Back where I belong escrita por Katherine


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Juju!!! Aqui, como prometido!!
Feliz aniversrio, e tudo de bom!! Espero que goste pois foi escrita com muito muito carinho e pouca maldade.



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Eu sorri quando ele se despediu de mim, saindo para passar o verão com outra mulher. Eu sorri quando entrei na sala onde estavam meus colegas, que também eram meus amigos e me conheciam bem. Ou quase isso. Eu disse que estava bem quando Lanie me perguntou o que eu estava sentindo. E quando Roy quis me dar alguns dias de folga, eu disse que não era preciso, eu estava realmente bem.

Continuei ali bebendo junto com eles, talvez tivesse bebido mais que o necessário, mas afinal, o que importava?

Quando disse que já estava cansada e ia para casa, Lanie me seguiu até o carro, mesmo eu dizendo que estava bem.

-Kate, pare de andar e me escute, eu sei que você não esta bem. -Ela dizia.

-Eu não sei por qual motivo você insiste Lanie, eu já disse que estou bem, por que eu não estaria bem? -Gritei, me virando para ela.

-Porque Castle saiu com outra mulher, pelo verão todo quando você ia dizer alguma coisa importante para ele. Porque o homem que você ama, saiu. E você não fez nada para impedir. -Ela gritou de volta, respirando para recuperar o fôlego.

Nós ficamos nos olhando durante um tempo. Eu não acreditava que ela estava dizendo aquelas coisas. Ela não tinha direito. Ninguém tinha direito de me julgar, de falar sobre a minha vida.

-Lanie, eu realmente não quero brigar com você então, por favor, me deixe sozinha, pare de tentar achar sentimentos onde não tem. O Castle foi embora com a mulher dele, a vida é dele e ele faz o que quiser. A minha vida é minha, só eu sei o que sinto e eu posso garantir, eu não o amo.

-Você está mentindo. -Ela afirmou, cruzando os braços.

-Não, e eu já cansei disso, me deixe, não se intrometa na minha vida, eu sei me cuidar, sempre soube e não vai ser aquele idiota que vai mudar isso.

Falei para ela e entrei no carro, dando partida rapidamente. Não queria brigar com ela, não queria nem mesmo falar com ela. E nem ninguém. Eu só queria uma coisa.

Sofrer sozinha, em silencio no meu apartamento, escondida embaixo das cobertas onde ninguém me ouviria chorar.

E como toda mulher iludida pelo amor, eu procurei a musica mais deprimente e fiquei segurando as lagrimas até estar na segurança do meu apartamento. Quando cheguei fui direto para o chuveiro. Não sei quanto tempo fiquei embaixo da água. Também não me importava.

Ele tinha ido embora, o homem que eu amava. Sim, eu amava Richard Castle e já tinha aceitado isso. Sim, eu tinha mentido para Lanie. Mas afinal, era disso que a vida se tratava, não era? Sofrer em silencio com um sorriso no rosto, pois ninguém precisava ver e saber das minhas fraquezas, elas eram só minhas.

Quando me joguei na cama para dormir já passava da meia noite, peguei o celular para ajustar o despertador do dia seguinte, e vi que tinha uma mensagem de Lanie.

Ela era direta, como sempre.

"Se precisar de alguém para conversar, me liga."

Respondi um "ok" e me desculpei pelo que disse mais cedo. Depois apaguei a luz e me escondi na segurança que a minha coberta oferecia. Não era muito perto do que eu sentia quando estava com ele, mas era o que eu tinha para aquela noite, ou pelo resto da vida, talvez.

Quando acordei no dia seguinte, não sabia se odiava mais Castle ou eu mesma. Ele tinha se tornado parte da minha vida antes que eu percebesse, e agora ele tinha saído e me deixado sozinha sem que eu pudesse impedir. E por isso eu deveria estar morrendo de raiva dele.

Mas agora eu estava percebendo que não era bem isso. Com sempre, a culpa era minha. Apesar de não ser novidade um relacionamento acabar por minha causa, dessa vez estava machucando muito.

