The Last Taste - Season 2 escrita por Henry Petrov


Capítulo 6
Council Bluffs


Notas iniciais do capítulo

Oi povão lindo.
É a terceira vez que eu reescrevo isso aqui, internet de hospital é uma droga, mas é a única que tem, então fazer o quê. Resumindo, esse capítulo não tá muito movimentado. Tá lento. Eu disse lento, não chato. Espero que vocês gostem. Comentem, quero saber o que vocês tão achando e suas teorias para o que vai acontecer. Vocês fazem o meu dia quando comentam :3
Enfim, era só isso. Boa Leitura :)



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Os últimos quatro dias em Aslyn foram torturantes.

Toda manhã, eu acordava e passava um bom tempo olhando para a cama de Kaitlyn, perguntando a mim mesmo se ela ainda estaria viva. Então, levantava e realizava as tarefas diárias, menos irritado do que antes, porém bem mais calado. Deixei as conversas restritas ao mínimo. Will notou a diferença. Eu não usava mais as tardes livres para passar um tempo com ele ou fazendo qualquer coisa que não fosse relacionada à guerra. Vencer tinha se tornado um foco principal agora, pois Lúcifer tinha tirado de mim uma das coisas que eu mais prezara em quase um ano de guerra e eu precisa tê-la de volta. Eu não deixaria que ele a machucasse. Então, dupliquei o trabalho, intensifiquei o treinamento, me tornei mais rígido.

A ida de Kaitlyn fora como um choque de realidade. Ao ver ela desaparecer naquela escuridão, foi que eu finalmente percebi a seriedade da situação que eu me encontrava. Um único erro seria fatal, uma vida poderia ser perdida por causa de um erro. Eu não me permitiria errar, tampouco permitiria meus recrutas. Eu não tinha mais cabeça para nada além dessa guerra. Eu passava horas sonhando o momento em que eu seguraria Lúcifer pelo pescoço e observaria o medo em seus olhos enquanto eu o decapitava lenta e dolorosamente, fazendo muita sujeira. Eu queria fazê-lo sofrer.

Durante um instante em que eu trabalhava nas oficinas, martelando o ferro quente, pude notar com o canto do olho um olhar preocupado vindo de Sophie. Ela me observava, com o cenho franzido, se perguntando como eu estava. Então, ao notar que eu a vira, voltou ao seu trabalho. Era tudo o que eu precisava. Se Sophie estivesse do meu lado naquele momento, seria muito mais fácil. Tem uma coisa sobre nós homens que a maioria das pessoas não notam: somos ótimos em lidar com nossos sentimentos. Para nós, é quatro vezes mais fácil esconder o que sentimos do que para uma mulher. Toda aquela raiva, toda aquela irritação era o resultado de um sentimento interior muito pior. Não era só por Lúcifer levar Kaitlyn, mas era o meu jeito de lidar com uma gotinha de culpa que pesava em meus ombros. Se pelo menos, eu tivesse... Se eu tivesse... Eu não conseguia parar de me perguntar. Como sempre, eu sentia que a culpa era minha. E mais uma vez, era isso o que me destruiria, a culpa.

Mas eu não podia me deixar levar pela culpa, deixar o arrependimento me cegar diante da guerra. Eu deveria ser responsável e cuidadoso, e acima de tudo, inteligente. Como já falei, um mínimo erro, e não haveria mais nada para lutar por.

No fim daquela semana, Rafael arranjou uma frota de ônibus para nos levar para Sacramento, onde pegaríamos um navio até o Japão. Eu sei que ele disse China, mas, apesar de dizer que Lúcifer era meio burro em geografia, ele mesmo esquecera que a China fica depois do Japão, no sentido de nossa rota. Então, ele pagou uma passagem para o Japão. De lá, pegaríamos uma balsa para a China e de lá, um trem para o Nepal. Então, alguns dias de caminhada, talvez semanas, e estaríamos no Everest. Lúcifer e Miguel estariam nos países vizinhos àquela altura, nos dando um apertado tempo para preparar todos os arredores.

