Asphalt Café escrita por Victane


Capítulo 39
Stay Away From my Girlfriend!




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Eram 10h da manhã, quando Jade finalmente acordou, havia demorado a dormir depois que saíra do quarto de Beck e quase fora pega por sua tia maluca. Jade abriu um pequeno sorriso, lembrando-se do momento intimo entre os dois e como aquilo tudo estava tão perfeito antes de tudo acontecer. Tentou se mexer, mas foi impedida por alguém. Fitou seu lado e viu David dormindo sobre ela, as mãos da West estavam no cabelo do garoto, ela então se lembrara de como havia alisado os cabelos do irmão até ele se esquecer do pesadelo que tivera e ir dormir.

— Dave, acorde, já está tarde! – Jade cutucou o irmão e o garoto se mexeu um pouco. – David! Acorde, pirralho. – Falou vendo que o irmão já abrira os olhos e sorria para ela. – Eu vou tomar banho e depois você vai, tudo bem? – O garoto assentiu ainda sonolento e a West pegou suas coisas para tomar seu banho. Caminhou até o banheiro sem avistar ninguém no corredor dos quartos, provavelmente todos estariam no andar de baixo. Cuidou de sua higiene pessoal, normalmente e encarou o espelho enquanto arrumava os cabelos. Tinha adorado ficar um pouco a sós com o Oliver, mas sabia que era só o começo de mais um dia, e aquela tia maluca dele ainda tinha muito tempo para irritá-la, refletindo sobre isso, saiu do banheiro, David já estava na porta, e assim que ela desceu as escadas o garoto fora tomar seu banho. Charlotte estava servindo a mesa do café, enquanto Mason lia o jornal no canto da sala. Jade perguntava-se quem nos dias de hoje ainda lê jornal, mas decidiu deixar para lá, lembrou-se de que há pessoas nesse mundo que são inimigas da internet, Mason deveria ser uma delas.

— Jade, querida, vamos tomar café? Quer dizer, Damian, Mason e eu já tomamos, mas pensei em deixar a mesa ainda arrumada caso você quisesse.

— Obrigada, mas não tomo café da manhã... – Charlotte pareceu desapontada. – Mas o David daqui a pouco desce. Aquele pirralho tem um buraco no estomago! – Charlotte sorriu sincera enquanto ajeitava um pouco mais a mesa. – Ah, o Beck já tomou café também. Ele está lá fora na piscina, porque não vai até lá e... – Mas Jade já estava se direcionando a parte de fora da casa. Chegando lá, viu um Beck com a cabeça encostada na borda da piscina, de olhos fechados enquanto o sol preenchia todo seu corpo. Os cabelos negros e molhados, grudados no rosto, realçavam o adjetivo de perfeição adequado ao garoto. Jade sentou na borda da piscina, colocando seus pés para dentro da água, o movimento brusco fez Beck abrir os olhos e encará-la, o canadense sorriu, mas voltou a sua posição anterior e Jade retribuiu o sorriso com aquilo, realmente não era de conversar muito durante o “começo” do dia e Beck parecia saber muito bem disso. – Aqui é... – O garoto esperou. – Quieto.

— Sim, é bastante quieto. – Concordou o Oliver. – Bem diferente de Los Angeles, não é? – Perguntou e garota assentiu com a cabeça, mesmo Beck estando de olhos fechados, ele conseguia sentir que Jade concordava com ele. – Costumava me sentir vivo quanto estava aqui. Sem pressa de viver. Apenas... Eu e o mundo... Juntos como um só. – Confessou.

— Então se arrepende de ter saído daqui? – Jade foi direta.

— Não, nunca! Se eu não tivesse saído não teria conhecido você, não é mesmo? – Perguntou a encarando e sorrindo. Jade sorriu de leve.

— Sem frases clichês, Oliver. Só responda a pergunta. – O garoto riu, mas se concentrou em sua resposta.

