Holy Sins escrita por itsinthewaterb, posledozhdya


Capítulo 7
VI




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- Ela se encontrou com ele, eu vi os dois no parque. - uma figura alta saiu do meio das sombras daquela sala, as pontas do cabelo ruivo brilharam à luz fraca que iluminava dos cantos para o meio do cômodo, e as pesadas roupas pretas ajudavam a esconder qualquer outra característica de sua aparência. Suas mãos se apoiaram na mesa que estava à sua frente, enquanto ele se esforçava para não rir e encarava outro homem que estava sentado em uma cadeira atrás da mesa.
- Eu não posso deixar isso acontecer ... - seus lábios se apertaram em um sinal de desaprovação, o mais velho passou uma das mãos pelos cabelos grisalhos.
- Saíram como um casal normal, foram ao cinema e depois foram para a praça. E se me permite um comentário, Senhor, ela não parecia ter intenção alguma em fazer o serviço. - sorriu de canto, como alguém que dá o golpe de misericórdia na sua vítima e estampa orgulhoso esse fardo.
- Obrigada pelo serviços, está dispensado por hoje. - com um gesto expulsou o ruivo dali. O homem apenas assentiu e saiu caminhando, mas pouco antes de abrir a porta ouviu um último pedido do mais velho. - Continue vigiando. - ele sorriu e saiu da sala caminhando quase como uma sombra qualquer.
- Isso não pode continuar ... eu preciso fazer alguma coisa. E rápido. - o velho resmungou sozinho na sala, rangendo os dentes.


***

Anita havia acordado no meio da noite com o suor jorrando de sua testa e com os olhos arregalados. Os pesadelos estavam cada vez piores, mais fortes, mais reais. Ela sentiu os lábios secos e uma pontada dentro de sua cabeça. Respirou fundo durante algum tempo e depois se levantou da cama, decididamente era melhor tentar esfriar a cabeça em algum outro lugar, aquele quarto era quase uma tortura para seus sentidos. Desceu vagarosamente pela escada, agora iluminada por algumas pequenas luzes noturnas, quando viu a luz da cozinha acesa. Sua expressão passou de confusão para medo em questão de instantes, mas o mais recomendado era que ela fosse até lá ver quem estava ali. Ela chegou na porta da cozinha e observou todo o local, analisando cada espaço e tentando encontrar quem estava ali. Deixou os músculos amolecerem quando viu o rosto de Adele por cima da porta da geladeira aberta.

- O que você está fazendo aqui, Anita? - ela perguntou, um pouco assustada.
- Eu vim beber água depois de acordar de um sonho ruim com a boca seca. - ela resmungou brava. - Mas parece que eu não acordei do sonho ainda. Você chegou em casa AGORA? às três da manhã? - seus olhos metralhavam Adele, exigindo respostas.
- Você tem algo a ver com que horas eu chego em casa? - ela sorriu sarcasticamente, fechando a geladeira e carregando uma garrafa de água até Anita e entregou-a à ela. - Agora já pode ir dormir, irmãzinha.
- Então você não faz questão nenhuma de me contar o que está acontecendo? Você desaparece todos os dias há uma semana e quer que eu finja que está tudo normal? - a garrafa bateu com força sobre a mesa, quando Anita bateu os punhos contra ela.
- Por favor, Anita. Eu não posso nem viver agora? Está tudo normal comigo, por que você não olha pra você mesma e depois vem prestar atenção em mim? - uma careta irritada se formou no rosto de Adele que saiu dali em direção às escadas.
- Você ainda não me deu as respostas! - Anita gritou em direção à escada, bufando de raiva. - É esse o problema, você está normal até demais ... - comentou baixo, e abriu a garrafa bebendo um gole de água. A única preocupação agora era em lidar com tudo que a preocupava, às vezes Anita se sentia muito paranóica. Ainda bem que seu pai não dava a mínima pro que acontecia naquela casa entre ela e Adele.

A raiva era eminente e Anita não tinha vontade alguma de chegar em seu quarto e ver a irmã de novo, às vezes se perguntava em por que em uma casa enorme dessas ela dormia no mesmo quarto que a irmã. Ela precisava de um refúgio, precisava de algum lugar para se sentir segura ... E ela sabia que só existia um lugar assim: Com Christian. A vontade de vê-lo, de se sentir naqueles braços era gigante o suficiente para quebrar qualquer vergonha de bater em portas alheias à quase quatro da manhã. Com muito esforço subiu as escadas e foi até o quarto, procurando alguma roupa decente. Pra sua sorte Adele não estava ali. Anita se vestiu, colocou a jaqueta de couro e caminhou por algum tempo, até tomar uma distância razoável de sua casa. Foi quando decidiu fazer o que mais amava, voar.

