Se você roubasse o beijo de alguém,como é que você faria para devolver?

Minha cabeça latejava insistentemente e esse barulho estridente não saia dela, um guincho sufocado. Parecia que minhas costas pesavam 100 quilos, as pontadas e dores de dormir no sofá vieram dar um olá.Acho que beber demais não é o meu forte.E por Merlin, por que não sou uma daquelas pessoas que tem amnésia pós-bebedeira? Os flashes dos beijos e dos toques insanos no corredor corroem minha mente na rapidez em que os ácidos corroem a pele, deixando um rastro não muito bonito para reparar.

Como tempo é dinheiro e no meu caso dinheiro perdido me levanto preguiçosamente tomando uma mistura de poções para ressaca e a santa aspirina trouxa. Sim estou sendo imprudente,mas o que seria a vida sem alguns vícios? Evito pensar no assunto Malfoy+ Eu+parede, essa equação me parece totalmente errada e equivocada. Tomo uma ducha gelada para me livrar de totós os resquícios da bebedeira e do Malfoy, praticamente engulo meu café da manhã aparatando direto na porta do St. Mungos. Corro o olhar por todo hospital evitando encontrar os olhos gélidos do meu colega e caminho rapidamente até a minha sala. Não é de se impressionar que os pedidos de poções atulhem minha mesa, afinal todos gostamos de sermos imprudentes em datas comemorativas. Começo meu trabalho num ritmo desenfreado sem perceber que um objeto intruso enfeita o canto da minha sala, um vaso de orquídeas foi estrategicamente colocado sobre minha bancada, me aproximo e vejo um pequeno bilhete com os dizeres: “Para alegrar os seus dias e abrilhantar sua manhã. Ass: George Weasley”. Que legal da parte dele,eu penso,fazendo uma anotação mental para agradecê-lo via coruja.

Batidas frenética me tiram de meus pensamentos e instantaneamente eu começo a suar frio e cogitar ignorar as batidas como se não tivesse ninguém dentro do laboratório.Poderia ser o loiro querendo envergonhar-me com o descontrole da noite passada. Murmurei um entre inseguro e a porta abriu-se vagarosamente revelando a ruiva mais louca do mundo,Ginevra Potter.

–Nossa,sua cara está mesmo horrível.Como você tem coragem de aparecer com essa cara de atropelada por trasgos? Eu não sairia de casa sem passar alguma coisa na cara de ressaca mal curada.

–Obrigada queridinha,sei que sempre posso contar com você para alegrar o meu dia e aumentar a minha autoestima logo tão cedo. –respondo com toda ironia possível à ruiva- O que a você aqui a essa hora da manhã? Não tenho tempo pra suas gracinhas ruiva,tenho pilhas de poções a fazer.- Disse a dispensando e revirando nervosamente meus instrumentos de trabalho,sem manter contato visual com a dita cuja.

–Esse seu nervosismo tem nome e ele se chama "Peguei loucamente Draco Doninha Malfoy no corredor do meu apartamento”-Diz a Potter com o tom mais inocente do mundo como se perguntando as horas.- Eu pensei que depois de todo aquele sermão de não me toque eu te odeio você ia manter distância do gostosão loiro.

–Se o Harry ouvir você falando assim ele surtaria.

–Não muda de assusto pois o tema aqui é você mocinha.Eu quase não acreditei quando ele me confessou,a sua saída nada a francesa com o loirão despertou certos olhares ontem,eu que sou muito boazinha inventei que você tava passando mal e ele te socorreu.Agradeça-me por que eu sou demais.

–Oh grande ruiva obrigado por ter lavado a minha honra perante os olhos escandalizados da sociedade ruiva- disse com todo o meu carinhoso sarcasmo.

–Sério,eu quero saber os mínimos detalhes dessa pegação épica e histórica.

–Não tem o que dizer,estávamos bêbados ele se ofereceu pra me levar em casa e eu acabei agarrando ele é dó isso. Nada emocionante Ginevra.

–Pelo o que eu fiquei sabendo você implorou para ele entrar.Confessa que você ficou toda desinibida pro lado do Draco e quis arrastar ele para dentro,deixa de frescura vocês são solteiros,bonitos e desejáveis, não há nenhum mal nisso.

–Tem sim um mal por traz disso.Eu só estava me sentindo carente e sozinha os beijos foram consequência dessa solidão. Não teve sentimento foi apenas impulso- “Um impulso muito bom”- Não vai acontecer novamente,assunto encerrado e esquecido.

–Você tem que parar com isso,se privar de coisa normais como um envolvimento com outro homem não é pecado. Ele está morto e enterrado Hermione,o corpo dele já está frio há cinco anos e você não pode ser enterrada com ele. Não tem como estar traindo alguém que está morto e não vai voltar para cobrar fidelidade a você.

Minha visão se enche de vermelho no momento em que ela menciona o Ronald e me controlo para não pular no pescoço da ruiva. Como ela pode falar assim do próprio irmão? Percebendo meu ataque iminente ela muda rapidamente de assunto.

–E essas belíssimas flores de onde vieram? Não vai dizer que o garanhão está atacando pesado depois do beijo e tá querendo um bis?

–Não chegou nem perto. Essas flores foram do seu irmão o George,ainda não entendi o porquê desse agrado. Mais tarde mando uma coruja agradecendo.

–Não cai nessa fofa,o George só quer saber de festas e farra,boa coisa daquele ruivo endiabrado não vem. Ignore para o bem da sua sanidade,ele vai querer uma noite e te jogar pro lado depois que a novidade passar.

–E se eu tiver procurando isso? Uma coisa rápida e fácil? Você acabou de falar pra eu abrir meus horizontes e tocar adiante,uma boa maneira de começar pode ser saindo com ele.

–Falei pra você procurar se libertar do fantasma do Ronald e sair com outro ruivo paquerador não vai resolver seu problema. Vou indo,você é adulta e sabe o que está fazendo. Onde já se viu trocar um loirão pelo ruivo safado. Beijo querida.- diz ela me dando um rápido abraço e saindo da mesma forma que chegou.

Quando penso que meu dia finalmente vai começar a ficar calmo leves batidas anunciam a presença de mais um visitante. O visitante entra sem cerimônia e me viro dando de cara com o mar azul gélido que tenho evitado desde que cheguei ao St.Mungos. É hora de encarar a doninha albina mais sedutora de todo o mundo mágico.