The Last Taste - Season 2 escrita por Henry Petrov


Capítulo 4
It's On


Notas iniciais do capítulo

Oi.
Perdoem a droga de capa, tentei fazer alguma coisa legal, mas acho que caguei tudo, mas enfim.
Esse capítulo tá bem massa, tá pequeno assim, em questão de acontecimentos, mas se eu continuasse, ia acabar dando muitas palavras e quem já me conhece sabe que eu não gosto de capítulo muito grande ou muito pequeno, então vai esse capítulo mediano com tudo o que vocês precisam saber pro resto da temporada. Muita coisa vai ser explicada e vou plantar problemas nas cabeças de vocês. Enfim. Era só isso. Boa Leitura (:



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À Mesa, estavam todos os recrutas, conversando entre si, teorizando os planos e reviravoltas da guerra. Estavam todos apreensivos e preocupados, a agitação era visível. Andávamos com pressa em direção ao alto do campo, à Casa Grande, mas segui sozinho quando Lana disse que Rafael estava na Casa e queria falar com os líderes primeiro.

–Pode ir, eu fico com eles. – disse Kaitlyn, ignorando a Mesa e indo até a cabana.

Assenti e subi os degraus da varanda, adentrando a casa. Logo no hall de entrada, uma mesa redonda, sem cadeiras, estava posta no centro. Rafael estava logo na cabeceira, Sophie, Paris, Olsen e Hanna rodeavam-na, de pé. Um mapa-múndi estava aberto sobre a mesa.

Rafael estava com uma aparência bem mais preocupante. A barba estava para fazer e as bolsas abaixo dos olhos indicavam as noites sem descanso. Não sei como um Arcanjo pode ter cansaço, mas enfim. Ele usava uma jaqueta preta de pano sobre uma blusa branca.

–Peter, junte-se a nós. – ele chamou, com um leve sorriso.

–Oi. – acenei, sem muitos rodeios.

Fiquei no único espaço livre em volta da mesa, entre Hanna e Paris. Sophie me olhou com o canto do olho.

–E então? – perguntei. – Como vão as coisas?

Ele respirou fundo.

–Tenho muito pra falar, descobri muita coisa. Coisa que até alguns dias atrás, poderia se dizer que não passavam de lenda.

Ele me fitou por alguns instantes.

–Então começa, né? – falei.

–Ah, é! – acordou Rafael. Ele esticou o mapa sobre a mesa e, com um pincel de lousa, circulou uma região da África, próximo ao Saara, e outra região na Europa, no noroeste da Rússia. – Os Demônios se reuniram na Europa e os Anjos na África. Bom, pelo menos no início. Parece que com a destruição dos selos, algo ocorreu no Monte Everest. Quanto mais próximo do Monte, mas escassa a magia fica, não sei explicar. Redmont e Mefesto estão na mesma situação. É como se tivesse ocorrido uma overdose de Poder e Graça, fazendo esses lugares impossíveis de serem habitados por magia. Por isso, eles se reuniram em um ponto longe o bastante para não serem afetados, mas eles planejam voltar ao Everest. Como não podem usar magia para chegar lá, estão fazendo do jeito tradicional: andando.

–Oi? – disse Paris. – Lúcifer e Miguel, os Arcanjos do Apocalipse, andando até o Monte Everest? Isso é quase hilário.

–Vai rindo, Paris. – disse Rafael. – Mas é verdade. O Monte Everest está intocável, mas eles persistem em alcançá-lo.

–Por quê? – perguntou Olsen.

Ele deu de ombros.

–Bom, meu palpite é que estejam atrás de poder, de magia. Algo que os dê a capacidade de dominar o mundo como...

Ele hesitou.

–Como Deus. – completei.

Ele assentiu.

–Tipo, como um castelo de um reino a ser conquistado. – ele explicou.

–Mas o que seria o castelo? – perguntou Olsen.

–Éden. – respondeu Hanna. – Eles querem ir para o Éden.

–Exato. – assentiu Rafael.

–Mas o Éden foi destruído, não? – perguntou Paris, apoiando os punhos na mesa.

–Não. – respondi. – Ele só foi trancado. Deus previu o que ia acontecer e se preparou para o que viria. Então trancou Éden e ordenou o demônio e o anjo principal da época para criar Anakyse e Kraktus. É como se o Éden fosse um tesouro escondido que eles querem encontrar.

