Amor: muito além do que só andar de mãos dadas. escrita por Mayara


Capítulo 2
Capítulo 2 - Dia Perfeito


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal. Bem, este é o segundo capítulo. Espero que possam me perdoar pela demora.



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Faz cerca de uma semana que eu estou no hospital. Ser golpeado três vezes é caso sério segundo o doutor. Eu poderia ter sofrido graves problemas neurológicos, mas graças ao "meu cabeção duro", eu estou bem e nada se danificou. A família do Alfonso, garoto que me golpeou, está pagando pela minha internação em um dos melhores hospitais particulares de Arranguarupé! E já vieram três vezes aqui. Alfonso veio apenas em uma delas e só me olhou brevemente pela porta do quarto. Não sei qual é a dele, na boa. Nós nem conversamos! Somos companheiros de sala deste o 7° ano, mas ele sempre foi de um grupo, e eu de outro. Respectivamente atletas e "nerds". Mas nós chegamos até a fazer alguns trabalhos escolares juntos! No mínimo uns 3! E ele sempre foi educado e até mesmo meio que... "Legal". Não "legal" ao ponto de nos tornamos amiguinhos e andarmos juntos pelos corredores, mas legal do tipo... "Tudo bem se ele sentar ao meu lado".

Mas este ano ele está estranho. Anda mais sozinho e passou a praticar os esportes com menos frequência. Porém ainda assim não há nada que possa explicar tal atitude da parte dele. Estou chateado. Eu meio que o admirava, sabe? E ele vai lá e me faz isso...

Os pais dele disseram que ele é um pouco explosivo, que com certeza estava irritado com algo e acabou descontando na pessoa errada. Meu pai não caiu nessa conversa e garantiu que se Alfonso voltasse a se aproximar de mim as coisas ficariam feias. Já minha mãe se comoveu e os recomendou um psicólogo amigo nosso como também se desculpou pelas palavras "hostis" do papai.

Espere, eu fui boleado três vezes sem ter feito exatamente nada e o meu pai é o homem hostil da situação? Eu me indigno profundamente com a minha mãe.

Ao menos há uma coisa boa em tudo isso: as frequentes visitas dos meus amigos. Jéssica, Cadu e Tony ficam praticamente todos os dias aqui. Principalmente Tony, que é “encubadamente” apaixonado pela minha irmã, Jennifer, e vê em suas visitas a mim uma oportunidade para conversar com ela. Ontem mesmo ele esteve aqui. E mal conseguiu disfarçar. Isso sempre me causa risos frenéticos e certo espanto! A maneira como ele a olha com ternura e não se importa em parecer bobo, pois faze-la rir é seu foco. O jeito como mudamos na presença da pessoa amada... Isso é tudo tão extraordinário! Incrível!

Eu não acho que minha irmã seja a garota ideal para Tony. E nem que Tony seja o garoto ideal para ela. Mas eles parecem se gostar. Daquele jeito tímido e calado. Daquele jeito que é quando a gente está na defensiva, avançando com cuidado e lentidão. Daquele jeito onde um pequeno esbarrão é motivo de alegria. Engraçado, não? Essa é uma das melhores fases do amor. A paquera! Os primeiros olhares e beijos! O frio na barriga! O desejo de ficar junto pra sempre! Os momentos mais puros são estes. Onde amar é querer absolutamente nada em troca.

Quando Tony saiu daqui já estava escuro. Ele me prometeu que viria hoje. Mas já são 11h50 horas e nada. Pelo jeito vou almoçar sozinho. É uma pena, porque almoçar sozinho me deixa deprimido, e quando eu fico deprimido só me recupero no dia seguinte. Pego meu celular na estante ao lado e visualizo que estou cheio de mensagens. Abro uma por uma e são todos do Cadu. Dizem: "Cara, as aulas de matemática são um saco sem você!", "Carly quer ajudar no dever de química... Cadê você nessas horas?", "Tony foi almoçar aí? Porque ele não veio hoje...", "Jéssica é insuportável. Vou mata-la se ela continuar falando sobre a Revolução Francesa!", "Estou muito gay hoje, socorro.", "Acho que vou aí depois do colégio", "Você tá vivo????" e por fim "Seja o que for que aconteceu você é um babaquinha por não me responder, mas eu vou aí a noite junto com Carly, tchau". Sua última mensagem gela meu coração. Não gostaria de ver Carly nesse estado, é constrangedor. E temo não conseguir não encara-la com cara de bobo. Droga!