— Não, acho que não me arrependo. No fundo descobri que tudo isso de o mundo e eu era uma grande mentira da minha cabeça. Eu apenas precisava sair daqui pra descobrir que o mundo não é só aquilo que queremos... É aquilo que tentamos conquistar, mas que nem sempre será do jeito que esperávamos... – Beck assumiu um tom sério. – Acho que precisei sair de perto de toda essa calmaria pra me certificar de que estava fazendo a coisa certa. E olha só onde eu fui parar... Perto de uma linda garota carrancuda que foge para meu quarto durante a noite... – Beck sussurrou a ultima parte e Jade não queria, mas ficou um pouco corada com a ultima frase. – Onde está o David? Precisamos dar uma volta.

— Agora ele deve estar tomando café... – Beck saiu da piscina, deixando Jade ter a bela visão do garoto de sunga vermelha. Ele se enxugou com a toalha e aproximou-se da morena. – Onde está sua tia maluca?

— Fazendo compras com meu pai... – Jade arqueou a sobrancelha. – Sim, parece impossível, não é? Mas os dois foram comprar algumas coisas de que minha mãe precisava para fazer o jantar. Vem, precisamos sair antes que eles voltem... – Beck pegou na mão de Jade e juntos entraram na casa. David acabara de tomar seu café e sorria radiante quando vira os dois. – Pronto para passear?

— Mais do que pronto! – O garoto sorriu travesso, fazendo Jade ter que segurar o sorriso bobo para não parecer tão fraternal, principalmente porque Charlotte observava a cena. Beck fora se trocar e quando voltara, os três saíram num pequeno tour por Toronto.

 

— Primeira e segunda parada é só pra fotos, okay? – Disse Beck estacionando o carro que pegara emprestado da mãe.

— Nossa, como isso é alto! – Exclamou David encarando a grande torre

— Essa, pequeno David, é a CN Tower, a segunda torre mais alta do mundo. – Explicou Beck enquanto os três encaravam a grande torre de longe.

— E pra que serve? – Começou David a fazer as típicas pergunta de criança, porque por mais que ele não aparente, ele ainda tem oito anos e adora fazer perguntas.

— Bom, serve para observação, telecomunicação e como ponto turístico, é claro. Lá em cima tem um grande restaurante. Eu posso levá-los um outro dia, o que acha? – Perguntou Beck piscando para o garoto.

— E porque não hoje? – O garoto estava bastante animado com o passeio.

— David! – Jade soltou um riso que logo abafou.

— Ora, por quê?! Porque vamos a outros lugares, hum?! E é claro... Pra ir nesse restaurante temos que fazer reserva... – Beck fez uma careta e David riu. Os três tiraram algumas fotos por ali e logo foram para o carro. Rapidamente chegaram a o outro destino do passeio. – De novo, não vamos poder ficar muito por aqui, porque infelizmente o museu não abre aos domingos, mas esse aqui é o Museu Royal Ontario, querem sorvete? – Perguntou Beck descendo do carro sendo seguidos por Jade e David. Logo o canadense comprou sorvete na barraquinha ali perto e tiraram mais algumas fotos. – Espera, estamos esquecendo-se de uma coisa...

— De entrarmos nos lugares em que vamos... – Falou Jade fazendo David e Beck rirem.

— Não, de proteção... – Jade arqueou a sobrancelha para o Oliver. – Vocês precisam usar protetor solar, são muitos brancos e já passam das 11h, não estão acostumados a ficar nesse sol do Canadá. – Beck retirou do bolso, um protetor solar fator 50 e começou a espalhar no rosto de David. Assim que terminou foi até Jade, mas a garota apenas levantou as mãos em sinal de que não queria que ele fizesse aquilo. – Qual é, Jade? Você também é bem branca, precisa se proteger.

— Não, Oliver. Isso é coisa de criança. – Reclamou a garota. – Porque não passa em você então...