–Isso mesmo. – concordou Rafael, cruzando os braços. – Não lembro muito bem de como era, faz muito tempo, mas o pouco que lembro, lá é um lugar maravilhoso. Afinal, é onde tudo começou. Se há alguma arma definitiva, uma coroa de posse do mundo, está lá. Sem falar, que há todo tipo de criatura misteriosa e desconhecida por qualquer ser neste mundo. Yennas, Líriuns, Hargastes....

–Você pode continuar falando e ninguém nunca vai saber o que diabos é isso. – riu Sophie.

–Enfim, o que importa é que se um deles chegar lá ... – ele continuou. – O primeiro que o fizer será o novo Deus. No ritmo que estão, chegarão lá em tempos quase iguais. E aí, começará a guerra. De vez.

–Mas não fará diferença se não tem magia lá. – pensei alto. – Vai ser uma guerra normal, comum, completamente mundana.

–Bom, não contaria com isso, Peter. – ele contestou. – Parece que uma pequena região em volta do pico do Monte Everest está pipocando com Graça e Poder. É como se houvesse uma barreira anti-magia protegendo o pico. Somos humanos a alguns quilômetros do centro do Everest, mas somos recheados de magia extremamente poderosa no topo. É como se protegesse o Éden, protegesse o ápice da magia de todo o mundo. Acho que é exatamente para isso: Impedir que cheguem ao Éden.

–Mas se o Éden está trancado, o que eles querem lá? – perguntou Sophie. – Eles não vão poder abrir, vão?

–Outro ponto superimportante. – disse Rafael, dando ênfase no super. – Sete dias. Este ano, são exatos um trilhão de anos que tudo começou. Em sete dias, Deus criou o Universo, nossa antiga casa. Aí ele explodiu na primeira guerra entre os anjos e aí Ele escolheu a Terra para morarmos e fez o Éden. Em uma questão de meses, haverá os 7 dias Lunares. Vão ser sete longos dias de Eclipse Solar. Eles acreditam que possam usar esse eclipse para abrir o Éden, acham que é a verdadeira chave.

–Logo, serão sete dias de guerra. – concluiu Hanna, pensativa.

–Isso. – assentiu Rafael. – Teremos sete dias para impedi-los de lançar o inferno ou o paraíso na Terra e matar metade de vocês.

–Então qual o plano? – perguntou Olsen.

–Apesar de eles serem poderosos, coisa e tal, nós vivemos na Terra há mais tempo do que eles. – lembrou Rafael. – Eles se esqueceram do mundo que vivem. Eles pretendem ir de onde estão ao Monte Everest, mas nós seremos mais inteligentes.

Ele ergueu a mão e a sacudiu sobre o mapa. Ambas porções oriental e ocidental flutuaram para fora, adotando a posição uma da outra. Agora, a Europa estava no ocidente e a América estava no oriente. Rafael desenhou uma linha da Califórnia até o Nepal, e mais duas, saindo do Nepal e se estendendo até as regiões circuladas, dando uma volta.

–Mesmo que fizéssemos o caminho inverso, eles ainda estão mais perto. – falei.

–Estariam, se não estivessem desviando o caminho. – anunciou Rafael.

Ergui uma sobrancelha.

–Desviando por quê? – perguntou Sophie.

–Pelo que pude ouvir de alguns recrutas discutindo, parece que há uma arma aqui na América. – ele contou. – Algo muito mais poderoso do que qualquer criatura no Éden ou mesmo na Terra.

–Que tipo de arma? – perguntei

–O último Morgan. – ele anunciou.

Silêncio. Ninguém ousou dizer alguma coisa. O suspense tomou conta do ambiente.

Aí Sophie explodiu em uma risada grotesca.

–Desculpa, mas “Morgan”?! Sério?! – ela perguntou, rindo entre os dentes.

Rafael não riu. Ela parou de rir quase instantaneamente ao notar sua seriedade.

–Sério? – ela repetiu, infeliz.

–Seríssimo. – ele respondeu. – A lenda é verdadeira. Tão verdadeira quanto você e eu.

–Alguém pode me dizer quem é Morgan? – perguntou Hanna.

–Não é quem é. Quem era. – contou Sophie. – Era um clã de bruxos lendários. Mas eles morreram. Todos. Há mais de quinhentos anos.

–Sabe muito bem da lenda. – Rafael deu de ombros.

–Mas é uma lenda! – ela exclamou. – E mesmo que fosse verdade, a lenda diz que é um espírito, não que o último Morgan era imortal!

–Bom, não sei se você sabe, mas os Morgan eram capazes de fazer grandes feitos, como a necromancia e a eternidade dos corpos! – contestou Rafael.

