A menina de olhos tristes escrita por Angel Black


Capítulo 8
Feitiço contra o feiticeiro




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Malfoy não conseguia tirar os olhos de Alice dormindo quietinha ao seu lado. Os primeiros raios de sol criavam uma aura maravilhosa em contraste com seus cabelos ruivos. Ela sorria timidamente, parecia estar acordando. Ele ajeitou uma mecha de cabelo e continuou a observá-la atentamente. Ainda não acreditava no que havia acontecido na noite passada. Ela o encantara de um jeito que Malfoy jamais poderia supor. E houve sinceridade em cada gesto. Ele havia arquitetado aquela noite de amor, mas fora capturado por ela, por seus grandes olhos tristes e seus lábios doces.

Draco beijou-a suavemente nos lábios e quando ela respirou fundo querendo acordar, beijou-a na testa.

— Durma, meu amor... – sussurrou ele, nos ouvidos de Alice, fazendo-a sorrir ainda mais.

Não conseguia contar quantas vezes usou da arte da sedução para seu próprio proveito, mas nunca havia se entregado daquela forma, nunca havia demonstrado tanta paixão quanto na noite passada. Parecia que um novo mundo se abria para ele. Ele provara do amor? Era assim que as pessoas que amavam se sentiam? Ele poderia dar sua própria vida a Alice naquele momento, juraria amor eterno e seria dela para sempre. Era o que seu coração mandava naquele instante. Amor?

Parecia ridículo pensar nisso. Poderia ele amar? Poderia ele ser amado? O que estava acontecendo com ele?

Draco levantou-se de supetão, mas não ousou acordar Alice. Que a pobre menina dormisse...

Ele foi para o banheiro e domou uma ducha. Deixou a agua fria escorrer pelo seu corpo para que pudesse acordar da estupidez que lhe passara pela mente agora mesmo. Ele, apaixonado?

— Acorde, Draco! – disse ele a si mesmo, enquanto sentia a água esvaziando aqueles pensamentos estupefatos.

Quando saiu do banheiro já vestido, levou um susto, Alice estava de pé no quarto, vestindo apenas aquela camisolinha branca. Maldita, Alice. Sentia vontade de trazê-la para si, beijá-la novamente e arrancar de seu corpo aquela camisola, mas isso não parecia muito justo com ela.

— O que você quer? – perguntou ele, rispidamente, mas se arrependeu no mesmo instante. Ela não tinha culpa por ele ser um canalha com crise de consciência.

— N-nada... eu... só queria dizer bom dia... v-vou pro meu quarto...

— Espere, Alice... – disse ele, agarrando-a pelo ombro, quando ela fazia menção de sair do quarto.

— Desculpe... eu... só estava... bem... não importa... eu só queria saber como você está... tudo bem? Eu... não te machuquei, não é...

— Não... –  disse ela, encolhendo-se. – Na verdade, eu estava preocupado com o senhor... tinha medo de lhe machucar.

— Alice, pare de me chamar de senhor. Nós fizemos amor na noite passada. Quero que me trate com mais intimidade, agora que somos namorados.

— Somos.... nam-namorados? – perguntou ela, com os olhos arregalados. Havia um sorriso naqueles lábios que ela estava segurando. Era óbvio que ela não havia gostado da maneira como ele a tratara quando saiu do banheiro, mas havia se animado com a ideia de serem namorados. Bingo. Uma garota inocente era tão fácil de manipular. Aquilo o fez se sentir ainda pior.

— Sim... claro... namorados... amantes... achei que isso havia ficado claro noite passada. – disse ele, fazendo Alice se virar para ele. Sentiu um estranho tremor em seu corpo ao encarar seus olhos, mas ainda assim, puxou-a para si levemente e beijou-a nos lábios.

Aquilo o machucou. Não gostava de enganá-la. Simplesmente não gostava. Não parecia ser certo. Ele fingia amá-la, ou a amava de verdade. Por que tudo parecia confuso agora? Com medo do que sentia, afastou-a levemente.

— Eu preciso dar uma saída, Alice... – disse ele, pensando rapidamente em uma desculpa para ficar longe dela por algumas horas – Vou buscar alguns mantimentos para você praticar suas habilidades de poções, está bem?

— Vou ficar sozinha? – perguntou ela, encostando sua bochecha em seu peito.

Malfoy queria abraça-la. Queria ficar com ela, mas entendia que ele estava surtando com aquilo e que por ora era melhor afastar-se dela, até entender o que estava acontecendo com ele.

— Sim, preciso ir cedo, mas eu volto assim que puder. Se eu não chegar até o almoço, você pode comer sem mim, ok...