— Tudo bem. – O garoto começou a espalhar em seu próprio rosto fazendo a garota ficar surpresa. – Ficou melado? – Perguntou aproximando-se dela. Jade limpou um pouco de protetor que havia ficado no canto da boca do Oliver e enquanto ela estava distraída nessa tarefa, o garoto apertou o protetor, fazendo espirrar na cara da West de um passo para trás em surpresa.

— Mas que droga, garoto, olha o que você fez! - Reclamou com raiva, enquanto tentava se limpar.

— Espera, Jade, é só espalhar... – Tentou Beck aproximando-se dela. Algumas pessoas que passavam por ali prestavam atenção no casal. Jade se virou enquanto fazia sinal com as mãos para que ele se afastasse. Beck sorriu e a agarrou por trás, levando suas mãos para a barriga da morena, a fazendo rir e ficar surpresa ao mesmo tempo. David a acompanhou, rindo da cena, fazendo Beck rir também. O garoto ainda a agarrava por trás enquanto tentava com uma mão espalhar protetor no rosto de Jade e com a outra fazer cosquinhas nela e mantê-la sorrindo, é claro que aquilo não deu muito certo.

 

— Se tivesse me escutado nada daquilo teria acontecido. – Disse Beck ainda rindo da cena patética que os dois estavam fazendo na frente do Museu.

— Eu só não queria passar protetor, Oliver. Pra isso não precisava me jogar no chão. – Reclamou Jade prendendo o riso ao se lembrar da cena.

— Foi muito engraçado vocês dois caindo, a Jade mal se aguentando em pé de cosquinhas e o Beck passando protetor na cara dela... – David mal conseguia falar a frase de tanto que ria. Jade e Beck começaram a rir de novo.

— Todo mundo ficou olhando pra gente... – Beck continuava.

— Que se dane todo mundo. – Jade já tentava parar de rir.

— Podemos... – Beck tentava se controlar. – Podemos ir para o próximo ponto? – Todos assentiram e o garoto acelerou o carro. Chegaram á frente de outro Museu, um pouco maior.

— Outro museu, Oliver? Perdeu a criatividade? – Provocou Jade quando desceram do carro.

— Esse não é um museu normal, esse é o museu Hockey Hall of Fame. Basicamente o melhor museu de hóquei de Toronto. Faz tanto tempo que não venho aqui. – Beck sorriu e os três andaram na direção do museu, pagaram a entrada e adentraram.

— Sem querer parecer rude, Oliver, mas nem eu nem o David gostamos de hóquei. Isso é coisa de canadense? Porque é chato. – Jade foi sincera.

— Não é só coisa de canadense, muitos homens gostam de hóquei, mas meu avô em especial adorava e sempre que podia assistia jogos com a gente, falo de mim e de meus primos. – Explicou. – Mas depois que ele faleceu, faz muito tempo que não venho aqui, muito menos que assisto um jogo. Prometo que não vamos demorar... – Falou parecendo sentimental. Jade engoliu em seco, sentindo-se culpada por ter falado daquele jeito, queria dizer algo, mas não sabia o quê, mas foi David que disse exatamente o que ela planejava falar.

— Podemos ficar o tempo que precisar. – Disse parecendo adulto. Beck o fitou e sorriu e os três começaram a andar pelo museu, o interior do lugar era espetacular. Havia papeis ilustrativos contando a história do hóquei no gelo, enquanto Jade tentava entender aquele lugar, Beck parecia hipnotizado com os uniformes de jogadores famosos contidos ali, enquanto David olhava os troféus e outras conquistas. Como Beck havia falado, não demoraram tanto ali, Jade já estava com fome, mas não queria interromper o torpor do Oliver.

— Quase tão bom quanto às arrancadas. – Disse suspirando ao saírem dali.

— Arrancadas? – Perguntou David antes que Jade pudesse fazê-lo.

— É! Corridas de carros. São o máximo, qualquer dia posso te levar. – Jade fez uma careta.