Falando no exército, eu estava muito orgulhoso. Meus recrutas haviam se tornado um grupo bem restrito de guerreiros dedicados. Só em pensar em como eles pareciam os Argonautas, me fazia sorrir. E fora tudo resultado do meu trabalho e do meu pulso firme. Will estava bom na esgrima, mas suas habilidades de magia estavam desenvolvidas de uma maneira incrível. Àquela altura, eu estava animado para vê-lo lutar. Gale se tornara um espadachim hábil. Ele criara suas próprias técnicas de batalha, me desarmando em sete de dez duelos que fizemos. Sua habilidade com a espada era natural, parecia a harmonia de um casal. Seu corpo, assim como o de Will, estava bem definido e musculoso, lhe dando completa leveza em seus ataques. Sarah era lamentável com uma espada, mas consegui evoluí-la até um nível aceitável. Ela não era nenhum Gale, mas dava pra sobreviver. Mas devo dizer que ela era um pouco mais abaixo, tipo, muito pouco, mas ainda sim abaixo do nível de Will. Apesar disso, Sarah era boa em táticas de guerra, atirava com precisão e sabia cavalgar como ninguém. Antes de sairmos, fui encarregado de passar as informações para os recrutas, que ainda não entendiam o porquê de Lúcifer ter levado Kaitlyn. Depois, houve uma competição para determinar quem ficaria em que área. Deixe-me explicar.

Fulano era um recruta. Ele participou das competições de cada área: Cavaleiros, Arqueiros, Guerreiros e Feiticeiros. Os Cavaleiros faziam apresentações com seus cavalos. Fulano, assim como todos recrutas, participou. Então, veio a próxima competição, a dos Arqueiros. Os Arqueiros faziam apresentações de atiraria, com alvos, que se movimentavam ou não. Após isso, veio a competição dos Guerreiros. Houve duelos entre líderes e recrutas de continentes distintos. Fulano também participou. Por último, houve a competição dos Feiticeiros. Os Feiticeiros faziam duas apresentações: uma sozinhos, exibindo suas habilidades de magia e outra, contra um líder, para apresentar seus dotes de magia de combate. Fulano também participou. Porém, ele foi miserável como Feiticeiro, razoável como Cavaleiro, bom como Guerreiro, mas perfeito com Arqueiro. Então, ele se tornou um Arqueiro Oficial do Exército de Aslyn. Sicrano se tornou Feiticeiro Oficial do Exército de Aslyn... E assim por diante.

Porém, o melhor de cada, era nomeado general dessa área. Will se tornou general dos Feiticeiros. Sarah não conseguiu se tornar general, que por acaso, Fay consegui o cargo, o que fez dela uma Primeira-Dama dos Cavaleiros. Gale conseguiu se tornar general dos Guerreiros, um tanto arrependido por Lana ter ficado com os Arqueiros. Nós, Líderes, tínhamos como dever supervisionar como as coisas estavam indo em cada área. Eu fiquei com os Guerreiros, Sophie com os Feticeiros, Hanna com os Arqueiros e Paris com os Cavaleiros. “E Olsen?”. Olsen se prontificou a se tornar braço direito de Rafael, por ser o mais criativo do grupo, ajudando-o nos planos e preparações para a guerra.

Àquela altura, já tínhamos pistolas, lanças, espadas, gládios, escudos, armaduras, adagas, facões, além de outras armas, para dar e vender. Acho que não tínhamos recrutas o suficiente para usar todo aquele armamento. Além disso, todas elas haviam sido encantadas com o mesmo feitiço da Lâmina de Cain, então eram letais a qualquer criatura daquele mundo, exceto Deus e Arcanjos.

Ao observar a tropa de cinco mil recrutas dirigindo-se para os ônibus, com suas armas disfarçadas de acessórios mundanos, eu me senti vitorioso, mesmo antes da batalha. Todos aqueles recrutas, tão bem desenvolvidos, tão hábeis... Fora resultado de nosso esforço. Eu estava orgulhoso.

De frente para a saída de Aslyn, observei o último recruta subir no ônibus. Eu estava usando uma blusa branca de mangas curtas, uma calça jeans e óculos, que na verdade era uma adaga disfarçada. Voltei-me para dar uma última olhada.

A Casa Grande, ainda queimada, era só um monte de coisa nenhuma com nada dentro no meio do campo. As cabanas, todas com bandeirinhas vermelhas com A estampado (roubadas de uma casa de fraternidade), o Lago, refletindo a luz do Sol, o vento batendo em meu rosto, o farfalhar das árvores ao longe, o alto piado de um passarinho...

