–Eu te amo. Ela me confidenciou em um sussurro, enquanto me abraçava e dizia que tudo ficaria bem e que essa fase passaria. Eu queria acreditar que sim, mais não era possível, não era possível acreditar que tudo era real.

Não a respondi, deixei que ela ficasse murmurando coisas boas enquanto eu me perdia nas lembranças de meu menino, ele era tão lindo e agora estava a minha frente, em seu termo que ele tanto quis para sua formatura, em seu caixão com flores por todos os lados e milhares de rostos que sei que não reconheceria nem que falasse com todos.

Henry havia sofrido um acidente de carro enquanto voltava com um colega da escola, um caminhão acertou e a morte foi instantânea, não tinha nada que se poderia fazer, mesmo eu tendo colocado todos recurso dentro daquele hospital, mesmo o hospital sendo da minha família, não havia o que fazer e agora estava ali me despedindo do meu menino e não sabia como viveria com sem ele, não sabia como poderia voltar a ter uma vida sequer, longe dele e isso me matava, por que sei que quando ele morreu levou tudo de mim.

Limpo uma lagrima quando essa lembrança me atinge em cheio, ainda consigo sentir as mesmas sensações que sentia quando olhava para seu rosto pálido e sem vida, me perco em outras lembranças de como depois da partida dele tudo desabou na minha vida.

–Re, você precisa conversa comigo. Reclama a loira ao meu lado, fazia três meses que Henry havia partido e até agora não conseguia a encarar, pois ela me lembrava muitodele e sei que acabaria me rendendo e tentado seguir em frente com ela, mais não posso deixar a memória do meu filho, o vazio que ele me deixou quando e foi.

–Emma agora não é o momento, preciso dormi. Digo rispidamente e me viro de costas para ela.

–Uma hora você precisa falar comigo direito. Resmunga e até imagino a cara que ela está fazendo, mesmo assim não me viro, mesmo ela não sendo culpado sinto uma raiva enorme quando ela começa com o papo de atenção.

–Eu falo, todo maldito dia eu falo com você Emma, o que mais você quer de mim? Eu grito me sentando. Ela se levanta e sai do quarto em dizer nada.

Se ao menos eu tivesse realmente tentado a entender, não era a única que tinha perdido Henry, não foi só eu quem perdeu um filho, mais na época eu não conseguia, simplesmente não conseguia não a culpar ou a tratar bem.

–Regina você dormiu fora de casa novamente? Pergunta-me e eu simplesmente a ignoro e vou para o quarto. Tomo um banho e me deito na cama, hoje faziam cinco meses e eu ainda não conseguia a olhar. Tinha me afundado no trabalho e a deixado de lado, vivia da casa para o trabalho e do trabalho para a casa.

Ela veio até o quarto eu estava deitada ela parou na porta e confidenciou a mim. – Eu te amo, Regina e não vou desistir de você, não mesmo.

Dito isso saiu do quarto fechando a porta.

Se eu ao menos tivesse a ouvido, tivesse a entendido isso não estaria acontecendo, estaríamos tentado viver um dia de cada vez, um maldito dia de cada vez, mais meu sofrimento e orgulho não me deixaram pedir ou aceitar sua ajuda.

–Regina não esqueça, hoje à noite, filmes e pipocas. Disse ela com um sorriso doce para mim.

Não a respondo, apenas selo nossos lábios e saiu de casa, ainda consigo ouvir o pequeno bufar dela e logo após uns soluços.

Fazia um ano que Henry havia ido embora e Emma pareceu sempre está bem, não que a não tenha visto chorando varias e varias vezes, mais não via o mesmo sofrimento e isso me deixava extremamente mal, tínhamos melhorado nosso relacionamento, na verdade eu já não a tratava tão mal, já conseguia dizer que a amava e tínhamos voltado a nós tocar, mais mesmo assim ainda não me conformava que ela não sentia da mesma forma que eu sentia, todo o sofrimento pela perda de Henry.

Vou para o trabalho e me afundo nele novamente, no meio da tarde recebo uma mensagem linda de amor da minha esposa e ao contrario do que sempre me fez feliz, me deixou extremamente chateada por ela não fazer menção que amanhã era o dia fatídico das nossas vidas. O dia que eu perdi a pessoa mais importante da minha vida.

Nesse dia resolvo a magoa-la como me sinto por todo esse tempo, ela não ter se sentido do mesmo jeito e faço aquilo que sei que não terei perdão e que ela jamais irá esquecer, mais no momento cega pela dor e raiva, simplesmente faço e sei que a perderei, mais pelo menos a farei sentir toda dor que sinto.

Saiu do hospital junto a um dos médicos que sempre me cantava e levo-o até minha casa, não faço nada romântico ou para sentir algum prazer, meu objetivo é apenas machucar Emma, pois sei que logo ela chegará.

Em todo ato, ficando pensado em toda a porcaria que minha vida se tornou depois daquele acidente, depois que Henry se foi e depois que me perdi na minha amargura, raiva e culpa. Sou tiradas de meu pensamento quando ouço um grito, um grito de dor e ódio.

Emma grita meu nome e depois puxa o cara de cima de mim, bate nele algumas vezes depois o expulsa de nossa casa, ainda consigo a ouvir bater as portas do guarda roupa enquanto ainda me encontro na mesma posição. Ouço a chorar e praguejar a todo o momento, mais não a olho, não a encaro apenas fico olhando para o teto sem ter o que dizer. Ela termina de fazer o que queria e sai me deixando para trás.

Termino de assinar os papeis e entrego ao meu advogado, Emma não me olha em momento algum, quando entrego os papeis ela se levanta e vai embora, mais antes seguro em seu braço.

–Eu te amo. Digo ela me olha por segundos e depois olha para frente e me diz em um sussurro.

–Eu perdi duas pessoas importantes na minha vida. Eu só não sabia que perde uma me faria perde consequentemente a outra. Diz ela ainda olhando para frente, me olha me abraça e me dá um beijo na testa e depois diz. – Eu te amo, mais não consigo mais.

E vai embora, levando o que me restava de bom, mesmo eu não sabendo até perdê-la também.