12/12 escrita por roux


Capítulo 1
– Ele




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“Você me dá os batimentos cardíacos de um beija-flor, abre minhas asas e me faz voar, o gosto de seu mel é tão doce quando você me dá os batimentos cardíacos de um beija-flor.” – Katy Perry.

― Está bem, pai! ― Eu disse ao telefone. ― Eu vou ligar, ligarei todos os dias, tudo bem?

Olhei em volta e sorri. A escola era bonita, os muros de pedra davam um ar rústico a tudo aquilo. Eu sabia que iria viver muitas emoções ali. Até esqueci que estava com o celular no ouvido, mas meu pai logo gritou me assustado.

― Eu vou ficar bem, pai. Dá um beijo na mamãe, vou precisar desligar. ― Eu disse ao telefone e sorri, eu amava aquele velho demais pra ficar bravo com ele. Desliguei então.

― Qual seu nome? ― Perguntou um homem de forma calma e baixa assim que cheguei ao portão.

― Noah... Noah Mirchoff ― Eu respondi meio nervoso e com minha voz infantil e até mesmo afeminada, pelo menos era isso que o tio Donald vivia dizendo quando ia lá a nossa casa. O rapaz que me atendeu não tinha a voz grave, mas ainda assim a voz era bonita, diferente da minha, eu odeio a mina voz, pra ser sincero odeio tudo em mim.

― Seja bem vindo, Mirchoff! ― O homem falou e anotou algo em uma prancheta que estava segurando. ― Siga até o pátio e lá receberá novas informações.

Sorri. Ele havia me chamado pelo sobrenome? Que cara mais estranho. Eu hem! Mas fiz o que ele indicou, caminhei sem demora para o pátio que não ficava longe dali. O local estava lotado, vários garotos, de todos os tamanhos, formas, cores. Fiquei meio sem graça. Acontece sempre que estou com vergonha, ou em lugares muito cheio.

― Oi. ― Ouvi uma voz sorridente atrás de mim.

Rapidamente olhei para trás e dei de cara com um garoto com os cabelos repicados e com franja, a cor do cabelo era um laranja tão bonito, e combinava com seus olhos castanhos. Ele era do meu tamanho, magro assim como eu. E pelo que observei rapidamente, deveria ter a mesma idade também.

― Oi! ― Respondi fazendo um esforço enorme para sorrir.

Eu sempre fui mal humorado. Desde criança... Minha mãe fala que desde que estava em seu ventre eu chutava como um bebê mal humorado, mas sei lá. Não me acho realmente mal humorado, apenas não curto o fato de ficar sorrindo para todos que me aparecem;

― Você é... ― O garoto falou.

Fiquei com cara de paisagem, realmente não entendi o que ele queria dizer.

― Seu nome! ― Ele disse e então riu.

― Ah desculpe! ― Disse eu sem graça. ― Noah, e você?

O garoto pareceu pensando, talvez achando o meu nome estranho, mas foda-se.

― Eu sou o Gusteus, mas todas as pessoas me chamam de Guto, então prefiro que você também me chame de Guto, tudo bem pra você? ― Ele perguntou sorridente. ― De onde você veio? Eu sou do Rio de Janeiro, você tem cara de ser mineiro, sei lá.

Opa, Gusteus bem bonitinho, mas fala demais. Não curto pessoas que falam demais, me sinto estranho perto delas. Não sou de falar muito, e me sinto perdido com tantas palavras em apenas cinco segundos.

― Eu estou falando rápido demais? ― Ele perguntou. ― Espero que você consiga me entender, eu sei que falo rápido, falo demais, mas você vai se acostumar, eu prometo que vai, todos se acostumam em algum momento. Eu sou do segundo ano, e você? Espero que seja também, assim teremos a chance de cairmos na mesma sala. Eu ouvi falar que os veteranos sempre passam trote nos calouros, espero que esse ano eles peguem leve, certo?

Olhei assustado para o garoto. Ele realmente falava demais, aquilo estava começando a me assustar. Como alguém conseguia falar tanto? Não cansava?

― Atenção! ― Disse uma voz masculina em algo que parecia um microfone. ― Atenção!

Todos os garotos que estavam no pátio ficaram em silêncio, agradeci a deus por enviar esse anjo para falar ao microfone, achei que morreria com os ouvidos estourados, de tanto que o tal de Gusteus falava. Ops quero dizer, Guto.

― Sejam todos bem vindos, a Nobunaga Shimazaki Club para garotos. ― O homem disse. ― Eu sou Mamoru Shimazaki, bisneto do fundador desse clube para garotos. Espero que todos vocês se dêem bem por aqui, e que cresçam tanto no pessoal quanto no profissional. ― O homem deu uma pausa. ― Sigam para as alas a sua direita, cada ala tem uma letra, ou seja, a primeira é A, e assim sucessivamente, procure sua ala e encontre o seu quarto. Vocês estarão liberados até as 14h40min da tarde para que possam arrumar seus quartos e conhecerem a escola, mas depois desse horário quero todos os calouros no auditório C. Estão dispensados! ― Disse o homem.