–Vou sentir falta daqui. – pensei alto. – Talvez um dia eu volte. Um dia.

Dei um sorriso fraco e voltei para a saída. Subi no primeiro ônibus, o da frente. Era tudo muito azul, as cadeiras azuis, um veludo azul cobrindo as paredes do ônibus, o chão também aveludado com a mesma cor... Pelo menos os bancos tinham uns respingos e traços amarelos para desentoar o azulado. Eu me sentaria ao lado de Sarah ou de Gale, mas o segundo assento estava ocupado por Lana e Fay, e o terceiro pelas suas bagagens (desculpa para me tirar de perto). Então tive que me contentar em sentar ao lado de Will, que dormia. Sinceramente, quando esses pivetes me expulsavam de perto pra ficar se pegando, me fazia sentir um tio melequento, sabe aquelas trouxas sujas que passam o dia bebendo, cultivando aquela barriga pode debaixo da blusa esticada? Pois é. Mas eu não disse nada, só fingi não me importar.

Coloquei minha mochila no compartimento superior do ônibus e caí no assento do meio, ao lado de Will.

–Acorda. – falei. – Tem que se manter acordado, tem que ser um guerreiro.

Will abriu um único olho, apenas o bastante para me ver.

–Achei que eu fosse um feiticeiro. – ele respondeu, com a voz rouca de sono.

Revirei os olhos.

–Não é porque está em outra área que deixa de ser um guerreiro. – retruquei. – Está na guerra, não está? Além disso, você é um general, você é um exemplo.

Ele não respondeu.

–Quando estivermos em Sacramento, me chama. – ele falou, encolhendo seus braços em seu corpo e apoiando a cabeça na parede do ônibus. – Ou então na hora do almoço.

–Tanto faz. – respondi, despreocupado.

Até que fazia sentido o sono dele. Por algum motivo aleatório, ele decidiu se tornar caçador. Sei lá, vai entender, mas ele passou a noite anterior no meio da floresta, pulando de um lado para o outro, analisando pegadas e gravetos quebrados. Eu não me importei muito, só me deu ódio quando ele acordou toda a cabana quando chegou, fazendo muito barulho, e no outro dia, demorando para levantar. Ele acabou não tomando café, pra falar a verdade. Isso que dá ir dormir três da manhã, quando tem que acordar às cinco.

Voltando ao ônibus, o motorista deu partida no ônibus e iniciou o trajeto. Tentei dormir um pouco, como Will, mas eu não conseguia. Mais uma vez, todo mundo tinha algo pra fazer durante a viagem e eu ficava olhando para o nada, esperando o tempo passar. Meu celular, devo lembrar, pegou fogo junto com a minha casa e sinceramente, eu não tinha muita vontade de comprar um novo. Então, eu tentei cantar umas músicas antigas, ou então fazer ritmos com a batida do meu pé, o que funcionou, até a menina da frente reclamar. Esse é um problema que eu tenho: não consigo parar quieto. É como se eu sempre estivesse à ativa, precisasse sempre fazer algo, para me manter vivo. Mas acho que é uma coisa boa. Se eu não me conhecesse melhor, diria que são meus instintos de batalha, mas eu não acredito nessas histórias de destino. Então, é pura coincidência.

Então, para minha alegria, Hanna pulou no assento vazio.

–Oi. – ela disse, sorridente.

–Oi. – respondi de volta.

–Vim pra cá porque não suporto mais aqueles dois. – bufou.

–Quem? – perguntei

–Você sabe... – ela respondeu, dando uma breve olhada no corredor do ônibus. – Jack.

Dei de ombros, mas ela não notou.

–Sinceramente, eu preferia mil vezes você com ela do que ele. Ele é muito grudento, cheio de mimi... Eca.

Pisquei, abismado.

–Está falando da Sophie? – perguntei

–De quem eu estaria... – ela começou, mas ao ver minha reação, interrompeu a si mesma. – Ah meu Deus, você não tava sabendo.

Mordi o lábio, infeliz.

–Ela tá com ele? – perguntei

–Faz uma semana mais ou menos. – disse Hanna, ainda atordoada por fazer papel de fofoqueira. – Mas isso não tem nada a ver com você, juro!

–Ah, isso me faz sentir muito melhor! – exclamei, irônico.

