyn gostava de um bom teatrinho antes de matar alguém. Ainda bem que as duas haviam sugado alguns humanos, caso contrário talvez a rainha não tivesse conseguido executar tudo aquilo de modo sereno e ignorar o sangue que cobria boa parte de seu corpo.

– Caso não tenham percebido, as coisas aqui sofrerão mudanças. Qualquer um que não esteja a vontade com isso pode falar – fez uma pausa e continuou transformando seu rosto sereno em um sorriso macabro – estou louca para ter um pouquinho de diversão. Isso é tudo, obrigada, vocês foram uma ótima plateia.

Os quatro vampiros saíram do palanque e foram em direção à sala da Corte a fim de terem uma reunião particular e secreta. Ainda no meio da multidão, próximos ao corpo sem vida de Theodor, Lucius e Agatha trocaram um olhar tenso. Aquela mulher não estava para brincadeiras. Ambos viveram sob o reinado de Seelyn e aquela época foi quase uma ditadura.

– Ferrou – sussurrou Agatha com as mãos suadas.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo ♥ Vou responder os comentários que faltam essa semana (que são bem poucos, já que quase ninguém comenta) e gostaria de saber o que cada um acha da história, do que gostam, do que no gostam, etc.



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