Avalanche escrita por Aarvyk


Capítulo 37
Convidados


Notas iniciais do capítulo

THE PLOT IS REALLY COMING... AND THE PARTY IS ALMOST STARTING....



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A rainha América me mandou um cartãozinho fofo junto ao café da manhã, me desejando logo de cara um ótimo dia. Alexander fez questão de levar chá, café, tortas e muitos biscoitos em meu quarto antes mesmo de meu despertador tocar. Aquela era a véspera do meu aniversário, o dia em que meus convidados chegariam para festejarmos e cantarmos parabéns à meia-noite.

O castelo já estava todo arrumado, repleto de prata, azul e vermelho. As cores da realeza britânica. Tudo parecia um sonho de tão extremamente perfeito, como se eu fosse de fato uma princesa dos contos de fadas.

— Obrigada por tudo! Nunca tive um aniversário que começasse assim. – comentei para Alexander, enquanto terminava de comer a torta de morango que ele havia trazido junto as outras comidas.

O príncipe sorriu, já vestido em seus trajes sociais para recebermos meus irmãos e Igor. Eles chegariam pela manhã para almoçarmos juntos, ao passo que as famílias das Selecionadas chegariam de tarde.

— Foi ideia da minha mãe isso tudo. – disse ele, um pouco envergonhado.

Peguei o pequeno cartão com desenhos de flores, lendo mais uma vez as palavras da rainha e sentindo outro pico de felicidade.

Fico honrada pelo que fez por minha família! Illéa nunca vai te esquecer.

Tenha um ótimo café da manhã com Alexander, mas perdoe as chatices dele. Assumo que meu filho puxou isso de mim.

Conte comigo e Maxon sempre, princesa Avery.

Rainha América Singer Schreave,

sua grande amiga.”

— Ela é tão fofa... – sussurrei com um grande sorriso.

Alexander pareceu ainda mais envergonhado, levantando-se da cama e me dando um beijo no topo da cabeça.

— Ela é sim. Mas vamos logo, o dia só começou e seus irmãos devem estar chegando.

Mordi os lábios para mascarar o riso. Sabia que Alexander só estava com vergonha e queria mudar o assunto. Eu me perguntava se algum dia ele deixaria de ser tão infantil em momentos corriqueiros, era como uma inocência pura que só o príncipe tinha e não fazia mal. Algo simplesmente belo.

Levantei-me da cama, pegando o traje que Eli já havia separado para mim na noite anterior. Uma calça preta de um couro maravilhoso e um vestido curto de mangas longas, cheio de apetrechos prateados.

— Feche os olhos. Vou trocar de roupa. – falei com um tom divertido e irônico para Alexander.

Ele riu, as bochechas ruborizadas.

— Claro. Eu sempre respeito as donzelas.

Troquei-me em alguns instantes, e obviamente Alexander não se deu ao trabalho de fechar os olhos. Eu não tinha mais vergonha das cicatrizes, e ele não parecia se importar com aquilo. Um perfeito equilíbrio.

Assim que terminei, Eli fez uma trança longa em meu cabelo. Por um momento no espelho, achei que eu estava parecida com minha mãe, afinal de contas, tínhamos o mesmo queixo. E finalmente eu conseguia erguê-lo com um pouco de orgulho.

— Você está deslumbrante. – Alexander falou enquanto suspirava, estendendo-me sua mão para seguirmos a programação do dia.

Agradeci a Eli com o olhar. E logo que saí nos corredores, os dois soldados ingleses em minha porta não esconderam o sorriso. Eram Dallas e Bowles.

— Feliz dia, princesa. – disseram em uníssono com um movimento de cabeça.

— Muito obrigada. – falei com a mão ao peito, um pouco emocionada com aquilo.

Jamais esperava ter um bom aniversário enquanto Desmond estava vivo. Em alguns poucos meses, mudanças definitivas haviam acontecido e, por mais que tudo parecesse estar de cabeça para baixo, tudo também parecia estar ficando bem.

Eu e Alexander andamos confiantes até o salão principal, onde encontramos o rei e a rainha um pouco ansiosos. Ambos nos viram e sorriram. Ela estava radiante como sempre, e azul era sua cor preferida para vestidos, algo que eu admirava.

— Oh, como foi o café da manhã? Me contem! – A rainha não se aguentou, partindo para um abraço em mim e seu filho ao mesmo tempo. Os cabelos ruivos se esparramaram entre nós dois, e tudo o que o rei Maxon pode fazer foi sorrir da ação da esposa.

