Clichê - ( One - Shot ) escrita por SweetieVickie


Capítulo 1
Cap único - Surpreenda-me


Notas iniciais do capítulo

Espero que tenham uma boa leitura. Obrigada ^w^



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Cap 1 (único) - Surpreenda-me

"O Romance em si é algo clichê. Qualquer ato, gesto, olhar, pensamento, vestimenta, sensação, sentimento; qualquer coisa que envolva o "amor" em si, é clichê."

( Wanda - Clichê )

— Bem. — Ela sorriu. Sempre achei aquele sorriso sarcástico dela uma coisa fora da realidade. — Então você está escrevendo um livro?

— Exato. — Resmunguei.

Ela olhou-me de relance. Bufou, pensou, deu alguns passos pela sala. Sua mente era um turbilhão de pensamentos, era quase possível vê-los jorrando por todos os cantos do local.

Ela debruçou-se diante da mesa em que eu estava.

— Então você, Robert, o cara mais intrigante dessa escola — Aquela estranha mania dela de enrolar a ponta dos cabelos era provocadora. — Está pedindo ajuda a mim, esta inútil secretária? Estranho, não? Achei que o senhor fosse o Professor de Literatura aqui.

— Wanda. — Revirei o olhar, bebendo um gole de meu café das 10 da manhã. — Mesmo que eu não queira admitir, você é a melhor pessoa que poderia me ajudar nesse momento.

Um sorriso irônico surgiu em seu rosto, uma mecha de seu cabelo caiu em cima de um dos olhos. Wanda era uma figura um tanto interessante. Seu sarcasmo diário misturado com seu jeito curioso e ao mesmo tempo sexy faziam dela uma grande salada de frutas de sensações, jeitos, palavras e personalidades.

— Sinto-me honrada, Professor. — Wanda sentou-se na mesa diante de mim. — Mas o que eu ganho em troca?

— Você é uma boneca interesseira, Wannie. — Sorri. Encarei-a por algum tempo. Seu cabelo estava branco, aquela garota tinha a confusa mania de pinta-lo de mês em mês. — Você ganhará o que quiser.

Wanda sorriu. Levantou-se. Rondou a sala por mais algumas vezes.

— Fale-me sobre a história.

Julguem-me, mas sempre adorei falar sobre minhas ideias, principalmente quando essas ideias envolviam a minha pessoa. Não sou egocêntrico, só sou humilde, e na minha opinião acho que todos deveriam perceber o quanto eu sou perfeito.

— Você vai gostar. — Remexi alguns papéis em cima da mesa. Minha letra nunca foi muito legível, mas ainda assim eu conseguia entender algumas coisas que havia escrito na pressa entre uma aula e outra. — Fala de uma garota e um garoto que se conhecem quando estão no shopping, no Starbucks. A garota é tímida, ama livros e vive usando um coque frouxo. Então o casal acaba se apaixonando perdidamente, tanto que decidem se casar em Vegas e viver na França e então...

Chega. — Seu olhar esfaqueou-me como uma navalha. — Já ouvi o suficiente.

Minha interpretação pessoal dos sentimentos das pessoas nunca foi lá a melhor possível, mas era bem óbvio que a opinião dela não era boa em relação a história.

— O que? Mas eu nem terminei de contar o que acontec-

— Achei que você fosse mais criativo, Robbie. — Um estrondo. Ela interrompeu-me, batendo uma das mãos na mesa. — Esse tipo de coisa é clichê.

Clichê. Essa era uma palavra que Wanda amava dizer. O que seria clichê pra ela? Tudo, talvez. Mas por algum motivo, senti no fundo de minha alma que ela certamente parecia estar correta em relação a história.

Ela tamborilou seus dedos na mesa, criando infinitos pensamentos na fábrica de sua mente. Ela olhou-me de relance, estávamos próximos, muito próximos. Wanda sorriu, aproximando-se e encarando-me frente a frente.

