A menina de olhos tristes escrita por Angel Black


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

É a primeira fanfic que eu escrevo com Draco numa história fora do circuito de Magia. Espero que gostem...



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- O senhor tem certeza de que quer essa casa? – perguntou a velha senhora.

Já era a terceira vez que ela lhe perguntava a mesma coisa.

- Sim, dona Anita... tenho certeza... – respondeu Malfoy suscitamente. Havia se apaixonado a primeira vista pela casa. De certa forma, o velho casarão lhe lembrava a casa dos gritos de Hogsmeade. Era de madeira, muito antiga, escura, fria. Apenas dois andares e depois o porão, onde ele poderia colocar seu calderão, suas poções, seus livros de magia. Perfeito!

- É que o senhor parece ser um homem distinto – disse Anita, olhando Malfoy de alto a baixo. De fato, ele parecia um perfeito trouxa, vestido de terno e gravata. Gostava de seu manto e seus trajes bruxos, mas teria que se acostumar com aquela roupa. – O que o senhor disse que faz mesmo?

- Eu não disse! – respondeu Malfoy. Percebeu que a velha senhora era daquelas que gostava de saber da vida de todo mundo e isso era perigoso – Eu sou um editor. – mentiu ele.

- Um editor? O que é isso? – perguntou a mulher, visivelmente curiosa.

- Eu leio livros e se eu gosto deles, eles são publicados.

- Isso parece bem chato! – disse a mulher.

- Deve ser... para quem não gosta de ler... – respondeu ele, olhado ao redor. Havia cheiro de mofo por todo o lugar. – Dona Anita, eu preciso de alguém que limpe a casa e faça a comida, se possível...

- Ah... – o olhar da velha senhora se iluminou de repente, como se ele tivesse lhe dado um presente. – Eu sei de alguém que está precisando muito de trabalho.

- Ótimo...

A mulher abriu o sorriso, mas segundos depois, uma sombra parece ter lhe coberto o rosto.

- Bem... eu pensei na filha dos Donovan, a Alice. O pai era lenhador, mas depois das novas leis ambientas, ele não conseguiu mais trabalho. Agora é aposentado, ganha pouco. A mãe tem problemas na perna e eles têm cinco filhos pequenos, então... se o senhor aceitasse a garota aqui, isso seria de muita ajuda. A mãe é minha amiga, sabe...

- Ótimo... – repetiu Malfoy. – Mande a menina começar logo que puder.

- Pois é... pois bem...

- O que foi, dona Anita? – perguntou Malfoy, não entendendo a hesitação da velha senhora.

- Se o senhor não gostar da menina, eu posso conseguir outra pessoa para o senhor...

- E porque eu não gostaria?

- É que... bem... bem... como posso dizer. A menina é esquisita. Alguns dizem que ela tem um retardo mental... outros dizem que ela é uma bruxa, outros que ela é maluca.

- Não existem bruxos, Dona Anita! – falou Malfoy achando graça da situação. Mas instantaneamente apalpou seu terno, onde a varinha estava escondida num dos bolsos.

- Bem... de qualquer forma... eu tenho que ser honesta com o senhor. A menina vê coisas, assombração sabe, e teve até um psiquiatra que a diagnosticou de esquizss... escoizo...

- Esquizofrênica? – perguntou Malfoy, sentindo seu instinto bruxo pulsar. Provavelmente a menina deveria ser uma bruxa que não foi treinada. Pobre alma. Bruxos podem ver assombração. Até abortos são capazes de ver alguma coisa. Os trouxas, esses são cegos e ignorantes por natureza... pensou ele, divertido com a reação da velha senhora.

- Bem... achei melhor avisá-lo... eu quero ajudar aquela família, mas não posso me dar ao luxo de perder um cliente pagante como o senhor. De qualquer forma... eu não devolvo o aluguel, sabe...?