— Foi maravilhoso, Majestade. Nunca recebi algo do tipo. – falei assim que ela me soltou, olhando-me atenta com sua íris azuis. A vivacidade de América nunca parecia morrer.

O rei se aproximou por um instante, mas vi que seus olhos perderam um pouco do brilho quando encarou algo atrás de mim. Virei-me de costas para tentar entender o que houve.

Uma garota de pele bronzeada e com um belo vestido amarelo-claro andava meio sem rumos pelo salão. Ela olhava de um lado para o outro como se buscasse alguma coisa, talvez Mason ou outra pessoa. De repente, o olhar castanho dela se chocou com o meu e pareceu não se desviar de mim por vários instantes. Seu rosto não me era estranho, mas parecia um pouco ameaçador.

— Perdoe-me, querida. Acho que uma das Selecionadas se perdeu. – O rei me disse, estendendo sua mão para me cumprimentar com um pequeno sorriso. – Desde já, espero que hoje seja um dia memorável. Apenas me dê licença por um instante.

O monarca foi ao encontro da garota. E logo que ele saiu de minha frente, encarei Alexander e a rainha.

— Quem é ela? – questionei, ainda um pouco arrepiada pelo olhar que ela havia me dado.

— Acho que o nome é Tayse Blanc. – respondeu a rainha, e pude notar algo ruim em seu tom de voz. Nunca havia visto América falar daquele modo sobre alguém. – Meu filho não me escuta. Mason não percebe que ela só está o seduzindo para obter fama como uma das Selecionadas finalistas. Tem algo de errado com ela, eu já avisei seu irmão...

Alexander riu por um instante do temperamento da rainha.

— Ele só não deve ter eliminado a garota porque você pediu, mãe. Até parece que a senhora não conhece a criatura... – Ele disse com deboche, e recebeu alguns tapinhas de advertência no braço.

Cobri o sorriso que tive vontade de dar, enquanto o rei voltava ao nosso encontro e despachava a Selecionada. Sim, aquilo era totalmente do feitio de Mason.

— Vamos nos concentrar em receber a sua irmã, tudo bem? – A rainha finalizou, olhando para o mordomo mais próximo. – A Kaya já chegou?

O homem pareceu um pouco confuso com a pergunta tão súbita, mas logo um guarda de Illéa e um soldado inglês vieram em nossa direção com a grande notícia.

— Chegaram, Majestade.

Logo que terminaram de dizer, as portas de entrada se abriram como em um solavanco. E pude ver várias silhuetas andando em linha reta. No entanto, como sempre, Kaya Schreave estava à frente, com um vestido avermelhado de verão e os cabelos loiros soltos ao vento. Mesmo de longe, vi que ela já chorava, assim como a rainha.

Ambas seguiram uma na direção da outra, abraçando-se no meio do salão. Notei que rei Maxon queria fazer o mesmo, mas se conteve em nome de suas aparências, apenas olhando de longe a cena que se estabelecia com os olhos brilhando.

Cameron e Edwin estavam logo atrás da princesa, andando calmamente em minha direção enquanto observavam o palácio. Era a primeira vez deles em Illéa e deviam estar curiosos.

Eu sorri enquanto os analisava. Edwin parecia fascinado com a arquitetura, e carregava algo em suas mãos. Por outro lado, meu gêmeo havia feito a barba, vestido trajes um pouco mais elegantes que os de costume e andava confiante como se admitisse para si mesmo que seria rei. Suas olheiras haviam sumido, e Cam finalmente parecia bem.

Não me aguentei. E eles também não.

— Avery! – Edwin falou, fixando seus olhos em mim e andando mais depressa, já não usava mais as muletas.

Olhei para Alexander como se pedisse permissão, e ele apenas me deu um olhar que dizia: “está esperando o que?”.

Sorri, indo na direção dos dois com bastante ansiedade. Cam abriu os braços, e eu me encaixei perfeitamente como se ainda estivéssemos no útero da mamãe. Edwin se aproximou para o abraço triplo. Todos juntos. Vivos e bem.

— Eu estava com saudades disso. – A voz de Cam soava firme e leve. – Nem acredito que isso tudo está acontecendo. É o melhor aniversário de todos.

Edwin e eu rimos.