— Essa eu passo, Oliver. – Falou entrando no carro, Beck riu com a sinceridade da morena e a acompanhou juntamente com David. Logo chegaram ao próximo ponto do tour por Toronto.

— Chegamos finalmente a um lugar onde fiz reserva. – Falou Beck, David bateu palminhas, animado. - Espero que estejam com fome. Esse aqui é o The Distillery District .

— Comida, oba! – Falou David e os três se encaminharam para dentro do restaurante. O lugar era simples e aconchegante, ali eles comeram, beberam e pediram sobremesas. Já alimentados, partiram para o ultimo lugar da rota de Beck, e em menos de meia hora, chegaram ao ponto do tour onde David parecia ter gostado mais.

— Esse aqui é o Zoológico de Toronto. – Comentou Beck enquanto David praticamente já corria para comprarem as entradas. Ali viram vários animais, David era o mais empolgado, enquanto isso, Jade e Beck ficavam conversando, sorrindo um para o outro e foi o único momento do dia onde pareciam estar com todos dali daquele lugar publico, mas onde apenas eles interessavam um para o outro. Cansados, acabaram o passeio com David ainda falando dos animais avistara, principalmente sobre o leão que rugira alto quando o vira, pelo menos era assim que o garoto contava, e chegaram finalmente em casa. Era quase noite, quando Jade deu-se conta de que a tia de Beck havia interferido pouco no dia deles. O passeio com Beck e David fora tranquilo, alegre, até mesmo para Jade fora divertido. De certa forma era ótimo conhecer os gostos do Oliver e seus lugares favoritos, mas tudo acabara quando Jade vira um monte de gente em frente á casa de Beck, as pessoas pareciam tristes e seguravam coisas diferentes. Assim que avistou a turma de vizinhos que jogara futebol com eles no dia anterior, em frente á sua casa com expressões tristes, Beck viu que era coisa de sua tia e não aguentava mais ver Jade aborrecida, principalmente depois de um passeio tão relaxante como eles fizeram.

— Jade, eu sinto muito! – A primeira a quebrar o silêncio foi Bethanny. A garota se aproximara com aqueles olhos extremamente grandes por trás dos óculos. Ela dera a Jade um ursinho de pelúcia e abrira a mão da garota que se espantara com o toque, depositando uma pequena quantia em dinheiro.

— Achamos que isso pode lhe ajudar. – Falou Ben também se aproximando com um brinquedo qualquer e uma quantia em dinheiro. Antes que os outros pudessem fazer o mesmo, Jade resolveu tentar esclarecer aquilo ali.

— Afinal de contas, o que está acontecendo aqui? – Perguntou a morena.

— Jade, nós já sabemos, não precisa mais mentir. – Falou Marina.

— Mercedes nos contou tudo. – Disse o pequeno Trent.

— O que exatamente ela contou á vocês? - Perguntou Beck alarmado.

— Ela nos contou sobre... Seu filho... Adotado. – Disse Joseph, Jade franziu a sobrancelha. O loiro olhou para os demais como se perguntasse se podia prosseguir, e os outros assentiram. – Ontem no futebol, Mercedes nos disse que David era seu filho adotado, não queríamos acreditar, pois Charlotte e Damian escutaram e disseram que era mentira, mas... Hoje de manhã antes de sair, ela reuniu todos nós e nos contou tudo. – Joseph se calou.

— Que diabos ela contou á vocês? – Jade já aparentava estar com raiva.

— Não fique com raiva de nós, Jade. Nós só queremos ajudar. – Disse Marina, mas Jade apenas a fuzilou com o olhar e Joseph, o corajoso, se aproximou mais.

— Ela nos contou que você adotou o David e que depois descobriu não ter condições para cuidar dele, por isso anda dizendo por ai que ele é seu irmão caçula. Mercedes também nos disse que antes de ter o Beck, você se envolveu com um cara que batia em você e que você está grávida dele e continua sem condições para cuidar agora de duas crianças... – Joseph falou com pesar. – Então decidimos nos reunir e ajudarmos como podíamos, então cada um trouxe um brinquedo e uma quantia em dinheiro que pode te ajudar por enquanto.

