Enlunescer escrita por Last Rose of Summer
Notas iniciais do capítulo
Betado pela Niquini. Obrigada!
“En.lu.nes.cer, verbo transitivo e intransitivo
Tornar-se louco pela lua; amar a lua tão profundamente quanto a odeia.”
Remus Lupin odiava as noites.
Não por medo do escuro — sabia muito bem que havia coisas piores lá fora para se temer —, e também não porque ficava horas e horas se revirando na cama antes de conseguir dormir. Odiava as noites porque as noites tinham a lua.
Mais que todas as coisas, era a lua quem ele odiava.
Mesmo quando a lua cheia estava longe de chegar, ele olhava para o céu amaldiçoando-a e desejando que não existisse, implorando para que fosse benevolente e aliviasse sua maldição, culpando-a pelo que lhe acontecera. Encarava-a, os olhos negros sob as sobrancelhas grossas franzidas, desafiando-a a desaparecer e acabar com o seu tormento.
Todas as noites ele se pendurava na janela do seu quarto esperando que ela não subisse para iluminar a noite e, talvez assim, quando a época da lua cheia chegasse, ele pudesse permanecer humano — porque talvez, somente talvez, sem a lua a chamar seu nome, ele fosse capaz de manter a besta presa dentro de si.
Porque toda a vez que a lua estava no céu, ele podia senti-la se arrastar sob a sua pele, esmagar seu coração, nublar seus pensamentos e acordar tudo o que ele possuía de ruim: a sede por sangue ardia em sua garganta e a adrenalina bombeava em suas veias. Era a pura força de vontade (e o medo, mais que tudo) que conseguia mantê-la lá.
A lua era para ele como uma sereia para os marinheiros: ao mesmo tempo em que ele queria ouvir sua canção para sempre, preferia nunca mais ter de encontrá-la.
Como acontecia com os marinheiros, também não havia jeito de evitá-la.
Quando a lua estava no céu, principalmente em sua forma mais roliça, tornava-se simplesmente impossível resistir.
O lobo dentro de si clamava por ela e se libertava, destruía cada pedaço de sua humanidade até que quando, por fim, a consciência de Remus Lupin estava enterrada na confusão de instinto e bestialidade, quando ele ficava relegado ao canto mais escuro de sua própria mente, o monstro corria livre: e adorava à lua como a uma amante inalcançável!
Sua luz prateada o cegava, sua música silenciosa o ensurdecia e seu feitiço poderoso o enlaçava; era como se a lua cheia fosse seu amor mais doce quando era, ao mesmo tempo, sua mais terrível maldição.
E ele só odiava a lua porque tentava, quando humano, se distanciar ao máximo da besta. Temia que, caso não o fizesse, perderia a essência de quem era, perderia a guerra contra a sua maldição. Temia que se não a odiasse com a mesma força e a mesma vitalidade com a qual a besta a amava, seria derrotado.
Essa era a única coisa que ele não podia permitir.
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