— Você quer uma boa história, não? — Seus olhos cor de vinho sobre mim, faziam-me sentir uma sensação prazerosa, mas ao mesmo tempo provocadora, quase como se eu bebesse um gole de um veneno doce.

— É a única coisa que eu quero. — Segurei seu rosto com uma de minhas mãos. Aquele tipo de ato era até comum entre nós. Nós éramos jogadores de um mesmo jogo. O Jogo da provocação.

— Então — Wanda sorriu. Eu adorava quando ela sorria daquele jeito. — É necessário surpreender.

Ela afastou-se, dando mais alguns passos pela sala. Seu vestido de escritório ondulava-se a cada passo que ela dava, acho que fitei aquela cena por tempo demais.

— Surpreender. — Estalou os dedos diante de mim. Despertando-me de meu devaneio. — É disso que sua história precisa para acabar com o clichê. Fazer algo inusitado em um momento peculiar, algo nunca antes feito, entende?

— Isso é impossível! — Levantei-me, percorri o local com meu olhar. Gesticulei. — Todas as histórias já foram contadas, tanto que as mais recentes são mistura de várias ou apenas um remake de uma forma atual. Nada se cria, tudo se transforma.

Wanda revirou os olhos, quase como se o que eu dissesse fosse uma lorota besta ou alguma mentira contada por uma criança. Fitou-me, pegando algumas folhas de papel em cima da mesa.

— Você está errado. — Seu cabelo caia por cima de seus olhos, como habitual. Olhando-me de canto, ela escreveu algumas palavras no papel. — O clichê pode ser evitado. Tire o romance, surpreenda. Pronto, sua história estará ótima.

— Tirar o Romance!? — Bufei. Aquela garota era louca. — Mas a história é do gênero "Romance", isso seria ilógico!

— Robert, o Romance em si é algo clichê. Qualquer ato, gesto, olhar, pensamento, vestimenta, sensação, sentimento; qualquer coisa que envolva o "amor" em si, é clichê. — Ela encarou-me. Sorriu de canto, bebendo um gole de meu café. — Na verdade, até nossas meras e pacatas vidas são clichês. A Existência da Humanidade é clichê. Você é clichê, Robbie.

Wannie levantou-se da mesa, indo até a porta da sala. Jogou uma mecha de seu cabelo pro lado. Virou-se, sorrindo como se houvesse acabado de achar uma mina de ouro ou algo do tipo.

— Espero ter ajudado em alguma coisa, Professor.

— Wanda Palloma Takeo. — Andei até ela. Agarrei-lhe o braço. Ela olhou-me de cima a baixo, quase como se não esperasse que eu agisse daquela forma. — O que você sugere então?

Ela aproximou-se, seu olhar fitava-me com um jeito sedutor. Sua respiração estava calma, mais calma que o habitual. Wanda era uma criatura confusa, mas não em si, era ela que deixava os outros com essa sensação de confusão.

Surpreenda-me.

"O doce veneno de seus lábios ainda irá me matar um dia." — Pensei aquilo no mesmo instante que nossas bocas se encontraram.

Aquele não era nosso primeiro beijo, e também não seria o último. Nossos corpos unidos como um, nossas respirações abafadas, quentes, ao contrário de nossos lábios, frios e gélidos pela temperatura do dia. Uma valsa se sensações, desejos, pensamentos, gestos, olhares e atos.

Aquilo seria clichê para ela?

— Escreva sobre isso, Robbie. — Ela sussurrou. — Se o clichê não pode ser evitado, use ele como uma arma. Faça um clichê único, diferente, um clichê seu.

— Sim. Escreverei sobre nós. — Sorri. Mordisquei lhe a orelha. — Somos jogadores, somos um clichê diferente.

— Você é o tipo de clichê que eu realmente não me importo em conviver. — Wanda sorriu, afastando-se e trancando a porta. — Você é meu clichê.

Ficamos ali por um bom tempo.


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Notas finais do capítulo

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