- Não se preocupe, Dona Anita. Não vou fugir daqui. Não tenho medo de assombração, nem de esquizofrênicos... mande a menina assim que puder...

Malfoy levou a senhor até a varanda, para dar a entender que ele gostaria de ficar a sós, agora, mas ela continuava e continuava a falar. Em certo momento, apontou adiante. O terreno onde ficava a casa que Draco alugara era no meio de um campo. Bem distante, havia apenas uma outra casa, antes da estrada. A outra casa era tão velha quanto a dele, mas era pintada de branco.

- É ali que moram os Donovan.

- Tudo bem, Dona Anita... mas agora eu preciso ficar sozinho... tenho muita coisa para arrumar e livros para ler...

- Certo... desculpe Sr. Malfoy... – disse a velha senhora, se afastando.

Malfoy entrou na casa e iniciou os trabalhos. Não trouxera muitas coisas. Até porque não tinha nada. Ele havia passado os últimos dez anos em Azkaban por seus crimes. Agora que saiu, descobriu que seus pais haviam morrido num acidente com uma chave de portal há poucos meses. Ele não falava há anos com seu pai, mas tinha uma boa relação com a mãe. Ele herdara tudo o que era dos Malfoy e também dos Lestrange e dos Tonks. Mesmo que gastasse uma pequena fortuna por dia, Malfoy seria rico até o fim de seus dias. Isso era bom, porque era necessário que ele ficasse longe dos holofotes por algum tempo, até que Harry e Hermione saíssem de seu pé.

Levou tudo o que era de magia para o sótão e o trancou. Desceu as escadas lentamente, mas quando ia pisar no último degrau, levou um susto.

Havia uma menina no meio da sala, no hall de entrada.

Era a menina mais bela que ele já vira e, entretanto, nunca vira olhos mais tristes. Deveria ter uns dezesseis ou dezessete anos. Ela vestia um longo vestido velho e já amarelado. Tinha os cabelos ruivos, avermelhados que lhe desciam pelos ombros, cobrindo seus busto e dando-lhe um ar etéreo. Tinha os lábios vermelhos, como se fossem morangos recém colhidos, o rosto angelical como os querubins desenhados na capela Sistina. Mas de toda a composição, eram os olhos que se destacavam. Eram verdes, talvez azuis. Eram profundos, destacados, redondos... tristes...

- Olá? – perguntou Malfoy, suspreso com aquela presença ali, diante dele.

- Eu... eu... eu... – disse a garota, titubeando.

- Eu...? – perguntou Malfoy, fazendo uma mesura com as mãos, tentando ajudar a menina a destravar.

- A dona Anita me mandou. – disse ela de uma só vez.

- Você deve ser Alice. Alice? – perguntou Malfoy.

A menina assentiu com a cabeça.

- Eu sou Draco Malfoy – disse Draco estendendo-lhe a mão.

- Eu devo limpar a casa e fazer a comida – respondeu a menina, olhando firmemente para a sua mão. Ela não ousou tocar nele. Ao invés disso, esfregou nervosamente as mãos.

- Ok... – disse Malfoy, abaixando a mão. Ela era um enigma. Fascinante, para dizer o mínimo. E Malfoy adorava enigmas. – Preciso que você velha pelo menos, cinco dias por semana. A casa é bem grande. Tem essa sala, uma pequena biblioteca, a sala de jantar e a cozinha neste pavimento. No outro andar, há três quartos com banheiros e no último andar é o sótão. O sótão está trancado e eu gostaria que você não entrasse lá. É onde eu guardo minhas anotações e vou para trabalhar.

- Eu posso vir todos os dias, se quiser. – respondeu ela, levantando os olhos para ele.

- Ótimo! – respondeu ele, aproximando-se, mas ela deu um passo para trás, como se tivesse medo dele. Aquilo era ainda mais curioso. - Eu só queria lhe mostrar onde é a cozinha. Eu não sei cozinhar e estou com muita fome... queria saber se você poderia fazer algo, agora.