Eu já devia saber que não podia me apaixonar por ninguém. Muito menos por Richard Castle.

Desde o começo as coisas com ele foram diferentes, ele era insistente, curioso e se metia onde não era chamado, descumpria minhas ordens e era completamente imaturo, mas no final do dia ele sentava-se ao meu lado e ficava me olhando daquela forma que me fazia imaginar o futuro. O futuro com ele.

Um futuro que agora não existia mais, pois ele estava com outra mulher, longe de mim, longe da minha vida.

Suspirando, comecei a me arrumar para o trabalho. Seria um longo dia.

~~~~~~

As semanas passaram tão lentamente e eu estava presa em uma rotina chata de acordar cedo, passar o dia focada no trabalho, ou quase isso, e voltar para casa no final da noite. Quando comecei a me dar conta, o amanhã já era ontem, minha vida não tinha emoção e eu me odiava tanto por saber que era a falta que ele fazia.

Eu estava apaixonada e não tinha mais como mudar isso. Sempre me recordava do sorriso dele, ou da forma com os olhos ficavam pequeninhos quando ele sorria. Uma das melhores memórias que eu tinha era de um caso de meses atrás, quando salvamos uma criança minutos antes da morte, e ele me abraçou de uma tão... Diferente. Nunca havia me sentido assim antes, tão segura e protegida.

Rick Castle era minha estrela guia, e agora que ele não estava por perto, eu me sentia perdida em meio a minha própria vida.

Não podia negar isso, pois cada vez que o telefone tocava meu coração batia mais forte, esperando que fosse ele. Mas nunca era. Eu ainda esperava todas as manhãs que um copo de café aparecesse magicamente na minha frente, e logo em seguida Castle sentasse ao meu lado.

Mas, novamente, nunca acontecia.

Eu estava ficando louca, eu sabia, mas a saudade e essa sensação de dor no coração estavam me matando. Meu rendimento na delegacia estava ruim, mal dormia durante a noite e, varias vezes tinha deixado lagrimas escaparem quando pensava nele.

Eu até tinha tentado me distrair, conhecer pessoas novas, mas não ajudou em nada. Lanie tinha me levado para uma festa alguns dias atrás e me apresentado um cara chamado Josh. Ele parecia legal, mas quando tentou me beijar e eu olhei nos olhos dele, não vi os olhos azuis com os quais eu sempre sonhava em ver.

Não era Rick. E tudo estava tão errado com aquele cara, não queria aquele sentimento de vazio cada vez que olhasse para ele.

Queria me sentir completa e amada, e isso só um homem podia me dar.

O homem que tinha saído da minha vida.

Eu ainda me lembrava perfeitamente do dia em eu saímos para jantar no final de um caso complicado. Era tarde e eu estava morrendo de fome, Rick me pegou pela mão, ignorando o meu olhar e caminhamos até um restaurante perto da delegacia. Ele não me obrigou a fazer nada, nem mesmo pediu, mas quando chegamos na porta de entrada do meu prédio, ele me olhou de uma forma tão carinhosa que eu não pude resistir e acabei beijando ele levemente no rosto.

Acho que demorei mais do que o necessário, pois aquele sorriso de conquistador estava nos lábios dele quando me afastei. Mas o olhar dele indicava outra coisa, uma coisa nova que tinha começado a aparecer cada vez mais nos últimos tempos. Compaixão, carinho e segurança.

No dia seguinte voltamos a ser nós mesmo e fingimos que aquele momento nunca tinha acontecido, não comentamos e muito menos repetimos. Mas eu não podia negar. Era cada vem mais difícil. E comecei a pensar que talvez, apenas talvez, podíamos ter uma chance.

Mas agora, eu estava sozinha, e ele estava com outra mulher. Já não sabia mais quem eu deveria culpar, pois quando mais eu pensava sobre os acontecimentos, mais dor de cabeça eu tinha.

Demming. O convite de Castle. Minha confusão em decidir entre os dois. Gina.

Tudo tinha acontecido muito rápido.

