A noite estava fria e completamente escura, pois não havia a luz do luar por se tratar de uma noite de lua nova. O vento frio soprava com força, castigando as árvores com sua força implacável e balançando os galhos, fazendo com que alguns se partissem como se fossem apenas frágeis palitos que eram jogados ao chão com suas folhas e frutos.

A garota de longos cabelos loiros corria pela trilha da floresta, tentando enxergar o caminho e muitas vezes sendo impedida de continuar por um dos galhos ou pelas raízes das árvores que pareciam querer puxá-la e prendê-la ao chão. Por duas vezes caiu e se levantou, sentindo o sangue nas palmas de suas mãos por ter usado as pedras para tomar impulso e se erguer novamente, não parando de correr.

Podia ouvir os passos atrás de si se aproximando cada vez mais e causando arrepios por todo o corpo já machucado. Sabia que se parasse de correr, não haveria como escapar e tudo que ela menos queria era desapontar aqueles que haviam confiado nela.

O vento forte soprava e assobiava uma canção assustadora entre as folhas, trazendo nuvens carregadas e escuras e ao sentir as primeiras gotas de chuva começarem a cair, a garota acelerou sua corrida, desejando sair daquele lugar o mais rápido possível.

Outra raíz e dessa vez ela caiu com os joelhos já doloridos se ralando na terra fria e molhada, enquanto as mãos se apoiavam no tronco da árvore para que pudesse se firmar e levantar outra vez. Mas antes que pudesse continuar sua corrida, mãos fortes a agarraram e a levantaram do chão com brutalidade.

O grito ficou preso em sua garganta e os olhos cansados se mantiveram baixos, com os cabelos caindo por sua face a escondendo do estranho que a carregava.

Podia ouvir aquelas vozes que tanto odiava e por um momento, desejou ter seus poderes e força de volta para acabar com cada um deles. Logo foi jogada ao chão sem nenhum cuidado, com os olhos azuis encarando o céu escuro e cheio de nuvens, com as gotas geladas e grossas molhando a face alva e se misturando com as lágrimas que em algum momento haviam começado a cair sem que ela percebesse.

- Agora, terminaremos o que nossos pais começaram! _ A voz do homem era alta e fria e enquanto as outras vozes concordavam com gritos de vivas e comemoração, a lâmina da adaga de prata brilhou e mergulhou no coração da jovem que finalmente deixou o grito preso em sua garganta ser liberado e ouvido por toda a floresta e fazendo com que Sara acordasse, coberta pelo próprio suor e com as lágrimas banhando o rosto pálido e assustado.