— Você tem que ser forte nessas horas, Jade... – Disse Bethanny.

— E você também, Beck, se for mesmo ficar ao lado dela. – Falou Marina.

— O QUE? – Jade gritou tomada pelo ódio. Olhou de David para Beck, o pequeno West parecia angustiado diante daquela situação, como se quisesse gritar para todos que Jade era mesmo sua irmã e que parassem de sentir pena dela porque não havia motivos para isso. Fitando uma ultima vez Beck antes de entrar na casa, o garoto sabia ali que a ultima gota de paciência que lhe restava desapareceu. A garota passou por todos como um furação, jogando o dinheiro no chão e os brinquedos e entrando na casa.

— Sério, pessoal, obrigado por serem caridosos dessa forma, mas isso tudo é uma grande mentira, então, por favor, vão para suas casas e... – Beck pegou na mão de David. – Não acreditem em mais nada que saía da boca de Mercedes. -Assim que Beck entrou na casa com o West, os dois viram Mercedes na escada fitando Jade com olhos arregalados, enquanto ela tentava respirar.

— VOCÊ... VOCÊ, SUA... VACA! – Gritou a garota apontando o dedo na cara de Mercedes. Mason, Damian e Charlotte estavam no sofá encarando a morena com surpresa. – COMO VOCÊ OUSA DIZER AQUILO A ELES? – Jade apontou para o lado de fora da casa.

— Eu não fiz nada. – Disse Mercedes na maior calma.

— Como não fez nada? – Jade agora soava mais calma, mas com tom mortal. – Você falou para eles que meu irmão era na verdade meu filho adotado? Como pode fazer uma coisa dessas? E ainda completar dizendo que meu ex-namorado que nem sei quem é, me batia e que estou grávida e passando por necessidades. – Charlotte levantou-se do sofá mortificada.

— Isso é sério, Mercedes? – Perguntou sem acreditar.

— Você passou de todos os limites. – Acusou Mason que até então sempre ficava calado perto da mulher.

— Passou dos limites? – Jade riu irônica. – Você foi bem mais além. Olha aqui, eu não ligo para o quanto você tente estragar meu namoro com seu sobrinho, mas mexer com meu irmão... – Mais uma risada. – Com meu irmão as coisas são bem mais diferentes. Ninguém mexe com o pirralho, a não ser eu, entendeu? – Mercedes engolia em seco, sem conseguir acreditar que Jade a estava enfrentando na frente de toda família. – Só porque você é uma senhora amarga não precisa tratar as pessoas assim... Nossa, nem parece eu falando coisas assim, mas você usou aquelas pessoas... Elas realmente queriam ajudar e você inventou aquilo tudo apenas pra me machucar. Oh, cara, você não fez a coisa certa, principalmente colocando meu irmão no meio. A vontade que tenho é de pegar minha tesoura se ela estivesse aqui e jogar bem perto de onde você está, apenas pra te assustar igual você fez com aquele cachorrinho pra receber a “herança” dele, não fez? – Mercedes começou a chorar. – Você fez aquilo com ele, não é? É só isso que você é, só uma assassina de cachorrinhos, amarga e solitária que desconta toda suas frustrações na família.

— É isso que meu sobrinho pensa de mim? - Perguntou Mercedes aos prantos.

— É isso que todos pensam de você. – Falou Jade cerrando os punhos, tentando se controlar para não voar naquela senhora. - Eu quero deixar bem claro, Mercedes... Fique bem longe do meu irmão! – Jade subiu as escadas passando pela tia de Beck e batendo a porta no corredor de cima, enquanto ia correndo fazer suas malas. Mercedes aproximou-se de Beck tentando dizer algo.