–Mas com eles mesmos? – ela voltou a perguntar. – Faça-me um favor.

–Alguém me explica, por favor?! – vociferou Hanna.

Sophie suspirou.

–Existe uma lenda. – começou ela. – Em Kraktus, sobre os lobisomens. Os lobisomens eram índios de uma tribo, comuns. Mas um dia, um demônio os amaldiçoou por não aceitar Lúcifer como seu Deus único. Esse demônio lançou um feitiço que amaldiçoou essa tribo a se transformar em toda lua cheia no animal que eles mais prezavam: o Lobo. Desde esse dia, Demônios e Lobisomens vivem em uma forte rivalidade, os Malahatch em especial, depois que uma bruxa os amaldiçoou a viver em uma única floresta e se transformarem toda noite.

“Por volta do século quinze, houve uma guerra. Uma guerra definitiva entre os Lobisomens e os Demônios, o que incluiu também os bruxos. Uma loba acusava um demônio de roubar seu filho, e este demônio se recusava a admitir tal culpa. Não que fosse mentira, os demônios tinham um costume comum de usar crianças em rituais a Lúcifer. Afinal, na época, os selos ainda não haviam sido erguidos, logo todos os demônios eram completos, isto é, sem um pingo de humanidade nas veias. Logo, eram crueldade pura.O que importa é que os lobos conseguiram a benção de um anjo e se tornaram quase invencíveis, uma vez que agora, um ferimento causado por um lobo, não curaria. Não era fatal, mas teria de ser tratado como um ferimento humano. Os demônios também tomaram suas providências e pediram ajuda a um Clã de bruxos: Os Morgan.”

“A comunidade bruxa é dividida em clãs, cada clã é formado por uma família diferente, que compartilha tradições e teorias diferentes. Os Morgan eram realeza entre os bruxos, pois diziam que os Morgan eram filhos diretos da Deusa Hécate, deusa grega da magia. Cada um deles nasciam com o Poder comum de um bruxo, mas nasciam com um dom em especial. Necromancia, Controle Mental, Transmutação, Imortalidade... Coisas variadas. Quando um Morgan nascia, era marcado em sua pele, com ferro quente, a letra M. Reza a lenda que quando um Morgan morria, seu dom e Poder deveria ser passado para outro bruxo antes de sua morte, ou então o poder seria passado para um bruxo aleatório ou se esvairia no nada. Mas claro que haviam regras, um bruxo só poderia receber o dom e o Poder de outro bruxo uma única vez. Os Morgan, de fato, eram os bruxos mais poderosos de seu tempo. Imagine o bruxo mais poderoso que puder. Com certeza ele era um Morgan.”

“Durante a guerra entre os lobos e os demônios, os Morgan concordaram em canalizar sua magia para os demônios, afim de lhes dar maiores chances contra os lobos. Mas além de uma forte fonte de Poder, os Morgan se tornaram extremamente vulneráveis, pois uma vez canalizados, cada bruxo teria de ser ligado, conectado um ao outro e deveria ser posto em sono profundo, em forte meditação. Um lobo conseguiu se infiltrar no círculo de Poder e só precisou arrancar um coração para dizimar todos os Morgan de uma vez só. Eles não foram idiotas, tentaram fazer o feitiço no local mais escondido que puderam, mas foram descobertos mesmo assim.”

“A lenda é que um, apenas um Morgan sobreviveu. Um bebê. Este bebê teria herdado todos os dons e o Poder de todos os Morgan assassinados naquela noite, isto é, todos. Um bebê que tinha em suas veias o Poder máximo, o Poder de trezentos bruxos e alcance a qualquer tipo de magia. A loba que perdera seu filho, encontrou esse bebê e o tomou para si, para substituir o seu. Essa loba roubou o bebê e cuidou dele como se fosse seu, achando que era um bebê humano, machucado na guerra. Mas conta a lenda que, quando percebeu que a marca em seu corpo era um M e não cicatrizes do confronto, ela o abandonou no meio da floresta, onde o bebê chorou até sua morte. Outras versões contam que ele foi abandonado já adulto, que chorava pelo abandono de sua mãe, pela dor da rejeição e que sua morte foi causada ao comer um fruto venenoso da floresta, durante suas buscas pela mãe. Há até quem diga que era uma menina, mas a versão mais aceita é a do bebê, de um menino.”