A campainha tocou, interrompendo meus pensamentos. Não tinha convidado ninguém, então só podia ser Lanie. Ela tinha dito hoje cedo que estava preocupada comigo.

Abri a porta e ela logo foi entrando, me puxando para um abraço. Eu sabia exatamente por que ela estava ali, mas pretendia evitar o assunto o quanto pudesse.

Começamos a conversar sobre o caso que estávamos investigando enquanto ela andava pelo meu apartamento e eu preparava algo para a janta.

Lanie estava falando algo sobre os exames de sangue da vitima e eu acabei perdida nos pensamentos novamente. Nos tempos em que eu e Castle éramos felizes e não tinha aquele clima estranho cada vez que nos olhávamos.

Eu ainda não era apaixonada, mas ele já tinha conquistado a minha amizade. Era divertido passar os dias com ele na delegacia, claro que eu nunca admitiria isso, mas acho que no fundo ele sempre soube.

-KATE! A comida. -Lanie veio gritando e me empurrando para longe do fogão.

-Draga. -Murmurei, pegando um copo de água gelada.

-Vamos pedir comida chinesa mesmo. -Ela disse, já pegando o celular.

Minutos depois ela veio sentar ao meu lado no sofá.

-Kate... Eu acho que precisamos conversar.

-Sim, eu também acho... -Suspirei, fechando os olhos e jogando a cabeça contra a almofada.

Ela ficou em silencio esperando que eu começasse a falar.

-Isso tudo me irrita. Eu não sei o que pensar. Nós dois erramos, mas eu estava quase pronta para contar a ele, e então aquela loira aparece e estraga tudo. Por que ele não podia ter esperado mais um pouco? -Perguntei frustrada.

-Você contou para ele que tinha terminado com Tom?

-Não. Eu... Eu ia dizer tudo, mas ela apareceu.

-Sabe, Kate, eu acho que Castle esperou o máximo que pode, esperou dias para ver no que daria esse seu namoro com Tom, e quando percebeu que era sério, ele escolheu deixar seu caminho livre.

-Eu não sei o que fazer para consertar isso, mas está me matando essa situação.

-Vocês tem que conversar.

Lanie me disse tantas coisas, me fez ver a situação de outro modo, e ajudou muito. Ela era uma ótima ouvinte e conselheira.

Jantamos e eu até consegui me divertir um pouco, mas logo o assunto sério voltou. E agora, horas depois de me despedir dela, eu estava dirigindo pelas ruas do Hamptons.

Eu sabia onde ficava a casa, ele tinha feito questão de mostrar uma ou duas vezes na delegacia, então não era difícil chegar, e mesmo que fosse, era o menor dos meus problemas no momento. Onde eu estava com a cabeça quando deixei Lanie me convencer de vir até aqui?

Provavelmente, eu deveria voltar, mas agora já estava aqui, e podia avistar a enorme casa dele. Além disso, eu realmente acreditava nas ameaças da minha amiga.

Parei o carro alguns metros de distancia da porta da frente, em um local escuro, escondida pelas arvores, não queria que ninguém me visse antes de eu estar pronta, porque eu não fazia ideia do que dizer quando encontrasse com ele.

Não podia simplesmente chegar e dizer "Oi Castle, eu vim até aqui avisar que esse mês foi o pior da minha vida porque você não estava lá, e eu te amo." Eu realmente não podia dizer isso, e não tinha coragem para tal.

Talvez eu precisasse de um psicólogo para me ajudar a estender qual era o meu problema, pois enfrentar bandidos e todos os perigos de ser policial, era fácil, confiar minha vida nas mãos de Castle era fácil, mas por que diabos eu não podia confiar meu coração a ele?

Fechei os olhos, tentando me concentrar no que eu ia dizer para ele. Precisava explicar o que tinha acontecido um mês atrás antes de ele sair para o verão, precisava explicar o que eu sentia por ele.

Improviso, era algo que ele sempre dizia.