— Fez a barba. – Elogiei. – Parece até que está fazendo dezesseis anos. Ficou bem melhor! Você está muito melhor!

As lágrimas queriam vir. Lágrimas de felicidade, mas funguei para dispersá-las.

— Ei, Avy! Agora olha isso. – Edwin chamou minha atenção, mostrando o objeto que estava carregando. Uma caixinha de madeira bem rústica, em que havia vários pacotes de algo que não reconheci ali dentro. – Olha o que o Jasper me deu! São sementes da África! Para eu iniciar meus estudos em Medicina Natural com a mãe dele, a Lady Schmidt. Você não achou incrível? Eu achei demais!

Meu irmãozinho estava totalmente recuperado, não havia nem evidências de que tinha levado uma surra. Seus olhos ficavam tristes de vez em quando, mas eu sabia que isso faria parte dele para sempre. Eu e Cam sorrimos com seu entusiasmo, trocando um olhar de compreensão que só gêmeos poderiam entender.

— É, ele me mandou uma foto da África. Tudo isso parece incrível demais. – comentei, ainda muito emocionada. – Acho que o Jasper está levando uma vida incrível. Tenho inveja dele.

Cameron me olhou por um instante assim que fiz aquele comentário. Eu sabia que ele estava preocupado com meu futuro. Com nossos futuros.

— O Thomas não veio? – perguntei de repente, arqueando as sobrancelhas e mudando de assunto. Não era hora para conversar sobre coisas sérias, em especial sobre decisões em relação a minha vida.

— Ah, ele está lá fora conversando com o Igor e a noiva dele. – Cameron respondeu.

— O Thomas já odiou Illéa. – Edwin soltou uma gargalhada, e vi que meu gêmeo escondeu um sorriso. – Ele tropeçou nas escadas do avião e quase caiu umas duas vezes, irmã. Disse que nunca foi em um país tão ensolarado!

Mordi os lábios para não rir. Eu sempre havia achado aquilo, finalmente alguém concordava comigo a respeito de Illéa. Na verdade, me espantava Cameron e Edwin não reclamarem do sol também. Eu achava que sentiriam a mudança do clima.

Deixei os pensamentos de lado. Alexander se aproximava para cumprimentar meus irmãos.

— Obrigado pela festa, acho que foi a melhor ideia que você poderia ter tido! – Meu gêmeo disse ao apertar a mão dele.

— Eu quem agradeço por ter concordado! Sejam bem-vindos ao meu país. Minha família espera recebe-los bem.

Edwin ficou um pouco com vergonha, mas também apertou a mão de Alexander.

Em poucos instantes, Kaya terminou de abraçar seus pais e logo a saudade não mais existia no ar. No entanto, o mesmo guarda de Illéa se aproximou de nós mais uma vez, encarando o rei.

— Os russos, Majestade. Eles já podem entrar?

O monarca assentiu com a cabeça.

E logo as portas se abriram mais uma vez. Meu gêmeo e Alexander ficaram ao meu lado, e juntos pudemos ver quando Igor entrou com alguns poucos soldados russos atrás de si, sempre vestido naqueles malditos trajes de pele com detalhes dourados. Além disso, notei que a barriga de Yekaterina estava mais do que perceptível por baixo do grande casaco que vestia, e ela caminhava com Thomas ao seu lado. Ambos conversavam e pareciam grandes amigos.

Igor se aproximou já com um sorriso estúpido nos lábios, cumprimentando os reis de Illéa e apresentando Thomas a eles. Maxon e América sorriram ao cumprimentá-lo, mas o homem não expressou muitas reações, parecia um pouco preocupado com algo e distante em pensamentos. Refleti se talvez aquilo tivesse a ver com nossa ligação.

Quando Igor se virou para mim e Cam, soltou uma gargalhada alta, um tanto debochada. E eu soube no mesmo instante que nada de bom viria daquele maluco.

— Se comporte, Igor. – Escutei a voz de Thomas interromper a risada do russo.

Por um segundo, Lorde Schmidt olhou para mim como se me desse as saudações, mas depois se virou para falar novamente com Yekaterina, a qual cumprimentava os monarcas.

— Não estrague a brincadeira, seu inglês chato. – Igor rugiu, e então abraçou eu e Cam ao mesmo tempo, totalmente sem jeito e com muita força. – Eu adoro vocês dois! São os melhores gêmeos do mundo! São como irmãos para mim. Eu consegui um presente muito bom que até o Thomas sentiu inveja... E não é alcoólico! Juro!