–Ai, me perdoa! – choramingou, arrependida. – Eu não sabia, me desculpa...

–Tudo bem. – falei, dando tapinhas em seu braço. – Nós terminamos. Foi culpa minha. Ela tem todo direito.

–Ah tá, como se você fosse daqueles conformados com término. – retrucou ela, cruzando os braços com um riso no canto da boca.

Bufei.

–Você acha que estou mentindo? – contestei.

–Sim e não. – ela respondeu, suspirando. – Não, você está falando a verdade, ela é livre e desimpedida. E sim, você está mentindo, pois nunca que você vai se acostumar com isso.

Hesitei, encarando-a com indignação.

–Metida demais? Acho que sim. – ela disse, engolindo seco.

–Não, tudo bem. – falei, rindo um pouco. – Desde quando tem tanta certeza do que eu sinto?

–Desde que eu tenho vivido com seus dilemas sentimentais. – ela respondeu. – Isto é, há uns três anos, acho que é o bastante pra te conhecer bem sim.

Voltei meu olhar para o chão, pensativo.

–Tá tão na cara assim? – perguntei

–Não. – negou. – Não para estranhos. Mas eu, que já te conheço de outros carnavais, sei reconhecer um rancor oprimido. Agora dá licença, que eu vou falar com o motorista.

E saiu, como se nada tivesse acontecido. Perguntei a mim mesmo se ela não teria sentado só pra dizer que Sophie e Jack estavam juntos. Suspirei e voltei à minha monotonia. Alguns minutos depois, o ônibus parou. Era uma hora da tarde quando saímos.

–Acorda, Will. – chamei, dando leves tapas em seu ombro. – Acho que é o almoço.

Ele pulou do assento, sonolento. Ele respirou fundo e passou a mão sobre o rosto, tentando afastar o sono.

–Calma, garoto. – falei.

–Estou faminto. – retrucou, espreguiçando-se.

Levantei também e entramos na fila que se formava no corredor do ônibus. Quando descemos, fiquei um pouco assustado com o que vi. Estávamos em uma cidade. Eu esperava um restaurante de beira de estrada.Por um momento, achei que já estávamos em Sacramento, mas uma placa me disse o contrário. Estávamos em Council Bluffs, uma cidade na fronteira de Nebraska e Iowa, em um restaurante temático, para ser exato. O tema? Futuro.

Era uma construção retangular, com uma cor amarela respingada por pontinhos azuis. Havia uma enorme placa com o nome Bot's, circulado por um foguete vermelho. A porta era de vidro com uma maçaneta escura. Percebi que apenas o nosso ônibus estava estacionado ali.

–Onde está o resto do pessoal? – perguntei, alto.

–Em outros restaurantes. – respondeu Jack, no meio do povo. – Não é como se cinco mil pessoas pudessem comer em um único restaurante, né?

Ele se aproximou, revelando outra pessoa do seu lado: Sophie. Ela engoliu seco ao me ver.

–Peter. – ela cumprimentou, séria.

–Sophie. – respondi.

Ela segurou a mão de Jack e mordeu o próprio lábio. Jack segurou sua mão de volta e deu um sorriso comprimido.

–Vamos entrar. – ele disse para Sophie.

Juntos, se dirigiram para o restaurante. Observei me dar as costas, torcendo para que, por um único instante, ela olhasse para trás. Mas ela não olhou e me deixou encarando suas costas, com seu cabelo escuro caindo em seus ombros. Cerrei os dentes, enciumado.

–Não fica assim, Peter. – ouvi Hanna dizer. – Vai passar.

Não fiquei ouvindo seus conselhos. Segui em frente e entrei no restaurante.

Como eu disse, o tema era futurista. Planetas de isopor penduravam no teto, balançando levemente com a brisa do ar-condicionado. Os garçons usavam roupas de cor metálicas, parodiando robôs. Os copos tinham canudos enrolados, como uma montanha-russa. As mesas eram seguradas por cordas de aço penduradas no teto, para dar a leve impressão de flutuar em um assento sem gravidade. As mesas eram do mesmo jeito. Porém, os cabos de aço impediam o movimento intenso, assim poderíamos comer sem ficar balançando de um lado para o outro. Do outro lado, havia uma recepção, onde uma mulher com uma maquiagem exagerada trabalhava em um computador. Os garçons paravam em seu balcão, lhe diziam coisas, e voltavam a atender os clientes.