Alguém bate na porta, eu estranho. Meus pais me disseram que só viriam à tarde, e as meninas estariam todas no colégio. Ordeno que entre, e lentamente a porta vai se abrindo, mas ainda não sei identificar quem é. Até que vejo pela brechinha da porta um olho verde radiante e a manga roxa da blusa da menina. E logo sei quem é: Magnólia! Sorrio imediatamente e chamo para entrar.

– Venha logo, lorinha!

E ela me obedece, saindo de trás da morta e vem vindo em minha direção em passos saltitantes. Ela se deita ao meu lado e me abraça fortemente com toda sua ternura. Sussurra em meio ouvido:

– Senti sua falta, maninho!

Eu a aconchego em meu abraço e beijo carinhosamente sua testa, dizendo em seguida:

– Também senti sua falta, Meg!

Ela ergue seu olhar e me encara.

– Como você está? – Pergunta, exibindo um suave sorriso sobre os lábios, sem amostrar os dentes.

– Estou bem melhor! E você, hein?

– Ah, estou bem. Só um pouco confusa.

Eu franzo o cenho e a questiono:

– Por quê?

– Vi um garoto aqui na entrada... Ele me parece familiar, mas não sei quem é. E assim... – Ela se levanta de meus braços e senta na cama, desviando seu olhar do meu. – Ele é muito bonito.

Não resisto e rio. Meg é toda meiga! E eu tenho uma conexão muito especial com ela. Dividimos todos os nossos segredos. É algo que eu só conseguia fazer com o Jorge, mas ele está longe demais para ouvir minhas reclamações.

– Não ria, Caio! É sério! – Ela se indigna e faz sua cara dramática de choro.

– Me desculpe. – Digo, ainda rindo. – É que isso foi tão bonitinho. – Abro um largo sorriso e ela o retribui.

– Mas sério. Ele é muito bonito. É alto assim do seu tamanho! Tem olhos azuis e um cabelinho preto jogado de dar inveja. – Ela ri. – Acho que me apaixonei.

Nós gargalhamos juntos, e ela volta a se deitar na cama, agora inversamente a mim.

– Chegou a perguntar o nome dele?

Ela levanta seu tronco com rapidez e me olha com os olhos esbugalhados.

– O que você acha?!

Eu finjo pensar sobre isto, e colocando a mão abaixo do queixo. Faço um grunido e olho para cima. Mordo meu lábio inferior com força e desfaço a pose, me rendendo.

– Eu acho que não...

Ela ri novamente e me bate levemente no ombro.

– Tonto! Não, eu não perguntei. Fiquei envergonhada... E também ó, ele me acharia doidinha! E eu não quero isso.

Minha irmã nunca foi do tipo de garota que se importou com o que pensassem sobre ela, o que realmente sempre foi sua melhor qualidade. Então, do nada, ela se sente envergonhada em perguntar o nome de um garoto? “Ela realmente está encantada com ele”, defino.

– Deveria ter pergunto...

Após isso ficamos em silêncio, e depois acabamos por cair numa gargalhada alta. E foi neste ponto que notei que o amor não é só delicioso e puro, é também engraçado e bobo. Inocente! E que não há maldade!

Então a enfermeira chega, em suas mãos há um enorme prato e Meg é obrigada a descer da cama. Ela almoça comigo. Comemos arroz, feijão, salada de batata e frango empanado. Por sorte o hospital realmente serve muita comida, então foi o suficiente para nós dois. De sobremesa dividimos uma pequena gelatina de morango. No resto desta tarde, nós lemos, conversamos e brincamos de jogos inventados por nós mesmos. Tudo se encaixa. O dia se torna perfeito. Perto das 17:00 horas Tony chega e minha irmã não consegue parar de olha-lo, paralisada. Eu não entendo o porquê, mas ela vai embora às pressas. Tony também está um pouco estranho, mas eu resolvo não perguntar o porquê de nada daquilo. Por fim, vemos alguns episódios de The Walking Dead e dividimos uma barra de chocolate. Posso definir que até este momento é tudo perfeito.


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Notas finais do capítulo

Aberta a comentários, críticas e elogios! :)



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