Certo, Kate, é apenas o Castle, seu parceiro de todos os dias. Eu tentava me convencer enquanto saía do carro. Mas, não deu nem um passo e já notei que estava tudo apagado, a casa estava completamente escura.

E se ele estivesse no quarto, com alguém?

Não, eu não ia nem pensar nisso, era tortura demais.

Olhei na direção do mar, imaginando como seria a vista pela manhã, quando o sol estivesse nascendo e não pude evitar as imagens que apareceram em minha mente. Eu estava de pé, na areia, quando duas crianças vieram correndo na minha direção. Os dois pares de olhos azuis eram inconfundíveis. Logo depois vinha Rick, correndo com dois baldes cheios de água.

Essa era uma ótima visão do futuro, um futuro que eu estava disposta a viver.

Finalmente, isso me deu coragem para caminhar até a porta da frente e tocar a campainha. Um sorriso bobo estampava meu rosto enquanto eu esperava. Apenas o pensamento do que podíamos construir juntos me animava.

Minutos se passaram e nada, não ouvi nem um ruído indicando que alguém estava vindo abrir a porta. Toquei a campainha mais uma vez, e a mesma coisa se repetiu. Silencio.

De repente, uma lagrima começou a se arrastar pela bochecha. Era por motivos como esse que eu não me deixava apaixonar por ninguém. Meu coração sempre acabava machucado.

Provavelmente ele estava com Gina em algum lugar. Droga, eu tinha esquecido completamente dela. Não sei como, afinal era um dos grandes motivos para eu me encontrar nessa situação.

Ou talvez, isso tudo era apenas um grande sinal me dizendo que não daria certo o relacionamento que eu queria. Era melhor voltar para casa mesmo. Suspirando, entrei no carro e deixei a cabeça cair contra o volante.

Por que as coisas sempre acabavam erradas quando eu mais queria que funcionassem?

Outra lagrima rolou, e tomei isso como dica para ligar o carro e dar partida. Girei a chave e quando levantei a cabeça, quase pronta para sair dali, soltei um grito.

Na minha frente, parado, estava ninguém menos do que Richard Castle.

Pedindo para ser atropelado, pelo visto. Qual era o problema dele, afinal? E mais importante: O que ele fazia ali?

-Kate? -Ele perguntou se aproximando da porta. Ele parecia confuso.

-Castle, qual o seu maldito problema? -Berrei já saindo do carro.

Toda a raiva que tinha dele antes estava voltando. Não era junto, mas... Essa assim que eu me sentia no momento. Ele e as brilhantes ideias de fazer tudo errado, como ficar parado na frente de um carro.

-Ei, calma. -Ele disse, levantando os dois braços. -O que eu fiz para você me olhar desse jeito? -Perguntou com a testa franzida.

"Péssima pergunta, Castle" Pensei, olhando para ele enquanto decidia o que falar.

-Sabe... -Ele disse, depois de um momento de silencio. -Não é que eu não esteja contente em te ver aqui, mas estou um pouco confuso. Esse seu olhar geralmente não significa coisa boa.

-Talvez, Castle, seja porque eu quase te atropelei. -Falei, cruzando os braços.

-Quanta violência, detetive, por que quis fazer isso? -Ele sorriu! Ele teve coragem de sorrir.

-Porque você estava na frente do carro. O que você fazia na frente do meu carro? -Estava perdendo a calma. E ficando irritada.

-Eu acabei de chegar em casa e vi seu carro aqui parado, pensei que era uma boa ideia conferir. -Ele deu de ombros, escondendo as mãos no bolso da calça e olhando para o chão.

Não falei nada, fiquei apenas olhando para ele, tentando descobrir se ele estava sozinho ou não. Não tinha visto Gina ainda.

-Então... Hm... O que faz aqui, Kate? -Ele perguntou com um pequeno sorriso no rosto, aquele olhar inocente que era tão fofo.

-Eu...

O que eu iria dizer? Que estava ali pois a saudade era tão grande que eu não consegui esperar o verão para vê-lo? Ou que eu estava completamente apaixonada por ele? Nenhum das opções pareciam boas. Não para o momento.