— É melhor pensar no que fez tia, isso tudo não foi certo, tenha isso em mente. – Beck falou a encarando enquanto ela chorava. – E fique longe da minha namorada!— Disse subindo as escadas e indo para seu quarto, arrumar as malas.

 

Malas feitas, Beck desceu as escadas, indo para a parte de fora da casa. Não havia nem vestígio de sua tia, conversando com seu tio Mason, descobriu que ela pegara todas as coisas e fora embora o mais rápido possível.

— Corajosa sua namorada, eu gostei! – Falou Mason saindo de perto do canadense, ao ver que o Damian se aproximava. O pai de Beck o acompanhara até as cadeiras ali próximas e os dois ficaram ali em silêncio por um bom tempo até que...

— Você sabe o porquê de sua tia medir mais as palavras quando está falando comigo? – Perguntou Damian abraçando o filho de lado. Beck negou com a cabeça. – É porque logo depois de voltar para sua mãe, ela tentou me fazer desistir dessa ideia, tentou me dizer que eu não era homem certo para Charlotte e você sabe o que eu fiz? – Beck negou novamente. – Eu não deixei que ela falasse, eu apenas a encarei e disse: “Eu amo sua irmã e não é uma velha amargurada como você que vai me fazer desistir dela.” – Beck arregalou os olhos, seu pai começou a rir o fazendo acompanhá-lo. – Eu vi muito da Jade em mim. Depois que falei aquilo, ela parou de se intrometer tanto em nossa vida como antes, mas eu ainda tinha muita coisa guardada aqui... – Damian apontou para seu coração. – Que estava me deixando louco cada vez que eu a via e não podia falar para ela como me sentia. E você sabe o que eu senti quando aquela linda garota despejou todas aquelas verdades? – Beck fez sinal para que ele continuasse. – Eu me senti bem! E agora me sinto livre pra fazer o que quiser, principalmente pra dizer que gosto dela... Eu gosto dela. – Damian mandou um olhar para Beck como se falasse “está aprovada”. O garoto sorriu e seu pai se levantou da cadeira e saiu dali. Charlotte chegou logo depois, sentando-se no mesmo lugar que anteriormente o marido estava.

— Filho, eu... – Começou, mas Beck a interrompeu.

— Veio reclamar comigo pelo comportamento da Jade, ou me dizer que gostou dela também? – Perguntou esperando a reclamação.

— O que? Eu... – Charlotte franziu o cenho em confusão, mas logo se recuperou. – Vim dizer que gostei do que ela disse e como disse lá na sala há alguns minutos... – Beck assentiu sorrindo orgulhoso. – Mas não é só isso... Eu vim dizer que nunca entendi o motivo de você ir para Los Angeles...

— Mãe, isso de novo não! – Resmungou Beck.

— Calma, querido, deixe-me falar... – Beck se calou em respeito. – Eu sempre achei que essa coisa toda de professor de artes, você tinha inventando apenas para sair de perto de nós, sabe... Porque estava cansado disso tudo aqui... – Charlotte sinalizou para a casa. – Eu sempre achei que seu lugar era aqui com a gente, Beck, perto de sua família, mas hoje tive uma ideia diferente disso tudo, e isso tudo começou com aquela garota. O modo como se difere das outras...

— A Jade é realmente bem diferente das garotas do Canadá... – Disse Beck.

— Percebi isso quando ela não quis ver fotos suas quando criança. Que tipo de namorada nega esse prazer à sogra? – Beck riu. – Mas voltando ao assunto... Sua garota, ela... Ela tem personalidade, ela sabe o que quer, e o mais importante, ela me convenceu de que você sabe o que quer. Você quer uma carreira em Los Angeles, Beck, mas quer uma família e perto dela e do irmão dela, eu vi... Vocês já são uma família... Não quero que se esqueça de me visitar de vez em quando, mas... Faça o máximo possível para não perdê-la, principalmente se ela for o amor de sua vida... Eu sei bem o que é perder tudo isso, mas felizmente o consegui de volta... – Beck notou o sorriso orgulhoso de sua mãe quando se referia á Damian. – E se vocês brigarem lembre-se de lutar pra consegui-la de volta. Vocês são lindos juntos, espero que tenham uma vida muito boa, unidos. – Beck sorriu sentimental enquanto abraçava a mãe que já chorava.