- Sim, senhor, vou fazer imediatamente. Não precisa me mostrar a cozinha. Eu sei onde é...

A menina sumiu tão rápido quanto apareceu. Malfoy ficou sorrindo, pensando no que Anita lhe falara. A menina tinha problemas, era óbvio. Mas ao invés de achar isso muito ruim, como um trouxa, Malfoy estava adorando aquela situação. Tentar decifrar aquela garota seria seu mais novo passatempo. Assim não morreria de tédio, enquanto estivesse ali, isolado do mundo bruxo.

Malfoy resolveu subir. Trocou os lençóis do quarto que iria ocupar e colocou algumas roupas no guarda-roupa. Logo teria que comprar mais roupas. O inverno estava só começando.

Uma hora depois, a menina bateu na porta aberta, com vergonha de entrar.

- O jantar está pronto. – respondeu ela e no segundo seguinte, ela sumiu.

- Que idade você tem? – perguntou Malfoy, minutos depois, servindo-se de um sopa que tinha um aroma indescritível. Talvez fosse sua fome. Desde que saíra de Azkaban, ele não havia comido nada.

- Dezessete. – respondeu a menina, sentada à sua frente.

- Não vai comer, Alice? – perguntou Malfoy, percebendo que a menina olhava para seu prato como se estivesse tão faminta quanto ele. – Vamos coma um pouco. – disse Malfoy, colocando uma concha de sopa num prato e arrastando-o em direção a ela.

Ela ainda hesitou um pouco mas depois começou a comer em silencio.

- Você parece precisar de comida mais do que eu.. – disse ele, sorrindo.

Ela também sorriu. Ainda era um sorriso triste, mas ela parecia mais descontraída.

- Então, Alice... você sempre morou aqui, em Parnaville?

- Sim, senhor... – respondeu ela, simplesmente, concentrada em sorver a sopa.

- Você estuda na escola local, Alice?

- Eu completei o Ensino Médio no ano passado .

- E não quis estudar mais? Você não para... como é que é o nome... Faculdade?

- Ninguem em Parnaville faz faculdade... – respondeu ela, simplesmente.

- Bem... talvez você queira romper com essa tradição. Quem saber ir para Londres, conhecer outras pessoas... ?

A menina ficou calada. Olhando para ele como se ele fosse de outro mundo. Como se não estivesse a par da cultura de Parnaville.

- Você deve ter alguma ambição... não tem?

- Eu vou me casar com Auguste Estilo.

- Que nome... Estilo? – disse Malfoy, sorrindo. – É seu namorado?

A menina franziu o cenho.

- É o pastor da cidade. E eu nem o conheço. Não tenho permissão para ir à Igreja.

- Pastor? – perguntou Malfoy, achando aquilo tudo muito estranho. Parecia que ele tinha viajado no tempo e viera parar em meados do século XIX. – Desde quando uma menina de dezessete anos se casa com alguém sem nem ao menos conhecê-lo?

- É o melhor pra todos! – respondeu ela, dando de ombros. Um pouco assustada por Malfoy ter levantado a voz.

- Como assim, o melhor? E quem você está incluindo nesse ‘todos’? Com certeza, isso não é bom para você... – respondeu Malfoy, indignado.

- Posso ir embora agora, Sr. Malfoy? – disse ela, levantando-se, imediatamente.

Malfoy estranhou ainda mais o comportamento da garota. Aquilo não estava certo. Com certeza, não estava certo. Mas tentar pressionar a menina em troca de alguma informação sobre ela não daria em nada, pelo jeito.

- Sim, é claro – disse ele, depois de alguns segundos.

A menina recolheu a mesa. Lavou os pratos, guardou a comida que sobrou numa velocidade recorde enquanto Malfoy a observava. Depois disso, simplesmente correu para fora, como se estivesse correndo do próprio diabo.


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