— Obrigada, meu querido amigo russo. Fiquei bem curiosa agora. – falei, com um sorriso sem jeito.

Não consegui segurar a risada, e Cameron também não. Edwin se sentiu um pouco ameaçado e deu um passo para trás. Igor era com certeza muito maluco, e não parecia nem se lembrar da briga que tivemos bêbados em Illéa. Seu coração era gigante, apesar da pose de cafajeste.

— Vocês vão adorar, eu garanto.  O presente veio direto de meu incrível país. – O russo disse, acenando para Alexander ao nosso lado para cumprimentá-lo, mas mantendo seu braço em nossas nucas, como se estivesse se apoiando em nós. E por deus, como ele era pesado e grande.

— Achei que não gostasse de mim, então muito obrigado, Igor. Significa muito. – disse Cameron, tentando se desvencilhar do braço forte de Igor de alguma forma meramente educada.

— Ah, eu gosto sim. Mas é claro que prefiro a Avery, pelas razões óbvias de ser uma linda mulher de personalidade forte. – disse Igor, dando um sorriso maníaco para mim, o que me fez sair de perto dele no mesmo instante e me juntar ao Edwin. Onde estava Yekaterina para dar uma surra nele?— Também gosto desse mais novo! Ele tem cara de astuto. Se precisar estudar as propriedades curativas da vodka russa, eu daria todo o meu apoio.

Meu irmãozinho não soube nem reagir, apenas sorrindo forçado para Igor e dando mais um passo para trás, com medo de receber um abraço do russo.

Alexander tentava não rir de longe das idiotices que escutava, mas sua atenção ia mais a Kaya, que parecia falar sem parar sobre alguma coisa enquanto abraçava ele e a rainha.

Todos pareciam bem. Todos pareciam felizes. E o idiota do Igor só consumava aquilo tudo. No entanto, quando Thomas se aproximou de mim com Yekaterina em seu encalço, pude notar o receio em seus olhos. De alguma forma, ele não parecia bem.

— Avery. – falou, desviando um pouco o rosto.

Senti um pouco de insegurança quando apertamos as mãos. Eu havia desabafado com Thomas, mas não entendia porque ele estava daquele jeito. Talvez o problema fosse eu.

— Ob’yatiye luchsheye pozdravleniye imeninnitse – disse Yekaterina, a qual sorriu para mim. “Um abraço é a melhor saudação para uma aniversariante.”

De repente, me lembrei da informação que havia descoberto sobre o parentesco distante das mães de Thomas e Igor. Com certeza, Lorde Schmidt falava russo também. Talvez pelas influências de seu guarda-costas, mamãe também tivesse me incentivado a aprender a língua desde a infância.

— Perestan' menya smushchat', Yekaterina. – disse o homem a minha frente, puxando-me pela mão para me dar um curto abraço estranho e um pouco caloroso. A última vez que aquilo havia acontecido, eu devia ser uma simples criança.

Pare de me deixar sem graça, Yekaterina.

Por algum motivo, eu sorri para Thomas. Talvez ainda guardasse muitos ressentimentos dele, mas confiaria no instinto de minha mãe por ora.

— Spasibo za ob"yatiye. Dlya menya bol'shaya chest' videt' tebya zdes’. – falei, mostrando que ainda me lembrava das aulas de russo. E, por algum motivo, vi os olhos esverdeados de Thomas ficarem orgulhosos com aquilo.

Obrigada pelo abraço. É uma honra tê-lo aqui.”

Notei que os olhos de meu irmão viam aquela cena de longe, enquanto falava com seus sogros. Cameron tinha um brilho estranho na íris, mas logo desviou o olhar do meu.

E então me recordei de nossa última conversa, meu gêmeo disse que queria falar alguma coisa para mim que envolvia nosso passado. No fundo, eu temia que houvesse algo muito importante que eu ainda não soubesse. Algo que poderia estragar o nosso futuro.


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Notas finais do capítulo

Caramba, gente. Faltam 3 capítulos. TRÊS FUCKING CAPÍTULOS.
Muito obrigada aos meus leitores de plantão: Laurentino, Matt e o Marcos FLuder.
Vocês são DEMAIS! E com certeza eu não teria chegado até o final sem o apoio de cada um de vocês. Estou preparando meus agradecimentos, mas já antecipo o nome de todos vocês aqui nesse mini-obrigada ♥