— Obrigado, mãe. Eu te amo! – Falou carinhosamente.

— Eu também te amo, querido! – Respondeu Charlotte extremamente emocionada com esse momento.

 

— Agora é serio, realmente precisamos ir. – Falou Beck referindo-se a o voo que eles tinham que pegar.

— Bom... Eu, hum, queria pedir... – Tentou Jade extremamente deslocada com aquela situação já que não fazia parte do mundo dela pedir desculpas. David riu com o nervosismo da irmã e recebeu uma tapa de leve na cabeça.

— Desculpas? Lógico que não precisa, nós que deveríamos pedir desculpas a vocês. A Mercedes exagerou demais em todos os quesitos dessa estadia de vocês aqui. – Pediu Charlotte, Damian assentiu.

— Enfim, até mais, Charlotte, Damian e Mason. – Disse Jade, acenando para eles. David fez o mesmo, mas não antes de Charlotte puxá-la para um abraço.

— Até mais, mãe, pai, tio... – Disse Beck abraçando todos e acenando já quando saíam dali. Os três foram para o aeroporto, pegaram o voo, e já era 00h quando eles estavam no avião. – E então David, achou ruim a viagem? – Perguntou Beck temendo que o garoto não tivesse gostado.

— Tá brincando né? Eu conheci aquela torre maneira, tomei sorvete, vi aquele macaco jogar cocô no outro e ainda quase vi uma luta no meio da sala entre minha irmã e sua tia. Eu adorei! – Disse David animado, apesar de estar cansado, na cadeira de trás juntamente com Jade.

— Melhor ir dormir, pirralho, chegaremos em casa antes do sol nascer e seu sono ainda vai ser interrompido. – David seguiu o conselho de Jade, logo adormecendo nos braços da irmã.

— Eu adorei nossa viagem. – Disse Beck fitando os incríveis olhos azuis de Jade.

— Adorou mesmo, Oliver? Mesmo com toda confusão? – Perguntou sorrindo de canto.

— Mesmo com toda confusão... – Beck sorriu. – Você estava lá não estava? – Jade assentiu. – Então já estava sendo perfeita desde quando estávamos no avião embarcando. – Falou piscando para a morena e indo dormir em sua cadeira. Jade sorriu orgulhosa e logo adormeceu. Acordaram ás 2h da manhã, e mesmo com sono, foram para a casa de Jade. Chegando lá, abriram a porta e tudo estava escuro, até ai tudo bem, já que era de madrugada e provavelmente todos estariam dormindo, mas o pior foi quando Jade resolveu ascender à luz depois de ouvir alguns sons meio suspeitos. Ao ligar o interruptor, Jade soltou um grito abafado ao ver alguém loiro em cima de outro alguém no sofá. A garota apagou as luzes e com o grito dela, as duas pessoas no sofá se assustaram, fazendo com que uma delas caísse no chão. Jade arriscou ascender novamente à luz e dessa vez ficou pasma juntamente com os outros quando viu um Zac caído no chão com sua calça jeans e camisa amassada, e uma Tori deitada no sofá com olhos arregalados e metade dos botões da blusa aberta, mostrando seu sutiã rosa rendado e com uma expressão de extrema vergonha e surpresa no rosto, mas tudo aquilo não superava a cara de tristeza que Tori fazia ao ver Jade e os outros. Ninguém ali naquela sala realmente estava pronto para aquela cena, mas as coisas ficariam bem mais complicadas depois que todos se recuperassem da surpresa.

Próximo Capítulo:

“Tem tudo na internet!”

“Presenciamos o apocalipse.”

“Cuidado com os espíritos!”


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