A noite ia se apoderando cada vez mais do céu escuro e Poseidon ainda não conseguia pregar os olhos.  Poderia falar que foi por causa do café e dos cigarros, mas não. Foi pelo o que ele tinha feito por Atenas.

Como conseguia ser tão idiota ao ponto de trata-la daquele jeito? Estava apaixonado por ela há meses. Sonhava em sentir seus lábios macios sem presa, degustando o gosto doce que emanava deles, queria aquele olhar sereno direcionado para ele. Queria a pele arrepiada da mais jovem encostando em seu peitoril. Queria que ela o cavalgasse a noite toda.

Mas aquilo nunca mais iria acontecer. Não culpava Medusa, a concubina, culpava a si mesmo, por ser um canalha do mais baixo nível. Um idiota sem precedentes.  Quando teve a oportunidade de concertar tudo, implorando o perdão da jovem amada, apenas enfiou uma faca em seu próprio peito. Por que? Por que agiu com um grosso prepotente sem sentimentos?  Por que ele era assim? Naquele momento Poseidon só tinha uma certeza, não teria mais nada com Atena.

Depois de mais alguns devaneios resolveu tentar dormir novamente, amanhã conversaria com o seu sobrinho, Dioniso. Ele sim iria ajuda-lo a esquecer de Atena. Afinal, ele era Poseidon Olimper! Não era uma simples garotinha que iria o fazer se sentir culpado. Se ela não o queria mais, ele teria toda a cidade aos seus pés.

***

Poseidon entrou no escritório de Dionísio sem muitas cerimonias, poderia considerar seu sobrinho o seu melhor parceiro para noites boemias. Apesar de que sua irmã Hera não gostar muito dessa má influencia para seu filho. Percebendo que o mais não estava na sala, Poseidon aproveitou para tomar um pouco do uísque que ficava do lado da cristaleira e sentar-se em uma das poltronas de couro vermelho.

Passados alguns segundos escutou a porta se abrindo atrás de si e  a voz de Dionísio.

— O que lhe traz aqui tio? Principalmente a essa hora da manha em um dia da semana? Pelo o que eu te conheço você deveria ainda estar de resseca deitado na sua cama do lado de uma mulher que você nem se lembra do nome.

— Fiz mais uma das minhas grandes  besteira meu caro sobrinho, ontem era o dia que  marquei de me encontrar com Atena, na minha casa, para que finalmente, bem, você sabe aquela bibliotecária loira. – Os dois riram e Poseidon aproveitou para tomar o ultimo gole de uísque, franzindo seu cenho por causa do gosto forte. – Finalmente iria tê-la, saciar minha vontade de explorar aquele corpo virgem. Mas Medusa entrou nua em meu quarto. Com aquele corpo dos deuses, seios firmes e um olhar de luxuria. Como eu poderia resistir Dioniso? Se só de lembrar dessa cena eu já me animo todo.

—Calma tio. - Falou o sobrinho com um leve sorriso no rosto - Tome mais um copo de uísque isso sempre resolve. Não foi sua culpa, a vadiazinha entrou no seu quarto... E eu conheço Medusa, não tem nenhum homem na terra que pode se conter perto dela. Foi culpa daquela esdutantezinha, que fica se fazendo de difícil. Quanto tempo ela lhe deixou esperando? Ela queria o que?

—Sabe, do que eu me arrependo? – Poseidon falou enquanto fitava a janela que dava para frente da praça principal da cidade.

—O que tio, o que? – Dionísio lhe entregou mais um copo

—Muitos dizem que ela era pura, seria o primeiro a ensinar essa arte. – Poseidon suspirou, quase como um gemido, só de imaginar como seria.

—Acredita mesmo nisso tio? Bem, se ela for que nem a irmã...

E mais risos ecoaram pelo escritório entre as  videiras.