Aprendendo a Amar escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Só pra dar uma situada sobre a família Duarte:
Gael e Dandara são casados.
Bianca é filha do primeiro casamento do Gael, com a falecida Ana.
Cobra é o primeiro filho de Gael e Dandara.
Karina e João são irmãos gêmeos e tem 17 anos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/569189/chapter/1

Se não fosse para treinar, ele dificilmente acordaria antes do meio dia. Durante a semana, tinha uma rotina minimamente controlada, dormindo a meia noite e acordando ás 6h15 para abrir a academia do pai e começar a rotina de exercícios.

Aos 20 anos, Ricardo Duarte ainda vivia como um moleque, dependendo única e exclusivamente do dinheiro dos pais para se sustentar. Não trabalhava e nem tinha pretensões disso tão cedo; não continuou os estudos após o ensino médio, crente nas suas habilidades de lutador para criar uma carreira milionária, além da sua lábia para ir levando as coisas nesse meio tempo.

Mas com um pai e mãe professores, o primeiro tendo uma academia à administrar, além de três irmãos, a bonança estava cada vez mais difícil de manter.

“Fecha essa cortina, que droga.” Resmungou João, puxando as cobertas para cima.

“Acorda logo, moleque.” Riu Cobra. “Larga a mão de ser preguiçoso.”

“Eu? Eu tenho que passar a manhã na escola e ajudar a mãe na Ribalta a tarde, se você não lembra. Enquanto você treina de manhã e depois fica vadiando a tarde inteira.” A discussão diária recomeçava.

“Parem com essa futriquinha e levantem logo.” Karina rolou da parte de cima do beliche que dividia com o irmão gêmeo, coçando os olhos. Se pendurou, encarando João na parte de baixo. “Nós temos uma hora para estar entrando na escola, então para de reclamar.”

“Começar todas as manhã com essa discussão é um ritual que eu dispenso.” Bianca sentou irritada na sua própria parte de cima, fuzilando Cobra. “Você pode levantar sem essa bagunça toda, está bem?”

“E perder a chance de acordar a princesinha do mestre Gael?” Ele sorriu irônico, parando em frente à meia irmã. “Nunca.”

“E o dia da família Duarte já começa animado.” Gael escancarou a porta, assustando os filhos. “Juro que, no dia em que vocês não começarem a manhã brigando, eu dou um presente para cada um.”

“Você promete isso todos os dias.” Resmungou João, se arrastando para fora da cama.

“E no dia seguinte, cá estão vocês brigando.” Ele sorriu ironicamente para o filho caçula. “Agora andando... O Marcelo ligou avisando que vai levar o Pedro e a Tomtom hoje, e dá carona para vocês dois. E Bianca, preciso que você resolva algumas coisas da administração.”

“E enquanto isso, o Ricardinho enrola.” Reclamaram os irmãos, até mesmo Karina.

“Eu vou treinar a manhã inteira.” Lembrou o rapaz, já tirando as calças do pijama, sem ligar para a presença das irmãs.

“Hoje começa a sua primeira turma de alunos também, Ricardo.” O pai anunciou, surpreendo os quatro. “Chega dessa história de ser sustentado à toa. Se quiser dinheiro, vai fazer por merecer.”

~C&J~

Não eram nem 7h e Jade já estava em sua terceira sequência. Apesar de mais relaxa do que nos tempos em que era treinada pela mãe, a dançarina era muito disciplinada, especialmente em dias como aquele.

Era novamente dia 14, fazia quatro anos e nove meses que Lucrécia fora levada pelo câncer. Depois de dois anos de luta intensa, sua mãe se fora e a deixara sozinha no mundo com uma promessa: um dia, conseguir ser uma grande dançarina.

Ouviu passos no corredor, mas nem se virou. Àquele horário, apenas uma pessoa estaria na Fábrica de Sonhos.

“Sabia que você estaria aqui.” Cobra sentou-se no canto da sala, a admirando em sua sequência de movimentos. “É um tanto masoquista o que você faz.”

“E o que você tem a ver com isso, Ricardo?” Perguntou áspera, arrancando um sorriso irônico.

“Sou seu melhor amigo, Jade, eu me preocupo com você.” As palavras tinham gosto amargo no ouvido dela.

“Não me lembro de você ser meu melhor amigo semana passada, quando gritou comigo daquele jeito.”

