Histeria - Interativa. escrita por Walker


Capítulo 4
Hostilidades


Notas iniciais do capítulo

Oi galerinha!
Eu sei que disse que postaria ontem, mas como eu ainda não tinha recebido muitas fichas e tive um compromisso, resolvi postar hoje para dar mais tempo pra vocês.
:3
Bem, nesse capítulo vou apresentar duas personagens maravilhosas; Uma da minha leitora da velha guarda Lori (



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Pov Isabel.

Aquilo ali estava me dando tanto tédio que até senti vontade, por um segundo, de voltar pra El Salvador.

Mas apenas por um segundo. Sinceramente, estar ali com aquele grupo me fazia sentir melhor do que estar em El Salvador.

Meu pai era um engenheiro muito renomado, e desde que minha mãe morreu com uma bala perdida num tiroteio entre gangues eu e meu gêmeo Ruiz moramos com ele, Manolo. Como a região norte do Brasil sempre foi muito rica em água, meu pai veio trabalhar por aqui logo que surgiu o plano do governo local construir mais uma hidrelétrica.

Nunca gostei muito de mudanças, mas juro que fiquei exultante ao saber que iria deixar a violência de El Salvador para vir para o Brasil. Só que então tudo aconteceu.

Quando estávamos fazendo compras eles invadiram. Os que sobraram no supermercado resolveram formar um grupo, que no final acabou perdendo uns cinco membros, e ficou apenas eu, Ruiz, meu pai, uma moça chamada Annelise Garcia e um cara meio calado chamado Eric.

Nada acontecia, e eu devia ficar grata por isso. Mas era terrível ficar naquele supermercado o tempo todo, sem fazer absolutamente nada e com uma sensação de que eu era inútil. Quer dizer, eu sei que tenho meu irmão e meu pai, além de Annelise ser um doce de menina e conversar bastante comigo (embora creia que ela prefere meu irmão), mas eu gostaria de sair um pouco e saber o que estava acontecendo do lado de fora. Na verdade, tinha a esperança de que não estivesse tão ruim.

E então, numa manhã depois de uma noite insone, ouvimos a porta sendo aberta. Estávamos dentro do depósito e o ruído deixou todos nós alertas.

– O que é isso? – Annelise perguntou, com um medo quase palpável na voz.

– Eu vejo. – Eric se dispôs. Todos nós ficamos calados enquanto ele abria minimamente a porta e espiava para fora. – São... Espera. Ah, agora está mais visível. São dois adolescentes. Uma menina que parece ser mais nova e um menino mais velho.

– Estão armados? – Perguntou meu pai, tenso.

– Ela tem uma faca de churrasco. Não sei se é a luz daqui, mas parece meio suja de sangue. Não sei se podem ser um perigo. – Ele disse.

– A gente tem que pegar eles. Se eles forem hostis, podem nos fazer mal. Temos que conversar. – Ruiz opinou.

E, depois de assistir tantos filmes de ação, eu tive uma ideia.

– Já sei. – Todos me olharam. – O depósito tem duas portas. Eu posso sair e distraí-los enquanto vocês se esgueiram pela porta contrária com as armas que roubamos da delegacia. E então quando os abordarem vai ser tarde para fazer algo.

– Nem pensar. – Meu pai negou quase imediatamente.

– Eu acho uma boa ideia. – Disse Annelise, assentindo com a cabeça.

– Você pode morrer. – Meu pai restringiu. – Nunca vou deixar.

– Pai, eles não vão me atacar. Eu sou a única daqui que não parece uma ameaça. Sou baixinha, com um boné infantil, enquanto você, Ruiz e Eric são mais intimidadores. Até Annelise é mais alta que eu e parece ser mais habilidosa.

– Não, nunca...

– Vamos por votação. – Eu o interrompi. – Quem vota sim?

Todos, até Ruiz, levantaram a mão. Meu pai se emburrou, mas não falou mais nada além de que estava fora dessa. Revirei os olhos. Não aguentava mais a superproteção dele quanto a mim.

Entendia sua superproteção em El Salvador, que era extremamente violenta. Não me deixava sair sozinha nem para ir à esquina, mas eu me esforçava para compreender. Porém quando chegamos aqui ele continuou, e já estava cheia disso. Perdi muitos amigos por ter que ser reclusa.

Começamos o plano. Saí do depósito sorrateiramente, decidindo ir à direção da garota armada para que ninguém me atacasse por trás. Ela era baixinha, aparentava ser jovem e suas roupas eram limpas e cheirosas. Tinha longos cabelos bem penteados e utilizava botas bem higienizadas, o que me fez pensar que tinham um abrigo. Respirei fundo. Afinal, isso era para nossa segurança e ninguém se machucaria, certo?

– Precisa de algo específico, colega? – Perguntei descontraidamente.

POV Sérvia.

A impressão que tive foi que meu coração parou de bater por alguns instantes. Me virei e dei de cara com uma menina que parecia só alguns anos mais velha que eu, sem cabelo algum e com um boné da Disney. Ela tinha um sorriso descontraído nos lábios finos e parecia amigável. Sua roupa era uma calça verde musgo larga, uma blusa suja justa e branca com um colete jeans por cima, além de um colar com um dente animal amarrado.

– Sou Isabel. Prazer. – Estendeu a mão, mas eu não a apertei, tamanho foi meu choque.

– Sérvia, o que... – Sávio correu até mim e, ao ver a menina, enrijeceu os músculos.

– Sérvia. –Isabel saboreou o nome e pareceu chegar a uma conclusão. – É legal. Diferente, sei lá. E o seu amigo, como se chama?

– O que você... – Sávio começou a dizer, pegando a faca da minha mão.

– Epa, calma aí. Não comece com hostilidades, largue isso. – Ela disse, levantando as mãos, mas Sávio não largou a faca. A menina negou com a cabeça, com uma expressão repreensiva. – Tudo bem, se você quer assim... Esses são meus amigos.

Apontou para trás de nós e, quando me virei, senti o cabo frio de uma arma encostando-se em minha testa.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?
Adorei as fichas de vilões que me mandaram. Vocês são demais!
Beijos e amanhã vamos ter outro.