Fiquei parado em silêncio, todos os alunos começaram a se mexer e ir procurar suas alas, não queria sair dali, muitas pessoas se mexendo me deixavam em pânico.

― Está tudo bem? ― Perguntou o garoto de cabelos laranja. ― Você está tremendo!

Olhei para minhas próprias mãos e percebi que realmente era verdade eu estava tremendo.

― As pessoas... Tantas juntas me assustam! ― Eu disse sincero.

― Fobia? ― O garoto perguntou.

― Acho que sim... ― Eu disse. ― Foi um prazer te conhecer, Guto.

Ele sorriu.

― Foi sim, espero que você fique em alguma das minhas aulas! ― Ele disse sorridente e saiu.

O fluxo de pessoas havia diminuído. Comecei então a caminhar com minhas duas malas de carrinho, precisava encontrar a ala número N. Caminhei bastante, ela ficava realmente longe, mas logo encontrei. Essa escola era gigante, imensa. Fiquei imaginando quantos quartos deveriam ter em cada ala. Não foi difícil achar meu quarto, não tinham muitos na ala N. Entrei, o lugar era minúsculo. Digamos que era menor que o meu banheiro na casa dos meus pais. Está bem estou exagerando. O lugar tinha uma cama, uma cômoda que também servia de escrivaninha, já que em cima da mesa estava largado um notebook e algumas canetas. O quarto era todo branco, os móveis pretos, e tinha até um banheiro.

Entrei no banheiro, era pequeno, um vaso sanitário, uma pia menos que a minha mão e um Box com um chuveiro. Não reclamei, pelo menos não teria de dividir banheiro com mais uns trocentos garotos.

Olhei para o espelho.

Aquele era eu. Cabelos negros caindo sobre a testa formando uma franja lisa, olhos azuis, cara de mal humorado, a pele tão branca que eu poderia ser confundido com um fantasma numa boa.

Ouvi a porta do meu quarto ser aberta e sai do banheiro.

― Ei... ― Comecei a resmungar, mas parei. Havia três garotos vestindo o uniforme da minha nova escola, mas tinha sacos de papel na cabeça, só os olhos estavam à mostra. ― Quem são vocês?

Os garotos riram.

― Você vem com a gente, novato. ― Um deles disse sorrindo e sem que eu esperasse, ele se aproximou de mim e segurou minhas mãos, começou a amarrar alguma coisa.

O desespero começou a tomar conta de mim.

― O que você está fazendo, cara? ― Perguntei procurando segurar o choro.

― Calado, hoje você vai servir de almoço para alguns de nós! ― Outra voz disse rindo.

Então vendaram meus olhos, e me pegaram nos braços. Eu comecei a chorar o que estava acontecendo? Por que estavam fazendo isso comigo? Os garotos riam e continuavam me levando. Caminhamos pelo que pareceu uma eternidade, então paramos, eles me coloram no chão e começaram a tirar minha roupa.

― NÃO! PAREM O QUE ESTÃO FAZENDO? ― Comecei a gritar.

Eles gargalharam, e várias vozes começaram a falar ao mesmo tempo.

― Olha que delicia, adoro quando eles pedem pra parar.

― Vamos logo com isso.

― Eu quero ser o primeiro a foder esse rabo branco.

― Delicia, hem?

Senti quando tiraram minha calça e me deixaram apenas de cueca. Arrancaram a venda que colaram em meus olhos. Todos os garotos sorriam e me olhavam, alguns tinham o pênis duro para fora da calça, outros se masturbavam.

― SOCORRO! ― Eu comecei a gritar.

― Calem a boca dele. ― Disse um loiro.

― QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO AQUI? ― Ouvi uma voz grave e grossa, logo depois da porta se abrir.

Olhei assustado.

Era outro garoto. O garoto mais lindo que eu já tinha visto em minha vida, cabelos castanho, olhos verdes, magro, mas com o corpo super definido. Ele olhou para mim e depois para os outros garotos.

― Nada demais, Potter. Apenas passando um trote! ― Disse o mesmo loiro.

― E desde quando estupro é trote? ― O garoto perguntou bravo e partiu pra cima do outro lhe dando um soco na cara, o garoto caiu no chão. ― Eu vou contar até três para todos vocês vazarem daqui, ou vão todos se foder na minha mão.

Os garotos começaram a correr saindo da sala que estávamos.

― V-Você está bem? ― Ele perguntou agora calmo.

Minha voz não saiu. Apenas balancei a cabeça positivamente.

― Eles te machucam? ― O garoto perguntou, e caminhou até mim, soltou minhas mãos e pernas e pareceu olhar meu corpo seminu, mas então desviou os olhos. ― Sou Potter! ― Ele sorriu e me estirou a mão.

Aceitei sua mão e apertei.

― Noah!

― Se vista Noah! ― Ele falou baixo. ― E eu prometo que isso não vai ficar assim.


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