“As pessoas diziam ainda ouvir seu choro, seu lamento, mas nunca o acharam. Mesmo após anos, décadas do fim da guerra, ainda era possível ouvi-lo chamar pela mãe. As pessoas acreditavam que, irado com a injustiça contra seu povo e o abandono da loba, o bebê tivesse seu espírito aprisionado ao seu local de morte e que seria ouvido até que os Morgan fossem vingados. O espírito foi junto com os demônios para Kraktus, assombrando a Floresta de Lilith. Eu particularmente, nunca ouvi nada.”

–Eu, particularmente, nunca ouvi nada. – ela pausou a história para dizer. – Mas sabe como é folclore, né? Todo mundo acredita. Mas enfim.

“Quando um Morgan morria, ele precisava sussurrar o nome daquele a quem todo seu Poder e dom deveria ser passado. Assim que os Morgan foram mortos, o último suspiro, a última coisa dita por um Morgan foi o seu líder, Arthur Morgan, que sussurrou um nome, o nome do herdeiro de toda o Poder dos Morgan. O nome do bebê. Há quem diga que era Mayara, Flint, Charles, Sasha... Até hoje, não se sabe. Mas que esse bebê era a criatura mais poderosa que essa Terra já viu, era.”

–Mas se ele era tão poderoso, como foi morrer por fome, ou por um fruto venenoso? – perguntou Paris. – Afinal, ele foi criado na floresta, não? Se ele foi abandonado já adulto, ele deveria saber o que comer ou não.

–Como eu disse, é só uma lenda. – respondeu Sophie, com um sorriso cínico.

–Bom, só sei que Lúcifer, sendo um demônio, foi capaz de rastrear o bebê, o rapaz, o velho, quem for que seja esse Morgan. – contou Rafael. – E então, não só ele, mas Miguel também estão fazendo o caminho para a América.

Engoli seco.

–Estão vindo pra cá? – perguntei, apreensivo.

–Sim, Lúcifer disse que ele, ela... Isso está aqui. Mas não se preocupe, eles devem estar pegando um navio em Portugal a esse ponto. – tranquilizou Rafael. – Além disso, talvez o Morgan nem esteja aqui nos Estados Unidos, vai que ele é Argentino, sei lá.

–E o que vamos fazer agora? – perguntou Paris.

–Vamos preparar nossas coisas e pegar um navio da Califórnia até a China. De lá, iremos até o Nepal, onde cercaremos todo o Monte Everest de armas e soldados para que eles não vençam.

Ele se voltou para Sophie.

–Falou com a Casa Branca? – perguntou

Ela assentiu.

–Temos total apoio das Forças Armadas dos Estados Unidos e do Canadá também. Já estão mandando tropas para o Everest.

Mordi o lábio, envergonhado.

–Temos total apoio dos humanos? – perguntou ele novamente.

–Menos a Europa. – disparei. – Achei que deveria manter o assunto em sigilo.

–Claro, você sempre faz o que acha. – soltou Sophie, ríspida.

–Ok, o que tá acontecendo com vocês dois? – perguntou Hanna. – O que é essa birra?

–Nada. – Sophie e eu dissemos quase em coro.

–Enfim, o que importa é que precisamos preparar tudo. Agora. – anunciou Rafael. – Não temos tempo a perder.

Sem falar nada, me retirei da sala. Eu sabia o que fazer. Eu precisava chegar lá logo ou então... Algo podia dar muito errado. Ninguém podia saber.

Disparei pela varanda e corri até a cabana da Europa. Encontrei Will e Sarah sentados no sofá na sala de estar e Gale observando a janela.

–Cadê a Kaitlyn? – perguntei.

Sarah apontou com a cabeça para os quartos. Corri até lá, quase tropeçando quando cheguei à porta.

–Eles nos descobriram. – anunciei. – Eles sabem de tudo. Estão vindo.

Sua expressão virou da água pro vinho.

–Não vão descobrir. Calma. – ela disse, com um olhar tranquilizante.

Olhei desconfiado para sua expressão tranquila.

–Vai dar certo. – ela disse, sorrindo.

Ela posou sua mão em minha bochecha e me abraçou.

–Vou ficar bem.

Quando nos afastamos, afastei seu cabelo para trás de sua orelha. Ela saiu da sala, mas antes que entrasse no corredor, puxei seu braço. Ela me olhou assutada.

–Esconde isso.

Falei, observando os três riscos profundos em seu pulso.

Rapidamente, ela puxou a manga para baixo.


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Notas finais do capítulo

Comentem, pelo amor de Deus, to morrendo aqui achando que não tem ninguém lendo, sério.



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