Casa de Boneca escrita por Angie


Capítulo 5
The Nightclub




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/569392/chapter/5

Melanie havia se banhado e colocado shorts, regata folgada e coturno nos pés. Os cabelos estavam molhados e soltos num emaranhado de ondas negras.
Havia passado rímel, lápis e uma suave camada de base na tentativa de esconder q cara de choro.
Ela olhou pela janela. Não era tão alto, ela poderia muito bem se pendurar no batente e depois saltar e rolar na grama como sempre.
Vitor não iria entrar, até porque o porteiro precisaria interfonar na casa e anunciaria a fuga. Ele já devia estar do outro lado da rua encostado ao muro a esperando.
Melanie colocou um dos pés para fora da janela e ficou sentada ali por um tempo olhando o luar. Era lua cheia e estava linda, redonda e brilhante e, incrivelmente, as estrelas brilhavam intensamente apesar de todas as luzes neon da cidade.
Melanie jogou o outro pé para fora e pulou se deixando cair como uma bola na grama. Ou deveria cair na grama.
Seu corpo se chocou com outro e o ar saiu dos pulmões de seu "alvo".
– Oi, Mel... - era a voz de Bruno mas não saia como uma voz normal e sim como um gemido.
– O que você tá fazendo aqui, retardado? - ela disse num sussurro gritado.
Ele se sentou na grama enquanto ela cambaleava já de pé.
– Eu vi você sentada na janela e decidi vir te ver. Mas ai você se jogou, literalmente, em cima de mim - ela estendeu a mão o ajudando a se levantar - Aliás, onde pensa que vai sozinha a essa hora?
– Lugar nenhum. Volta para dentro e finge que nunca me viu - ela virou as costas ajeitando o cabelo e saiu andando até ele lhe agarrar o pulso.
– Melanie! - os olhos castanhos do menino encontraram os dela. Ele puxou seu pulso a fazendo se aproximar e passou a mão sobre sua bochecha - Não pense que não sei das coisas. E você está me escondendo alguma. Quem está te esperando lá fora?
Ela apenas o encarou piscando os olhos tentando afastar qualquer resquício de choro que ali ainda estivesse. Bruno segurava seu pulso mas sem força. Se ela se virasse e saísse correndo ele não poderia fazer nada. Mas ela não queria fugir.
– Meu namorado está me esperando lá fora - disse prendendo a respiração.
– Aonde vocês vão? - Bruno perguntou como se não estivesse se quer surpreso pela palavra "namorado".
– Parque. Apenas caminhar - Bruno não disso mais nada. Apenas a olhou por completo. Melanie sentiu o rubor subir as bochechas e desviou o olhar para o chão.
– Não posso deixar você sair a essa hora com um garoto, Mel.
– Ah, qual é, Bruno? - ela puxou o pulso se afastando - Desde quando isso é problema seu?
O menino se calou e balançou q cabeça negativamente.
– Melanie, você não tem o menor juízo. Estava ontem à noite com ele não estava? - ele começou a andar de um lado para o outro inquieto - Qual seu problema, Melanie? Você só tem 15 anos. Não deveria estar por ai transando com garotos de colegial idiotas...
– Ele já está na faculdade - ela disse num tom tedioso cruzando os braços sobre o peito.
– Ah, ótimo, desculpe. Você não deveria sair por ai transando com universitários idiotas...
Ela o olhou com os olhos semicerrados.
– E você não deveria andar por ai transando com qualquer garota por simples diversão - ela disse e o rosto do menino se fechou.
Melanie e Bruno ficaram se encarando por alguns segundos até ele abaixar a cabeça num sinal de negação e a pegando pelo braço.
– Vem. Vou te levar até o portão. Te impedir não vai adiantar.
Melanie revirou os olhos e puxou o braço mas ainda sim andando do lado do amigo.
– Perdão - ele disse.
– Perdoo. Perdão? - ela perguntou
– Perdoo.
Eles avistaram Vitor do outro lado da rua enquanto Bruno fechava o portão atrás deles.
– Cuidado - ele selou os lábios na testa da menina e a ajudou a atravessar vendo ela se ir com o rapaz.
Para felicidade dele ela olhou para trás e sorriu uma última vez, como só ela conseguia fazer.

* * *

Vitor segurou na mão de Melanie enquanto se afastavam. Ele não demonstrara nada demais até irem para o carro. Abriu a porta para ela depois dando a volta e entrando no veículo também.
– Quem é ele, Melanie? - disse apoiando as mãos no volante do prisma prateado.
– Meu vizinho e amigo - ela disse sem ensaios, afinal era a verdade. Ela e Bruno eram amigos, quase irmãos, talvez, ele fosse até mesmo mais irmão dela de que Arthur.
Vitor não respondeu. Apenas deu a partida começando a dirigir.
Depois de alguns minutos no volante sua mão direita largou dele e foi para a cocha de Melanie a afagando suavemente. Isso fez com que a menina sorrisse.
– Você está bonita - disse sorrindo, porém, sem olhá-la. Melanie sorriu de volta sem olhá-lo também.
– Você também está. Certeza que estamos indo para o parque e não para um jantar romântico? - ela disse enrolando os cabelos entre os dedos.
– Ah, não! Você descobriu! - ele fingiu uma cara de decepção enquanto a garota soltava um riso suave - Na verdade, pensei em irmos, sei lá, para uma boate - ele sorriu.
– Não vão me deixar entrar. Sou menor de idade, Vitor.
– As portas do mundo se abrem com amizades, cara Melanie - ele trocou a marcha do carro e voltou a colocar a mão sobre a coxa da menina - Você quer, ou não?
Melanie assentiu um pouco incerta, mas era Vitor afinal, seu namorado, ela deveria confiar nele.
– Se você pensar em dançar com outra garota, cabeças irão rolar, querido - ela disse fazendo o rapaz rir.

* * *

Melanie e Vitor se beijavam num canto da boate enquanto as luzes coloridas dançavam pelo salão acompanhando todos os jovens ali presentes. Pouco menos da metade não deveria ter mais que seus 17 anos.
Era uma festa regada a música, álcool, cigarros e drogas.
Por certo tempo Melanie se sentiu enojada pelas pessoas do local. Os pais a fizeram odiar o álcool e o vício do irmão lhe trazia recusa a qualquer tipo de cigarro.
As mãos de Vitor passeavam por seu corpo de forma que a fazia se sentir extasiada. Desciam de sua nuca pelas costas, em outras vezes lhe acariciavam as pernas e em algumas outras se limitavam apenas ao rosto dela.
Agora elas estavam em sua cintura lhe trazendo o mais perto possível e seus braços lhe rodeavam o pescoço enquanto um beijo voraz os consumia.
Melanie apenas o largou quando sentiu o celular vibrar dentro do bolso dos shorts.
– Vitor... - ela apontou para o celular e depois para a porta da boate e ele assentiu.
Ela foi para fora vendo o número de Arthur na tela do celular. Sentiu o coração parar pensando nos pais.
– Alô? - atendeu insegura prendendo a respiração.
– Mel? - a voz do meio irmão soava agitada e ele estava ofegante - Onde você está? Mel, preciso de ajuda - ele parecia estar se movimentando.
– Arthur? - Vitor havia ido ao encontro dela e a olhava - Arthur, onde você está?
– Mel, preciso de dinheiro. Se eu não pagar eles hoje, vão me matar, Melanie!

* * *


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!