Malfoy saiu do quarto antes de escutar qualquer resposta e desceu as escadas correndo.

— Draco, espere... – escutou a voz de Alice atrás de si, mas apressou o  passo. Por alguma razão, precisava se afastar dela se quisesse manter sua sanidade mental. Sentia o coração pulsar violentamente em seu peito e suas mãos e suas pernas tremiam.

— Ridículo, para dizer o mínimo – disse Malfoy para si mesmo, passando a mão pelos cabelos loiros. Usou a lareira da biblioteca para chegar ao único lugar ao qual sua casa estava conectado: A casa de Adornos Fidel, um antigo comensal e mais leal servo.

— Mestre! – disse Fidel, correndo ao encontro de Malfoy ao vê-lo sair pela lareira. – Venha... já preparei o que me pediu...

Malfoy seguiu Fidel por um corredor e desceu as escadas do que parecia ser uma masmorra.

— Tive muito trabalho, mas finalmente consegui...

Fidel colocou nas mãos de Malfoy uma pedra magnífica de cor esmeralda brilhante, um pouco maior do que uma ervilha. Dentro dela, uma luz parecia brincar de um lado para outro.

— Você precisa esperar até que as habilidades da garota tenham se manifestado. Então, só o que o senhor precisa fazer, é usar a pedra e o feitiço que lhe dei para roubar a energia dela. Quando engolir a pedra, terá todo o poder que a pedra sugou para o senhor.

— É exatamente o que eu preciso. – disse Malfoy, olhando magnetizado para a pedra.

— E a garota? Ela já manifestou todo o poder? – perguntou Fidel, com uma voz gutural.

— Não, na verdade não. Ela não consegue fazer nenhum feitiço. – disse Malfoy, guardando a pedra em seu bolso. – A única habilidade que ela possui é a do toque.  Não manifestou nenhum outro poder e estou começando a duvidar que ela possa...

— Mas ela é a filha do Mestre das Trevas.

— Sim, eu sei... mas nós sabemos que poderosos bruxos já tiveram filhos abortos antes. Eu me perguntou se ela não é uma espécie de aborto com apenas uma habilidade.

— Mas o senhor falou que o chapéu seletor detectou um grande poder.

— Sim... e é por isso que eu tenho insistido em ensinar bruxaria a ela, mas... – Malfoy não sabia se deveria contar o que se passara com ele na noite passada. Fidel era um psicopata sádico que só o servia pois Malfoy era um conhecido comensal e fora no passado tão sádico quanto ele.

— Hermione lançou uma campanha para capturar Alice. A única forma de escapar de Azkaban é fazer um acordo e entregar a garota. Eu preciso que ela desenvolva logo seus poderes, antes que Granger nos encontre – aquela era uma meia verdade. A verdade é que ele se preocupava com Hermione, sim, mas estava mais preocupado em estar sendo afetado por Alice ao invés do contrário. A esta altura, ele imaginava que poderia controla-la. Tinha pavor de que sua convivência com Alice só deixaria tudo ainda mais doloroso.

— Se o Senhor possuir o poder da filha das Trevas, não precisará fazer nenhum acordo. Só o que precisa fazer é destruir Granger, Potter e o Ministério. De qualquer forma, eu não creio que a garota sobreviverá quando o senhor usar a pedra...

— O que? Alice... Alice morrerá se eu usar a pedra...?

— Sim, Senhor... – disse Fidel, parecendo animado – A garota precisa morrer. Se ela ficar viva, seu poder sempre será questionado pelos outros comensais, assim, ninguém ousará....

Draco não escutava mais a voz de Fidel. A simples ideia de perder Alice no processo caiu em seu estomago como uma bigorna. Sempre achou que poderia mantê-la de alguma forma consigo. Depois que ela perdesse os poderes e ele fosse o novo Mestre das Trevas, Draco colocaria Alice sob a proteção dos comensais e ela ficaria a salvo e até poderia ser feliz. Ver sua vida sendo drenada enquanto ele roubava seus poderia parecia ser errado, até mesmo para ele. Ele não poderia mata-la. Jamais. Ele não poderia tirar a vida da mulher que amava... e ele a amava. Sentiu a pedra em seu bolso e sabia exatamente o que fazer com ela. Quando chegasse em casa, abriria um buraco profundo em seu jardim e a jogaria ali. Acharia outra forma de possuir o poder de Alice e manipulá-la. Precisava achar uma outra forma, mas tirá-la de sua vida, não era uma opção. Antes disso, ele morreria para salvá-la...

— Está bem, Fidel... Mostre-me agora os mantimentos de poção que você tem...


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