-Eu peguei alguns dias de folga, e pensei em vir até aqui para... Procurar um lugar para ficar.

Péssima mentira. Castle não pareceu acreditar nas minhas palavras, mas não disse nada para contraria-las.

-Demming não veio com você? -Ele perguntou com o olhar triste.

-Não. -Eu respondi simplesmente.

Novamente, ficamos apenas nos olhando, um silencio constrangedor. Eu sabia que ele tinha varias perguntas, mas eu não tinha as respostas. Ou não estava pronta para falar. Ainda.

-Bom, minha mãe sempre disse que eu devo oferecer um copo de vinho para as visitas, mas acho que você precisa de algo mais forte. -Ele disse de repente, levantando uma sobrancelha.

-É, eu acho que sim. -Sorri fraco, desviando o olhar.

-Tem um bar aqui perto, não está muito movimentado, eu acabei de passar por ali agora a pouco, se você quiser, nós podemos... -Ele parou de falar. Acho que ele estava esperando por alguma reação minha, já que eu estava calada e sem olhar para ele.

Os olhos azuis eram viciantes, e eu me perderia fácil se ficasse muito tempo olhando para eles.

-Sim, podemos... -Concordei com ele, mas também não terminei a frase.

Ele deu de ombros e estendeu a mão para pegar a minha. Rapidamente tranquei o carro e peguei a mão dele. Caminhamos lado a lado e eu me deixava ser guiada por ele.

Olhando para as estrelas brilhando no céu escuro e para as nossas mãos unidas, eu percebi que toda a raiva que sentia dele tinha passado sem nem mesmo eu notar. Aquele momento parecia certo, e ao mesmo tempo errado.

-Gina não vai se importar? -Perguntei, diminuindo o ritmo da caminhada.

-Ela foi embora. -Castle disse e continuou andando, me levando junto sem nem mesmo desviar os olhos das ondas do mar.

Mas ele deve ter percebido que eu ainda olhava para ele, tentando achar respostas para as minhas próprias perguntas.

-Nós terminamos. -Ele disse simplesmente, depois de alguns minutos.

Não trocamos mais palavras durante o resto da caminhada. Mas isso não foi um problema, como eu pensei que seria. O silencio era agradável, e permitia que ambos se perdessem em seus próprios pensamentos.

Quando chegamos, Castle me levou até uma mesa mais reservada, com vista para o mar.

-O que você quer beber? -Ele perguntou, parecendo adoravelmente tímido.

-Um suco está bom, eu acho. -Disse, mudando de ideia.

-Certo, eu volto logo. -Ele disse e desapareceu da vista.

Por um momento, fiquei ali sentada pensando em como seria estar aqui como "a namorada de Richard Castle". Ele me levaria a um lugar calmo e aconchegante como esse ou a um restaurante chique e caro no centro? Ou melhor ainda, será que ele faria o jantar?

E eu não podia deixar de imaginar o que aconteceria depois. Ele provavelmente me deixaria louca de vontade de beija-lo. O homem era puro charme.

-Aqui, seu suco. -Ele colocou o copo na minha frente, e eu levantei o olhar, sorrindo para ele.

Castle sentou na minha frente, tomando um gole do próprio suco.

-Então... Como estão as coisas na delegacia?

-Ah, o de sempre, mas você não perdeu nenhum caso divertido. -Dei de ombros.

Na verdade as coisas não estavam como sempre. Estavam piores, muito. Os dias eram chatos, a emoção de resolver um caso não era a mesma. Claro, a tranquilidade de ter dado a mais uma família o direito de saber era a mesma, mas só isso.

-E como foi a sua viagem com Demming? Gostou? -Ele brincava com o canudo no copo de suco.

-Não fomos. -Castle me olhou. -Nós terminamos antes de viajar.

-Por quê? -Perguntou rapidamente, como se as palavras tivessem escapado sem ele querer.

-Tom era um bom homem, mas não era o que eu queria no momento.

Você era.

Ele ficou me olhando, esperando que eu desse mais detalhes, e então eu sorri.

-Além do mais, eu pensei bem naquela coisa que você disse uma vez sobre "Ying&Yang e Ying&Ying". Acho que estava certo.