A jaqueta foi amarrada na cintura e as enormes asas negras se abriram, fazendo um barulho poderoso mas impossível de ser escutado de sua casa. Os lábios abriram-se em um sorriso enorme, enquanto ela sentia o vento frio da madrugada corar o seu rosto e balançar seus cabelos, deixando-os um pouco molhados pela umidade. O sentimento era um só, não a confundia e nem a machucava, apenas liberdade, enchendo o seu peito e afastando maus pensamentos.


***

Ela desceu em frente a casa de Christian, à essa hora não havia ninguém nas ruas mesmo. Vestiu a sua jaqueta, caminhou até a porta e tocou a campainha. E logo ele apareceu vestindo só uma calça preta, de olhos meio fechados e com uma expressão de sono. Automaticamente algo revirou dentro de Anita, e todas aquelas emoções misturadas a invadiram outra vez. Mas havia uma emoção nova, uma bem mais forte uma que pulava de seu peito e queria controlar os seus sentidos. Christian também foi derrubado por uma onda de emoções, mas bastante ruins. Em meio à preocupação ele conseguiu 'acordar' e ficou surpreso.

- Anita? O que houve? ... - não houve tempo de dizer mais nada. Ela se jogou nos braços de Christian, deixando as lágrimas escorrerem sem medo. Ele correspondeu, passando uma das mãos pelos cabelos dela. Por mais que as emoções a invadissem e as lágrimas aumentassem, ela se sentia muito melhor ali. Alguns instantes se passaram com os dois daquele jeito, até que ela parasse de soluçar e respirasse com mais calma. - Vamos entrar. - ele a soltou, segurando apenas em uma de suas mãos, fechou a porta e caminhou com Anita até a o sofá. - Aconteceu alguma coisa de ruim? - seus olhos olhavam no mais profundo da alma dela, ela conseguia sentir, talvez até provar aquele olhar.
- Minha ... minha irmã ... - ela disse em meio à soluços.
- Se acalme, tá bem? Vou pegar água. - ele sorriu de leve e se levantou do sofá, caminhando até a cozinha. Enquanto ela secretamente analisava cada centímetro do corpo dele, talvez fosse errado fazer isso em uma hora como essas, mas Anita tinha uma desculpa: Ela era meio demônio, seus instintos eram mais fortes, incontroláveis. Logo ele voltou, sentando-se ao lado dela e entregando o copo de água que ela bebeu em questão de segundos. - Então ... foi sua irmã dessa vez? - ele suspirou, olhando-a de novo.
- Desculpe ... desculpe por vir à essa hora, Chris. - ela já estava mais calma e as palavras saiam com mais clareza. - É que eu me sinto muito mais segura com você do que com eles ... - ela sentiu o rosto corar. - E minha irmã só chegou em casa agora ... não sei, ela está tão estranha, me rejeitando. Me tratando como o pai me trata. - ela abaixou o olhar, não conseguia olhar nos olhos de Christian sem sentir aquela maré de emoções estranhas. - Eles me tratam como ... se eu não fosse humana. - ela não tinha a intenção, não tinha intenção alguma de dizer isso, mas ela disse. E ele percebeu que era a hora de falar.
- Anita. - ele respirou fundo, segurando uma das mãos dela com as suas duas. Ela olhou nos olhos dele em resposta. - Mesmo que ache tudo muito estranho, não é loucura. Prometa que não vai se afastar ... - ele quase implorou, sem desviar o olhar.
- C-claro ... - ela gaguejou um pouco assustada com a seriedade que ele havia colocado no assunto.
- Eu sou adotado ... na verdade, sempre fui tratado um pouco diferente na minha família. - ele mordeu o lábio inferior um pouco apreensivo. - Porque eu não sou normal, Anita. Eu sou um anjo ... bom, meio anjo talvez. - balançou a cabeça negativamente como se estivesse se confundido. - Tenho asas brancas e tudo mais, e sabe, eu estou aqui. Eu sou livre agora, vivo como uma pessoa normal. - sorriu, apertando a mão dela em sinal de carinho. - Se eu consegui você também pode. - ela sentiu seu coração explodir dentro do peito, ele havia dito à ela que era um anjo. Claro que ela já sabia mas com certeza ele só iria dizer isso à alguém que ele confiasse muito "Ou amasse..." a voz em sua cabeça acrescentou.