Todos pegaram mesas, preenchendo quase todo o restaurante. Como eu não estava com um bom humor, pedi um suco com um sanduíche no balcão e pronto, comi em pé mesmo, encarando Sophie e Jack descaradamente.

–Dá pra ser menos óbvio?

Antes que pudesse notar, Will estava do meu lado, olhando para Sophie também. Ele segurava um copo de plástico, com uma tampa, de onde brotava um canudo “maluco”.

–O que você quer aqui? – perguntei

Ele tombou a cabeça, pensativo.

–Mas faz sentido, ela mesmo muito gostosa. – ele falou.

Dei um tapa em sua cabeça.

–Tenha respeito. E vergonha na cara. – reprimi.

Ele deu de ombros.

–Foi mal. – ele disse, dando um chupe. – Por que você não vai lá falar com ela?

Olhei para ele, indignado.

–Eu já namorei com ela, desatualizado. – falei, engolindo seco.

–Eu sei. – ele suspirou. – Pelo que vejo, vocês terminaram.

Ele pensou um pouco.

–Então é só inveja mesmo, né? Por que vocês terminaram?

Encarei-o.

–Cala a boca.

E saí, deixando-o olhando para Sophie. Joguei o papel do sanduíche e o copo de plástico no lixo e fui ao toalete.

De frente para o espelho, acima da pia, observei meu rosto. Meus olhos azuis, meu cabelo louro, meus traços... Eu era muito mais bonito do que Jack. Eu não devia me sentir tão... Rebaixado. Eu deveria dar a volta por cima, seguir em frente, assim como Sophie. Eu não podia amar um fantasma. Se ela havia superado, era minha vez de superar também. Lavei o rosto, suspirei e saí, em direção ao ônibus, mas não entrei. Preferi dar uma volta na cidade. Muita gente ainda estava esperando o seu prato chegar, achei que não faria mal uma volta na cidade.

Na verdade, dei uma volta no quarteirão. Com as mãos nos bolsos, tentei colocar meus pensamentos em ordem. Pensamentos = Problemas. Entretanto, tudo o que eu consegui foi piorar a situação. Agora, era tudo uma pilha de coisas emaranhadas na minha cabeça, se empurrando para conseguir espaço.

Depois de cerca de três voltas no quarteirão, resolvi voltar para o ônibus, apesar de que ninguém havia terminado de almoçar ainda.

Mas eu não imaginei o que me esperava.

Sentada no último assento no ônibus, encarando as costas da poltrona da frente, estava Sophie. Ela usava uma jaqueta de pano preta sobre uma blusa vermelha. Ao me ver, ela se levantou, colocando as mãos nos bolsos traseiros da calça preta.

–Peter!

Ela mordeu o lábio.

–O que você tá fazendo aqui? – perguntei, com um sorriso no canto da boca. – Não deveria estar com o Jack lá dentro?

–Eu vim dizer que... – ela começou. – Eu sinto muito.

Franzi o cenho.

–Pelo quê?

Ela suspirou.

–Por Kaitlyn. – ela respondeu, suspirando outra vez. – Eu sei o que você está sentindo. Eu sou uma orfã, lembra? Sei como é perder alguém próximo.

–Ah...

Ela passou por mim, saindo do ônibus, mas a impedi, bloqueando sua passagem.

–Eu sinto muito. – falei.

Ela franziu o cenho.

–Pelo quê? – ela perguntou

Suspirei.

–Por tudo. – sussurrei.

Ela engoliu seco e abaixou o seu olhar. Ela ofegava. Meu coração estava acelerado. Com um leve toque em seu queixo, ergui seu rosto para mim. Afastei os fios de cabelo do seu rosto e toquei levemente aquela pele macia, observando seus belos olhos castanhos e apreensivos. Ela posou sua mão sobre a minha. Nossos olhares fixados. Seus lábios se partiram. Ela dançou seu polegar sobre minha mão.

Então, afastou-a.

–Eu devia voltar. – anunciou.

Afastei-me, acordando do transe. Assenti e ela deu um sorriso comprimido.

–Enfim, sinto muito. – ela disse uma última vez

E saiu do ônibus, me deixando sozinho com meus pensamentos.


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Notas finais do capítulo

Comentem |:~D ~esse sou eu, se mentira



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