“Eu já te pedi desculpa.” Ele suspirou, coçando os olhos. “Eu tava nervoso, ok?”

“E eu já te disse que não tenho mais paciência para os seus chiliques, Cobra, nem para as suas inconstâncias.”

“Jade...”

“Não, você vai me ouvir.” Ela desceu da ponta dos pés, virando-se para ele irritada. “Você não deixa nenhum garoto chegar perto de mim, está sempre dando sinais tortos e imprecisos... Literalmente ‘não caga e nem sai da moita’. E eu já cansei disso, Ricardo.”

“E o que você quer? Eu já te disse que eu só te vejo como amiga, Jade.” Ele se levantou, nervoso.

“Você também disse que ficaria comigo, naquela festa.”

“Ficaria, não namoraria. E eu sei como você é, Jade, você não é menina de uma noite, você quer um relacionamento. Não posso te dar isso, você sabe, e eu não vou te dar falsas esperanças.”

“Então sai da minha vida.” A voz saiu embargada. “Eu não aguento mais isso, Cobra. Dói estar perto de você e te ver com outras garotas; ouvir você relatando seus casos com aquelas vadias...”

Jade não disse mais nada, apenas lhe deu as costas, encarando o espelho e reassumindo sua posição inicial na coreografia. Cobra ficou a encarando por alguns segundos, antes de suspirar e marchar para fora dali a passos duros.

Chegou a academia e sequer colocou os equipamentos antes de atingir um saco de areia.

~C&J~

Em uma das ruelas próximas, escondida nas sombras, uma jovem ruiva observava a movimentação dos transeuntes. Depois de tanto tempo sendo um deles, já conhecia a rotina daquela praça e sabia que só teria uma chance de fazer o que queria.

Olhou no relógio e viu que era perto das 16h, o pessoal da academia e da Ribalta saia às 17h. A dona da banca costumava fazer sua pausa para o banheiro às 16h15, e o Perfeitão só abria suas portas às 18h.

Quem mais passasse ali, seria apenas uma visita ocasional. Ninguém que pudesse comprometê-la.

Ao observar Dona Dalva arrastar sua cadeira de rodas para a pausa do banheiro, soube que era a hora. Abaixou-se, pegando o cesto que estava no chão e andando o mais depressa possível

Sabia que a primeira porta ficava destrancada, então entrou sem problemas, subindo as escadas correndo. Parou em frente à segunda porta, a que entrava na casa mesmo, e depositou o cesto no chão.

Puxou o pano que o cobria, observando o conteúdo por um instante. Conferiu se a carta estava ali, assim como os papéis. Por um instante tremeu, antes de apanhar a garrafinha do bolso e virar um generoso gole.

O conteúdo do cesto resmungou e ela correu escada abaixo. Saiu para a rua, olhando para os lados e conferindo se ninguém a havia visto. Seu olhar cruzou com o da dona da banca, mas a ruiva tratou de correr depressa.

“O que foi, dona Dalva?” A aparição surpresa de Bianca a assustou, observando a namorada do neto cheia de papéis. “Acabei de voltar do banco.”

“Eu juro que acabei de ver a Bárbara Borges.”

“A Ruiva?” Bianca perguntou, caçando a antiga amiga com o olhar, enquanto a senhora confirmava. “Estranho... Ninguém tem notícias dela desde que ela terminou com o meu irmão.”

“Por isso mesmo achei estranho.” Concordou dona Dalva.” Eu jurava que vi ela saindo da sua casa.”

“Mas o Ricardo não está lá, está na academia.” Explicou a jovem. “Ela deve ter vindo vê-lo e não o encontrou. Depois eu aviso ele.”

“Faça isso, minha filha.” Agradeceu a mais velha com um sorriso. “Agora volta para a academia que seu pai deve estar louco.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

HEEEEEEEEEEEEEY PEANUTS
Olha eu aqui. Sim, cinco fanfics em andamento. Tentarei dedicar um dia da semana para cada e reservar dois dias para o meu livro. Uma missão difícil, mas que com esforço eu consigo cumprir.
Well, uma história Cobrade, como algumas já me pediram. E em uma dinâmica bem diferente, que eu gostei de imaginar.
E SIM, TEM CRIANÇA NESSA FIC TAMBÉM, PORQUE EU AMO OS PIRRALHOS, OK? OK.
Espero reviews e opiniões, my sweet peanuts.
See you ;*