- Asas ... brancas? - foi a única coisa que ela conseguiu dizer no calor do momento. Sentia-se sendo levada pela correnteza de emoções, mas ela não queria nadar contra. Pelo contrário: ela queria ser levada.
- Parece muito louco ... eu sei. - ele fechou os olhos por alguns instantes, forçando a mente. - Eu era muito pequeno mas me lembro de alguns pedaços. Me lembro de alguém ... - ele parou para pensar e abriu os olhos. - Olhos vermelhos, asas negras. E depois o orfanato. - ele respirou fundo. Revirar lembranças tão antigas forçava muito a mente.
- Você foi honesto, Chris. Eu preciso ser também. - ela respirou fundo, provando mais uma vez daquele olhar tão doce. - Eu sou meio demônio e meu pai é um caçador. - os olhos de Christian arregalaram-se e seus lábios ficaram paralisados, uma secura tomou conta do ar no mesmo instante que a frase foi dita. - É estranho mesmo ... eu admito. E eu também sou ... caçadora. - as palavras estavam duras, pareciam não querer serem ditas, mas Anita insistia, ela precisava fazer aquilo. - E fui eu, Chris. - ela ainda olhava nos olhos dele.
- Você? - ele se sentia completamente confuso.
- Eu que te levei pro orfanato, Chris. Eu sou responsável pela morte da sua mãe. - os olhos dela não aguentaram mais, olharam direto para o chão, fitando-o na esperança de que Christian não a odiasse. - Foi minha primeira missão e eu ... eu falhei! - as lágrimas voltaram a brotar com o objetivo de inundar seus olhos. - Eu não consegui matar você. Eu não podia ... Eu não posso. - Ela olhou para ele outra vez, respirando fundo e pronta para terminar de contar toda a verdade. - Eu fui enviada para te matar de novo, Chris. Dezoito anos depois ... - seu orgulho já não conseguia segurar as lágrimas e elas escorreram livres pelo seu rosto alvo.
- Mas não pode ser ... você não tem idade pra isso ... - ele estava perdido, juntando as peças do quebra cabeças, tentando entender todas as pequenas partes.
- Eu tenho aparência de 20 anos, Chris. Não fico mais velha que isso. E você vai parar de envelhecer também, em breve. - ela deixou um sorriso pequeno brotar no canto de sua boca. "Você será lindo pra sempre!" Pensou, olhando naqueles olhos incríveis e brilhantes. - Meu pai de verdade é um demônio e minha irmã, a única pessoa que eu tinha, está se afastando de mim ... Eu-eu só tenho você, Chris! - ela fechou os olhos, os apertando com força e deixando as lágrimas jorrarem. Foi quando sentiu um gosto em sua boca, algo incrivelmente novo e maravilhoso, sentiu seus músculos relaxarem e as lágrimas escorrerem vagarosamente. Sentiu as mãos dele em sua cintura e os lábios dele se moverem junto aos seus. Um beijo. Ela levou as mãos até o rosto dele segurando-o com delicadeza, enquanto sentia o gosto de seu anjo, agora mais do que nunca. Ela se sentia completamente segura, a correnteza a havia arrastado pra longe e ela decididamente não queria voltar. O beijo durou algum tempo, tempo o suficiente para ela querer mais. Tempo o suficiente para ela descobrir que estava perdoada. Seus lábios se separaram e ele a olhou nos olhos firmemente.
- Está tudo bem, Anita. Estamos juntos. - ele a abraçou forte e ela apenas se deixou levar. Os olhos se fecharam delicadamente e uma pergunta se formou no ar.
- Não foi sem querer como o abraço, foi? - ela perguntou e ele arqueou a sobrancelha, e riu um pouco.
- Não, foi pra valer. - ele deixou um beijo estalado na testa dela.

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Notas finais do capítulo

Letty: AWNT
tanta melação não deixa o povo enjoado não?
E CADÊ MEU LEON? o.ó
ta, parei, parei, autora agindo como leitora é meio bizarro... anyway
E CADÊ O POVO QUE DISSE QUE IA ACOMPANHAR ESSA DJOÇA?
*letty entrando em depressão*

Bia: rly, se tiver alguém lendo escrevam o que estão achando, meus amores. é TÃO incrível pra gente ver que alguém tem opinião sobre a historia e tal (veja as respostas da letty nos reviews, rs) nada contra leitoras fantasmas, mas dêem as caras, vamos amar vcs 4ever s2. xoxo, esperamos que gostem :}



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