-Oh, detetive Beckett, fico feliz em ser util. -Ele riu.

Ficamos apenas nos olhando, como normalmente acontecia antes de Demming aparecer. Apenas nos olhando, conversando sem palavras.

-Mas então... O que aconteceu entre você e Gina? -Não pude evitar perguntar, estava curiosa desde que ele falou sobre o termino.

-Acho que acabamos relembrando o motivo de termos terminado pela primeira vez. Ela é muito boa com o trabalho, talvez uma das melhores, mas não da certo quando ela fica o dia todo me seguindo para todos os cantos e tagarelando no meu ouvido que eu devo escrever.

-Realmente, misturar relacionamento pessoal com profissional muitas vezes não da certo e acaba perdendo-se os dois. -Sorri triste.

Agora era a parte que ele diria que nós poderíamos dar certo e fazer funcionar.

-Acho que só funciona quando o casal realmente se ama. -E novamente, aquele brilho nos olhos azuis estava lá. -Desde o começo, eu sempre achei que nós dois daríamos certo.

Eu olhei para ele, tentando entender o que tinha dito, pois para um homem que vive de palavras ele estava claramente se atrapalhando e dizendo as coisas confusas.

-Quando diz "nós" você quer dizer você e Gina ou você e.... Eu?

Se eu estava confusa?

Sim, completamente.

Mas antes que ele pudesse responder um garçom chegou com dois hambúrgueres e fomos obrigados a desconectar os olhares.

Depois disso o tempo passou como um piscar de olhos. Não tocamos naquele assunto, eu apenas comentei como a comida era boa e Rick explicou que o dono era amigo dele. O homem já de idade, de fato apareceu na nossa mesa para nos cumprimentar.

Depois disso, Castle acompanhou o homem, dizendo que pagaria a conta e quando voltou me convidou para voltar para a casa. Eu concordei e caminhamos novamente, ainda sem falar nada.

Quando chegamos na casa dele, que por sinal era maior do eu pensava, ele me guiou até o sofá da sala e sentou ao meu lado.

-Kate, -Começou suavemente. -Por que você terminou com Demming?

A pergunta me pegou de surpresa. E eu sabia que dessa vez ele queria a verdade.

-Eu... Eu não sei. -Disse escondendo o rosto entre as mãos.

-Sabe... Quando eu estava aqui com Gina, nos primeiros dias eu achei que conseguiria esquecer você, mas cada vez que ela me obrigava a escrever todas as lembranças voltavam com força, e eu não conseguia parar de pensar em você.

-Por que queria me esquecer? -Perguntei, eu desconfiava da resposta. Na verdade tinha quase certeza, mas de alguma forma... Precisava escutar ele falando para tornar isso real.

-Porque você estava com outro homem, porque eu vi ele te beijando do jeito que eu queria fazer. Do jeito que eu estava reunindo coragem para fazer. Mas ele foi mais rápido e então... Vocês tinham planos e eu estava sozinho.

Ele parou de falar e ficou me olhando, mas eu estava chocada demais com a sinceridade dele para falar algo. Esse não era o nosso modo. Nós sempre falamos nas estrelinhas.

-Gina percebeu o que estava acontecendo aqui, e eu sei que mereci cada palavra do que ela disse, pois usa-la para esquecer você não era o jeito certo de fazer as coisas. Mas o que mais doeu foi que ela não estava com raiva de você, ou de eu tê-la usado. Ela estava com raiva do modo como eu era cego a ponto de tentar esquecer, ou ignorar o que estava na minha frente esse tempo todo. Até ela podia ver. Todos podem ver isso, exceto eu e você.

Droga, agora eu estava chorando. Mesmo sabendo o poder que ele tinha sobre as palavras, mesmo sabendo o que ele era capaz de fazer com elas, eu não estava preparada para esse pequeno discurso.

Respirei fundo, limpei as lagrimas com as costas da mão, e então olhei para ele.

-Demming era um cara fácil de se relacionar. Era seguro estar com ele pois eu não estava apaixonada. Era fácil encarar o fato de que meu trabalho daria poucos momentos para nos vermos, pois eu não sentiria falta de estar com ele, era divertido e engraçado. Mas não era verdadeiro. E meu coração estaria seguro se algo acontecesse. Se ele me deixasse eu não sofreria novamente. E com você, eu não tinha segurança nenhuma.

Castle pegou meu rosto com as duas mãos, encarando diretamente meus olhos.

-Eu nunca te abandonaria, Kate. -Ele falou calmamente, com amo estampado nos olhos.

-Eu sei, Rick. Mas isso foi o que minha mãe disse varias vezes. Meu pai disse isso, e mesmo assim as coisas ruins aconteceram. Nós dois podemos prometer não desistir na primeira briga, ou não deixar os problemas nos vencerem. Mas e se você levar um tiro? E se estiver viajando e o avião cair? São coisas que não podemos controlar, nem impedir. Eu não aguentaria passar por isso novamente.

-Oh, Kate... -Ele sussurrou e me puxou para seus braços, finalmente entendendo o que eu tanto temia.

-Eu penso sobre isso todos os dias. Tenho medo de onde sua coragem e determinação podem te levar. Tenho medo de algo acontecer com minha mãe quando ela fica dias sem aparecer em casa, tenho medo de deixar Alexis ir sozinha para a escola e algo acontecer no caminho. Um motorista bêbado ou um psicopata. Mas Kate, isso não pode me impedir de deixar minha mãe ter a liberdade que ela gosta, ou minha filha vivenciar a juventude.

Ele fez uma pausa, levantando meu rosto do conforto do seu peito.

-E nosso medo de perder um ao outro não pode nos impedir de viver esse amor. E se algo realmente acontecer? As lembranças ruins vão nos assombrar de uma forma ou de outra. O pensamento de chances perdidas e coisas que poderíamos ter feito para evitar escolhas ruins. Mas se não vivermos isso, também não teremos memórias boas para nos aquecer em noites frias, ou nos momentos que a saudade é insuportável.

Eu odiava admitir isso, mas Rick era a luz que me guiava nesse mundo escuro onde eu vivia.

-Okay. -Sussurrei, com as bochechas coradas. -Vamos fazer isso.

Sorri, baixando a cabeça e deixando o cabelo esconder meu rosto.

-Sim? -Ele perguntou, acariciando minha mão.

-É, eu nunca mais vou dizer isso, mas... Você está certo, nós podemos dar certo.

Ele riu, com tantas coisas que podia ter feito, ele riu.

-Será que pode repedir só mais uma vez? Acho que isso merece ser gravado.

-Castle!

-Hm? -Ele murmurou, acariciando minha bochecha.

-Essa é a parte que você me beija.

-Ah, sim. Certo, o bei...

O homem era adorável quando estava atrapalhado, mas tudo tinha um limite e eu realmente estava querendo beijar aqueles lábios logo.

E que lábios!

Ele era gentil e delicado, ao mesmo tempo firme e determinado. Uma mão passeava pelas minhas costas, enquanto a outra segurava minha nuca, alguns dedos enrolando nos fios do meu cabelo.

Sem perceber, acabei sentada no colo dele, e então ele estava se inclinado cada vez mais, até acabar deitado sobre mim. Seus lábios se arrastaram até meu pescoço, beijando exatamente onde me fazia suspirar.

-Você estava procurando um lugar para ficar? -Ele perguntou, abrindo os botões da minha camisa. -Acabou de encontrar um.

Ah, droga. Como eu contaria para ele que nem mesmo estava de folga?

-Rick, sobre isso...

Senti seus lábios em meu seio, e então ele mordeu levemente o mamilo, logo depois passando a ponta da língua, ao mesmo tempo em que uma das mãos abriu minha calça.

O resto poderia ficar para depois, o que realmente importava era o homem deixando rastros de paixão por todo o eu corpo.

-Que tal me mostrar seu quarto? -Sorri, beijando novamente os lábios dele.

-Com prazer, detetive.


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Notas finais do capítulo

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